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CAPÍTULO XIV
Extinção do Contrato de Trabalho
1. NOÇÕES PRELIMINARES
O art. 7º, I, da CF consagra o direito fundamental social dos
trabalhadores à proteção da relação de emprego contra a dispensa arbitrária
ou sem justa causa e, paralelamente, estabelece uma indenização
compensatória, dentre outros direitos, nos termos de lei complementar.
Enquanto não editada a precitada lei complementar, o art. 10 do ADCT
elevou o valor da indenização em caso de dispensa sem justa causa – que
anteriormente era de 10% – para 40% do total dos depósitos realizados na
conta vinculada do FGTS do empregado.
Tirantes as discussões acaloradas sobre a proteção contra a dispensa
arbitrária ou sem justa causa (vide Capítulo XV), o certo é que,
lamentavelmente, tem prevalecido o entendimento segundo o qual, o
empregado não tem direito à garantia no emprego ou à reintegração, e sim,
à indenização prevista no art. 10, I, do ADCT.
Para se saber quais os créditos do empregado derivantes da extinção do
contrato de emprego, é preciso analisar, primeiramente, a espécie de
contrato: se por prazo determinado ou indeterminado.
Depois, aprecia-se o aspecto alusivo à iniciativa e à causa da extinção:
se do empregado, do empregador ou de ambos, ou, ainda, ato ou fato de
terceiro ou motivo de força maior; se por justa causa ou sem justa causa;
por acordo etc.
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É de se destacar, de pronto, que, de acordo com o § 2º do art. 477 da
CLT, o
Ocorre que sobreveio a Lei 13.467/2017, que alterou o art. 477 da CLT,
provocando profundas mudanças a respeito dos direitos dos trabalhadores
na extinção do contrato de trabalho, in verbis:
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das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo.
§ 1º (Revogado).
[...]
§ 3º (Revogado).
§ 4º O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado:
I – em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, conforme acordem
as partes; ou
II – em dinheiro ou depósito bancário quando o empregado for
analfabeto.
[...]
§ 6º A entrega ao empregado de documentos que comprovem a
comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem como
o pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou
recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a partir
do término do contrato.
a) (revogada);
b) (revogada).
§ 7º (Revogado).
[...]
§ 10. A anotação da extinção do contrato na Carteira de Trabalho e
Previdência Social é documento hábil para requerer o benefício do
seguro-desemprego e a movimentação da conta vinculada no Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço, nas hipóteses legais, desde que a
comunicação prevista no caput deste artigo tenha sido realizada.
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extinto de diversos modos. Analisaremos nesta epígrafe, as principais
formas de extinção do contrato de emprego.
Se o obreiro tivesse mais de um ano de serviço prestado ao mesmo
empregador, o pedido de demissão ou o termo de rescisão contratual
somente seria válido se contasse com a assistência do sindicato da sua
correspondente categoria profissional sindical ou perante autoridade do
Ministério do Trabalho e Emprego. Era o que dispunha o § 1º do art. 477
da CLT, revogado expressamente pela Lei 13.467/2017.
Entretanto, o caput do art. 477 da CLT foi alterado pela mesma lei, e
passou a dispor que, independentemente da modalidade de duração do
contrato de trabalho, na “extinção do contrato de trabalho, o empregador
deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social,
comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das
verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo”. Vale
dizer, não há mais necessidade de assistência sindical ou homologação da
rescisão como condição de validade do ato de dispensa ou do pedido de
demissão do empregado com mais de um ano de serviço, mas, tão
somente, simples comunicação da dispensa pelo empregador “aos órgãos
competentes”.
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depositário).
Também deverá indenizar o empregado com o equivalente a 40% do
total dos depósitos do FGTS501 realizado durante a vigência do contrato
(sem descontos dos saques efetuados no período), nos termos do art. 18 da
Lei 8.036/90, e art. 10, I, do ADCT.
Caso a dispensa seja realizada no período de 30 dias, que antecede à
data do reajuste salarial do empregado (data-base), este terá direito, ainda,
a uma indenização adicional, no valor de um salário mensal (reajustado),
com reflexos nas parcelas resilitórias, nos termos da Súmula 314 do TST:
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FGTS acrescido de 40% (Lei 8.036/90, art. 18, § 1º).
c) Empregado Estável
Se o empregado for detentor do direito à estabilidade no emprego502, a
extinção do contrato de emprego, por iniciativa do empregador, só pode
ser efetivada através de inquérito judicial para a apuração de falta grave
(CLT, art. 494).
No caso de extinção da empresa ou fechamento do estabelecimento,
sem a ocorrência de motivo de força maior, ao empregado estável é
assegurada uma indenização correspondente a uma remuneração mensal
por ano de serviço prestado, a ser paga em dobro, nos termos dos arts. 497
e 498 c/c o 478, todos da CLT.
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h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra
qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em
caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas
contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de
legítima defesa, própria ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
Parágrafo único. Constitui igualmente justa causa para dispensa de
empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito
administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional. (Incluído pelo
Dec.-lei 3, de 27.01.1966)
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imediatismo da rescisão, sem o que pode desaparecer a justa causa com-
prometida pelo perdão tácito com a falta de atualidade da dispensa em
relação ao conhecimento do fato pelo empregador; a causalidade que é
o nexo de causa e efeito entre a justa causa e a dispensa, observada com
maior rigor nos sistemas jurídicos em que o empregador é obrigado a
fornecer por escrito ao empregado o motivo da dispensa sem
possibilidade de alegar outro em juízo; e a singularidade, para significar
que é vedada a dupla punição pela mesma justa causa non bis in idem
devendo a justa causa funcionar como ato motivador de uma
penalidade, a advertência, ou a suspensão ou a dispensa. Não se
confunde este último aspecto com outro. Há justa causa decorrente de
ato instantâneo e de ato habitual. Exemplo deste último é a embriaguez
habitual. Exemplo daquele é o ato de insubordinação. Havendo uma
conduta habitual e se o empregado sofreu suspensão numa das etapas
do seu iter, nada impede que na reiteração do comportamento venha a
ser despedido sem que se comprometa a justa causa pela dupla
punição503.
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de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS (se optante)504.
Teceremos rápidas palavras sobre as situações que configuram a justa
causa praticada pelo empregado:
2.2.1.1. Improbidade
Para os fins da relação empregatícia, improbidade é o ato desonesto
praticado pelo empregado contra o patrimônio do empregador, ou de
terceiro, relacionado com o trabalho. Ex.: furto, roubo, extorsão,
apropriação indébita etc.
Para a sua caracterização, a Justiça do Trabalho exige prova cabal,
irrefutável, na medida em que implica comprometimento da honra e boa
fama do empregado e, até mesmo, de sua família.
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econômica desenvolvida pelo empregador, salvo se houver autorização
deste. Ex.: o empregado vendedor que efetua venda de produtos de outra
empresa concorrente a clientes de seu empregador.
2.2.1.6. Desídia
É a negligência do empregado no desempenho de suas funções. Em
regra, só se configura pela reiteração de atos comissivos ou omissivos que
importem em desleixo ou displicência.
A jurisprudência, não raro, exige a aplicação didática de sanções
anteriores (advertência, suspensão) e somente constatada a existência de
tais punições é que o empregador poderá aplicar a pena capital. Ex.: a falta
de zelo do empregado no desempenho de suas tarefas diárias, o atraso
reiterado ao início da jornada laboral. Às vezes, um único ato do
empregado pode caracterizar a desídia, como é o caso do médico que
“esquece” uma tesoura dentro da barriga do paciente que acabara de
operar.
2.2.1.7. Embriaguez
A embriaguez pode resultar do consumo de álcool ou de tóxicos. A lei
disciplina duas formas: a embriaguez habitual fora do serviço e na vida
privada do empregado, mas desde que repercutam no ambiente de trabalho
os efeitos dessa situação de ebriedade; e a embriaguez no serviço, que se
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consuma em um só ato, mediante a simples apresentação do trabalhador no
local de trabalho em estado de embriaguez ou desde que se ponha em tal
estado durante o serviço.
O alcoolismo vem se constituindo numa doença e, no nosso entender, a
família, a sociedade, o poder público e, principalmente, o empregador
devem procurar adotar medidas que visem à recuperação do empregado,
evitando-se, assim, que a ruptura imediata do contrato possa trazer
consequências ainda mais danosas para o trabalhador e sua família, bem
como para a sociedade.
Em algumas atividades laborativas, contudo, não se admite, em
absoluto, a ingestão de bebidas alcoólicas, como o motorista de uma
ambulância. Nesse caso, a justa causa avulta inevitável, até mesmo para
proteger a própria integridade física do laborista ou de terceiros. Ex.:
motorista de transporte coletivo que ingere bebida alcoólica no intervalo
para refeição e causa acidente de trânsito.
2.2.1.9. Indisciplina
Caracteriza-se pelo descumprimento de ordens gerais de serviço,
contidas em portarias, instruções gerais da empresa, regulamentos etc. Ex.:
fumar em local expressamente proibido dentro da empresa.
2.2.1.10. Insubordinação
É o descumprimento de ordens legais, pessoais e diretas feitas pelo
empregador. Ex.: recusar-se, sem motivo plausível, o empregado a redigir
um ofício, contrariando determinação direta do superior hierárquico.
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2.2.1.11. Abandono de emprego
A despeito da controvérsia acerca da natureza jurídica do abandono de
emprego, o certo é que o ordenamento positivo brasileiro considera esta
figura como justa causa para extinção do contrato de labor.
Dois pressupostos, cumulativos, avultam imprescindíveis para a sua
caracterização: primeiro, o decurso de um prazo, fixado pela
jurisprudência em trinta dias (salvo comprovação de que o obreiro tenha
conseguido novo emprego), sem que o empregado compareça ao serviço;
segundo, o animus abandonandi, isto é, a intenção manifesta do
empregado de pôr fim à relação de emprego.
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hierárquico, colegas de trabalho ou terceiros, no local do trabalho ou em
estreita relação com o serviço, salvo em caso de legítima defesa.
Admite-se a tentativa da agressão como suficiente à caracterização da
falta. Ex.: um soco desferido pelo empregado no rosto de um colega ou do
superior hierárquico.
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a dispensa por justa causa do motorista profissional que teve a sua carteira
de habilitação cassada por conduta dolosa. Mas essa regra poderá ser
aplicada a outros profissionais, como médicos, advogados, dentistas,
contadores etc. Assim, por exemplo, se um médico empregado de um
hospital que teve seu registro cassado pelo Conselho de Medicina em
decorrência de sua conduta dolosa, o empregador poderá dispensá-lo por
justa causa.
Se a perda da habilitação ocorreu por conduta culposa não poderá o
empregador dispensar o empregado por justa causa. Igualmente, a
suspensão transitória da habilitação profissional não enseja a justa causa
prevista na novel alínea “m” do art. 482 da CLT.
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os equipamentos de proteção individual fornecidos pelo empregador
(CLT, art. 158, parágrafo único).
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25 quilogramas (trabalho ocasional), se empregada ou empregado(a)
menor.
Também pode incidir na infração da alínea ora focalizada o empregador
que exige serviços intelectuais excessivos às forças psíquicas do
empregado, como nos casos em que o empregador exige o cumprimento de
metas inatingíveis ou que comprometam a incolumidade da saúde física ou
psíquica do trabalhador. Incide, igualmente, na violação à presente alínea o
empregador que dá ordens ou exige serviços ilegais tipificados como crime
ou contravenção penal, ou, ainda, alheios ao contrato de trabalho.
Em todos esses casos, o empregado poderá deixar de cumprir a ordem
manifestamente ilegal, imoral ou contrária aos bons costumes e postular a
rescisão indireta do contrato de trabalho.
b) For tratado pelo empregador ou por seus superiores
hierárquicos com rigor excessivo – é o que ocorre quando o empregador
discrimina determinado empregado, tratando-o de forma bem mais
rigorosa que a adotada com outros empregados, por meio de repreensões
ou punições sem fundamentação razoável ou desproporcional. Em regra, a
intenção do empregador é criar um “clima” que induza o empregado a
pedir a sua demissão.
c) Correr perigo manifesto de mal considerável – o espírito desta
regra é impedir que o empregador submeta o empregado a situações que
coloquem em risco iminente os seus direitos fundamentais à vida, à
segurança ou à saúde, como exigir o serviço sem dar as condições
adequadas ao exercício do labor, como o não fornecimento de EPI
(Equipamentos de Proteção Individual) em perfeito funcionamento ou a
exigência de transportes de valores por empregado não qualificado para tal
função.
d) Não cumprir o empregador as obrigações do contrato – esta
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hipótese é a mais comum nas lides trabalhistas e, paradoxalmente, a mais
controvertida. Segundo entendimento doutrinário dominante, não é
qualquer obrigação contratual inadimplida que enseja a rescisão indireta,
sendo imprescindível que fique caracterizada a “falta grave” do
empregador.
Pensamos, contudo, que o art. 483, d, da CLT deve ser reinterpretado
conforme a Constituição Federal, de modo que, se for comprovada a
violação, ainda que parcial, das obrigações de pagar, de fazer ou de não
fazer relacionadas aos direitos fundamentais sociais do trabalhador, por
exemplo, a falta ou o atraso no pagamento dos salários ou do décimo
terceiro, a não concessão de férias ou a ausência do recolhimento do
FGTS, implicará justa causa perpetrada do empregador, o que autorizará a
rescisão indireta do contrato de trabalho pelo empregado. Afinal, nesses
casos não haverá apenas a violação aos direitos previstos na lei ou no
contrato mas ofensa aos direitos fundamentais insculpidos na própria
Constituição da República.
Há cizânia jurisprudencial a respeito da interpretação da alínea d do art.
483 da CLT:
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RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO – FALTA
DE ANOTAÇÃO NA CTPS. Não induz à rescisão indireta do contrato
de trabalho a simples falta de anotação na CTPS do empregado, haja
vista a existência de sanções legais para a hipótese de descumprimento
dessa obrigação contratual. Assim, a ausência da referida anotação não
constitui falta grave, na forma do art. 483, “d”, da CLT, sobretudo
quando o empregador não nega o vínculo de emprego, como ocorre na
espécie dos autos. Recurso de revista conhecido e ao qual se nega
provimento (TST-RR 422701-98.1998.5.02.5555 – Rel. Min. Ives
Gandra Martins Filho – 4ª T. – DJ 14.06.2002).
RECURSO DE REVISTA. AUSÊNCIA DE ANOTAÇÃO NA CTPS.
RESCISÃO INDIRETA. ART. 483, “D”, DA CLT. A anotação da
CTPS decorre de obrigação legal do empregador, não implicando, seu
descumprimento, com todas as suas decorrências, mera infração
administrativa, haja vista os significativos prejuízos dele advindos ao
trabalhador, inclusive para fins previdenciários, a autorizar o
reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho, nos termos
do art. 483, d, da CLT. Recurso de revista de que se conhece e a que se
dá provimento (TST-ED-RR 393197-81.1997. 5.02.5555 – Rel. Min.
Rosa Maria Weber – 5ª T. – DJ 17.03.2006).
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direitos da personalidade, remetemos o leitor ao Título I, Capítulo I, item
11.
Ocorrendo a hipótese da alínea e do art. 483 da CLT, o empregado
poderá rescindir indiretamente o contrato de trabalho e postular
indenização por danos morais, sem prejuízo das verbas rescisórias
pertinentes como se fosse dispensa sem justa causa.
f) O empregador ou seus prepostos o ofenderem fisicamente, salvo
em caso de legítima defesa, própria ou de outrem – a incolumidade
física do empregado também é um direito da personalidade do cidadão-
trabalhador, devendo o empregador (ou seus propostos) respeitá-lo com a
maior efetividade possível.
É ônus do empregado provar que sofreu a ofensa física em si ou em
membro da sua família. É do empregador o ônus de provar a legítima
defesa, própria ou de outrem.
O descumprimento pelo empregador do dever legal de zelar pela
integridade física do empregado implica a possibilidade de rescisão
indireta com a incidência de indenizações por danos materiais (se for o
caso) e morais, além dos direitos do empregado inerentes à rescisão
contratual como se fosse dispensado sem justa causa.
g) O empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou
tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários – a
presente hipótese caracteriza alteração contratual in pejus para o
empregado quando o trabalho é realizado por peça ou tarefa (salário por
unidade de obra ou por tarefa), mas só ensejará a rescisão indireta se a
diminuição do trabalho “afetar sensivelmente a importância dos salários”.
Essa expressão é um conceito indeterminado que deverá ser interpretado e
aplicado em cada caso concreto, com observância dos princípios da
razoabilidade ou proporcionalidade. Em qualquer caso, parece-nos que ao
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empregado será sempre garantido o direito ao salário mínimo, isto é, a
redução terá como limite o salário mínimo, pois este corresponde ao piso
vital mínimo ou mínimo existencial.
Ocorrendo a redução sensível dos salários por tarefa ou unidade de
obra, nos termos do § 3º do art. 483 da CLT, “poderá o empregado pleitear
a rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas
indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do
processo”.
h) Desempenho de obrigação legal – na hipótese em que o empregado
tenha de desempenhar obrigação legal, prevê o § 1º do art. 483 da CLT, o
“empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o
contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis
com a continuação do serviço”. É o que se dá, por exemplo, quando o
empregado é convocado para prestar serviço militar obrigatório ou para
atuar no Tribunal do Júri. Para ensejar a rescisão indireta, é ônus do
empregado provar a incompatibilidade do desempenho da atividade legal
com a continuidade da relação empregatícia. Quando a obrigação legal for
por iniciativa do empregado, como no caso de investidura em cargo de
representação eletiva (vereador, deputado, prefeito, governador etc.),
parece-nos que o empregado terá a opção de suspensão do contrato de
trabalho ou rescisão indireta.
i) Morte do empregador – no caso de morte do empregador
constituído em empresa individual, é facultado ao empregado rescindir o
contrato de trabalho (CLT, art. 483, § 2º). Essa regra é aplicável apenas
quando o empregador for pessoa física (v. g., profissional liberal) ou
constituído em empresa unipessoal.
j) Rescisão indireta e danos morais – ocorrendo a rescisão indireta, o
empregado também poderá, em algumas hipóteses, pleitear, além dos
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direitos trabalhistas devidos como se fosse dispensado sem justa causa
pelo empregador, danos morais por ofensa aos seus direitos da
personalidade ou por ato de discriminação (Lei 9.029/95). Nesse sentido:
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não desconstituído ou infirmado por prova em sentido contrário. 5.
Consoante a decisão agravada, não resultou demonstrada a literalidade
dos arts. 5º e 7º, XV e XXVI, da Constituição Federal, 67, 193, 483 e
853-B da CLT, 426 do CPC, 1º da Lei n. 605/49, por incidência da
Súmula 126 do TST. Agravo a que se nega provimento (TST-Ag-AIRR
20439620125030092 – Rel. Min. Walmir Oliveira da Costa – 1ª T. –
DEJT 31.03.2015).
RESCISÃO INDIRETA. DANOS MORAIS. DISCRIMINAÇÃO
CARACTERIZADA. O contexto probatório revelou que a reclamante
tinha sua senha de acesso ao sistema reiteradamente negada, sendo que
os outros empregados, quando necessitavam, conseguiam a liberação
em no máximo 2 horas. A reclamante, por longo período, teve de
humilhar-se diariamente perante seus supervisores, buscando a
liberação para trabalhar, vendo-se discriminada no ambiente de trabalho
e ferida em sua dignidade humana. Caracterizados, pois, os danos
morais e a rescisão indireta (TRT-18ª R., RO 00888-2011-003-18-00-2
– Rel. Des. Paulo Canagé de Freitas Andrade – DEJT 01.12.2011, p.
56).
DISCRIMINAÇÃO POR IDADE. OCIOSIDADE IMPOSTA.
RESCISÃO INDIRETA. DANOS MORAIS. A ociosidade imposta é
uma das mais graves ofensas ao trabalhador. Ainda mais ao intelectual
que por longos anos contribuiu para o engrandecimento do nome da
empresa. Não bastasse tal situação humilhante, a ela fora levada a
autora por motivos discriminatórios em razão de sua idade. Superaram-
se os limites do poder potestativo da empresa, ferindo-se, não somente a
dignidade da trabalhadora, mas princípios constitucionais, éticos e
sociais. A ociosidade imposta à autora se dera com a finalidade de esta
deixar a empresa e se firmara em bases discriminatórias, infringindo
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normas expressas na Constituição Federal e na Lei n. 9.029/95. Devida
a indenização por danos morais (TRT-2ª R. – RECORD 03138-2000-
052-02-00-7 – Rel. Des. Lizete Belido Barreto Rocha – 1ª T. – DJ
13.12.2005).
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incontroversas, cujo pagamento não seja efetuado nos prazos
contemplados no § 6º daquele artigo, salvo eventual mora que lhe seja
atribuída. III – No caso dos autos, a despeito de a rescisão contratual ter
sido reconhecida apenas em juízo e consequentemente as parcelas
rescisórias, tal condição não obstaculiza a condenação ao pagamento da
multa do artigo 477 da CLT. IV – Isso porque, com o cancelamento da
OJ 351 da SDI-I do TST, não mais prevalece o entendimento de que,
em havendo controvérsia sobre a obrigação cujo inadimplemento gerou
a multa, esta seria descabida. V – Com efeito, a atual iterativa e notória
jurisprudência desta Corte é a de que a multa em questão somente não
seria devida quando o próprio trabalhador tiver dado causa à mora,
hipótese não verificada nos autos. VI – Recurso de revista conhecido e
provido, no particular (TST-ARR 104600-45.2009.5.01.0021 – Rel.
Min. Antonio José de Barros Levenhagen – 5ª T. – DEJT 09.09.2016).
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N.
13.015/2014. RESCISÃO INDIRETA RECONHECIDA EM JUÍZO.
MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT. No caso, o
reclamante pleiteia o pagamento da multa prevista no artigo 477, § 8º,
da CLT. Ante o cancelamento da Orientação Jurisprudencial n. 351 da
SBDI-1, aplica-se a penalidade, ainda que exista controvérsia acerca da
relação empregatícia, conforme o teor do § 8º do artigo 477 da CLT.
Com efeito, nos precisos termos desse preceito de lei, a multa não será
devida apenas quando o trabalhador der causa à mora no pagamento das
verbas rescisórias. Ressalta-se que a ocorrência de rescisão indireta do
contrato de trabalho não exclui o direito do reclamante à multa.
Precedentes de Turmas. Recurso de revista conhecido e provido.
MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. PEDIDO DE
RECONHECIMENTO DA RESCISÃO INDIRETA. VERBAS
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RESCISÓRIAS CONTROVERSAS. Discute-se a incidência da multa
do artigo 467 da CLT ao caso em questão. O pressuposto fático-jurídico
para a incidência da sanção prevista no artigo 467 da CLT é a
incontrovérsia sobre o montante das verbas rescisórias devidas na data
do comparecimento à Justiça do Trabalho, não se justificando a
aplicação da penalidade se houver controvérsia sobre a existência do
direito às parcelas rescisórias ou sobre o respectivo pagamento. No caso
dos autos, havia controvérsia quanto à modalidade da rescisão
contratual, havendo pedido inicial pelo reconhecimento da rescisão
indireta. Logo, era inexigível o pagamento das parcelas rescisórias
pleiteadas pelo autor à data do comparecimento da reclamada à Justiça
do Trabalho, visto que controversas, razão pela qual não incide a multa
de que trata o artigo 467 da CLT. Precedentes de Turmas. Recurso de
revista não conhecido (TST-RR 1610-97.2014.5.12.0019 – Rel. Min.
José Roberto Freire Pimenta – 2ª T. – DEJT 02.09.2016).
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