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DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

04.DIREITO ADMINISTRATIVO

SUMÁRIO
CAPÍTULO XIV – SISTEMAS ADMINISTRATIVOS..............................................................................................2
1. Sistema Contencioso Administrativo – Sistema Francês..................................................................................2
2. Sistema Judiciário (ou Jurisdição Uma) – Sistema Inglês.................................................................................2
3. Sistema Administrativo Brasileiro......................................................................................................................2
JURISPRUDÊNCIAS.............................................................................................................................................4

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DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
04.DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO XIV – SISTEMAS ADMINISTRATIVOS


O sistema administrativo é o regime empregado pelo Estado para que seja exercida a gestão dos atos
administrativos ilegais ou ilegítimos praticados pelo Poder Público em qualquer dos seus departamentos de
governo.
São 2 os sistemas existentes: (i) o contencioso administrativo, também chamado de sistema francês; e
(ii) sistema judiciário ou de jurisdição uma, conhecido por sistema inglês. Sendo ambas bastantes distintas.
1. Sistema Contencioso Administrativo – Sistema Francês:
Originalmente adotado na França sucedeu-se das lutas travadas entre a Monarquia e o Parlamento.
A Revolução (1789) incutida de liberalismo e ansiando pela autonomia dos Poderes pregada por
Montesquieu, visava separar a Justiça Comum da Administração, afim de atender os anseios da população
que já se encontrava descrente quanto a ingerência jurídica nos negócios do Estado.
Firmou-se, assim, na França o sistema de administrador-juiz, em que se veda o conhecimento pelo
Poder Judiciário de atos da Administração Pública, ficando estes sujeitos à chamada jurisdição especial do
contencioso administrativo, formada por tribunais de cunho administrativo. Nesse sistema, há, portanto, uma
dualidade de jurisdição: a jurisdição administrativa (formada pelos tribunais de natureza administrativa, com
plena jurisdição em matéria administrativa) e a jurisdição comum (formada pelos órgãos do Poder Judiciário,
com a competência de resolver os demais litígios).
Portanto, o sistema do contencioso administrativo francês é complicado na sua organização e atuação,
por esse motivo deve receber adaptações e simplificações nos países que optarem em aderi-lo.
2. Sistema Judiciário (ou Jurisdição Uma) – Sistema Inglês:
O sistema judiciário, modernamente chamado de sistema de controle judicial é aquele em que todos os
litígios – de natureza administrativa ou de interesses exclusivamente privados – são resolvidos judicialmente
pela Justiça Comum, ou seja, pelos juízes e tribunais do Poder judiciário. Esse sistema surgiu na Inglaterra
sendo posteriormente transplantado para outros países e entre eles está o Brasil.
O avanço desse sistema está visceralmente ligado com as conquistas da população contra os
privilégios da Corte inglesa, onde todo o poder de administrar e julgar concentrava-se na Coroa.
Vale salientar que a adoção do sistema de jurisdição única não implica a vedação à existência de
solução de litígios em âmbito administrativo. O que se assegura nesse sistema é qualquer litígio, de qualquer
natureza, ainda que já tenha sido iniciado ou até mesmo concluído na esfera administrativa, pode, sem
restrições, ser levado à apreciação do Poder Judiciário.
3. Sistema Administrativo Brasileiro:
O Brasil adotou, desde a instauração de sua primeira República em 1891, o sistema da jurisdição
única, ou seja, o do controle administrativo pela Justiça Comum.
O princípio da inafastabilidade de jurisdição ou da unicidade de jurisdição como já citado anteriormente
encontra-se expresso no art. 5º, inciso XXXV, da CF.
Art. 5º.
XXXV – a lei não excluirá da apreciação o Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
No Brasil, temos órgãos de cunho administrativo, com competências específicas, que decidem
demandas de idêntica natureza. A dessemelhança ocorre, pois o sistema de jurisdição única, como é o caso
do nosso, as decisões dos órgãos administrativos não são munidas de força definitiva que é a característica
própria dos julgamentos do Poder Judiciário. Os órgãos administrativos decidem, porém não são atribuídas às
suas decisões um caráter conclusivo, ou seja, definitivo. A ausência dessa atribuição não permite a
concepção de coisa julgada, deixando-as, portanto, sempre suscetíveis à revisão pelo Poder Judiciário, caso
seja provocado.
Assim, no Brasil, o administrado tem a alternativa de ver os seus conflitos resolvidos pela
Administração, através de instauração de processos em face dela. Ainda é dada ao administrado a faculdade
de mesmo após instaurado um processo administrativo, poder abandoná-lo em qualquer fase e recorrer ao
Poder Judiciário para que este possa então resolver o seu litígio. O administrado, pode, ainda, em qualquer

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circunstância, recorrer diretamente ao Poder Judiciário quando considerar que se perpetrou alguma lesão ou
ameaça a direito seu.
Vale salientar que o Brasil possui algumas peculiaridades (exceções), a saber:
• Justiça desportiva (administrativa): necessita de esgotamento das vias administrativas para
socorrer ao Poder Judiciário (art. 217, §1º 1, CF), sob pena de extinção do feito sem resolução do mérito, por
ausência de prévio esgotamento das instâncias desportivas.
• Súmula Vinculante: não cabe Reclamação sem o esgotamento das vias administrativas.
• Habeas Data: Embora a norma constitucional, da forma em que se encontra prevista, na
estabeleça qualquer restrição ao cidadão para a impetração do Habeas Data, o Poder Judiciário tem
interpretado que é necessário a postulação prévia sob a via administrativa como requisito para a impetração
do Habeas Data, via constitucional (Súmula nº 022 do STJ).
• Mandado de Segurança: Conforme estabelece o art. 5º, incisos I e II 3, da Lei nº 12.016/2009, não
cabe mandando de segurança enquanto houver recurso administrativo com efeito suspensivo.

1
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados:
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;
2
Súmula nº 02 do STJ: Não cabe habeas data se não houver recusa por parte da autoridade administrativa.
3
Art. 5º. Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
I – de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução.
II – de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo.
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JURISPRUDÊNCIAS:
Súmula nº 02 do STJ: Não cabe habeas data se não houver recusa por parte da autoridade administrativa

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