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DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

04.DIREITO ADMINISTRATIVO

SUMÁRIO
CAPÍTULO XVIII – PODERES E DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...................................................2
1. PODER REGULAMENTAR...............................................................................................................................2
1.1. Conceito.....................................................................................................................................................2
1.2. Espécies de Regulamentos.......................................................................................................................2
2. DEVERES ADMINISTRATIVOS........................................................................................................................2
2.1. Poder-Dever de Agir..................................................................................................................................2
2.2. Dever de Eficiência....................................................................................................................................3
2.3. Dever de Probidade...................................................................................................................................3
2.4. Dever de Prestar Contas...........................................................................................................................3
3. USO E ABUSO DO PODER..............................................................................................................................3
3.1. Uso do Poder.............................................................................................................................................3
3.2. Abuso de Poder.........................................................................................................................................3

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04.DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO XVIII – PODERES E DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


O regime jurídico-administrativo tem fundamento em 2 postulados básicos (e implícitos), a saber, o
princípio da supremacia do interesse público e o princípio da indisponibilidade do interesse público. Do
primeiro postulado derivam todas as prerrogativas especiais, os quais consubstanciam os chamados poderes
administrativos.
Esses poderes são exercidos pelos administradores públicos nos termos da lei, com estrita
observância dos princípios jurídicos e respeito aos direitos e garantias fundamentais, tais como o devido
processo legal, as garantias do contraditório e da ampla defesa, a garantia da inafastabilidade da tutela
judicial etc.
Por outro lado, como decorrência da indisponibilidade do interesse público, a CF e as leis impõem ao
administrador público alguns deveres específicos e peculiares, preordenados a assegurar que sua atuação
efetivamente se dê em benefício do interesse público e sob controle direto e indireto do titular da coisa
pública, o povo. São esses os chamados deveres administrativos.
1. PODER REGULAMENTAR:
1.1. Conceito: Poder regulamentar ou poder normativo, é o poder conferido à Administração Pública de
editar atos gerais para completar as leis e permitir sua efetiva aplicação. O Poder Regulamentar, em sentido
estrito, consubstancia-se na autorização, ao Chefe do Poder Executivo (art. 84, IV 1, CF), para a edição de
decretos e regulamentos.
Segundo a doutrina moderna, o poder normativo tem como objetivo para que as demais autoridades
públicas também emitissem atos de caráter normativo. Assim, quando um Ministro de Estado expede uma
instrução normativa ou quando o Presidente de uma agência reguladora expede uma resolução, temos o
exercício do poder normativo. O poder regulador é uma das formas pelas quais o Poder Executivo exerce a
sua função normativa, sendo certo que o exercício do poder regulamentar é fruto do poder normativo
(conceito mais amplo e genérico). Doutrinariamente, existem 2 (dois) tipos de regulamentos:
1.2. Espécies de Regulamentos:
1.2.1. Decreto de execução ou regulamentares : É aquele que complementa o conteúdo de uma lei,
nos termos do Art. 84, IV, da CF, servindo como instrumento à fiel execução de uma lei. Não pode
estabelecer normas contra legem (contra lei) ou ultra legem (além da lei). Limitam-se a editar normas
secundum legem (segundo a lei). Está hierarquicamente subordinado a uma lei prévia, sendo ato privativo do
Chefe do Poder Executivo.
1.2.2. Regulamento autônomo ou independente (Decretos autônomos) : Originalmente, não
encontrava previsão na CF/88, porém, com o advento da EC nº 32/2001, passou a ter previsão no art. 84, IV,
CF. Tal dispositivo constitucional estabelece competência ao Presidente da República para dispor, mediante
decreto, sobre: (i) organização e funcionamento da Administração federal, desde que não haja aumento de
despesa nem criação ou extinção de órgão público; e (ii) extinção de cargos ou funções públicas, quando
vagos.
Atualmente, essas são as únicas hipóteses de emissão de decreto autônomo. Sem contar que, por
serem atos de primeiro grau, estão sujeitos ao controle de constitucionalidade, e não de legalidade.
Curiosidade: No Brasil, há uma grande divergência sobre a possibilidade de decretos e regulamentos autônomos.
Todavia, para a grande maioria da doutrina, a CF/88 limitou consideravelmente o poder regulamentar, não deixando
espaço para os regulamentos autônomos. Para as provas de concursos tem-se adotado o entendimento de que
excepcionalmente e somente na hipótese da atual redação do art. 84, IV, da CF é que se admite falar-se em decreto
autônomo.
2. DEVERES ADMINISTRATIVOS:
A doutrina de um modo geral enumera como alguns dos principais deveres impostos aos agentes
administrativos pelo ordenamento jurídico: (i) poder-dever de agir; (ii) dever de eficiência; (iii) dever de
probidade; e (iv) dever de prestar contas.

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Art. 84, IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução.
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2.1. Poder-Dever de Agir: Significa dizer que as competências administrativas, por serem conferidas
visando ao atingimento de fins públicos, implicam ao mesmo tempo um poder para desempenhar as
correspondentes funções públicas e um dever de exercício dessas funções.
Enquanto no direito privado o poder de agir é mera faculdade, no direito administrativo é uma
imposição, um dever de exercício das competências, de que o agente público não pode dispor. Em
decorrência do poder-dever da administração pública, conclui-se que:
a) os poderes administrativos são irrenunciáveis, devendo ser obrigatoriamente exercidos pelos
titulares;
b) a omissão do agente, diante de situações que exigem sua atuação, caracteriza abuso de poder, que
poderá ensejar, inclusive, responsabilidade civil da administração pública, pelos danos que porventura
decorram da omissão legal.
2.2. Dever de Eficiência: O dever de eficiência traduz-se na exigência de elevado padrão de qualidade
na atividade administrativa, na imposição de que o administrador e os agentes públicos em geral tenham sua
atuação pautada por celeridade, perfeição técnica, economicidade, coordenação, controle, entre outros
atributos. É um dever imposto a todos os níveis da administração pública. Com a EC n° 19/1998, a eficiência
passou para a categoria de princípio expresso no art. 37, da CF.
2.3. Dever de Probidade: O dever de probidade exige que o administrador público, no desempenho de
suas atividades, atue sempre com ética, honestidade e boa-fé, em consonância com o princípio da
moralidade administrativa.
O dever de probidade é imposto a todos e qualquer agente público. O § 4° do at. 37 da CF estabelece
que, sem prejuízo da ação penal cabível, os atos de improbidade administrativa acarretarão, na forma e
gradação previstas em lei: (i) a suspensão dos direitos políticos; (ii) a perda da função pública; (iii) a
indisponibilidade dos bens; (iv) o ressarcimento ao erário.
2.4. Dever de Prestar Contas: O dever de prestar contas decorre diretamente do princípio da
indisponibilidade do interesse público, sendo inerente à função do administrador público, mero gestor de bens
e interesses alheios (do povo).
É um dever indissociável do exercício de função pública, imposto a qualquer agente que seja
responsável pela gestão ou conservação de bens públicos. Aliás, o dever de prestar contas é tão abrangente
e inafastável que a ele estão sujeitos, inclusive, particulares aos quais de algum modo sejam entregues
recursos públicos de qualquer espécie, para gestão ou aplicação, conforme estabelece o parágrafo único 2 do
art. 70 da CF).
3. USO E ABUSO DO PODER:
3.1. Uso do Poder: Uso do poder é prerrogativa da autoridade pública. Atualmente, a doutrina aponta
que, aos administradores, cabe o poder-dever de agir, isto é, o poder administrativo, por ser conferido à
Administração para o atingimento do fim público, representa um dever de agir. No entanto, é obrigação do
administrador público utilizá-lo segundo as normas legais e com obediência aos princípios que regem o
Direito Administrativo, nos justos limites que o bem-estar social exige. Quando ultrapassa tais limites, surge a
figura do abuso de poder.
3.2. Abuso de Poder: É o fenômeno que se verifica sempre que uma autoridade ou um agente público
pratica um ato, (i) ultrapassando os limites das suas atribuições ou competências, ou quando (ii) desvia das
finalidades administrativas definidas pela lei. O abuso de poder é gênero do qual são espécies: a) o excesso
de poder e o b) desvio de poder.
3.2.1. Excesso de poder: quando a autoridade competente extrapolar os limites de sua
competência, ou seja, quando a atuação do agente for fora dos limites legais de sua competência. Exemplo:
quando a autoridade competente para aplicar a pena de suspensão impõe penalidade mais grave, que não se
encontra na esfera de suas atribuições.
3.2.2. Desvio de poder (ou desvio de finalidade) : quando a autoridade atinge finalidade diversa do
interesse público, ou seja, decorre da atuação do agente afastada do interesse público, ainda que dentro da
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Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
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sua competência. Também é modalidade de desvio de poder quando o administrador, embora atinja o
interesse público, utiliza-se de ato com finalidade diversa daquela prevista em lei, para a prática do ato. Pode
manifestar-se de 2 (dois) modos:
a) quando o agente busca uma finalidade, contrariando o interesse público. Exemplo: quando ele
usa seus poderes para prejudicar um inimigo, ou para beneficiar a si próprio, um amigo ou parente.
b) quando o agente busca uma finalidade ainda que de interesse público, alheia à categoria do
ato que utilizou, este será inválido por divergir da orientação legal. Exemplo: o administrador que remove um
servidor público com o objetivo de aplicar-lhe uma penalidade, todavia, esse ato de remoção, de acordo com
a previsão legal, serve para acomodação das necessidades do serviço e não está na lista das possíveis
penalidades aplicáveis por infrações funcionais.

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