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Tribunal

PJe - Processo Judicial Eletrônico

28/02/2018

Número: 8000367-31.2015.8.05.0038
Classe: RECURSO INOMINADO
Órgão julgador colegiado: 6ª Turma Recursal
Órgão julgador: 2º Julgador da 6ª Turma Recursal
Última distribuição : 27/10/2017
Valor da causa: R$ 21.383,67
Processo referência: 8000367-31.2015.8.05.0038
Assuntos: Fornecimento de Energia Elétrica
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
SINESIO BISPO DA SILVA FILHO (RECORRENTE) ISAN DO NASCIMENTO BOTELHO (ADVOGADO)
COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA MILENA GILA FONTES (ADVOGADO)
COELBA (RECORRIDO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
53764 19/12/2017 17:39 Voto do Magistrado Voto
3
PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA

6ª Turma Recursal

Processo: RECURSO INOMINADO n. 8000367-31.2015.8.05.0038


Órgão Julgador: 6ª Turma Recursal
RECORRENTE: SINESIO BISPO DA SILVA FILHO
Advogado(s): ISAN DO NASCIMENTO BOTELHO
RECORRIDO: COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA COELBA
Advogado(s): MILENA GILA FONTES

VOTO

Conheço do recurso, pois apresentado por patrono regularmente constituído, tempestivo e devidamente
preparado, (Id 492587).

No mérito suscitado, tenho que, ratificando o entendimento do juízo “a quo”, deve prosperar. Como bem
asseverado em sede de sentença, o ora Recorrente é responsável pela falha na prestação dos seus serviços,
ocasionando assim, a configuração do dano moral. É, pois, parte legítima para figurar no pólo passivo da
demanda, bem como a responsabilidade que lhe foi auferida.

Nos termos do art. 6º, VIII do CDC, pertinente é a inversão do ônus probatório, porquanto presente a
verossimilhança da alegação contida na peça inicial e a hipossuficiência técnica do Recorrido. Porém, a
empresa Ré não logrou êxito em demonstrar a licitude de suas ações, tecendo meras alegações que em
nada desconstituem o direito autoral. Em contrapartida, o Recorrido juntou aos autos comprovação de
emissão de faturas equivocadas, as quais não indicam real e efetivamente a disponibilização do consumo
e por conseguinte a interrupção de energia elétrica, de modo irregular.

Pontifica o CDC que “os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou
sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes,
seguros e, quanto aos essenciais, contínuos” (art. 22). Portanto, resta configurada a responsabilidade civil
da empresa Recorrente pela má prestação do serviço, que deu ensejo à violação a direitos da
personalidade dos Recorridos e de sua família, privado de utilizar bem de natureza essencial.

Assinado eletronicamente por: ANA CONCEICAO BARBUDA SANCHES GUIMARAES FERREIRA - 19/12/2017 17:39:13 Num. 537643 - Pág. 1
https://pje2g.tjba.jus.br:443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=17121917391350700000000520008
Número do documento: 17121917391350700000000520008
Quanto ao direito do Recorrido à repetição em dobro, entendo que merece prosperar, isto porque, houve
cobrança indevida da empresa Ré dos valores, que já haviam sido adimplidas pelo Autor. Conforme o art.
42, em seu parágrafo único do CDC, expressa:“O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção
monetária e juros legais, salvo em hipótese de engano justificável.

Nessa linha, merece ser ratificada a assertiva de existência do dano moral, decorrente da emissão de
faturas equivocadas, as quais não indicam real e efetivamente a disponibilização do consumo, a
interrupção de energia elétrica, de modo irregular, causando em graves abalos psicológicos ao Recorrido.
Quanto a fixação da quantia reparatória, o Juiz deve obedecer aos princípios da equidade e moderação,
considerando-se a capacidade econômica das partes, a intensidade do sofrimento do ofendido, a
gravidade, natureza e repercussão da ofensa, o grau do dolo ou da culpa do responsável, enfim, deve
objetivar uma compensação do mal injusto experimentado pelo ofendido e punir o causador do dano,
desestimulando-o à repetição do ato.

Desse modo, entendo que a indenização fixada em R$ 3.000,00 (três mil reais) pelo Juízo “a quo”, atende
aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, reparando com coerência os danos efetivamente
sofridos, por defeito relativo na prestação de serviço, amenizando os dissabores passados sem, contudo,
propiciar enriquecimento sem justa causa, pelo que merece ser mantida. Assim, a sentença proferida pelo
juízo a quo deve, ser confirmada em seus próprios termos, servindo de acórdão a súmula do julgamento,
como prevê a Lei 9.099/95: “Art. 46.O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a
indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for
confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.”

Ante o quanto exposto, por vislumbrar não merecer reforma a decisão vergastada, VOTO NO SENTIDO
DE CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INTERPOSTO, mantendo-a sentença
em seus próprios fundamentos. Custas e honorários advocatícios, estes fixo em 20% (vinte por cento)
sobre o valor da condenação.

É como voto.

Bela. Ana Conceição Barbuda Sanches Guimarães Ferreira

Juíza Relatora

Assinado eletronicamente por: ANA CONCEICAO BARBUDA SANCHES GUIMARAES FERREIRA - 19/12/2017 17:39:13 Num. 537643 - Pág. 2
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