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DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

04.DIREITO ADMINISTRATIVO

SUMÁRIO
CAPÍTULO XVII – PROCESSO ADMINISTRATIVO.............................................................................................2
1. DISPOSIÇÕES GERAIS....................................................................................................................................2
1.1. Introdução.......................................................................................................................................................2
1.2. Conceito..........................................................................................................................................................2
1.3. Objeto..............................................................................................................................................................2
2. PRINCÍPIOS.......................................................................................................................................................2
2.1. Princípios Explícitos na Lei Federal nº 9.784/1999........................................................................................2
2.2. Outros Princípios.............................................................................................................................................3
3. DIREITOS E DEVERES DOS ADMINISTRADOS............................................................................................4
3.1. Direitos dos Administrados.............................................................................................................................4
3.2. Deveres dos Administrados............................................................................................................................4
4. INTERESSADOS NO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO..........................................................................4
5. COMPETÊNCIA.................................................................................................................................................5
5.1. Delegação.......................................................................................................................................................5
5.2. Avocação.........................................................................................................................................................5
5.3. Situações Objetivas – Impedimento...............................................................................................................5
5.4. Situações Subjetivas – Suspeição..................................................................................................................5
6. PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL – Lei nº 9.784/1999.....................................................................5
6.1. Custas Processuais........................................................................................................................................5
6.2. Prazos Processuais........................................................................................................................................5
6.3. Atos Processuais............................................................................................................................................6
6.4. Intimação.........................................................................................................................................................6
6.5. Forma e Lugar dos Atos Processuais.............................................................................................................6
7. FASES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL..................................................................................6
7.1. Instauração......................................................................................................................................................6
7.2. Instrução..........................................................................................................................................................7
7.3. Decisão...........................................................................................................................................................7
7.4. Relatório..........................................................................................................................................................7
7.5. Julgamento e Recurso....................................................................................................................................8
8. ANULAÇÃO E CONVALIDAÇÃO DE ATOS.....................................................................................................9
9. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR – LEI nº 8.112/1990..............................................................9
9.1. PAD SUMÁRIO...............................................................................................................................................9
9.2. PAD ORDINÁRIO (PAD PROPRIAMENTE DITO).......................................................................................10
10. EXECUÇÃO DAS PENAS.............................................................................................................................10
JURISPRUDÊNCIA..............................................................................................................................................11

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CAPÍTULO XVII – PROCESSO ADMINISTRATIVO


1. DISPOSIÇÕES GERAIS:
1.1. Introdução:
O legislador não faz distinção entre processo e procedimento administrativo (são sinônimos), apesar
disso: (i) processo é o conjunto de atos direcionados a um determinado fim; enquanto (ii) procedimento é a
forma como esses atos se desenvolvem no tempo e no espaço.
Ressalte-se que o processo judicial se conclui com uma decisão/sentença, enquanto o processo
legislativo busca como fim a criação de um ato normativo. Por fim, o processo administrativo tem como
objetivo a prática de um ato administrativo. Exemplo: mesma que a licitação seja inexigível, é necessário um
processo, o denominado processo de justificação.
O processo administrativo federal é regulado pela Lei nº 9.784/1999, que estabelece regras gerais.
Trata-se de uma lei subsidiária aos demais entes da federação, que será aplicada se não houver regulação
específica em sentido contrário. Ou seja, se não houver uma lei tratando sobre processo administrativo para
uma situação específica, ela deverá ser aplicada integralmente.
1.2. Conceito: Processo administrativo é o instrumento que formaliza a sequência ordenada de atos e
atividades do Estado e dos particulares a fim de ser produzida uma vontade final da Administração Pública.
1.3. Objeto: Das várias espécies de processos administrativos, podemos extrair diferentes
finalidades/objetivos que permeiam estes instrumentos:
• Condição de forma do ato administrativo.
• Mecanismo de documentação dos atos praticados pela Administração Pública.
• Forma de legitimar a conduta do administrador. Exemplo: será no processo de justificação para
dispensa de licitação que se legitimará o ato de dispensa da licitação.
• Instrumento de defesa do Administrado (exemplo: processo administrativo tributário; processo de
multa de trânsito) ou do servidor (exemplo: PAD).
• Meio de dar transparência/clarividência à atuação dos Administradores.
José dos Santos Carvalho Filho expõe os objetos específicos do processo administrativo:
a) Objeto de mera tramitação. Exemplo: documentação, protocolização na repartição pública etc.
b) Objeto de controle. Exemplo: processo que encaminha contas para o Tribunal de Contas.
c) Objeto punitivo. Exemplo: PAD – Processo Administrativo Disciplinar.
d) Objeto contratual. Exemplo: licitação.
e) Objeto revisional. Exemplo: imposição de recurso contra certo ato ou conduta administrativa.
f) Objeto de outorga de direitos. Exemplo: autorizações.
Orienta o STF que: sempre que um ato administrativo atingir a esfera de um particular, deve ser
realizado um processo administrativo no modelo constitucional (devido processo legal e demais princípios).
2. PRINCÍPIOS:
2.1. Princípios Explícitos na Lei Federal nº 9.784/1999: Segundo o art. 2º, Lei 9.784/1999, a
Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da:
• Legalidade
• Finalidade
• Motivação
• Razoabilidade
• Proporcionalidade
• Moralidade
• Ampla defesa
• Contraditório
• Segurança Jurídica
• Interesse público
• Eficiência

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2.1.1. Princípio da legalidade: O princípio da legalidade impõe a obrigatoriedade da fiel execução da


lei. No processo administrativo, este princípio impõe a observância da legalidade plena, o que impede que a
Administração Pública crie atos administrativos para impor limitações a direitos subjetivos.
2.1.2. Princípio da finalidade: Os atos administrativos devem sempre perseguir uma finalidade, ou
seja, qualquer ato emanado pelo administrador público deve estar vinculado a uma finalidade, aparada na lei.
Ressalte-se, todavia, caso o processo administrativo seja utilizado para fins específicos impróprios
ou inadequados, configurar-se-á desvio de finalidade.
2.1.3. Princípio da motivação : Impõe a justificação expressa dos motivos que ensejam as decisões
administrativas quando o agente administrativo expedir determinado ato administrativo. A motivação deve ser
prévia ou contemporânea à expedição do ato, podendo ou não estar na lei, mas sempre deve ser evidenciada
no processo administrativo, sob pena de nulidade.
Ressalte que a explicitação da motivação permite não apenas maior controle do agente
administrativo, mas, sobretudo, assegurar aos cidadãos a garantia de que a decisão não foi pautada na
arbitrariedade do agente, mas embasada em lei, conferindo boa-fé nas relações administrativas.
2.1.4. Princípio da razoabilidade: Significa que, quando da interpretação e aplicação do ato
administrativo, o administrador tem que agir com equidade, inteligência e sopesar os meios empregados com
a finalidade a ser atingida. Trata-se de imposição de limites à discricionariedade administrativa, aplicando o
âmbito de apreciação do ato administrativo pelo Poder Judiciário.
2.1.5. Princípio da proporcionalidade : Serve de instrumento para examinar as medidas a serem
adotadas a fim de adequar a norma ao caso concreto com equidade. O princípio da proporcionalidade se
utiliza de 3 requisitos: (i) adequação, (ii) necessidade e (iii) proporcionalidade em sentido estrito.
2.1.6. Princípio da moralidade: Impõe que a Administração Pública e seus agentes devem pautar-se
pelos princípios éticos na condução do processo administrativo, devendo observar, outrossim, a probidade,
honestidade, respeito aos valores éticos e jurídicos da sociedade. Logo, a moralidade aplicada ao processo
impõe ao administrador o dever de conduzir o processo de forma íntegra, imparcial e impessoal.
2.1.7. Princípio do contraditório e ampla defesa : Previsto no art. 5°, LV, da CF, incide tanto nos
processos administrativos como nos processos judiciais. Esse princípio garante às partes a participação ativa
no processo e lhes permite oferecer suas alegações destinadas a esclarecer e convencer na decisão final,
além de lhes permitir a produção de todas as provas admitidas em direito. Possuem 2 aspectos: (i) aspecto
formal: que é o direito de participar e ser ouvido no processo que lhes possam trazer algum prejuízo; e (ii)
aspecto substancial: não só basta que as partes sejam ouvidas, suas participações devem ensejar na
possibilidade de influenciar no conteúdo da decisão (poder de influência).
2.1.8. Princípio da segurança jurídica : Também conhecido como princípio da estabilidade das
relações jurídicas serve para impedir a desconstituição injustificada de atos ou situações jurídicas, mesmo
ocorrendo algum tipo de inconformidade com o texto legal. Com base no princípio da segurança jurídica, a
atuação da administração pública deverá encontrar 2 limites: (i) vedação à aplicação retroativa de uma nova
interpretação dada pela administração; e (ii) mesmo a autotutela deverá ser exercida após um prazo razoável.
Este princípio tem relação com a boa-fé, pois se a administração adota uma determinada
interpretação como correta e a aplica em casos concretos não pode depois vir a anular atos anteriores, sob o
pretexto de que foram interpretados de forma incorreta. Isso não significa que a interpretação da lei não
possa mudar, o que não é possível é fazer a nova interpretação retroaja e atinja casos já decididos com base
em interpretações anteriores, tidas como válidas no momento em que foram adotadas.
2.1.9. Princípio do interesse público : No processo administrativo o princípio do interesse público se
apresenta na medida em que o processo e os atos, no seu âmbito praticados, só se justificam se necessários
a um fim de interesse público. Assim, havendo 2 soluções possíveis, a decisão decorrente do processo
deverá ser aquela que melhor consagrar o interesse público.
2.1.10. Princípio da eficiência: Se traduz no dever de otimização dos meios à disposição da
Administração Pública. No âmbito do processo administrativo ele se revela na obrigação de conduzir o
procedimento com vista em atingir os seus fins. O princípio da eficiência exige que: (i) o processo chegue a

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uma decisão; (ii) que a decisão seja proferida no menor tempo possível; e (iii) que os meios despendidos no
processo sejam os necessários e suficientes para decisão colimada.
2.2. Outros Princípios:
2.2.1. Princípio da gratuidade: Trata-se da proibição de cobrança de despesas processuais (art. 2º,
XI, Lei 9.784/1999). Esta proibição não é absoluta, pois somente é possível a cobrança se houver previsão
legal (exemplo: quando há leis específicas exigindo cobrança de determinados atos processuais ao longo do
processo administrativo). Contudo, essa cobrança não poderá implicar empecilho injustificável para utilização
do processo, nem muito menos se mostrar desarrazoada e impeditiva de acesso ao processo administrativo.
2.2.2. Princípio da impessoalidade : O princípio da impessoalidade, como desdobramento do
princípio da isonomia (art. 5°, I, CF), no qual se estabelece que o administrador público deve objetivar o
interesse público, e, por isso, inadmitido tratamento privilegiado para alguma parte do processo
administrativo.
2.2.3. Princípio da informalidade : Por este princípio temos que a formalidade, embora necessária,
não pode servir de óbice às finalidades que justificam o procedimento. Aqui, coloca-se em discussão entre a
segurança (garantia) de um lado e a eficiência de outro. É fato que a forma é, no mais das vezes, garantia
para o administrador, no entanto, não se pode aceitar um cero “atavismo das formas” que sirva a empacar as
finalidades e objetos do agir administrativo.
2.2.4. Princípio da oficialidade ou do impulso oficial : Impõe que a administração pública instaure e
impulsione, de ofício, o procedimento administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados (arts. 2º,
parágrafo único, XII1, e 292, ambos da Lei 9.784/1999). Uma vez iniciado, o processo passa a pertencer ao
Poder Público, que deve movimentá-lo até seu desfecho final. Ressalte-se que aqui não ocorre a parada do
processo pela falta de manifestação das partes, como se dá no processo judicial.
2.2.5. Princípio da publicidade : Em primeiro lugar, o processo administrativo, em regra, é público,
salvo se por requisição do interessado, se justificar sua conversão em sigiloso. Em segundo lugar, é dever
dos agentes públicos dar publicidade dos atos e documentos do processo, por intermédio da imprensa.
2.2.6. Princípio da verdade real ou material : O processo administrativo é pautado na busca da
verdade absoluta, pelos fatos que efetivamente ocorreram, de modo a não se contentar apenas com a
verdade demonstrada nos autos do processo (verdade formal). Exemplos que evidenciam o princípio da
verdade real: (i) produção de provas de ofício pelo próprio administrador; (ii) possibilidade de apresentação de
provas fora do prazo e até mesmo depois de encerrado o processo (revisão administrativa); e (iii)
possibilidade de “reformatio in pejus”.
Atualmente, essa dicotomia verdade real x verdade formal está ultrapassada ... a verdade real não
existe, já que é inalcançável. Ganhará no processo quem prova a sua história, ou seja, nem a verdade no
formal e nem a verdade real (material), mas sim a verdade possível reconstruída no devido processo legal e
por todos os sujeitos processuais.
3. DIREITOS E DEVERES DOS ADMINISTRADOS:
3.1. Direitos dos Administrados:
• Ter ciência da tramitação do procedimento administrativo, ter vista dos autos, obter cópias de
documentos e conhecer as decisões;
• Formular alegações e apresentar documentos antes da decisão;
• Ser assistido, facultativamente, por advogado, salvo se a lei determinar representação obrigatória.
3.2. Deveres dos Administrados:
• Expor os fatos conforme a verdade;
• Proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
• Não agir de modo temerário (imprudente/inconsequente);
• Prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos.

1
XII – impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;
2
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se de ofício ou
mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo de direito dos interessados de propor atuações probatórias.
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4. INTERESSADOS NO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO:


• Pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como:
 Titulares de direitos ou interesses individuais
 No exercício do direito de representação
• Terceiros interessados: aqueles que, sem ter iniciado o processo, têm direitos ou interesses que
possam ser afetados pela decisão;
• Organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos;
• Pessoas ou associações legalmente constituídas quanto a direitos ou interesses difusos.
5. COMPETÊNCIA:
A competência é irrenunciável (indisponibilidade do interesse público), sendo que a
delegação/avocação e respectivas revogações devem ser publicadas (publicidade).
5.1. Delegação: Se não houver impedimento legal, titulares podem delegar parte da sua competência a
outros, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de
circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Atenção: O ato de delegação é revogável a qualquer tempo.
As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente essa qualidade e considerar-se-
ão editadas pelo delegado.
Não podem ser objeto de delegação (macete: CENORA):
• Matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade;
• Edição de atos de caráter normativo;
• Decisão de recursos administrativos.
5.2. Avocação: Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente
justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior, não podendo
ser avocada atribuição expressamente dada por lei a órgão/agente.
5.3. Situações Objetivas – Impedimento: É impedido de atuar em procedimento administrativo o
servidor ou autoridade que:
• Tenha interesse direto ou indireto na matéria;
• Esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou
companheiro;
• Tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais
situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parentes e afins até o 3º grau.
Atenção: Quem incorrer em impedimento deve comunicar o fato à autoridade, abstendo-se de atuar, sendo que a omissão do
dever de comunicar constitui falta GRAVE, para efeitos disciplinares.
5.4. Situações Subjetivas – Suspeição: Pode ser arguida suspeição no seguinte caso: (i) amizade
íntima ou (ii) inimizade notória com algum dos interessados ou respectivos cônjuges, companheiros, parentes
e afins até o 3° grau – arguida pelo próprio servidor ou interessados.
Atenção: O indeferimento de alegação de SUSPEIÇÃO poderá ser objeto de recurso, SEM efeito suspensivo.
6. PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL – Lei nº 9.784/1999:
É a norma geral do processo administrativo no âmbito da União, aplicada analogicamente a muitos
estados e municípios que não possuem lei própria de processo. Ressalte-se, todavia, que a Lei nº 9.784/1999
possui um caráter supletivo ou subsidiário, e só se aplica quando não existir uma lei específica sobre o
processo em análise, ou quando a lei específica é omissa em determinado aspecto (art. 69 3, Lei 9.784/1999).
Por sua vez, no PAD – Processo Administrativo Disciplinar aplica-se primeiramente a Lei nº
8.112/1990. Apenas subsidiariamente aplica-se a Lei nº 9.784/1999.
6.1. Custas Processuais: A lei tem previsão expressa no sentido de que a regra é não pagamento de
custas e despesas processuais em sede de procedimento administrativo, a não ser que haja previsão
expressa (art. 2º, XI).
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Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos
desta Lei.
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6.2. Prazos Processuais: Inexistindo disposição específica, o prazo para a prática do ato é de 5 dias
corridos, prorrogável por mais 5, salvo força maior (art. 24). Contudo, “o prazo previsto neste artigo pode ser
dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação” (parágrafo único).
6.2.1. Contagem do prazo: o prazo começa a correr a partir da data da ciência oficial, excluindo-se o
dia do começo, incluindo-se o do vencimento. Salvo força maior comprovada, os prazos processuais não se
suspendem.
Atenção: A lei às vezes menciona prazo não contado em dias corridos, mas sim em dias úteis.
6.3. Atos Processuais: Devem ser praticados dentro da Administração Pública, em dia útil, em horário
de expediente (art. 23). O ato só pode ser praticado fora do horário de funcionamento da repartição quando,
depois de iniciado, a sua interrupção possa causar prejuízo à parte ou à própria Administração (art. 23,
parágrafo único).
Atenção: Por fundamento de interesse público é possível a realização de ato fora da repartição pública (art. 25). Exemplo:
leilão em auditório particular, pela falta de local apropriado dentro da Administração.
6.4. Intimação: No processo administrativo não há diferenciação entre intimação, citação ou notificação.
A lei fala em intimação ou notificação indistintamente. A intimação para comparecimento da parte/testemunha
à repartição deve ser realizada com antecedência mínima de 03 dias úteis (art. 26, §2º4).
A testemunha regularmente intimada que não comparecer pode ser conduzida coercitivamente.
6.4.1. Forma de realização da intimação :
• Pode ser feita por qualquer maneira admitida no direito: pessoal (pelo servidor público e/ou no
próprio balcão da administração), via postal com AR, edital ou por qualquer outro meio que dê ao interessado
a ciência do processo;
• Se a parte estiver em local incerto e não sabido: DOU: Edital;
6.4.2. Revelia: se a parte intimada não comparece. No entanto, em homenagem ao princípio da
verdade material, não há no processo administrativo os efeitos da revelia típicos do processo judicial, tais
como confissão ficta e renúncia ao direito de defesa (art. 27 5, Lei 9.784/1999).
Inclusive é facultado à parte realizar sua defesa mesmo após o período específico para tal, desde
que antes da fase da decisão, sendo a Administração Pública obrigada a apreciá-la (art. 3º, III 6).
6.5. Forma e Lugar dos Atos Processuais:
6.5.1. Forma: Os atos do procedimento administrativo não dependem de forma determinada senão
quando a lei expressamente a exigir (informalidade).
• Em regra, deverá ser escrito (oral quando admitido), em vernáculo, com a data e o local e a
assinatura da autoridade;
• salvo imposição legal, reconhecimento de firma só será exigido quando houver dúvida de
autenticidade;
• A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão administrativo;
• O procedimento deverá ter suas páginas numeradas sequencialmente e rubricadas.
6.5.2. Lugar: Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente na sede do órgão,
cientificando-se o interessado se outro for o local de realização.
7. FASES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL:
Aqui é diferente a ordem em que ocorre a sequência de atos. Não confundir com o Processo Civil.
Vamos falar aqui do processo administrativo em geral, mas já serão citados alguns pontos do PAD.
1) Instauração; 4) Relatório;
2) Instrução; 5) Julgamento e recurso.
4
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou
a efetivação de diligências.
§ 2º A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis quanto à data de comparecimento.
5
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado.
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido direito de ampla defesa ao interessado.
6
Art. 3º. O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:
III – formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente;
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3) Defesa;
7.1. Instauração: O procedimento pode ser instaurado pela própria Administração (de ofício – princípio
da oficialidade) ou mediante provocação do interessado (a pedido).
A instauração de ofício pode ocorrer:
1) Via auto de infração lavrado pelo Agente Público (Exemplo: processo administrativo tributário).
2) Via portaria editada pelo Administrador (Exemplo: PAD).
Atenção: Verificando-se a infração pelo agente, a instauração do PAD é obrigatória (ato vinculado). O PAD começa com a
portaria, que precisa descrever apenas o fato praticado e a identificação do agente infrator. A capitulação da infração será
feita no decorrer do processo.
A autoridade que instaura o processo é responsável pela nomeação da comissão processante, a quem
será remetido o processo. Todos os processos que dependem de comissão, a sua nomeação se faz nesse
momento de instauração do processo.
Depois que a comissão recebe o processo, procede-se a intimação (citação) e à fase de instrução. A
partir de agora, quem dará seguimento será a comissão.
7.2. Instrução: Instruir é a produção de provas. Tanto a Administração quanto o interessado tem a
possibilidade de produção de prova (art. 29 7).
Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na
própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para
a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias.
Terminada a instrução parte-se para a fase de defesa do processado.
No caso de PAD: depois de produzidas as provas, a fase de instrução encerra-se com o indiciamento
do servidor, que nada mais é do que a definição da infração por ele praticada.
7.2.1. Prova emprestada: Admite-se a utilização de prova emprestada em PAD. Nesse sentido:
Súmula nº 591 do STJ: É permitido a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde
que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.
Atenção: O empréstimo da prova é permitido mesmo que o processo penal ainda não tenha transitado em julgado? SIM. É possível
a utilização, em PAD, de prova emprestada validamente produzida em processo criminal, independentemente do trânsito em
julgado da sentença penal condenatória. Isso porque, em regra, o resultado da sentença proferida no processo criminal não
repercute na instância administrativa, tendo em vista a independência existente entre as instâncias (STJ, 2ª Turma. RMS 33.628-
PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 02/04/2013. Info 521).

Atenção: É possível utilizar, em PAD, na qualidade de “prova emprestada”, a interceptação telefônica produzida em ação penal?
SIM, desde que a interceptação tenha sido feita com autorização do juízo criminal e com observância das demais exigências
contidas na Lei nº 9.296/1996 (STJ, 3ª Seção. MS 14.140-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/09/2012) (Info nº 834 STF).
Exemplo: A Polícia Federal, por meio de interceptação judicial deferida pelo juízo criminal, conseguiu
captar conversa na qual determinado servidor público exige quantia para praticar certo ato relacionado com
suas atribuições. Com base nessa prova e em outras constantes do inquérito, o MPF oferece denúncia contra
esse servidor. A Administração Pública, por sua vez, instaura PAD.
7.3. Decisão: Após o indiciamento (conclusão da instrução), que nada mais é do que a determinação
da infração, abre-se prazo de 10 dais para apresentação da defesa (art. 44 8), lembre-se que esta é a norma
geral, sendo possível que outras leis estabeleçam prazo específico.
Recebida a defesa, cabe à comissão processante relatar o processo e enviar à autoridade julgadora,
encerrando os seus trabalhos.
7.4. Relatório: É o último ato da comissão processante (Art. 479). Aqui o relatório não é apenas um
resumo do processo (como no processo judicial); trata-se de um ato conclusivo, em que a comissão propõe
um resultado para o processo.

7
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se de ofício ou
mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias.
8
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado.
9
Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emitir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das
fases do procedimento e formulará proposta de decisão, objetivamente justificada, encaminhando o processo à autoridade competente.
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Todo esse recheio do processo realizado pela comissão (instrução, defesa e relatório), no caso do
PAD, corresponde ao denominado inquérito administrativo. As 3 fases correspondem ao inquérito
administrativo. Esse inquérito administrativo não é o paralelo do inquérito policial ou civil, que são
investigações prévias. No âmbito administrativo, o paralelo do inquérito policial (investigação prévia) é a
sindicância.
Feito o relatório, caso a autoridade processante não tenha competência para julgar (geralmente não
tem), o processo vai para a autoridade superior, a quem caberá prolatar a decisão (é a mesma autoridade
que nomeou a comissão e instaurou o processo).
Atenção: Quando a comissão elabora o relatório propondo uma determinada decisão, a autoridade superior fica vinculada a essa
conclusão? Em regra, não. O relatório é apenas uma proposta. Todavia, em se tratando de PAD, a autoridade superior fica
vinculada ao relatório, salvo quando este for contrário às provas dos autos (Art. 168 10, Lei 8.112/1999). O STJ entendeu que “o art.
168 da Lei nº 8112/90 permite que a autoridade contrarie as conclusões da comissão processante, desde que o faça com a devida
motivação, para retificação do julgamento em atenção aos fatos e provas” (STJ, 1ª Seção. MS 21.544/DF, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 22/02/2017).
7.5. Julgamento e Recurso:
7.5.1. Prazo para julgamento: Recebido o relatório, a autoridade tem o prazo de 30 dias para
proferir decisão, prorrogável, motivadamente, por mais 30 (art. 49 11).
7.5.2. Recursos: Proferido o julgamento pela autoridade superior, abre-se prazo de 10 dias para o
recurso da parte inconformada com a decisão.
7.5.2.1. Pedido de reconsideração: Dirigido diretamente à parte prolatora da decisão recorrida.
Nesse mesmo pedido, deverá constar (se for o caso) o pedido de recurso hierárquico, para a hipótese de não
haver reconsideração da decisão impugnada.
Normalmente a reconsideração deve ser julgada em 5 dias. Em não havendo reconsideração, a
autoridade encaminha os autos e o recurso à autoridade superior, que terá 30 dias para proferir julgamento,
prorrogáveis por mais 30 dias, motivadamente (art. 59, § 1º12).
7.5.2.2. Recurso hierárquico: É o recurso dirigido à autoridade superior àquela que proferiu a
decisão. Ressalte-se que o recurso hierárquico deve ser interposto junto com o pedido de reconsideração.
Se a autoridade superior estiver dentro do mesmo órgão da autoridade julgadora, esse recurso é
chamado de recurso hierárquico próprio. Do contrário, é denominado recurso hierárquico impróprio.
Em regra, o recurso hierárquico não tem efeito suspensivo. Salvo disposição em contrário, o
recurso não terá efeito suspensivo. É possível, no entanto, diante de situações de urgência, que seja
concedido efeito suspensivo, de ofício ou a requerimento do interessado (art. 61 13).
Se o recurso é interposto perante a autoridade incompetente, essa deverá indicar a autoridade
competente, devolvendo o prazo ao recorrente (art. 63, § 1° 14). Ou seja, não há prejuízo ao recorrente.
Atenção: Contra a decisão proferida em sede de recurso hierárquico (2ª instância) cabe novo recurso? A lei prevê que pode haver
novo recurso hierárquico (no máximo 3 instâncias). Não significa que sempre ocorrerá assim, dependerá da estrutura de cada
órgão. Frise-se: Essa regra se aplica ao processo da Lei 9.784/1999, vale dizer, é possível que lei específica disponha de modo
diverso, prevendo número diferente de recursos.

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Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo quando contrário às provas dos autos.
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar a
penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade.
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Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por
igual período expressamente motivada.
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Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para interposição de recurso administrativo, contando a partir da ciência ou
divulgação oficial da decisão recorrida.
§ 1° Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do recebimento
dos autos pelo órgão competente.
§ 2° O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.
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Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo.
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Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
II – perante órgão incompetente:
§ 1° Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.
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04.DIREITO ADMINISTRATIVO

Atenção: Existe “reformatio in pejus” no recurso administrativo? SIM, é possível. Exatamente em função do princípio da verdade
real. Veja que o que se proíbe é o agravamento no caso de revisão (art. 65, parágrafo único15, da Lei 9.784/1999 e art. 182 16,
parágrafo único da Lei 8.112/1990; ambos relativos a processos de caráter sancionatório).
Não havendo mais possibilidade de recurso, forma-se a denominada “coisa julgada
administrativa”, que na realidade não é coisa julgada, pois a decisão pode ser modificada judicialmente.
Nunca esquecer que é possível o controle do judiciário no que tange à legalidade da decisão.
7.5.2.3. Revisão administrativa: Os processos administrativos de que resultem sanções poderão
ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias
relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.
Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção (ou seja, não se admite a
“reformatio in pejus”, somente no caso de revisão).
7.5.2.4. Representação: O recorrente, denunciando irregularidades, ilegalidades e condutas
abusivas oriundas de agentes da administração, postula a apuração e regularização destas situações. A
grande característica é que o representante pode ser qualquer pessoa, ainda que não afetada pela
irregularidade ou pela conduta abusiva. Recebida a “denúncia” a administração deve instaurar o processo
administrativo e apurar a situação informada.
7.5.2.5. Reclamação: Revisão de ato que lhe prejudica direta ou interesse. O recorrente há de
ser interessado direto na correção do ato (diferente do que vimos acima). Previsto no Decreto 20.910/1932. O
prazo é de um ano, que, passando in albis, gera a decadência do direito. Se for quanto á apuração de dívida
da fazenda, suspende o prazo prescricional até a solução do pedido. Para discussão de outras matérias o
prazo continua a correr.
8. ANULAÇÃO E CONVALIDAÇÃO DE ATOS:
Encerrados todos os trabalhos, descobrindo-se uma ilegalidade no curso do processo: (i) Se o vício é
Sanável: Poderá ter anulação ou convalidação, a escolha é discricionária. (ii) Se o vício é Insanável: Pode ter
anulação. No entanto, se essa retirada do ato ilegal causar mais danos que a sua manutenção, deve-se
manter o ato, através da estabilização de efeitos.
O princípio da legalidade não é absoluto. Deve ser ponderado com demais interesses em jogo
(segurança jurídica, boa-fé etc.). Daí surge a estabilização dos efeitos.
9. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR – LEI nº 8.112/1990:
O PAD pode seguir 2 ritos: (i) o sumário (mais curto) ou (ii) o ordinário (mais extenso).
9.1. PAD SUMÁRIO:
9.1.1. Sindicância: Descobrindo uma infração, a Administração deve instaurar uma sindicância
(análoga ao inquérito no processo penal).
Atenção: É possível que seja instaurado diretamente o PAD, sem passar pela sindicância, bastando que existam elementos
informativos suficientes para instruir o processo.
Lembrar que, assim como o MP pode denunciar sem inquérito, tendo apenas elementos de
convicção suficientes, o PAD também pode ser instaurado sem a sindicância, que seria um “inquérito” policial
ou civil do PAD.
Segundo o STJ17, não há ilegalidade na instauração de processo administrativo com fundamento em
denúncia anônima, por conta do poder-dever de autotutela imposto à Administração e, por via de
consequência, ao administrador público.
Atenção: Se, no final das investigações realizadas na sindicância, descobrir que não houve infração, o mesmo deve ser arquivado.

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Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem
fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.
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Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do servidor,
exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será convertida em exoneração.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade.
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Súmula 611 do STJ: Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo
administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do dever-poder de autotutela imposto à Administração.
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Descobrindo-se uma infração grave, deve ser instaurado um PAD ordinário (propriamente dito).
Nesse caso a sindicância funciona como fase preparatório do processo, inquisitorial, sem publicidade e sem
observância do contraditório ou da ampla defesa (bem semelhante ao inquérito policial).
No caso de investigação de infração leve, a Administração pode, ao fim da sindicância, aplicar
sanção ao servidor. Infração leve é aquela punica com advertência ou suspensão de até 30 dias. Nesse caso,
a sindicância tem natureza de PAD principal, porém com prazos abreviados, sendo, por isso, denominada
PAD sumário. Nessa forma de sindicância, dada a natureza de PAD, bem como a possibilidade de aplicação
de sanção, é imprescindível a observância do contraditório e da ampla defesa.
A sindicância deve ter a duração de 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias.
9.1.2. Acumulação ilegal (PAD sumário) : PAD Sumário de acumulação ilegal. A acumulação é
infração grave, punida com pena de demissão (art. 132, X 18, da Lei 8.112/1990). Esse procedimento, no
entanto, tem prazos mais curtos, produção de provas simplificada. Em razão disso, também é denominado de
PAD sumário (art. 13319).
Ressalte-se que, antes mesmo da instauração do processo, o servidor é chamado para escolher
qual dos cargos acumulados ele quer manter. Em fazendo a escolha, ocorre a exoneração do cargo preterido
e não se fala mais em PAD. Presumir-se-á a boa-fé do sujeito (§§ 1º e 2°, do art. 133, da Lei 8.112/1990).
O PAD somente será instaurado se o sujeito não realiza essa escolha. No entanto, mesmo depois
de instaurado, o sujeito tem outra chance de escolher um dos cargos e extinguir o PAD. Essa escolha deve
ser feita até o momento de apresentação da defesa. Somente se ele não realiza a escolha o PAD continua.
Sendo considerado culpado, a decisão será a demissão dos cargos acumulados (§§ 6° e 7º 20, art. 133).
O prazo do PAD é de 30 dias, prorrogáveis por mais 15 dias.
Atenção: A acumulação de cargos públicos de profissionais de área de saúde, prevista no art. 37, XVI, da CF/88, não se sujeita ao
limite de 60 horas semanais previsto em norma infraconstitucional, pois inexiste tal requisito na Constituição Federal. O único
requisito estabelecido para a acumulação é a compatibilidade de horários no exercício das funções, cujo cumprimento deverá ser
aferido pela administração pública (STF, 1ª Turma, RE 1.094.802 AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, Julgado em 11/05/2018).
9.2. PAD ORDINÁRIO (PAD PROPRIAMENTE DITO):
Prazo de 60 dias, prorrogáveis por mais 60 dias.
Analisaremos de forma aprofundada no estudo da Lei nº 8.112/1990.
10. EXECUÇÃO DAS PENAS:
De acordo com o STJ, é possível o cumprimento imediato da penalidade imposta ao servidor logo após
o julgamento do PAD e antes do julgamento do recurso administrativo cabível. Não há qualquer ilegalidade na
imediata execução de penalidade administrativa imposta em PAD a servidor público, ainda que a decisão não
tenha transitado em julgado administrativamente (STJ 1ª Seção, MS 19.488/DF, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 25/03/2015).

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Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
XII – acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
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Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere o art. 143
notificará o servidor, por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da
ciência e, na hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata, cujo processo administrativo
disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultaneamente indicar a
autoria e a materialidade da transgressão objeto da apuração;
II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e relatório;
III - julgamento.
§ 1° A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos cargos,
empregos ou funções públicas em situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, do horário de
trabalho e do correspondente regime jurídico.
§ 2° A comissão lavrará, até três dias após a publicação do ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas as informações de
que trata o parágrafo anterior, bem como promoverá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no
prazo de cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164.
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§ 6° Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de aposentadoria ou
disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades
de vinculação serão comunicados.
§ 7° O prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, contados da data de
publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por até quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem.
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JURISPRUDÊNCIA:

Súmula Vinculante nº 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para
admissibilidade de recurso administrativo.

Súmula Vinculante nº 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição.

Súmula nº 443 do STF: A prescrição das prestações anteriores ao período previsto em lei não ocorre, quando não tiver
sido negado, antes daquele prazo, o próprio direito reclamado, ou a situação jurídica de que ele resulta.

Súmula nº 383 do STF: A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, pois dois anos e meio, a partir do
ato interruptivo, mas não fica reduzido aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira
metade do prazo.

Súmula nº 19 do STF: É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no mesmo processo em que se
fundou a primeira.

Súmula nº 641 do STJ: A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar prescinde da exposição
detalhada dos fatos a serem apurados.

Súmula nº 635 do STJ: Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei nº 8.112/1990 iniciam-se na data em que a
autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato, interrompem-se
com o primeiro ato de instauração válido – sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar – e voltam a fluir por
inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.

Súmula nº 611 do STJ: Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é permitida a
instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever de
autotutela imposto à Administração.

Súmula nº 591 do STJ: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que
devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.

Súmula nº 592 do STJ: O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa nulidade
se houver demonstração de prejuízo à defesa.

Súmula nº 510 do STJ: A liberação de veículo retido apenas por transporte irregular de passageiros não está
condicionada ao pagamento de multas e despesas.

Súmula nº 434 do STJ: O pagamento da multa por infração de trânsito não inibe a discussão judicial do débito.

Súmula nº 373 do STJ: É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo.

Súmula nº 312 do STJ: No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessários as notificações
da atuação e da aplicação da pena decorrente da infração.

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