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DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

04.DIREITO ADMINISTRATIVO

SUMÁRIO
CAPÍTULO IV – ATOS ADMINISTRATIVOS.........................................................................................................3
1. CONCEITO, REQUISITOS, ATRIBUTOS, PRESSUPOSTOS E CLASSIFICAÇÃO.......................................3
1.1. Conceito.....................................................................................................................................................3
1.2. Requisitos/Elementos de Validade dos Atos Administrativos...................................................................3
1.3. Atributos do Ato Administrativo..................................................................................................................4
1.4. Elementos dos Atos Administrativos.........................................................................................................4
1.5. Pressupostos dos Atos Administrativos....................................................................................................4
1.6. Fases de Constituição dos Atos Administrativos......................................................................................4
1.7. Classificação dos Atos Administrativos.....................................................................................................5
2. FATO E ATO ADMINISTRATIVO......................................................................................................................6
2.1. Fatos Administrativos.................................................................................................................................6
2.2. Atos Administrativos..................................................................................................................................7
3. ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE........................................................................................................7
3.1. Atos Normativos.........................................................................................................................................7
3.2. Atos Ordinários..........................................................................................................................................7
3.3. Atos Negociais...........................................................................................................................................8
3.4. Atos Enunciativos......................................................................................................................................8
3.5. Atos Punitivos............................................................................................................................................9
4. O SILÊNCIO NO DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................9
5. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS...................................................................................................9
5.1. Extinção Natural.........................................................................................................................................9
5.2. Desaparecimento da Pessoa ou Coisa Sobre a Qual o Ato Recai...........................................................9
5.3. Renúncia....................................................................................................................................................9
5.4. Retirada......................................................................................................................................................9
6. PROCESSO ADMINISTRATIVO.....................................................................................................................11
7. FORMAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO......................................................................................................11
7.1. Perfeição..................................................................................................................................................11
7.2. Validação.................................................................................................................................................11
7.3. Eficácia.....................................................................................................................................................11
8. MÉRITO ADMINISTRATIVO............................................................................................................................11
8.1. Conceito...................................................................................................................................................11
8.2. Controle do Mérito pelo Judiciário...........................................................................................................11
8.3. Revisão do Motivo e do Objeto pelo Judiciário.......................................................................................12
8.4. A Forma do Ato Administrativo é Sempre Elemento Vinculado?............................................................12
9. TEORIA DAS NULIDADES NO DIREITO ADMINISTRATIVO.......................................................................12
9.1. Teoria Monista.........................................................................................................................................12
9.2. Teoria Dualista.........................................................................................................................................12
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10. VÍCIOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS.....................................................................................................12


10.1. Quanto ao Sujeito..................................................................................................................................12
10.2. Quanto ao Objeto...................................................................................................................................12
10.3. Quanto à Forma.....................................................................................................................................12
10.4. Quanto ao Motivo...................................................................................................................................12
10.5. Quanto à Finalidade...............................................................................................................................12
11. TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES...............................................................................................13
12. CONVALIDAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO............................................................................................13
13. OUTROS TEMAS..........................................................................................................................................13
13.1. Teoria do Fato Consumado...................................................................................................................13
13.2. Teoria do Funcionário de Fato...............................................................................................................13
SÚMULA DO STJ.................................................................................................................................................13

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CAPÍTULO IV – ATOS ADMINISTRATIVOS

1. CONCEITO, REQUISITOS, ATRIBUTOS, PRESSUPOSTOS E CLASSIFICAÇÃO:


1.1. Conceito: É toda manifestação unilateral de vontade da administração pública que, agindo nessa
qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou
impor obrigações aos administrados ou a si própria.
Atenção: ATO ADMINISTRATIVO ≠ ATO DA ADMINISTRAÇÃO (atos políticos ou de governo). Os atos da administração são
aqueles atos em sentido amplo, praticados em obediência direta à CF. Exemplo: iniciativa de leis, sanção/veto a projetos de lei,
celebração de tratados internacionais, decretação do estado de sítio etc. Eles não estão sujeitos à teoria geral dos atos administrativos.
1.2. Requisitos/Elementos de Validade dos Atos Administrativos: São 5 os elementos ou requisitos de
validade de um ato administrativo, previstos no art. 2º 1, da Lei nº 4.717/1965 (Lei de Ação Popular): (i) sujeito
competente; (ii) finalidade pública; (iii) forma prescrita em lei; (iv) motivo e (v) objeto. Vale dizer que
competência, finalidade e forma são elementos sempre vinculados.
1.2.1. Competência: é o poder que a lei confere aos agentes públicos para exercer funções com o
mínimo de eficácia. Características: obrigatoriedade, irrenunciabilidade, intransferível e imprescritível.
a) Delegação: A delegação consiste na extensão da competência para agentes ou órgãos de
mesma hierarquia ou hierarquia inferior, devendo ser sempre específica (desconcentração).
b) Avocação: A avocação ocorre quando o agente ou órgão busca para si a competência de
hierarquia inferior (concentração).
Porém, a própria norma jurídica que permite a delegação de competência, traz expressamente a
impossibilidade do objeto da delegação (e, consequentemente, de avocação) nos seguintes casos:
• Edição de atos normativos;
• Decisão de recursos administrativos;
• Matérias cujas competências sejam exclusivas de um determinado órgão ou autoridade.
1.2.2. Finalidade: a finalidade da existência de um ato administrativo se divide em 2 tipos:
a) Geral: É o interesse público (está presente em todos os atos).
b) Específica: É o interesse previsto na lei que prevê o ato.
1.2.3. Forma: é o modo de exteriorização do ato administrativo. Em regra, o ato administrativo
deverá ter a forma escrita, podendo haver, ainda, atos administrativos cuja forma seja sonora (apito de um
policial), eletromecânica (semáforo), gestual ou mímica (aceno de um policial rodoviário numa blitz) etc.
Pelo princípio da instrumentalidade das formas, o vício de forma é, em regra, sanável.
• Meras irregularidades: o ato será válido.
Vício de forma: • Vícios sanáveis: o ato é anulável, mas pode ser convalidado.
• Vícios insanáveis: o ato é nulo, devendo ser realizada a sua anulação
Atenção: No processo administrativo federal vigora o princípio do informalismo, onde os atos do processo administrativo não
dependem de forma determinada, senão quando a lei expressamente a exigir.
1.2.4. Motivo: é a razão para a prática de um ato administrativo. São os pressupostos de fato e de
direito que determinam ou autorizam a prática do ato.
Teoria dos motivos determinantes: É utilizado para a situação em que os fundamentos de fato de
um ato administrativo (motivo) são indicados pela motivação, hipótese na qual a validade do ato depende da
veracidade dos motivos alegados.
Atenção: Com o acréscimo do art. 20 da LINDB, surgiu o “consequencialismo jurídico”, onde nas esferas administrativas
(controladora e judicial), não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências
práticas da decisão.
1.2.5. Objeto: é o conteúdo material do ato administrativo, por meio do qual a Administração Pública
manifesta sua vontade, sendo considerado o efeito jurídico que o ato administrativo produz.

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Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade.
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1.3. Atributos do Ato Administrativo: São qualidades especiais dos atos administrativos que lhes
asseguram uma qualidade jurídica superior aos atos de direito privado. Os principais atributos são:
a) Presunção de veracidade: o ato goza de fé pública e os fatos apresentados em sua prática
presumem-se verdadeiros, em conformidade com os fatos efetivamente ocorridos (presunção é relativa ou
juris tantum). Há a inversão do ônus da prova (cabe ao administrado provar que o ato é vicioso).
b) Presunção de legitimidade: até prova em contrário, o ato foi editado em conformidade com a lei e
com o ordenamento jurídico (presunção relativa). O ato pode ser questionado judicialmente, mas o ônus da
prova é do particular que visa à impugnação do ato administrativo.
c) Imperatividade: o ato administrativo é imperativo, independente da vontade do administrado.
Enquanto não declarada a ilegalidade do ato praticado, o particular deve cumprir as regras nele expostas.
d) Exigibilidade: Não sendo cumprida a obrigação imposta pelo ato administrativo, o poder público
terá que, valendo-se de meios indiretos de coação, executar indiretamente o ato desrespeitado.
e) Autoexecutoriedade: o ato administrativo, uma vez produzido pela Administração, é passível de
execução imediata, independentemente da autorização do Poder Judiciário.
f) Tipicidade: todo ato administrativo deve estar previsto em lei, ou seja, corresponda a um tipo legal
previamente definido.
1.4. Elementos dos Atos Administrativos: Para Celso Antônio Bandeira de Melo, os elementos são
intrínsecos ao ato administrativo.
1.4.1. Conteúdo: corresponde à disposição do ato.
1.4.2. Forma: se traduz na exteriorização da vontade do ato administrativo praticado.
Atenção: A ausência de algum destes elementos implica a ausência do próprio ato.
1.5. Pressupostos dos Atos Administrativos:
1.5.1. Pressupostos de existência: exteriores e necessários ao ato.
a) Objeto: é aquilo (coisa ou relação jurídica) sobre a qual o ato incidirá. Exemplo: a intimação
tem por objeto cientificar alguém de alguma coisa.
b) Pertinência temática: para que a conduta do estado exista, enquanto ato administrativo, deve
ser praticado no exercício da função administrativa.
Atenção: A ausência dos pressupostos de existência implica a ausência do próprio ato administrativo.
1.5.2. Pressupostos de validade: define a adequação ou não deste ato com o ordenamento jurídico.
a) Pressuposto subjetivo – sujeito competente: o ato administrativo deve ser praticado por um
agente público que tenha legitimação legal para o exercício daquela determinada atividade.
b) Pressuposto objetivo – motivo: definido como a situação de fato e de direito que ensejou a
prática do ato administrativo.
c) Pressuposto teológico – finalidade: finalidade pública mais o respeito ao escopo específico
definido por lei para a conduta estatal.
d) Pressuposto lógico – causa: a correlação lógica entre o motivo e o conteúdo do ato
administrativo, no exercício da finalidade pública.
e) Pressuposto formalístico – requisitos procedimentais: devem respeitar a existência de
procedimentos anteriores.
Atenção: A inexistência ou vícios nos pressupostos de validade = falta ato administrativo válido (será inválido).
1.6. Fases de Constituição dos Atos Administrativos: Há fases indispensáveis à formação do ato e sua
atuação no caso concreto.
1.6.1. Perfeição: A existência do ato administrativo decorre do cumprimento das etapas necessárias
à formação do ato. Ato Perfeito não é retratável, mas pode ser revisado e até anulado em face do princípio
administrativo da autotutela (Súmula 346 e 473 do STF).
1.6.2. Validade: A regularidade do ato é aferida quando todas as etapas realizadas estiverem de
acordo com a lei. A validade de um ato só é avaliada se ele for ao menos existente (perfeito).
Atenção: No silêncio da lei, não pode haver atuação administrativa, haja vista a aplicação da estrita legalidade em matéria de
Direito Administrativo.

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1.6.3. Eficácia: É aptidão para produção de efeitos concedida ao ato administrativo. Possui eficácia
imediata, logo após a sua publicação. Exceção: com previsão de termos iniciais ou condições suspensivas, o
ato é ineficaz enquanto a situação de pendência não for resolvida.
Atenção: Os atos perfeitos e válidos ainda não estão aptos a produzir efeitos são designados como atos administrativos pendentes.
a) Efeitos próprios: são os efeitos típicos do ato.
b) Efeitos impróprios: são aqueles que decorrem, de forma indireta, da prática do ato
administrativo. Podem ter: (i) efeito reflexo: quando atingirem uma relação jurídica estranha àquela tratada no
bojo da conduta estatal, gerando consequências em relação a terceiros não previstos diretamente no ato
praticado; ou (ii) efeito prodrômico: efeito por meio do qual se impõe uma nova atuação administrativa diante
do início do ato praticado (determina a quebra da inércia administrativa).
Atenção: A existência e a validade não são requisitos para alguma eficácia.
1.6.4. Atos após a formação:
a) Perfeito, válido e eficaz: o ato estará apto a produzir efeitos, sendo que a conduta foi praticada
dentro dos limites definidos pela lei.
b) Perfeito, válido e ineficaz: o ato cumpriu todas as etapas de formação (em conformidade com
a lei), mas não está apto a produzir efeitos por depender de termo ou condição, ou por falta de publicidade,
necessária à sua eficácia. Exemplo: empresa tem 30 dias para entregar merendas, mas o prazo só inicia
após a publicação, antes disso o ato não produz efeitos, mesmo perfeito (cumpriu trajetória) e válido (cumpriu
requisitos).
c) Perfeito, inválido e eficaz: o ato administrativo não corresponde às normas legais definidas
para sua prática, todavia produzirá efeitos até que seja declarada sua irregularidade. Exemplo: contratação de
serviços sem licitação, enquanto não declarada a invalidade.
d) Perfeito, inválido e ineficaz: sempre que a ilegalidade do ato for demonstrada. Exemplo:
contratação de serviços com fraude na licitação (ato inválido) sem posterior publicação.
Atenção: O ato administrativo consumado é aquele que já produziu todos os efeitos que estavam definidos em seu bojo.
1.7. Classificação dos Atos Administrativos:
1.7.1. Quanto ao grau de liberdade, os atos ainda podem ser classificados em:
a) Atos Vinculados: atos definidos em lei que não confere ao agente público qualquer margem
de escolha. Preenchidos os requisitos definidos na norma aplicável, o agente público tem o dever de praticar
o ato, não podendo se eximir de sua responsabilidade. Exemplo: a concessão de licença paternidade.
b) Atos Discricionários: atos que admitem uma análise de pressupostos subjetivos pelo agente
estatal; permitindo-lhe certa liberdade de escolha, nos termos e limites da lei, de modo a realizar um juízo de
valor, de oportunidade e de conveniência. Exemplo: concessão de licença para tratar de interesses particulares.
1.7.2. Quanto aos destinatários, os atos podem ser classificados em:
a) Atos gerais: são aqueles dirigidas a uma quantidade indeterminada de pessoas, com caráter
abstrato e impessoal. Os atos gerais são sempre determinados e prevalecem sobre os individuais. Exemplo:
edital de concurso público. Os atos gerais necessitam ser publicados em meio oficial.
b) Atos individuais: são aqueles dirigidas a um destinatário certo ou sujeitos específicos, os quais
se submetem às disposições da conduta. Os atos individuais pode ser: (i) singular: nomear 1 sujeito para um
cargo comissionado; ou (ii) plural: nomear diversos sujeitos para um cargo efetivo.
1.7.3. Quanto ao alcance, os atos podem ser classificados em:
a) Atos internos: são aqueles que produzem efeitos dentro da estrutura da Administração Pública
responsável por sua edição. Não depende de publicação oficial. Exemplo: ato de determinar o uso de
uniforme.
b) Atos externos: são aqueles que produzem efeitos em relação aos administrados, estranhos à
estrutura da Administração Pública. Depende de publicação em órgão oficial. Exemplo: alterar o horário de
funcionamento ao público no órgão público.
1.7.4. Quanto à formação, os atos também se classificam em:
a) Atos simples: são aqueles que, para sua formação, depende de única manifestação de
vontade de um único órgão, unipessoal (ato simples singular) ou colegiado (ato simples colegiado). Exemplo
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ASS: ato de exoneração de um servidor ocupante de um cargo em comissão. Exemplo ASC: um acórdão
administrativo do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, órgão colegiado do Ministério da
Fazenda.
b) Atos compostos: são aqueles que, para sua formação, depende de 2 (duas) manifestações de
vontade, sendo uma vontade principal (ato principal) e uma vontade que ratifica (ato acessório ou
instrumental), e que geralmente decorrem do mesmo órgão público. Conforme o caso, o ato acessório recebe
a denominação de aprovação, autorização, ratificação, visto etc. Exemplo: nomeação de um Ministro do STF,
pelo Presidente da República (ato principal), após prévia aprovação do Senado Federal (ato acessório).
c) Atos complexos: são aqueles que, para sua formação, depende da manifestação de vontade
de 2 ou + órgãos públicos independentes, de mesma hierarquia. O ato não pode ser considerado perfeito
(completo) com a manifestação de um só órgão ou autoridade e só poderá ser objeto de questionamento
administrativo ou judicial depois de ter sido expressas todas as manifestações necessárias à sua formação,
pois antes disso o ato é imperfeito (os prazos para impugnação só começam a correr com a perfeição do ato).
Exemplo: concessão de determinados regimes especiais de tributação, no caso das reduções tributárias
aplicáveis a alguns bens de informática, que dependem de aprovação, cumulativa, do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT e do
Ministério da Fazenda.
1.7.5. Quanto aos efeitos, os atos se classificam em:
a) Atos constitutivos: são aqueles que alteram uma relação jurídica, criando, modificando ou
extinguindo direitos do destinatário. Exemplo: nomeação de servidores (cria); alteração de horário de
funcionamento do órgão (modifica); cassação de uma licença (extingue).
b) Atos declaratórios: são aqueles que afirmam um direito preexistente, mediante o
reconhecimento de situação jurídica previamente constituída. Possuem efeitos retroativos. Exemplo:
expedição de certidão de regularidade fiscal; declaração de tempo de serviço ou contribuição.
c) Atos enunciativos: são aqueles que contém um juízo de valor, opinião, sugestão ou
recomendação de atuação administrativa. Por si só, não produzem efeitos jurídicos, dependem de outro ato,
de conteúdo decisório, e servindo como fundamento. Exemplo: os pareceres emitidos pela Procuradoria.
1.7.6. Quanto à validade, os atos se classificam em:
a) Ato nulo: é aquele que nasce com vício insanável, normalmente resultante da ausência de um
de seus elementos constitutivos, ou de defeito substancial em algum deles. O ato nulo está em
desconformidade com a lei ou com os princípios jurídicos (ato ilegal ou ilegítimo) e seu defeito não pode ser
convalidado. O ato nulo não pode produzir efeitos válidos entre as partes. Exemplo: o ato com motivo
inexistente, o ato com objeto não previsto em lei e o ato praticado com desvio de finalidade.
b) Ato anulável: é aquele contaminado pelo vício que é sanável, admitindo a convalidação. Se
houver a convalidação, haverá efeitos ex tunc, retroagindo ao momento da produção. Diante de um ato
anulável, a administração deve convalidá-lo quando isso for possível (decisão vinculante). Exceção: se o vício
do ato se der por autoridade incompetente, a autoridade competente não está obrigada a convalidá-lo.
Exemplo: servidor empossado em cargo privativo de bacharel em direito; verificado após que o diploma era
falso, a administração ou Poder Judiciário deverão anular o ato de posse, desfazendo, para as partes
(servidor e administração), os vínculos funcionais nascidos daquele ato (efeito ex tunc).
c) Ato inexistente: é aquele que possui apenas aparência de manifestação de vontade da
administração pública, mas, em verdade, não se origina de um agente público, mas de alguém que é
usurpador da função. Exemplo: ato praticado por quem se diz ser funcionário público, sem ser.
1.7.7. Quanto as prerrogativas, os atos se classificam em:
a) Atos de império: são aqueles praticados pela Administração com prerrogativas de autoridade.
Exemplo: desapropriação.
b) Atos de gestão: são aqueles em que a Administração atua em situação de igualdade com o
particular. Exemplo: contrato de aluguel.
c) Atos de expediente: são aqueles praticados como forma de dar andamento à atividade
administrativa, não configuram manifestação de vontade do Estado.
2. FATO E ATO ADMINISTRATIVO:
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2.1. Fatos Administrativos: São atos de mera execução de atividade da administração pública, que não
geram manifestação de vontade. Não é um ato jurídico, apenas acontece eventualmente; são fatos da
natureza (que repercutem sobre a administração pública) ou meras materializações de um ato administrativo
anterior. Exemplo: criação de uma estrada, pavimentação, construção ou demolição de uma escola.
2.2. Atos Administrativos: Atos por meio dos quais a Administração Pública atua no exercício da função
administrativa, sob o regime de direito público e ensejando manifestação de vontade do Estado ou de quem
lhe faça as vezes (particulares no exercício de prerrogativas públicas). Tem por fim imediato a produção de
efeitos jurídicos determinados, em conformidade com o interesse público.
Atenção: Não confundir Atos Administrativos de Atos da Administração. Atos da administração é mais amplo do que a noção de ato
administrativo, uma vez que este é espécie daquele.
3. ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE: NONEP
3.1. Atos Normativos: São atos gerais e abstratos que geram obrigações a uma quantidade
indeterminada de pessoas, dentro dos limites da lei. Possuem as seguintes características: (i) Não possuem
destinatários determinados; (ii) Correspondem aos atos gerais; (iii) Não pode inovar o ordenamento jurídico; e
(iv) Controle.
3.1.1. Regulamento: Trata-se de ato normativo privativo do chefe do Poder Executivo, apresentado
por meio da expedição de um Decreto.
a) Regulamentos executivos: não tem intenção de inovar o ordenamento jurídico, sendo
praticado unicamente para complementação do texto legal.
b) Regulamentos autônomos: substitutos da lei e não facilitadores de sua aplicação, uma vez
que são editados sem contemplar qualquer previsão legal anterior.
Atenção: A doutrina majoritária vem-se posicionando no sentido de que, om a inserção do inciso VI ao art. 84 da CF, existem no
Brasil 2 (duas) únicas hipóteses de regulamentos autônomos constitucionalmente admitidos.
3.1.2. Aviso: Ato utilizado para dar conhecimento à sociedade de determinados assuntos ligados à
atividade fim do órgão. Expedido pelos órgãos auxiliares diretos do Poder Executivo.
3.1.3. Instrução normativa: Expedida por quaisquer autoridades públicas ou órgãos públicos que
tenham atribuição legal para a execução de decretos e regulamentos.
3.1.4. Regimento: Para definição de normas internas.
3.1.5. Deliberações: Expedidas pelos órgãos colegiados, como representação de vontade da
maioria dos agentes que o representam.
3.1.6. Resolução: Ato normativo dos órgãos colegiados, usados pelos Poderes Legislativo e
Judiciário, e pelas Agências Reguladoras, para disciplinar matéria de sua competência específica.
Atenção: As agências reguladoras possuem poder normativo que se restringe ao âmbito técnico da prestação do serviço e
expedem os atos por meio de manifestação do seu Conselho Diretivo.
3.2. Atos Ordinários: Organizam a prestação do serviço, por meio de normas que se aplicam
internamente aos órgãos pertencentes à estrutura administrativa, ensejando a manifestação do Poder
Hierárquico da Administração. São endereçados aos servidores públicos em geral. Não geral direitos
adquiridos.
Possuem as seguintes características: (i) atos internos; (ii) vinculam os servidores subordinados ao
órgão que o expediu; (iii) não atingem os administrados; (iv) estão hierarquicamente abaixo dos atos
normativos; e (v) devem obediência aos atos normativos que tratem da mesma matéria relacionada ao ato
ordinário.
3.2.1. Portaria: Ato administrativo individual que estipula ordens e determinações internas e
estabelece normas que geram direitos ou obrigações internas a indivíduos específicos.
3.2.2. Circular: Para a edição de normas uniformes a todos os servidores, subordinados a um
determinado órgão.
3.2.3. Ordem de serviço: Finalidade de distribuir e ordenar o serviço interno do órgão, escalonando
entre os setores e servidores.

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3.2.4. Despacho: Por ele as autoridades proferem decisões (Finais ou interlocutórias no processo
administrativo) acerca de determinadas situações específicas, de sua responsabilidade funcional.
3.2.5. Memorando: Ato de comunicação interna, entre setores de uma mesma estrutura orgânica.
3.2.6. Ofício: Ato emanado para garantir a comunicação entre autoridades públicas ou entre estas e
particulares, destinados à comunicação externa, também podendo ser utilizado com a intenção de
encaminhar informações ou efetivar solicitações.

3.3. Atos Negociais: Por ele a administração concede direitos pleiteados por particulares. A
manifestação de vontade do Estado coincide com o interesse do particular. Vontade unilateral do poder
público, que não goza de imperatividade. Ato administrativo ampliativo. Possuem as características: (i) não
são imperativos, coercitivos e auto executórios; (ii) manifestação de vontade unilateral da Administração
Público, que é provocada mediante requerimento do particular; e (iii) podem ser vinculados, discricionários,
definitivos e precários:
a) Atos negociais vinculados: reconhecem um direito subjetivo do particular. Uma vez
preenchidos os requisitos definidos em lei para a obtenção do ato, a Administração não terá escolha.
b) Atos negociais discricionários: podem, ou não, ser editados, conforme juízo de oportunidade e
conveniência administrativa. Assim, mesmo o particular atendendo as exigências da lei, poderá ser negada.
c) Atos negociais definitivos: são atos vinculados e não comportam revogação, mas podem ser
anulados ou cassados. Geram, ao particular, apenas uma expectativa de definitividade.
d) Atos negociais precários: são atos discricionários e podem ser revogados a qualquer tempo;
via de regra, a revogação do ato negocial não gera direito de indenização ao particular.
3.3.1. Autorização: situações mais transitórias. (i) autorização de uso de bem público: ato
discricionário e precário por meio de que a Administração Pública autoriza o uso de bem público por um
particular de forma anormal ou privativa, no interesse eminentemente do beneficiário; e (ii) autorização de
polícia: ato discricionário e precário através do qual o Poder Público concede ao particular o exercício de
determinadas atividades materiais que dependem de fiscalização.
Atenção: Pode, a qualquer tempo, ser desfeito sem direito à indenização, não gerando direito adquirido.
3.3.2. Permissão: Ato discricionário e precário e é veiculada para conceder ao particular o uso de
determinado bem público, de forma anormal ou privativa. Exemplo: permissão de uso de bem público. Possui
as seguintes características: (i) tem caráter mais permanente ou duradouro; (ii) é sempre concedida no
interesse público; (iii) tem natureza de ato discricionário e deve ser precedida de licitação; e (iv) concedida por
prazo determinado, mitigando-se a precariedade, sendo impedido o poder público de revogar este ato sem
que seja devida indenização ao particular beneficiado.
3.3.3. Licença: Ato vinculado e definitivo, por meio do qual o Poder Público permite a realização de
determinada atividade sujeita à fiscalização do Estado. Não comporta revogação, mas pode ser anulada ou
cassada, gerando ao particular apenas uma expectativa de definitividade. Exemplo: alvará de construção;
alvará de funcionamento de estabelecimento comercial; licença para dirigir; licença para exercer uma
profissão.
3.3.4. Admissão: Ato unilateral e vinculado pelo qual o Poder Público faculta a alguém a inclusão
em estabelecimento governamental pra o gozo de um serviço público. O ato de admissão não pode ser
negado aos que preencham as condições normativas requeridas. Exemplo: ingresso em estabelecimento
oficial de ensino como aluno; o desfrute de uma biblioteca público, inscrito como usuário.
3.3.5. Aprovação: Ato unilateral e discricionário para controle da atividade administrativa, com base
na legalidade de ato anterior. Pode ser prévio ou posterior. O ato que dependa de aprovação não será eficaz
enquanto ela não for expedida.
3.3.6. Homologação: Ato unilateral e vinculado de controle da legalidade de ato anteriormente
expedido pela própria Administração Pública, sempre posterior ao ato controlado.
3.4. Atos Enunciativos: São os atos administrativos que têm por finalidade declarar um juízo de valor,
uma opinião ou um fato. Para alguns doutrinadores, são fatos administrativos, por não se tratar efetivamente
de ato administrativo. Não estão sujeitos à análise de mérito ou legalidade, não produzindo efeitos imediatos.
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Possuem as características: (i) não produzem efeitos jurídicos por si só; e (ii) não contém uma manifestação
de vontade da administração.
3.4.1. Atestado: trata-se de ato que comprova a existência de uma situação analisada pelo Estado
por meio de seus órgãos competentes, nãos endo hipótese previamente documentada dentro da repartição.
3.4.2. Certidão: é certificar um determinado fato que já se encontra previamente registrado no
órgão. É uma cópia das informações registradas no banco de dados da Administração, mediante
requerimento.
3.4.3. Apostila ou averbação: trata-se de correção, emenda ou complemento a um documento, onde
o ente estatal acrescenta informações constantes em um registro público que não corresponda à realidade. O
particular para isto pede a averbação.
3.4.4. Parecer: trata-se de um documento técnico, responsável de emitir opinião de órgão consultivo
do Poder Público, sobre assunto de sua competência. Não possui natureza vinculante.
Atenção: Pode ser facultativo ou obrigatório (é indispensável à regularidade do ato).
a) Doutrina majoritária: somente haverá responsabilidade do emissor do parecer se ele tiver
atuado de forma dolosa, ou com erro grosseiro ao emanar o ato de opinião.
b) Pareceres normativos: geral e abstrato, de aplicação obrigatória a todos casos idênticos que
passarem a existir.
c) Pareceres técnicos: pronunciamento opinativo de órgão ou agente, sobre determinada
situação relacionada à sua área técnica de atuação. Não se subordinam ao escalonamento hierárquico da
Administração Pública. Aqui o mérito só é discutido por agentes especializados na mesma área técnica.
3.5. Atos Punitivos: Atos por meio dos quais a Administração Pública impõe sanções a seus servidores
e aos administrados. O ato punitivo pode ter fundamento:
a) Poder Disciplinar: quando o ato punitivo atinge servidores públicos e particulares ligados à
Administração por algum vínculo jurídico específico.
b) Poder de Polícia: quando o ato punitivo atinge a particulares não ligados à Administração Pública
por um vínculo jurídico específico.
Os atos punitivos podem ser internos e externos:
- Atos punitivos internos: têm como destinatários os servidores públicos e aplicam penalidades
disciplinares, ou seja, os atos punitivos internos decorrem sempre do poder disciplinar.
- Atos punitivos externos: têm como destinatários os particulares. Podem ter fundamento decorrente
do poder disciplinar, quando punem particulares sujeitos à disciplina administrativa, ou podem ter fundamento
no poder de polícia, quando punem particulares não ligados à Administração Pública.
4. O SILÊNCIO NO DIREITO ADMINISTRATIVO:
De acordo com a doutrina majoritária, o silêncio administrativo não produz qualquer efeito. O silêncio
aqui se apresenta como ilicitude sanável por meio de provocação ao Poder Judiciário (art. 5°, XXXIV, da CF)
Atenção: Ressalvadas as hipóteses em que o próprio texto legal definir que a ausência de conduta ensejará a aceitação tácita de
determinado fato ou até mesmo a negativa pelo decurso do tempo (art. 25, Lei 10.257/2001).
a) Se a lei define o prazo para a atuação do agente: a ausência de manifestação, dentro do prazo,
enseja a possibilidade de provocar-se o Poder Judiciário, por meio de Mandado de Segurança.
b) Sem definição legal de prazo para a manifestação: o administrador público e o Poder Judiciário,
embasados no princípio da razoabilidade, estabelecem um prazo justo (art. 5°, LXXVIII, da CF). O órgão
julgador não poderá substituir o agente público na prática do ato administrativo, devendo determinar que o
agente público pratique o ato.
5. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS: A extinção dos atos administrativos poderá se dar por:
5.1. Extinção Natural: quando o ato já cumpriu naturalmente todos os efeitos nele dispostos. O
cumprimento dos efeitos decorre da execução material da situação apresentada no ato administrativo.
5.2. Desaparecimento da Pessoa ou Coisa Sobre a Qual o Ato Recai: o desfazimento do ato decorre
do desaparecimento de seu objeto, ou do sujeito ao qual ele se destina.
5.3. Renúncia: quando o particular (titular do direito) abre mão do benefício concedido.
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5.4. Retirada: a extinção de uma determinada conduta estatal, mediante a edição de ato concreto que a
desfaça. Pode ser por: anulação, revogação, cassação, caducidade e contraposição.
5.4.1. Anulação (ou invalidação): Para a doutrina majoritária, a anulação decorre da dissonância do
ato administrativo com às normas existentes no ordenamento jurídico (possui vício de legalidade), sendo tal
vício insanável. Tanto a Administração Pública, em decorrência do princípio da autotutela, quando o Poder
Judiciário pode anular um ato administrativo.
a) Atos inexistentes: estão fora do ordenamento jurídico, em virtude da violação de princípios
básicos que norteiam a atuação das pessoas dentro de determinada sociedade. Não podem ser convalidados
nem podem ser garantidos efeitos pretéritos produzidos, mesmo em relação a terceiros de boa-fé.
b) Atos nulos: são aqueles declarados em lei como tais. A retirada produz efeitos ex tunc. Não
podem ser convalidados, no entanto, podem ser garantidos alguns efeitos pretéritos produzidos em relação a
terceiros de boa-fé.
c) Atos anuláveis: possuem vícios que admitem conserto, podendo ser assim convalidado.
d) Atos irregulares: sofrem vício material irrelevante, mediante o desrespeito de normas internas
de padronização, não ensejando a nulidade do ato, mas tão somente a responsabilização do agente público
que o praticou.
Atenção: Opera efeitos ex tunc (ressalvados os terceiros de boa-fé. Não existem direito adquirido à manutenção de um ato nulo,
mas apenas a manutenção de determinados efeitos deste ato.
5.4.1.1. Teoria da aparência: A nomeação de servidor sem concurso público é nula, mas os atos
praticados são válidos, em atenção ao princípio da segurança jurídica. Não há devolução dos salários, já que
os serviços foram prestados.
• Feita pela própria Administração ou pelo Judiciário, após provocação do particular (Súmula 473 do
STF c/c art. 53, da Lei 9.784/1999 e o art. 5°, XXXV, da CF).
• Realizada mediante a realização de processo administrativo prévio.
• A Administração Pública tem o prazo decadencial de 5 (cinco) anos para anular atos
administrativos ampliativos, salvo no caso de má-fé do beneficiário (art. 54, Lei 9.784/1999).
• Se o ato viciado foi praticado anteriormente a Lei 9.784/1999, o prazo será contado a vigência do
diploma legal, para determinar a retirada do ato.
• Não há o efeito repristinatório.
5.4.1.2. Convalidação: trata-se da correção do vício de ato administrativo (vícios de forma e de
competência). Caso de nulidade relativa. Se o interesse público exigir e for sanável o vício. Desde que não
cause prejuízos a terceiros (art. 55, Lei 9.784/1999). Opera efeitos ex tunc. Confirmação: feita pela mesma
autoridade que havia praticado o ato. Ratificação: efetivada por ato de outra autoridade. A conversão é
diferente, pois o ato viciado é convertido em outro mais simples, que produz o mesmo efeito.
Atenção: É dever do Estado sanar o vício, menos nos casos de atos discricionários que sofram de vício de incompetência.
5.4.2. Revogação: É a extinção do ato administrativo válido, por motivo de conveniência e
oportunidade. Trata-se de um ato discricionário e refere-se ao mérito administrativo. Possui efeito ex nunc. A
revogação poderá ser expressa ou tácita (a administração pratica um ato incompatível com o ato
anteriormente praticado) e só realizada pela Administração, de ofício ou por provocação.
Atenção: É efetivada pela própria autoridade que praticou o ato ou pela autoridade pública que tenha competência para analisar
este ato em sede de recurso (art. 64, Lei 9.784/1999).
Não há prazo para sua prática e não há efeito repristinatório.
5.4.2.1. Não se admitem revogação:
a) Atos consumados: já produziram todos os efeitos. Exemplo: ato que conferiu férias a
servidor, e estas já foram gozadas, não dá mais para revogar.
b) Atos irrevogáveis: declarados por meio da lei específica.
c) Atos que geram direitos adquiridos, por expressa previsão constitucional (se nem a lei
prejudica direito adquirido, quanto mais ato administrativo).
d) Atos vinculados: não admitirem análise de oportunidade e conveniência, pois neles o
administrador é despido de liberdade de atuação, ressalvados os atos de licença para construir.
e) Atos enunciativos: não ensejando a produção direta de efeitos a particulares.
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f) Atos de controle: não se configurando atos constitutivos de direitos ou obrigações.


g) Atos complexos: a vontade de um único agente não retira este ato do mundo jurídico.
5.4.3. Cassação: Na cassação, haverá a invalidação de um ato que nasceu regular, mas se tornou
irregular na sua execução. Ou quando o beneficiado do ato deixa de cumprir os requisitos de quando teve o
ato deferido. Exemplo: concessão de alvará de construção e depois o plano diretor foi alterado.
Dessa forma, o ato foi cassado em face de irregularidade superveniente. Como a cassação é o
reconhecimento de um vício, haverá o efeito retroativo ao momento da produção do ato viciado. Isso vai
ocorrer em virtude de que o ato não poderá mais existir, apesar de ter nascido válido.
5.4.4. Caducidade: Extinção do ato administrativo por lei superveniente que impede a manutenção
do ato inicialmente válido (anteriormente consentida). Exemplo: permissão de uso de bem público,
posteriormente é editada lei que veda tal uso privativo por particulares. Nesse caso, a permissão é extinta
pela caducidade.
Atenção: Diferente da caducidade nos contratos de concessão de serviços públicos (Lei 8.987/1995), que é rescisão unilateral da
avença por motivo de inadimplemento da empresa concessionária.
5.4.5. Contraposição: Impossibilidade de manutenção do ato, por colidir com ato novo que trata da
matéria. Ou seja, existem 2 atos administrativos de competências e fundamentos diversos, sendo que o ato
posterior tem aptidão de eliminar os efeitos do primeiro. Exemplo: o ato de exoneração, que elimina os efeitos
da nomeação.
6. PROCESSO ADMINISTRATIVO:
Assim como a sentença judicial é resultado o processo judicial, todo ato deve ser resultado de um
processo administrativo, a exemplo do decreto expropriatório, demissão, contrato administrativo etc. O ato
administrativo é resultado de um processo administrativo.
O processo administrativo é condição de forma, uma vez que todo ato administrativo deve ser
precedido de um processo administrativo. Exemplo: multa de trânsito deve ter antes uma notificação, defesa
etc.
Para a validade do ato administrativo precisamos de processo administrativo prévio (com todas as
garantias constitucionais a ele inerentes, inclusive o princípio do devido processo legal, com o contraditório e
a ampla defesa). Assim, ato realizado sem as condições de forma do processo administrativo é nulo.
Por conta disso, o STF tem anulado (por vício de forma) muitos atos que não têm sido precedidos de
processos administrativos constitucionais (princípios fundamentais do contraditório e da ampla defesa).
Existem processos amplos e mitigados, com uma simples anexação de um documento.
O processo é o mecanismo de documentação, conta a história da administração. Exemplo: contrato
emergencial, não precisa de licitação, para provar a emergência precisará de processo administrativo, que
servirá para legitimar a conduta do administrador.
Atenção: Ampla maioria diz que a forma está prevista em lei. No entanto, há uma autora que diz que a forma é livre. O “caminho”
(processo, procedimento, passagem do ato), como se desenvolve até a “forma fim”, até o final do processo, tem certa liberdade, no
entanto a “forma fim” de fato (a forma escrita, por exemplo) deve estar prevista em lei (STF RE 594296/2011, Inf. 641)
7. FORMAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO:
7.1. Perfeição: Perfeição significa percorrer a trajetória, cumprir o ciclo de formação. O ato perfeito é
aquele que consumou seu ciclo de formação, por ter encerrado todas as fases necessárias à sua produção.
7.2. Validação: Refere-se ao preenchimento dos requisitos legais (competência, finalidade, forma,
objeto e motivo). Lembrando que um ato perfeito já é apto a produzir efeitos, mesmo que inválido, já que
diante da presunção de legitimidade continuam a produzir efeitos, enquanto não anulados.
7.3. Eficácia: Aptidão a produzir seus efeitos típicos. Um ato pendente (sujeito a termo ou condição) é
perfeito, mas ineficaz. Só produzirá efeitos quando da ocorrência do termo ou da condição. Pode ser perfeito,
válido, mas ineficaz.
8. MÉRITO ADMINISTRATIVO:
8.1. Conceito: É o juízo de valor que o administrador possui ao praticar um ato discricionário. É a
análise de conveniência e oportunidade do ato que o administrador faz na busca do melhor interesse coletivo.
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Como visto no estudo dos elementos dos atos, os únicos que podem ser valorados, ou seja, que não são
necessariamente vinculados ao que a lei determina, são os motivos e o objeto do ato (no ato discricionário).
Portanto, o mérito do ato administrativo, presente apenas nos atos discricionários, significa a análise de
conveniência e oportunidade quanto á escolha do motivo e do objeto do ato administrativo.
8.2. Controle do Mérito pelo Judiciário: O poder judiciário pode fazer apenas o chamado controle de
legalidade dos atos. No entanto, a legalidade tem sido entendida em sentido lato, ou seja, abrangendo não só
a lei como os princípios constitucionais. Dessa forma, um ato desproporcional ou irrazoável é considerado
ilegal, podendo sofrer o controle do poder judiciário, o que de certa forma acabaria por atingir o mérito do ato.
Assim, tem-se como regra geral, o mérito não pode ser controlado, mas de forma reflexa isso acaba
ocorrendo com o controle de legalidade referente à proporcionalidade e à razoabilidade do ato.
8.3. Revisão do Motivo e do Objeto pelo Judiciário: O poder judiciário pode rever motivo e objeto de ato
discricionário. Se o motivo é falso, logo o ato é ilegal, podendo ser revisto pelo judiciário, enquanto o objeto,
se for ilícito, o ato é inválido, podendo ser anulado pelo poder judiciário.
Ressalte-se que motivo e objeto não são o mérito. Mérito é a liberdade, o juízo de valor, presente no
motivo e objeto, mas não se confunde com eles. A liberdade e o juízo de valor não podem ser revistos. O que
pode ser revista é a ilegalidade do ato.
8.4. A Forma do Ato Administrativo é Sempre Elemento Vinculado? Celso Antônio traz exceção à regra
da vinculação da forma. Diz que a forma e a finalidade podem ser discricionárias quando a lei assim o
determinar. Em regra, são vinculados, mas pode haver exceção prevista em lei. Exemplo: Art. 622 da Lei
8.666/1993, em que a lei confere 5 alternativas. Logo, o administrador tem discricionariedade para escolher
entre elas.
9. TEORIA DAS NULIDADES NO DIREITO ADMINISTRATIVO:
É a declaração de invalidade de um ato administrativo ilegítimo ou ilegal, feita pela própria
Administração Pública ou pelo Poder Judiciário. Existem 2 (duas) teorias sobre as nulidades no direito
administrativo:
9.1. Teoria Monista (Hely Lopes Meireles): O ato é nulo ou válido. Assim, se o ato tiver defeito é nulo,
caso contrário, é válido. Trata-se de um entendimento minoritário, pois prevalece o entendimento de que é
possível a convalidação de atos administrativos que contém certos vícios superáveis. A própria lei 9.784/1999
prevê hipóteses de convalidação de atos administrativos.
9.2. Teoria Dualista: Os atos administrativos podem ser nulos ou anuláveis, de acordo com a menor ou
maior gravidade do vício. Se o ato tiver defeito insanável é nulo, caso possua defeito sanável é anulável.
Trata-se da teoria adotada pelo Brasil.
10. VÍCIOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS:
10.1. Quanto ao Sujeito: incompetência ou incapacidade, nos termos do Código Civil.
a) Incompetência: (i) falta de atribuição legal de competência; (ii) usurpação de função (art. 328 do CP),
em que a pessoa não foi investida no cargo; (iii) excesso de poder (o agente excede os limites de sua
competência); e (iv) função de fato (o agente está investido irregularmente no cargo, emprego ou função, mas
apresenta aparência de legalidade).
b) Incapacidade: arts. 3° e 4° do CC e nos casos de erro, dolo, coação, simulação ou fraude. Na Lei
9.784/1999, há 2 hipóteses de incapacidade: (i) impedimento (art. 18), que gera presunção absoluta; e (ii)
suspeição (art. 20), que gera presunção relativa. Ao contrário do direito civil, as duas situações geram atos
anuláveis e, portanto, convalidáveis por autoridade que não esteja na situação de impedimento ou suspeição.
10.2. Quanto ao Objeto: quando viola a lei, regulamento ou outro ato normativo (art. 2°, parágrafo
único, “c”, da Lei n° 9.784/1999). Outras situações ocorrem quando: (i) o objeto é proibido pela lei; (ii) diverso
do previsto em lei; (iii) impossível, de fato ou de direito; (iv) imoral; (v) incerto quanto aos destinatários, às
coisas, ao tempo, ao lugar.

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Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas e inexigibilidade cujos preços estejam
compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitação, e facultativo nos demais em que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis,
tais como carta-convite, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço.
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10.3. Quanto à Forma: (i) omissão ou (ii) inobservância de formalidades essenciais à existência ou
seriedade do ato (art. 2°, parágrafo único, “b”, da Lei 9.784/1999).
10.4. Quanto ao Motivo: (i) inexistência ou (ii) falsidade do motivo (fatos).
10.5. Quanto à Finalidade: (i) desvio de poder ou (ii) desvio de finalidade: o agente pratica o ato com
inobservância do interesse público ou com objetivo diverso daquele previsto na lei. Dificuldade de
comprovação. Indícios de desvio de poder: motivação insuficiente, motivação contraditória, irracionalidade do
procedimento, contradição do ato com as resultantes dos atos; camuflagem dos fatos, inadequação entre
motivos e efeitos, excesso de motivação.
ABUSO DE PODER VÍCIO
Excesso de poder Competência
Desvio de poder Finalidade
ELEMENTO DO ATO Referência Vinculado/Discricionário Vício Sanável ou Insanável
Competência Quem? Vinculado Em regra, sanável
Finalidade Para quê? Vinculado Insanável
Forma Como? Vinculado Em regra, sanável
Motivo Por quê? Discricionário Insanável
Objeto O que? Discricionário Insanável
11. TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES:
Se a administração precisa motivar um ato para que ele tenha a presunção de estar de acordo com a
sua causa, nada mais justo do que a vinculação de tal motivo, alegado pela administração, como forma de
controle, pela sociedade, da relação existente entre o motivo alegado e o ato praticado. Desse modo, a teoria
dos motivos determinantes afirma que, em caso de motivação dos atos administrativos, a atuação da
administração pública ficará vinculada ao motivo exposto.
Ressalte-se que a motivação é obrigatória nos atos vinculados e é a regra nos atos discricionários. Em
outros termos, é como se a administração, ainda que tenha margem de decisão para escolher entre motivar
ou não um ato discricionário, caso o motive ficará vinculada ao motivo apresentado. Exemplo: os cargos em
comissão são considerados de livre nomeação e exoneração, de forma que os seus ocupantes podem ser
exonerados sem a necessidade de motivação para a prática do ato. Contudo, caso a autoridade superior
exonere o comissionado motivando o ato com alegação de contenção de despesas, ficará vinculado ao
motivo alegado. Caso a administração, em curto espaço de tempo, nomeie outra pessoa para ocupar o cargo
em comissão, haverá dissonância com o motivo alegado, devendo o ato de exoneração ser considerado nulo.
12. CONVALIDAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO:
Convalidação ou saneamento é o ato administrativo pelo qual é suprido o vício sanável existente em
um ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado. Em se tratando de vício sanável, o ato
pode ser convalidado pela Administração (efeito ex tunc), desde que atinja a forma e competência (que não
seja exclusiva). Em regra, a convalidação é feita pela Administração, mas eventualmente poderá ser feita pelo
administrado, quando a edição do ato depender de manifestação de sua vontade e a exigência não foi
observada. Este pode emiti-la posteriormente, convalidando o ato.
Ressalte-se que nem todos os vícios de forma e competência são sanáveis. Assim prevê o art. 55 3, da
Lei nº 9.784/1999. No entanto, quando o vício for insanável, estamos diante de ilegalidade que não tem
salvação, não havendo alternativa senão a anulação do ato (essa é a regra). Exemplo: candidato aprovado
em concurso público é nomeado por agente incompetente. Se tiver presente todos os requisitos legais o ato
deverá ser convalidado pelo servidor competente; caso contrário, deverá ser invalidado.
13. OUTROS TEMAS:
13.1. Teoria do Fato Consumado: Segundo esta teoria, uma ilegalidade poderá ser convalidada pela
consolidação da situação de fato, de modo a entender que haverá mais prejuízos em anular do que manter.
Nesse caso se procede à chamada estabilização dos efeitos. Exemplo: servidores nomeados sem concurso,
que foram mantidos em nome da segurança jurídica; foram estabilizados os efeitos do ato ilegal (STJ).

3
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão
ser convalidados pela própria Administração.
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A declaração de ilegalidade dos atos individuais deve respeitar o princípio da ampla defesa e do
contraditório. Contudo, se o ato for geral, não será preciso.
13.2. Teoria do Funcionário de Fato: Considera válidos os efeitos de atos administrativos praticados
por agentes públicos irregularmente investidos, pelo fato de se revestirem de aparência de legalidade, o que
enseja aplicável expectativas aos particulares beneficiados por tais condutas.
SÚMULA DO STJ:
Súmula do STJ nº 633: A Lei nº 9.784/1999, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para revisão de atos
administrativos no âmbito da Administração Pública Federal, pode ser aplicada, de forma subsidiária, aos estados e municípios, se
inexistente norma local e específica que regule a matéria.

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