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Miqueias:

O brilho da
Justiça divina
2021 – Antonio Carlos Gonçalves Affonso

Todos Direitos reservados.


SUMÁRIO
INTRODUÇÃO GERAL
1) UM PROFETA PARA TODOS OS TEMPOS
MIQUEIAS 1:1
QUEM ERA MIQUEIAS
O QUE MIQUEIAS PREGAVA?
I -A Declaração do juízo (1-3)
II - O reino de Yaweh (4-5)
III - A degradação de Israel e o amor de
Deus (6-7)
O que aprendemos com Miqueias
I -Deus não suporta o pecado
II - Deus é Senhor sobre toda terra
III - Deus reunirá seu remanescente para
sempre
2) UM ALERTA CONTRA O PECADO
MIQUEIAS 1:1-7
introdução
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES
I -É preciso levar a sério o problema do
pecado (v. 2)
i) O pecado não confessado pode trazer
consequências sobre nossas vidas terrenas
ii) O pecado não confessado traz
consequências eternas
II - O pecado fere a santidade de Deus (v.
3-5)
III - A ira de Deus é uma realidade diante do
pecado (v. 6-7)
Conclusão
3) A DOR DO PROFETA DE DEUS
MIQUEIAS 1:8-16
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES
I -Devemos olhar para o mundo sem Deus
com olhos de compaixão (v.8)
II - Muito sofrimento tem como causa
primária o repudio de Deus contra o pecado
III - A influência externa pode nos levar a
pecar contra Deus
IV - O arrependimento precisa ser
anunciado como grande resposta à ira de
Deus (v. 8,10)
V - O Messias precisa ser anunciado como
grande demonstração da misericórdia de
Deus
4) OS PERIGOS DA GANÂNCIA MATERIAL
MIQUEIAS 2:1-5
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES
I -Nosso pecado contra Deus sempre nos
levará a pecar contra o próximo
II - Não existe nada oculto diante dos olhos
de Deus
III - Deus nunca deixa impune o pecado
IV - A maior ambição de nossa vida
precisa ser Cristo, não a matéria
5) GOTEJANDO O VERDADEIRO EVANGELHO
MIQUEIAS 2:6-11
Desenvolvimento e aplicações
I -O verdadeiro profeta não agrada a maioria
(v. 6)
II - É normal ao homem não regenerado
buscar apoio na falsa mensagem
III - O fato de ser minoria não deve
desanimar o verdadeiro profeta de Deus
IV - Ainda que minimamente, não
podemos deixar de ensinar e pregar o
verdadeiro evangelho
6) A RESTAURAÇÃO DO REMANESCENTE
MIQUEIAS 2:12-13
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
I -A restauração do remanescente é uma
obra de Deus
II - A restauração do remanescente gera
comunhão
III - A restauração do remanescente é
operada pelo Messias de Deus
APLICAÇÕES
I -Nosso grande sentimento diante de Deus é
gratidão
i) Devemos ser gratos pela salvação
gratuita que nos é oferecida;
ii) Devemos ser gratos pela obra de
Cristo que nos resgata e nos torna
remanescentes de Deus;
iii) Devemos ser gratos por Cristo que
nos salva e nos garante eternamente.
II - Nosso grande sentimento diante dos
homens é a comunhão
III - Nosso grande sentimento para conosco
é a humildade
7) O JUÍZO CORROMPIDO
MIQUEIAS 3:1-4
INTRODUÇÃO
O PROBLEMA DA LIDERANÇA
POLÍTICO/JUDICIÁRIA
APLICAÇÕES
I -Deus abomina o uso injusto do
conhecimento (v. 1)
II - Deus abomina a opressão dos
poderosos sobre os mais simples (v. 2-3)
III - A abominação do Senhor resulta no
derramar de sua ira (v. 4)
IV - Como povo de Deus, devemos querer
sempre que a justiça prevaleça.
V - A justiça de Deus prevalece através da
obra de Cristo
8) RECONHECENDO UM PROFETA
MIQUEIAS 3:5-8
INTRODUÇÃO
O problema dos falsos profetas
APLICAÇÕES
I -É preciso tomar cuidado com o
profissionalismo do ministério pastoral;
II - O falso profeta não pode ser
considerado cristão;
III - O verdadeiro profeta não tem medo de
pregar o que precisa ser pregado (Mq 1:8)
9) UM CASTIGO ALERTADO
MIQUEIAS 3:9-12
INTRODUÇÃO
AS CONSEQUÊNCIAS DA IMPIEDADE DA
LIDERANÇA
APLICAÇÕES
I -É preciso avaliar com carinho pregações
muito positivistas
i) Para quem ela é verdadeira?
ii) Quando ela se cumpre?
iii) O que passamos até que ela se
cumpra?
II - Símbolos religiosos não têm valor
algum sem uma fé genuína;
III - Todos devemos estar preparados para a
disciplina do Senhor (Mq 3:12)
10) ANUNCIANDO A PAZ DE SIÃO
MIQUEIAS 4:1-5
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES
I -A superioridade da verdadeira religião
II - Toda direção que precisamos está na
Palavra de Deus (Mq 4:2-3)
III - A transformação operada pelo
evangelho gera paz entre os homens (Mq
4:3-4)
i) Ilustração especial
IV - A transformação operada pelo
evangelho gera uma paz por toda eternidade
11) O GRANDE LIVRAMENTO DO POVO DE DEUS
MIQUEIAS 4:6-10
INTRODUÇÃO
desenvolvimento e aplicações
I -O pecado não impede o reino soberano do
Senhor
II - O reino de Deus é uma realidade
presente (v. 7)
III - Nosso encontro final encerrará todo
tipo de dor (v. 6)
CONCLUSÃO
12) AFLIÇÕES TEMPORAIS E A ESPERANÇA FUTURA
MIQUEIAS 4:9-5:1
INTRODUÇÃO
os “AGORAS” DE AFLIÇÃO
I -O primeiro agora - a dor do povo de Deus
(v. 9-10a)
II - O segundo “agora” – o motivo da dor
(v. 10b)
III - O terceiro “agora” – o fortalecimento
do povo de Deus (v. 11-13)
IV - O quarto “agora” – a vitória certa não
impede o sofrimento do juiz de Israel (5:1)
APLICAÇÕES
I -Apesar da dor, podemos confiar nas
promessas de Deus (v. 9, 13);
II - Deus vingará o desprezo das nações
sobre seu povo (4:11-12)
III - A morte de Cristo é o ponto máximo da
maldade do ser humano (5:1).
13) UMA PROMESSA DE PAZ
MIQUEIAS 5:2-6
INTRODUÇÃO
O LOCAL DO NASCIMENTO DO MESSIAS
DESCRIÇÃO DO MESSIAS
I -Encarnação
II - Divindade
III - Reinado
APLICAÇÕES
I -Deus usa quem, o que e onde quiser para
realizar seus propósitos (v. 2)
II - Deus tem o tempo certo de tudo (v. 3)
III - Vivemos em um mundo hostil ao povo
de Deus
IV - Cristo é nossa paz em qualquer
circunstância
14) O TRIUNFO E A PURIFICAÇÃO DO POVO DE DEUS
MIQUEIAS 5:7-15
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES
I -O remanescente do Senhor se encontra
espalhado por diversos lugares
II - Deus começa a purificação pela falta de
confiança
III - Deus purificará a igreja do misticismo
IV - A Idolatria será arrancada à força
V - A imoralidade será extirpada do meio
do povo de Deus
15) O JULGAMENTO DO POVO DE DEUS
MIQUEIAS 6:1-8
INTRODUÇÃO
Aplicações
I -Deus jamais falhou com seu povo (Mq 6:1-
3)
II - Deus sempre fornece direção para seu
povo (Mq 6:4)
III - A presença de Deus não impede os
ataques dos inimigos (Mq 6:5)
IV - Nossa religiosidade não serve para
nada sem uma mudança de vida (Mq 6:6-8)
V - Tudo que tinha que ser feito para nossa
salvação, veio da parte de Deus (Mq 6:6-7)
16) UM CASTIGO INEVITÁVEL
MIQUEIAS 6:9-16 (PV 11:1; AM 8:4-7)
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES
I -A desonestidade no povo de Deus mancha
a santidade dele
II - O amor ao dinheiro não deve dominar
nossos corações
III - O fato da grande maioria concordar não
significa que devemos seguir
IV - A ira de Deus contra o pecado
assolará todo povo de Deus
17) O LAMENTO DE UM PROFETA
MIQUEIAS 7:1-7
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES
I -O pecado deve nos trazer tristeza (v. 1-2)
II - A corrupção não pode ser algo natural
(v. 3)
III - Deus haverá de julgar a todos com sua
justiça (v. 4)
IV - O pecado destrói o núcleo familiar (v.
5-6)
V - A perseverança será a grande marca do
salvo (v. 7)
i) Não se deixará corromper pelo que o
cerca;
ii) Não se desesperará quando sofrer em
virtude da fé.
18) A DISCIPLINA E A IRA DE DEUS
MIQUEIAS 7:8-13
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES
I -Nosso pecado torna-se grande motivo para
o escárnio (v. 8)
II - Ainda que salvos, não estamos livres de
pecar (v. 8)
i) Devemos ter ciência que continuamos a
pecar;
ii) Devemos aprender a nos purificar
pelo arrependimento
iii) Devemos nos esforçar para não pecar;
iv) Devemos ter certeza que a salvação
está garantida pela obra da cruz;
III - A ira de Deus sobre seu povo é
disciplinar e temporária (v. 9)
IV - O sofrimento do povo de Deus será
aplaudido pelos ímpios ()
V - A ira de Deus sobre o ímpio é uma
realidade eterna
19) A VISÃO DA ETERNIDADE
MIQUEIAS 7:14-20
Introdução
APLICAÇÕES E DESENVOLVIMENTO
I -Deus cuida do seu povo com disciplina e
amor (v. 14)
II - O povo de Deus haverá de reinar sobre
dos os povos da terra (v. 15-17)
III - Apesar de nossas falhas, Deus tem
prazer em amar o seu povo (v. 18)
IV - A maior dádiva que temos de Deus é
o perdão dos nossos pecados (v. 19)
V - Tudo em nós será transformado na
eternidade com Deus (v. 19,20)
INTRODUÇÃO GERAL

Versão da Bíblia – Revista e Corrigida (ARC)


1) UM PROFETA PARA TODOS OS
TEMPOS
Miqueias 1:1
1 Palavra do SENHOR que veio a Miqueias, morastita, nos
dias de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, a qual ele viu
sobre Samaria e Jerusalém.

QUEM ERA MIQUEIAS


O livro começa dizendo que Miqueias era natural de
Moresete-Gate (Mq 1:14). Um pequeno lugarejo situado à
época a cerca de 40 km a sudoeste de Jerusalém.
Baseado nos reis que reinavam quando Miqueias
profetizava (Jotão e Ezequias, em Judá), conclui-se que ele
era contemporâneo de Isaías (Is 1:1), Oseias (Os 1:1) e
Amós (Am 1:1).
Sua mensagem é muito semelhante à de Isaías. Inclusive
ele dirige sua profecia tanto para Judá como também a
Israel, assim como Isaías.
Miqueias cresceu no campo, pois Moresete, assim como
quase todo interior das nações naquela época, era agrícola.

Uma terra boa, de colinas férteis e suaves,


onde Miquéias viveu desde criança as
amarguras do homem do campo humilde e
submetido à prepotência daqueles que
“cobiçam campos… fazem violência a um
homem e à sua casa” (2:2).1

O nome do profeta significa “Quem é como Jeová”.


Hernandes Dias Lopes, citando Isaltino Gomes Coelho
Filho afirma:
Há realmente uma coincidência muito
grande entre o significado dos nomes dos
profetas e a mensagem anunciada por
eles. Sua mensagem já está, em boa parte,
no sentido dos seus nomes.2

O QUE MIQUEIAS PREGAVA?


Para saber responder esta pergunta é importante notar a
divisão do livro. Há várias propostas para a divisão do
livro, mas creio que aquela que o divide em três partes,
tomando como base o assunto, parece ser a mais adequada.
Assim podemos dividir o livro da seguinte forma:
i. A declaração do juízo (1 -3);
ii. O reino de Yaweh (4-5);
iii. A degradação de Israel e o amor de Deus (6-7)

1
Sociedade Bíblica do Brasil. (1999). Bíblia de Estudo Almeida Revista e
Atualizada (Mq). Sociedade Bíblica do Brasil.
2
Lopes, H. D. (2009). Miqueias: A Justiça e a Misericórdia de Deus (1‍a
edição, p. 14). São Paulo: Hagnos.
I - A Declaração do juízo (1-3)
Nesta primeira parte Miqueias levanta a sua voz para as
duas capitais de Israel e Judá, Samaria e Jerusalém,
respectivamente.
No capítulo 2 o profeta se concentra nos problemas
sociais e nos falsos profetas que parecem alimentar ainda
mais estes problemas. Era profetas comprados pela
corrupção social que havia nas duas capitais.
No final do capítulo 2 há um parentético para lembrar
do remanescente do Senhor e do Messias que o ajuntaria.
No capítulo 3 o juízo se encerra contra os líderes
religiosos. Mais uma vez os profetas são lembrados, pois
profetizam aquilo que agrada aos líderes.

II - O reino de Yaweh (4-5)


Agora o profeta olha para o tempo do fim. Ele vê o
chamado dos gentios para estarem no monte do Senhor (Mq
4:1). Jerusalém será restaurada e o Messias nascerá em
Belém-Efrata, terra de Judá. Ele será o Senhor sobre todos.

III - A degradação de Israel e o amor de Deus


(6-7)
Neste trecho os olhos do Senhor se voltam para Israel.
Ele manifesta seu amor para com seu povo, mas não deixa
de mostrar sua tristeza para com pecado do povo, em
especial a sua infidelidade.
No final, Miqueias mostra que o Senhor cuidará do seu
povo da mesma forma de quando o tirou da terra do Egito.
O QUE APRENDEMOS COM MIQUEIAS

I - Deus não suporta o pecado


O povo de Judá e de Israel havia se corrompido. Deus
levanta então profetas como Miqueias para alertar o povo e
para que este volte aos seus caminhos.
Devemos combater veementemente o pecado em nosso
meio. Temos que ter cuidado para não estarmos deixando
os pecados verticais imperarem em nosso meio em nome do
politicamente correto. Pecados verticais compreendem
aqueles pecados cuja única pessoa afetada é Deus. Muitas
vezes as pessoas afirmam: “Ah, ele ou ela é assim, mas não
faz mal a ninguém!”. Meu amado e amada, o pecado
sempre faz mal a Deus, e fará mal àquele que o comete se
não houver arrependimento.

II - Deus é Senhor sobre toda terra


Miqueias deixa claro que Deus haverá de julgar não
apenas os atos de seu povo, mas de toda terra. Ele dono de
tudo e de todos. Ele é Senhor e Criador de todas as coisas.
Tudo está sujeito a Ele. O salmista assim nos diz:
1 Do SENHOR é a terra e a sua plenitude,
o mundo e aqueles que nele habitam.
2 Porque ele a fundou sobre os mares e a
firmou sobre os rios.
Tudo pertence a ele por direito de Criação, isso inclui eu
e você. Desse modo, ele tem pleno direito de nos julgar e
condenar. Ele dono de absolutamente tudo.

III - Deus reunirá seu remanescente para


sempre
Apesar de não aceitar pecado e condenar aqueles que o
praticam, Deus reunirá para si um povo, remido e
justificado, pelo beneplácito de sua vontade, mediante o
sacrifício de Cristo, o Messias prometido.
Aqueles que se curvarem ante a isso farão parte do
seleto grupo conhecido de muitas maneiras, e uma delas é
“o remanescente de Deus”.
2) UM ALERTA CONTRA O PECADO
Miqueias 1:1-7
Mq 1.1 Palavra do SENHOR que veio a Miqueias,
morastita, nos dias de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá,
a qual ele viu sobre Samaria e Jerusalém.
2 Ouvi, todos os povos, presta atenção, ó terra, em
tua plenitude, e seja o Senhor JEOVÁ testemunha contra
vós, o Senhor, desde o templo da sua santidade.
3 Porque eis que o SENHOR sai do seu lugar, e
descerá, e andará sobre as alturas da terra.
4 E os montes debaixo dele se derreterão, e os vales
se fenderão, como a cera diante do fogo, como as águas
que se precipitam em um abismo.
5 Tudo isso por causa da prevaricação de Jacó e
dos pecados da casa de Israel; qual é a transgressão de
Jacó? Não é Samaria? E quais os altos de Judá? Não é
Jerusalém?
6 Por isso, farei de Samaria um montão de pedras
do campo, uma terra de plantar vinhas, e farei rebolar as
suas pedras no vale, e descobrirei os seus fundamentos.
7 E todas as suas imagens de escultura serão
despedaçadas, e todos os seus salários serão queimados
pelo fogo, e de todos os seus ídolos eu farei uma assolação,
porque do preço de sua prostituição os ajuntou, e em
recompensa de prostituta se volverão.
INTRODUÇÃO
Miqueias profetiza através de três oráculos bem
definidos pelo verbo “ouvi” (Mq 1:2; 3:1 e 6:1). Ele traz
profecias tanto de aviso do pecado e do castigo, quanto de
salvação e esperança para o povo de Deus.
No trecho que lemos ele inicia seu primeiro oráculo
chamando atenção para o perigo do pecado. O convite dele
é para que prestemos atenção.
Nos versos 3 a 5 Deus mostra toda sua indignação para
com o pecado de seu povo. Israel se desviara dos propósitos
de Deus. Outros deuses foram adorados. Imagens e postes
ídolos foram levantados.
Judá havia experimentado um longo período de paz e
prosperidade no reinado de Uzias. Agora estava no reinado
de Jotão. Este começou a reinar em uma corregência com
seu pai, que foi acometido de lepra.
Jotão era fiel a Deus e procurava andar corretamente.
Reinou por 16 anos. Embora II Re 15:30 afirme que Oseias
começou a reinar em Israel no vigésimo no de Jotão, isso é
fácil de explicar se pensarmos na corregência como
referência da passagem. Enquanto II Re 15:33 fala da
regência única. Ou seja, quando Peca é morto por Oseias,
Jotão tinha 20 anos no total, somado com a corregência.

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES

I - É preciso levar a sério o problema do


pecado (v. 2)
Ouvi, todos os povos, prestai atenção, ó
terra e tudo o que ela contém, e seja o
SENHOR Deus testemunha contra vós
outros, o Senhor desde o seu santo templo.

Deus chama a atenção para que toda humanidade ouça


atentamente. Israel e Judá foram se afastando do Senhor.
Israel se afastou mais rápido, mas Judá também sucumbiu
ao pecado.

i) O pecado não confessado pode trazer


consequências sobre nossas vidas terrenas

Tanto Judá como Israel sofreram fortes consequências


por causa de seus pecados

ii) O pecado não confessado traz consequências


eternas

O pecado é o grande motivo de nossa separação de


Deus. Isaias afirma que nossos pecados fazem separação
entre nós e nosso Deus. Judá e Israel se deixaram vencer
pelo pecado e por isso foram destituídos da presença de
Deus e sofreram grandes consequências.
Mas de todas as consequências do pecado, a maior de
todas é aquela que pesa sobre nossas almas, ou seja, a
condenação eterna. Neste ponto somente em Cristo
podemos ser resgatados. A Bíblia afirma que Deus estava
em Cristo, reconciliando consigo o mundo.
II - O pecado fere a santidade de Deus (v. 3-5)
3
Porque eis que o SENHOR sai do seu
lugar, e desce, e anda sobre os altos da
terra.
4
Os montes debaixo dele se derretem, e os
vales se fendem; são como a cera diante
do fogo, como as águas que se precipitam
num abismo.
5
Tudo isto por causa da transgressão de
Jacó e dos pecados da casa de Israel.
Qual é a transgressão de Jacó? Não é
Samaria? E quais os altos de Judá? Não é
Jerusalém?

Quando Isaías estava diante do trono de Deus, teve uma


visão fenomenal. Mas o profeta ficou assustado porque
sabia que era um pecador e estava diante de um Deus santo.
Os querubins que voavam em torno do trono afirmavam:
“Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a
terra está cheia da sua glória”.
O profeta tinha plena consciência que o pecado
aborrecia, ou feria a santidade de Deus. Miqueias está
mostrando exatamente isso. Deus desce do seu trono por
causa do pecado, das transgressões do seu povo.
O povo gostava de ouvir os profetas que falavam que a
vinda de Deus ou do seu Messias seria para a vitória
definitiva de Israel. Isso realmente é dito em muitos dos
profetas canônicos. Mas o olhar deles é para o Messias no
sentido espiritual.
Miqueias vê a descida do Senhor como sendo de
julgamento, ele na realidade já contempla aquilo que hoje
nós chamamos de a segunda vinda de Cristo. Isso porque a
ira de Deus é uma realidade diante do pecado. Este é o
próximo ponto...

III - A ira de Deus é uma realidade diante do


pecado (v. 6-7)
6
Por isso, farei de Samaria um montão de
pedras do campo, uma terra de plantar
vinhas; farei rebolar as suas pedras para
o vale e descobrirei os seus fundamentos.

Depois da queda do homem no Éden toda humanidade


foi destituída da glória de Deus (Rm 3:23). Ao homem se
tornou impossível a saída daquela situação. Mas por quê?
Exatamente porque sobre toda humanidade ficou a ira de
Deus. Nossos pecados e transgressões nos separam de
Deus.
Nos dias atuais é muito difícil falar sobre isso. De um
modo geral acredita-se em um Deus que é puro amor, por
ser ele amor. Mas a Bíblia é clara que Deus também é fogo
consumidor. E quando olhamos para a Palavra de Deus que
aponta para o equilíbrio perfeito de todos os atributos de
Deus, não temos como não notar que este fogo é um
eufemismo para a ira de Deus.
Logo, Deus é amor e fogo consumidor no mesmo ser, na
mesma intensidade e em perfeito equilíbrio. Equilíbrio este
que vem sobre nós através de sua santidade, que nos pune
com a sua justiça e que nos salva pela sua graça.
CONCLUSÃO
Será que nós temos levado a sério o problema do
pecado? Será que realmente reconhecemos que Deus é
amor e fogo consumidor ao mesmo tempo?
Meu amado ou amada, seu pecado não confessado fere
o coração de Deus. Se você já for seu filho, esta ferida O
entristece. Mas se você ainda não for seu filho, esta ferida
gera uma ira profunda.
3) A DOR DO PROFETA DE DEUS
Miqueias 1:8-16
8 Por isso, lamentarei, e uivarei, e andarei
despojado e nu; farei lamentação como de dragões e
pranto como de avestruzes.
9 Porque a sua chaga é incurável, porque chegou
até Judá; estendeu-se até à porta do meu povo, até
Jerusalém.
10 Não o anuncieis em Gate, nem choreis muito;
revolve-te no pó, em Bete-Leafra.
11 Passa, ó moradora de Safir, com nudez
vergonhosa; a moradora de Zaanã não saiu; o pranto de
Bete-Ezel receberá de vós a sua morada.
12 Porque a moradora de Marote teve dor pelo bem;
porque desceu do SENHOR o mal até à porta de Jerusalém.
13 Ata os animais ligeiros ao carro, ó moradora de
Laquis (esta foi o princípio do pecado para a filha de
Sião), porque em ti se acharam as transgressões de Israel.
14 Por isso, darás presentes a Moresete-Gate; as
casas de Aczibe serão uma mentira para os reis de Israel.
15 Ainda te trarei um herdeiro, ó moradora de
Maressa; chegará até Adulão a glória de Israel.
16 Faze-te calva e tosquia-te, por causa dos filhos
das tuas delícias; alarga a tua calva como a águia, porque
de ti foram levados para o cativeiro.
INTRODUÇÃO
O profeta Miqueias inicia seus oráculos da mesma
forma que outros profetas. São mensagens duras que visam
chamar o povo a retornar aos caminhos do Senhor. Apesar
da dureza, não era desejo do profeta ver seu povo ser
castigado de forma tão dura. O versículo 8 mostra
exatamente isso. O profeta se entristece profundamente ao
ver seu povo sendo castigado no futuro. Não era isso que
ele queria.
A primeira coisa que o profeta demonstra é tristeza por
Samaria. Parece até estranho, pois, afinal, já se haviam
passado quase 150 anos desde a divisão de Israel. Os
samaritanos já eram considerados pelos judeus um povo
sem parte na eleição divina. Mas não era assim que
Miqueias olhava para os israelitas. Daí a sua imensa
tristeza. Richard Phillips afirma:
Miqueias nunca se esqueceu de quem eram
os samaritanos, independentemente de o
quanto se desviaram ou se tornaram hostis
à Palavra de Deus: Samaria era a capital
de Israel, e Israel era a santa nação de
Deus. 1

Além de tudo isso, o mal que destruíra Israel, agora


chegava também em Judá.
É importante notar que Miqueias faz referência de Davi
e a morte de Saul. Isso fica notório ao citar Gate, cidade de
Golias e um dos locais onde Davi se escondeu de Saul, e

1
Phillips, R. D. (2017). Estudos Bíblicos Expositivos em Jonas e Miqueias. (M. Hediger, Trad.) (1‍a
edição, p. 166). São Paulo: Editora Cultura Cristã.
Adulão, caverna onde Davi se escondera e iniciara sua
ascensão até o trono.

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES
Diante de tudo que o profeta expõe, aprendemos
algumas coisas importantes:

I - Devemos olhar para o mundo sem Deus


com olhos de compaixão (v.8)
8
Por isso, lamento e uivo; ando despojado
e nu; faço lamentações como de chacais e
pranto como de avestruzes.

Israel estava totalmente sem Deus. Seus reis, nenhum


fez o que era reto aos olhos do Senhor. O profeta olha para
aquele povo e sente compaixão. Foi exatamente isso que
Jesus fez no final de seu ministério com Jerusalém:
Jerusalém, Jerusalém, que matas os
profetas e apedrejas os que te foram
enviados! Quantas vezes quis eu reunir os
teus filhos, como a galinha ajunta os seus
pintinhos debaixo das asas, e vós não o
quisestes! (Mt 23:37)

Miqueias nos mostra que não devemos nos alegrar com


o castigo que sobrevirá sobre os ímpios. Somos todos
humanos. Somos todos pecadores e carecemos da graça de
Deus. Antes devemos então proclamar esta graça, mostrar
esta compaixão de Deus a todos os povos.
Apesar da mensagem dura, o profeta está com seu
coração quebrantado diante do Senhor. Ele preferiria estar
enganado. Ele preferiria não ter que ver a destruição de sua
nação coirmã.

II - Muito sofrimento tem como causa


primária o repudio de Deus contra o pecado
Em Romanos 1:24 Paulo afirma que Deus entregou às
suas próprias paixões aqueles que mudaram a glória de
Deus através de sua idolatria, e que se inflamaram em sua
homossexualidade.
Israel e Judá estavam mergulhados na idolatria. As duas
nações haviam abandonado os preceitos do Senhor. E isso
levou grande tristeza ao coração de Deus.
O profeta descreve o caminhar dos exércitos de
Senaqueribe pelo sudoeste de Jerusalém. Ele estava
avançando. Os nomes das cidades (Gate, Bete-Leafra, Safir,
entre outras) fazem um jogo de palavras com os verbos no
hebraico que fica impossível de traduzir em qualquer
idioma. Com isso o profeta está confirmando sua profecia e
mostrando que seu cumprimento era inevitável.
Também em nossas vidas muitas vezes passamos a
sofrer em função de nossos pecados. Precisamos sempre
procurar andar dentro dos propósitos de Deus para que sua
disciplina ou sua ira não recaia sobre nós.
III - A influência externa pode nos levar a
pecar contra Deus
9
Porque as suas feridas são incuráveis; o
mal chegou até Judá; estendeu-se até à
porta do meu povo, até Jerusalém.

Agora vamos olhar para Jerusalém. O profeta vê


Jerusalém sendo dominada pelo pecado. A influência
externa bate à porta da cidade santa.

IV - O arrependimento precisa ser anunciado


como grande resposta à ira de Deus (v.
8,10)
8
Por isso, lamento e uivo; ando despojado
e nu; faço lamentações como de chacais e
pranto como de avestruzes.
10
Não o anuncieis em Gate, nem choreis;
revolvei-vos no pó, em Bete-Leafra.

O profeta se derrama diante de Deus. As ações dele


mostram seu profundo arrependimento pelo pecado do
povo. Ele está chamando o povo a se arrepender com ele.
Como é necessário pregarmos a todos o arrependimento
de seus pecados. Vivemos dias em que as pessoas gostam
de falar de amor, de perdão, de misericórdia, mas poucos
são os falam ou demonstram verdadeiramente seu
arrependimento.
O povo na época de Miqueias achava que estava tudo
bem. Eles achavam que prestavam um culto correto a Deus.
Mas cada olhava somente para si mesmo. Como é
contemporânea esta mensagem de Miqueias.

V - O Messias precisa ser anunciado como


grande demonstração da misericórdia de
Deus
4) OS PERIGOS DA GANÂNCIA
MATERIAL
Miqueias 2:1-5
2.1 Ai daqueles que, nas suas camas, intentam a
iniquidade e maquinam o mal; à luz da alva o praticam,
porque está no poder da sua mão!
2 E cobiçam campos, e os arrebatam, e casas, e as
tomam; assim fazem violência a um homem e à sua casa, a
uma pessoa e à sua herança.
3 Portanto, assim diz o SENHOR: Eis que projeto um
mal contra esta geração, do qual não tirareis os vossos
pescoços; e não andareis tão altivos, porque o tempo será
mau.
4 Naquele dia, se levantará um provérbio sobre vós,
e se levantará pranto lastimoso, dizendo: Nós estamos
inteiramente desolados! A porção do meu povo, ele a
troca! Como me despoja! Tira os nossos campos e os
reparte!
5 Portanto, não terás tu na congregação do SENHOR
quem lance o cordel pela sorte.

INTRODUÇÃO
No primeiro capítulo o profeta mostra a queda de Judá e
Samaria diante do próprio Deus. Há claramente uma
amostra de que o homem primeiramente pecava contra
Deus.
No segundo capítulo pode se ver claramente o pecado
dos poderosos contra os mais humildes, ou seja, do homem
para com o homem.
Para se proteger das invasões Assírias, Ezequias passa a
cobrar pesados impostos que serviam para manter o estado
e para pagar impostos ao povo invasor.
Isso gerou uma crise muito grande. Com isso os grandes
começaram a tentar aumentar seu patrimônio para poderem
se garantir diante da crise. Era uma iniquidade planejada,
estudada. Eles sabiam que os pequenos seriam os primeiros
a serem afetados, assim emprestavam com juros
exorbitantes e pediam as propriedades como garantia, assim
enganavam e ficavam mais ricos. Ou ainda, compravam as
propriedades dos pobres com valores muito abaixo do
mercado para se aproveitarem da situação.
Além disso, as expressões “à luz da alva o praticam,
porque está no poder da sua mão!” aponta para a compra
de juízes. A corte judaica sempre se reunia ao amanhecer.
Ela estava na mão de poderosos.
É muito importante frisar que não há pecado em se
tornar rico honestamente. De gerar empregos e renda para a
comunidade através da prosperidade material conseguida de
forma lícita. O problema está na cobiça.
Deus deixa claro que quando lançar os castigos, todos
sofrerão consequências.
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES

I - Nosso pecado contra Deus sempre nos


levará a pecar contra o próximo
Os ricos e poderosos de Judá cobiçavam, ou seja,
desejavam algo que não era deles. A terra era algo sagrado
para o judeu.
A cobiça é algo terrível. Ela alimenta o capitalismo
selvagem, onde acaba que um cobiça algo do outro. Ela
alimenta o socialismo, quando afirma que todos devem ter
mesmo aquilo que não trabalhou para ter.

II - Não existe nada oculto diante dos olhos


de Deus
Pela inspiração do Espírito, o profeta está
tão perfeitamente informado sobre a elite
rica que ele sabe o que ela está fazendo
até no sigilo de seus quartos. Ele assim
nos lembra de que tudo o que fazemos é
abertamente visível aos olhos de Deus (Hb
4.13)

Richard D. Phillips, Estudos Bíblicos


Expositivos em Jonas e Miqueias, 1a
edição., (São Paulo: Editora Cultura
Cristã, 2017), 176.
III - Deus nunca deixa impune o pecado
A expressão “Ai” que inicia o capítulo, deixa claro que
Deus abomina o pecado que estava sendo cometido, e que a
justiça estava sendo preparada para aqueles opressores.
O texto mostra em seu original que, da mesma forma
que os grande proprietários de terra tramaram o mal contra
os pequenos, Deus projetou o mal contra os opressores. A
palavra traduzida como mal também pode ser traduzida
como desastre, assim o profeta faz um jogo de palavras com
a maldade dos homens e a ira (justiça) de Deus.
Richard Phillips cita David Prior que afirma:
Nós consideramos mal tudo aquilo que se
opõe à nossa conveniência e ao nosso
conforto. Deus considera mal tudo aquilo
que ignora seus mandamentos e seu
caráter”.

Richard D. Phillips, Estudos Bíblicos


Expositivos em Jonas e Miqueias, 1a
edição., (São Paulo: Editora Cultura
Cristã, 2017), 180.

Jesus ensina exatamente isso quando resume todo


mandamento de Deus em dois.
IV - A maior ambição de nossa vida precisa
ser Cristo, não a matéria
Se tem uma coisa que precisamos aprender é que Jesus é
o nosso maior tesouro. Ele mesmo disse:
Porque onde estiver o vosso tesouro, aí
estará também o vosso coração. (Mt 6:21;
Lc 12:34)

Aqueles homens dos tempos de Miqueias tinham seu


coração preso ao dinheiro. Eles não conseguiam ver que o
maior tesouro eles já tinham, o Senhor em suas vidas.
Da mesma forma hoje precisamos buscar a presença de
Deus através de Cristo. Cristo deve ser nosso maior tesouro.
Ele deve ser o motivo de nossa existência.
5) GOTEJANDO O VERDADEIRO
EVANGELHO
Miqueias 2:6-11
6 Não profetizeis; os que profetizam, não profetizem
deste modo, que se não apartará a vergonha.
7 Ó vós que sois chamados a casa de Jacó, tem-se
restringido o Espírito do SENHOR? São estas as suas
obras? E não é assim que fazem bem as minhas palavras
ao que anda retamente?
8 Mas há pouco se levantou o meu povo como um
inimigo; de sobre a vestidura tirastes a capa daqueles que
passavam seguros, como homens que voltavam da guerra.
9 Lançastes fora as mulheres do meu povo, da casa
das suas delícias; dos seus meninos tirastes o meu louvor
para sempre.
10 Levantai-vos e andai, porque não será aqui o
vosso descanso; por causa da corrupção que destrói, sim,
que destrói grandemente.
11 Se houver algum que siga o seu espírito de
falsidade, mentindo e dizendo: Eu te profetizarei acerca do
vinho e da bebida forte; será esse tal o profeta deste povo.

No primeiro capítulo o profeta mostra a calamitosa


consequência dos pecados de Samaria e Jerusalém. No
capítulo 2 Miqueias vai apontar para os principais
responsáveis por tudo.
O capítulo 2 começa com o profeta denunciando os
proprietários de terras ricos e poderosos que roubavam os
pequenos proprietários através do engano.
Esses mesmos proprietários agora tentam convencer
Miqueias não pregar o que deve ser pregado. Eles dizem
que ele está pigando mentiras, mas o que ele fala não
recairá sobre eles. A expressão no hebraico mostra que o
que Miqueias pregava era como gotas, ou seja, ele não
caminhava com a maioria dos outros profetas.
Isso significa que, assim como nossos dias, a grande
maioria dos profetas pregava para agradar seus ouvintes.
Eles não queriam realmente fazer conhecida a vontade de
Deus, mas poder garantir suas vidas ou sustento.
Os ricos proprietários e os beneficiados por tudo isso
gostavam de ouvir mensagens que os estimulassem a
continuar da forma que estavam. Assim os profetas não se
preocupavam com o que Deus queria falar, mas com o que
seus ouvintes gostavam de ouvir.
Miqueias aproveita a cena para atacar os falsos profetas
que acabavam por influenciar na visão que tinham os
poderosos.

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES

I - O verdadeiro profeta não agrada a maioria


(v. 6)
6
Não babujeis, dizem eles. Não babujeis
tais coisas, porque a desgraça não cairá
sobre nós.
A palavra de Deus exposta com fidelidade agride
aqueles que querem viver conforme seus desejos e
corações.
Isaltino Gomes Coelho filho afirma:
“...o profeta de Deus não prostitui seu
ministério. Ele não vende sua consciência.
Ele não faz do ministério uma plataforma
de relações públicas. Ele não prega para
agradar os ouvintes; prega para levá-los
ao arrependimento. Sermões que adulam
pecadores nunca os salvam” (COELHO
FILHO, Isaltino Gomes. Os profetas
menores II, p. 30)

Grande parte dos ouvintes dos profetas eram homens


que gostavam de enganar o povo, que enriqueceram de
forma ilícita ou imoral.
Os profetas estavam sendo pagos para pregarem aquilo
que os ricos fazendeiros queriam ouvir.
Hoje não tem sido muito diferente. As igrejas que mais
crescem são aquelas que seus pregadores falam aquilo que
as pessoas gostam de ouvir. E acaba estas são as igrejas
mais ricas e poderosas. Podemos dizer que tais pregadores
são pagos para pregarem aquilo que agrada.
O genuíno evangelho tem sido substituído por um
evangelho sem cruz, sem arrependimento, sem mudança
real de vida, e principalmente sem renúncia. No lugar dele
tem sido colocado um evangelho de prosperidade, de
misticismo e humanismo muito grande.
II - É normal ao homem não regenerado
buscar apoio na falsa mensagem
A grande maioria daqueles que davam ouvidos aos
falsos profetas não eram de fato tementes a Deus. Quando
não estamos preocupados em ouvir aquilo que Deus
realmente tem para nós pode ser um sinal de que nosso
coração não tenha sido transformado.
Pessoas não transformadas querem ouvir aquilo que
estimule o seu ego, sua autoestima, entre outras coisas. O
verdadeiro cristão deseja ouvir aquilo que o melhore como
discípulo de Cristo, como cidadão do céu e depois da terra.

III - O fato de ser minoria não deve desanimar


o verdadeiro profeta de Deus
Miqueias, assim como Elias e outros no Antigo
Testamento, sentia-se só. Há momentos que pregamos e
sentimo-nos como se fôssemos os únicos. Sabemos que isto
não ocorre pois Deus sempre terá os sete mil que não se
dobram diante de Baal, mas sabemos que isso muitos fazes
nos frustra. Isaias é um grande exemplo disso quando
pergunta: “Quem deu crédito à nossa pregação?”. Mas o
profeta Não desanimou nem desistiu de proclamar. E ele
mesmo nos ensina:
7 Quão suaves são sobre os
montes os pés do que anuncia as boas-
novas, que faz ouvir a paz, que anuncia o
bem, que faz ouvir a salvação, que diz a
Sião: O teu Deus reina!
8 Eis a voz dos teus atalaias!
Eles alçam a voz, juntamente exultam,
porque olho a olho verão, quando o
SENHOR voltar a Sião. (Is 52.7–8)

O profeta está dizendo que aqueles que anunciam o


evangelho (boas novas) são como atalaias, mas são
abençoados por Deus. Os atalaias ficavam nas torres dos
muros ou dos castelos vigiando e prontos para anunciar do
inimigo que cercava a cidade.
Como pregadores devemos anunciar do perigo
eminente, ou seja, enorme, e iminente, ou seja, que pode
destruir a qualquer momento, do pecado que nos cerca. O
pecado é nosso grande inimigo.

IV - Ainda que minimamente, não podemos


deixar de ensinar e pregar o verdadeiro
evangelho
Miqueias sabia que era minoria. Ele sabia que não teria
espaço para pregar aos grandes e poderosos. Mas ele não
desistia de pregar.
Não podemos desistir de comunicar o evangelho, pois
de uma forma simples Deus usa esse gotejar para que o
evangelho chegue até a quem precisa ouvir.
Devemos ter disposição de pregar ou gotejar o
evangelho no coração de todos que nos cercam, pois a
multiplicação da mensagem verdadeira se dará de forma
natural.
6) A RESTAURAÇÃO DO
REMANESCENTE
Miqueias 2:12-13
12 Certamente te ajuntarei todo inteiro, ó Jacó;
certamente congregarei o restante de Israel; pô-los-ei
todos juntos, como ovelhas de Bozra; como rebanho no
meio do seu curral, farão estrondo por causa da multidão
dos homens.
13 Subirá diante deles o arroteador; eles romperão, e
entrarão pela porta, e sairão por ela; e o rei irá adiante
deles, e o SENHOR, à testa deles.

INTRODUÇÃO
O capítulo 2 mostra o profeta acusando Israel de cobiça,
opressão e corrupção. Além disso os homens são acusados
de tratar de forma violenta suas mulheres e seus filhos (v.
8,9).
Os malfeitores tentam de todas as maneiras calarem os
profetas verdadeiros de Deus (v. 6-7) se deleitando com os
falsos profetas (v. 11).
Deus alerta contra a ganância material que é o motivo
de toda corrupção.
Nos versos que lemos vemos Deus falando de sua obra
salvadora e do pastoreio espiritual e eterno do Messias
prometido.
A expressão “restante” aponta para o remanescente de
Deus. Aquele que não se curva ante as tentações e que não
se deixam vencer pelo secularismo. Em sua forma original
a expressão aponta para aqueles que sobreviveram a uma
catástrofe. No caso do povo de Deus, a grande catástrofe é a
traição à fé (apostasia) ou ao adultério espiritual (idolatria).
Ele será restaurado do seu pecado. Assim, diante deste
pequeno trecho, aprendemos que:
DESENVOLVIMENTO

I - A restauração do remanescente é uma obra


de Deus
Deus fala ao profeta usando sempre a primeira pessoa
do singular.
12
Certamente, te ajuntarei todo, ó Jacó; certamente,
congregarei o restante de Israel; pô-los-ei todos juntos,
como ovelhas no aprisco, como rebanho no meio do seu
pasto; farão grande ruído, por causa da multidão dos
homens.

A obra salvadora nasce no coração de Deus e ela será


feita completamente por ele. Jesus deixa isso muito claro
quando afirma em seu sermão escatológico que, naquele
dia, alguns vão ouvir dele:
“Vinde, benditos de meu Pai, possuí por
herança o Reino que vos está preparado
desde a fundação do mundo.” (Mt 25:3)

Desde a fundação do mundo Deus preparou um Reino


para o seu remanescente, logo, partiu de seu coração desejo
de salvar o seu povo.
E esta salvação não depende de nada que o povo venha
a fazer, mas é uma obra gratuita de Deus.
Porque pela graça sois salvos, mediante a
fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
não de obras, para que ninguém se glorie.
(Ef 2:8-9)

Jesus também reconhece que quem lhes entrega as


ovelhas é o Pai, por isso ninguém é capaz de tira-las dEle:
Meu Pai, que mas deu, é maior do que
todos; e ninguém pode arrebatá-las das
mãos de meu Pai. (Jo 10:29)

II - A restauração do remanescente gera


comunhão
12
Certamente, te ajuntarei todo, ó Jacó; certamente,
congregarei o restante de Israel; pô-los-ei todos juntos,
como ovelhas no aprisco, como rebanho no meio do seu
pasto; farão grande ruído, por causa da multidão dos
homens.

Repare nos verbos usados pelo profeta (ajuntar,


congregar e por fim “por juntos”).
Se tem uma coisa que o verdadeiro remanescente sente
é o desejo de estar juntos. Se isso não tem ocorrido tem
algo errado.
Deus sempre chama seu povo para se ajuntar.
Quando seu povo era escravo no Egito, a ordem de
Deus era que Faraó libertasse seu povo para que este
pudesse prestar culto a ele. O desejo no coração de Deus é
ver seu povo reunido em adoração.
No período de pandemia uma das grandes discussões
era se o culto devia ou não ser presencial. Mas o fato é que
não existe culto que não seja presencial. Deus quer que haja
o ajuntamento de seu povo. Qualquer outra coisa é uma
exceção, não é a regra.

III - A restauração do remanescente é operada


pelo Messias de Deus
13
Subirá diante deles o que abre caminho; eles romperão,
entrarão pela porta e sairão por ela; e o seu Rei irá
adiante deles; sim, o SENHOR, à sua frente.

Jesus faz alusão a este texto em João 10:


Eu sou a porta. Se alguém entrar por
mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará
pastagem (Jo 10:9).

Jesus é a porta, ele é por onde o remanescente de Deus


entrará e encontrará pastagem.
Jesus é aquele que abre caminho para o remanescente
poder se achegar a seu Deus.

APLICAÇÕES
I - Nosso grande sentimento diante de Deus é
gratidão

i) Devemos ser gratos pela salvação gratuita que nos


é oferecida;
Deus nos salva pela sua graça, não há em nós mérito
algum. Não há mérito algum no remanescente.
Biblicamente falando o coração que é transformado.
Mesmo salvos por Jesus Cristo na cruz, não temos
capacidade alguma por nós mesmos de conseguirmos
caminhar a não ser pela presença viva do Espírito Santo
dentro de nós.
Tudo isso deve nos fazer ter plena gratidão a Deus.
Sendo assim...

ii) Devemos ser gratos pela obra de Cristo que nos


resgata e nos torna remanescentes de Deus;
Cristo, através de seu sacrifício nos faz ser o
remanescente de Deus. Sem a obra redentora de Cristo não
teríamos esta oportunidade.

iii) Devemos ser gratos por Cristo que nos salva e nos
garante eternamente.
Se tem uma coisa que precisamos entender que Cristo
nos garante desde já a nossa salvação. Se por acaso
fôssemos salvos pela nossa santificação, a salvação deixaria
de ser pela graça.
II - Nosso grande sentimento diante dos
homens é a comunhão
O desejo de buscar comunhão com os santos é uma das
provas que fazemos parte do remanescente.
Sabemos que há muitas interpretações teológicas. Mas
não podemos negligenciar que a obra transformadora de
Cristo nos faz fazer parte do corpo de Cristo, da noiva do
Senhor. A noiva do Senhor ou seu corpo é a igreja.
Quando somos transformados somos levamos a querer
estar junto ao corpo de Cristo. Fazendo parte do corpo. Se
isso não está acontecendo, tem algo errado com a nossa
transformação.

III - Nosso grande sentimento para conosco é


a humildade
Se toda obra é de Deus e de Cristo na cruz, só nos resta
sermos humildes. Sabedores que sem Deus não somos
nada.
7) O JUÍZO CORROMPIDO
Miqueias 3:1-4
3.1 Mais disse eu: Ouvi agora vós, chefes de Jacó, e
vós, príncipes da casa de Israel: não é a vós que pertence
saber o direito?
2 A vós que aborreceis o bem e amais o mal, que
arrancais a pele de cima deles e a sua carne de cima dos
seus ossos,
3 e que comeis a carne do meu povo, e lhes
arrancais a pele, e lhes esmiuçais os ossos, e os repartis
como para a panela e como carne do meio do caldeirão.
4 Então, clamarão ao SENHOR, mas não os ouvirá,
antes esconderá deles a sua face naquele tempo, visto que
eles fizeram mal nas suas obras.

INTRODUÇÃO
Os primeiros dois capítulos fecham a primeira seção.
Miqueias andou quase nu, produzindo sons estranhos. Era a
forma de mostrar o lamento pelo julgamento vindouro do
Senhor.
Há um movimento notório na primeira seção de juízo e
graça. Este movimento se repetirá nos capítulos 3 a 5. Mas
agora há uma inversão. Na primeira seção ele falou mais de
juízo do que de graça. Agora ele vai falar mais da graça do
que do juízo.
Ele começa falando para os líderes do povo. Não
somente os reis e sacerdotes, mas também os juízes, a quem
cabia administrar a justiça (2 Cr 19:4-7 - cf. Lv 19:15; Dt
1:16; 16:18–20).1
O capítulo 3 é todo voltado para apontar os pecados dos
líderes. Pode ser dividido em três partes: i) O problema da
liderança política/judiciária; ii) O problema dos falsos
profetas; iii) As consequências da impiedade da liderança.
No sermão atual veremos a primeira parte.

O PROBLEMA DA LIDERANÇA
POLÍTICO/JUDICIÁRIA
O profeta está olhando para os líderes do povo que
deveriam julgar com retidão, mas infelizmente não o
faziam. A justiça é uma das bases da Lei Mosaica (Dt
10:17-182; 32:43). A questão é que era exatamente isso que
os líderes não estavam fazendo, a saber: justiça.
Miqueias utiliza figuras fortes de canibalismo para falar
do que os líderes estavam fazendo. A ideia era como se os
líderes estivessem comendo carne externa da pele (a
epiderme) arrancando com tanta força que ao terminar a
mordida, os ossos ficariam expostos. Isso sendo feito com a
vítima vida. Como lobos atacando suas presas. Os pedaços
arrancados seriam colocados em panelas para serem
cozidos.
A maldade era tamanha, que Deus abandonaria esses
líderes e não mais os ouviria, mesmo arrependidos (v. 4).

1
Sociedade Bíblica do Brasil, Bíblia de Estudo Almeida Revista e Atualizada, (Sociedade Bíblica do
Brasil, 1999).
2
Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande,
poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas; que faz justiça ao
órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e veste.
3
Ele é a Rocha cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos juízo são; Deus é a verdade, e
não há nele injustiça; justo e reto é.
Claro que a ideia aqui é a necessidade de pagar pelos
pecados. Apenar confessar não seria suficiente.

APLICAÇÕES

I - Deus abomina o uso injusto do


conhecimento (v. 1)
1
Disse eu: Ouvi, agora, vós, cabeças de
Jacó, e vós, chefes da casa de Israel: Não
é a vós outros que pertence saber o juízo?

Hernandes Dias Lopes nos lembra que os magistrados


não só detinham o poder, mas o saber. Eles usavam de
forma desonesta o poder, para garantir mais ainda seus
benefícios.

Usar o conhecimento para dominar e


oprimir é corromper o seu propósito. A
liderança precisa conhecer a verdade,
viver a verdade e ensinar a verdade.1

A alguns anos atrás, conversando com um amigo,


falamos sobre o problema de pastores e teólogos que usam
seu conhecimento de hebraico e grego, não para
esclarecerem as Escrituras, mas para enganarem ou
confundirem o leigo.

1
Hernandes Dias Lopes, Miqueias: A Justiça e a Misericórdia de Deus,
Comentários Expositivos Hagnos, 1‍a edição., (São Paulo: Hagnos, 2009),
74.
No direito ou em qualquer outra ciência isso ocorre.
Basta ver o que vemos e lemos na pandemia. Políticos e
cientistas, muitas vezes interesseiros, usando a ciência para
justificar atos que a ciência não tem unanimidade. A
imprensa, infelizmente, está sendo mestre em abraçar
causas e defendê-las, sem se quer de fato ter uma
comprovação real. Ora, enquanto não se tem uma
comprovação real, tudo não passa de teoria, ainda que
tenhamos mais provas para uma do que para outra. Vale
lembrar mais uma vez a teoria Geocêntrica, que já falei em
outras oportunidades. Além de ser a teoria mais aceita, era
aquela aceita pela igreja, e isso já motivo para desmerecer
outras teorias. Além disso, toda matemática da época
parecia provar que o geocentrismo estava correto.

II - Deus abomina a opressão dos poderosos


sobre os mais simples (v. 2-3)
2
Os que aborreceis o bem e amais o mal; e
deles arrancais a pele e a carne de cima
dos seus ossos
3
que comeis a carne do meu povo, e lhes
arrancais a pele, e lhes esmiuçais os
ossos, e os repartis como para a panela e
como carne no meio do caldeirão?

Discute-se muito qual seria o melhor regime de


governo. Creio que, humanamente falando, a democracia é
um princípio que pode ser utilizado.
Dentro do chamado espectro político, quanto mais
controle do estado (ou governo), mais à esquerda. E quando
menos o controle do estado, mais a direita.
O problema não está de fato no regime político, ou no
sistema, o problema está no ser humano.
O pecado do ser humano é que o destrói, e isso faz com
que aqueles que detêm o poder queiram dominar sobre os
mais fracos. E isso ocorre dentro de qualquer espectro
político.
Todos grandes ditadores começaram dizendo que
estavam lutando pelo seu povo. O próprio Hitler disse. Ele
queria restaurar a honra da Alemanha derrotada na
primeira. Quando alcança o poder milhões de pessoas são
mortas.
Um grande exemplo disso, mas não muito bem-visto, é
a Rússia. No século XIX a grande reclamação do povo era
pela falta de liberdade e a concentração de riquezas nas
mãos da nobreza (os czares).
Em meio a tudo isso surge dois grupos que lutam pela
melhoria. Um, guiado pela grande maioria (bolchevique),
queria que o poder fosse tomado a força. O outro, que era a
minoria (menchevique), queria uma evolução, sem
violência, com o poder sendo conquistado por vias normais.
As eleições seriam o trunfo para este grupo.
Em 1917 os bolcheviques decidiram agir. Com dois
levantes (fevereiro e outubro) eles implantaram um novo
sistema de governo, o comunista. Em 25 de outubro, sob a
liderança de Lenin, operários e camponeses tomaram o
poder. Distribuíram terras entre os camponeses, estatizaram
os bancos e outros instituições. Tudo passara para o poder
dos operários. Mas Lenin era o grande líder. Após uma
guerra civil onde o exército vermelho (dos operários)
derrotou o branco (dos burgueses), Lenin assume o poder
em 1922, mas morre em 1924. Stalin assume seu lugar, e
manda matar seu inimigo político, Trotsky, que lutara ao
lado de Lenin na revolução. A Rússia cresce muito e se
torna, depois da Segunda Guerra mundial a segunda maior
potência do planeta, mas isso às custas de mais de 20
milhões de vidas, só na URSS, e aproximadamente 100
milhões em todo mundo em consequência do domínio
soviético e revoluções como a cubana. E o pior, aquilo que
eles lutaram para conseguir, a liberdade e riqueza para
todos, não só não conseguiram, como tiraram daqueles que
pensavam diferente deles e os países comunistas, até nossos
dias, são os mais fechados e os que mais tolhem as
liberdades individuais.
O que eu aprendi com tudo isso? Que não é o regime ou
espectro político o problema, é o ser humano. Somos
pecadores. O que nos limita são as leis e o senso moral que
ainda está dentro de nós da criação de Deus à sua imagem e
semelhança.
Como poderosos aqui devemos entender todo aquele
que governa ou dirige a vida de outros. Podemos ter
regimes monárquicos, como os de Judá, onde muitos reis
faziam o que era reto aos olhos do Senhor, e ainda assim
teríamos, como no tempo de Ezequias, sacerdotes e líderes
que seriam corrompidos pelo dinheiro ou pelo poder.
Ou, podemos ser uma democracia (na teoria), como o
Brasil, cujos governantes são escolhidos pelo povo, mas, o
pecado existente no coração de todos, faz surgir leis que
protegem certos grupos. Uma constituição enorme, feita
para proteger bandidos e não o povo. Um sistema que
permite mais uma juriscracia do que de fato um
presidencialismo. Deus abomina tudo isso.

III - A abominação do Senhor resulta no


derramar de sua ira (v. 4)
4
Então, chamarão ao SENHOR, mas não os
ouvirá; antes, esconderá deles a sua face,
naquele tempo, visto que eles fizeram mal
nas suas obras.

O profeta agora olha para o juízo final e/ou para o dia


em que o povo seria levado ao cativeiro (“...naquele
tempo...”), mas a ira de Deus começa a ser derramada ainda
nesta vida pelo abandono (“...não mais os ouvirá ...
esconderá deles a sua face...”).
Na realidade a invasão caldeia aponta para forma como
Deus olha para aqueles que se dizem seu povo, mas não
são. Ele vai lhes dizer abertamente: “...nunca vos
conheci...”.
Deus não aceita o pecado. Ele se ira contra o pecado e
por isso lança castigos e repreensões contra todos que se
afastam de seus caminhos.
Somente Jesus pode evitar que a ira de Deus seja
derramada. Cristo foi entregue na cruz para que
pudéssemos ter a vida eterna. Mas para isso é necessário
que confiemos na obra que ele fez naquela cruz.
IV - Como povo de Deus, devemos querer
sempre que a justiça prevaleça.
Miqueias estava indignado diante da postura dos líderes
e poderosos em Judá. Ele via claramente o pecado destas
classes e cobrava delas uma postura diferente.
Também nós não podemos nos conformar com
injustiças. Não é aceitável que alguém que se diga crente
em Jesus veja injustiças e fique calado. E isso vale para
qualquer lado.
Vivemos dias em que só se vê injustiça naquilo que nos
interessa. Isso é tão errado quanto a corrupção dos
poderosos.
Por outro lado, em virtude da natureza pecadora do
homem, devemos saber que a justiça perfeita jamais iremos
ver nesta vida. Mais um motivo para não nos iludirmos com
espectros políticos ou coisas deste tipo. O ser humano é
pecador, e só em Jesus temos a justiça perfeita. Ele se fez
justiça nossa para nos dar uma completa salvação.

V - A justiça de Deus prevalece através da


obra de Cristo
8) RECONHECENDO UM PROFETA
Miqueias 3:5-8
5 Assim diz o SENHOR contra os profetas que fazem
errar o meu povo, que mordem com os seus dentes e
clamam: Paz! Mas contra aquele que nada lhes mete na
boca preparam guerra.
6 Portanto, se vos fará noite, para que não haja
profecia, e haverá trevas, para que não haja adivinhação, e
se porá o sol sobre esses profetas, e o dia sobre eles se
enegrecerá.
7 E os videntes se envergonharão, e os
adivinhadores se confundirão, sim, todos eles cobrirão os
seus lábios, porque não haverá resposta de Deus.
8 Mas, decerto, eu sou cheio da força do Espírito do
SENHOR e cheio de juízo e de ânimo, para anunciar a Jacó
a sua transgressão e a Israel o seu pecado.

INTRODUÇÃO
Estamos vivendo um momento em que muitos estão se
tornando “profetas de Deus”. Há um sem-número de
pessoas dizendo pregar em nome de Deus.
Vimos que Miqueias ataca três áreas: i) O problema da
liderança política/judiciária; ii) O problema dos falsos
profetas; iii) As consequências da impiedade da liderança.
No sermão anterior vimos o problema da liderança
política/partidária. Vimos o quanto o profeta estava
indignado com a situação dos poderosos massacrando os
mais símplices. Ele comparou a ação dos líderes como de
lobos que devoravam suas presas vivas arrancando-lhe sua
carne de forma violenta e sanguinária.
No sermão atual veremos a segunda parte.

O PROBLEMA DOS FALSOS PROFETAS


O primeiro grande problema que Deus identifica que o
erro do povo vinha em decorrência do ensino errado dos
profetas. Isso não quer dizer que a reponsabilidade
individual não existe. Mas significa que há muitas pessoas
que na sua simplicidade acabam sendo levadas por homens
inescrupulosos.
O profeta usa uma linguagem que aponta para a profecia
interesseira dos falsos profetas. A dizer que os profetas
afirmam que haverá paz quando têm o que mastigar,
descreve a pregação interesseira de profetas profissionais.
Ou seja, enquanto pudesse se sustentar daquele engodo,
estava tudo bem.
Se não bastasse para o povo ser governado por homens
injustos, também tinha nos profetas péssimos exemplos de
vida e de comportamento.
Miqueias faz alertas profundos contra os profetas e para
o povo.

APLICAÇÕES

I - É preciso tomar cuidado com o


profissionalismo do ministério pastoral;
“Paz, quando têm o que mastigar...”
Miqueias aponta para profetas que faziam tudo como
profissionais, mas o patrão era seus ouvintes, e estes
precisavam ser agradados.
John Piper afirma:
"Nós, pastores, estamos sendo
massacrados pela profissionalização do
ministério pastoral. A mentalidade do
profissional não é a mentalidade do
profeta. Não é a mentalidade do escravo
de Cristo. O profissionalismo não tem
nada que ver com a essência e o cerne do
ministério cristão. Quanto mais
profissionais desejamos ser, mais morte
espiritual deixaremos em nosso rastro.
Pois não existe a versão profissional do
“tornar-se como criança” (Mt 18.3
); não existe compassividade profissional
(Ef 4.32); não existem anseios profissinais
por Deus (Sl 42.1)".

II - O falso profeta não pode ser considerado


cristão;
Os versos 6 e 7 deixam isso claro com o castigo
descrito.
É muito importante que isso não quer dizer que estamos
julgando a salvação de ninguém. Também não podemos
afirmar que pequenas diferenças sobre questões teológicas
transformem alguém em falso profeta.
O falso profeta, acima de tudo, é alguém que não crer na
suficiência das Escrituras e da obra de Cristo. É alguém
cuja pregação não tem como alvo principal a vida eterna
dos ouvintes e Cristo no centro de sua mensagem.

III - O verdadeiro profeta não tem medo de


pregar o que precisa ser pregado (Mq 1:8)
Duas coisas caracterizam a mensagem do verdadeiro
profeta de Deus: Juízo e ânimo.
Vivemos dias em que se predomina mensagens de
autoajuda, antropocêntricas, motivacionais. Não há nada de
errado em se pregar para elevar o ânimo das pessoas e
procurar mostrar para elas o conforto que Deus nos dá
através de sua palavra. Mas não podemos nos omitir em
pregar contra o pecado do povo.
Um profeta de fato cheio do Espírito do Senhor pregará
com autoridade aquilo que precisa ser pregado ao coração
dos homens.
9) UM CASTIGO ALERTADO
Miqueias 3:9-12
9 Ouvi agora isto, vós, chefes da casa de Jacó, e
vós, maiorais da casa de Israel, que abominais o juízo e
perverteis tudo o que é direito,
10 edificando a Sião com sangue e a Jerusalém com
injustiça.
11 Os seus chefes dão as sentenças por presentes, e
os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas
adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao SENHOR,
dizendo: Não está o SENHOR no meio de nós? Nenhum mal
nos sobrevirá.
12 Portanto, por causa de vós, Sião será lavrado
como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de
pedras, e o monte desta casa, em lugares altos de um
bosque.

INTRODUÇÃO
No sermão anterior vimos como o profeta está
indignado com a pregação dos profetas falsos. Eles sempre
desejam pregar paz, mas é sempre uma paz voltada para os
interesses daqueles que os ouvem.
Eram profecias muito parecidas com os horóscopos de
nossos dias. Sempre fala o lado positivo da pessoa. Sempre
tem uma maneira de agradar.
No capítulo atual Miqueias está trabalhando três áreas:
i) O problema da liderança política/judiciária; ii) O
problema dos falsos profetas; iii) As consequências da
impiedade da liderança. Já vimos as duas primeiras, agora
iremos ver a última.

AS CONSEQUÊNCIAS DA IMPIEDADE DA
LIDERANÇA

Miqueias volta sua artilharia de novo para os líderes do


povo. Isso ocorre obviamente porque, teoricamente, o
governo de Judá era um governo teocrático. Sendo assim,
era inadmissível que os governantes trabalhassem da forma
que estavam fazendo.
Jerusalém estava se tornando cada vez mais uma grande
cidade, mas isso foi feito através de muito engodo. É por
isso que o profeta afirma “...edificais a Sião com sangue e a
Jerusalém, com perversidade.”
Os líderes usavam o templo como justificativa. Eles
utilizavam o símbolo religioso como se fosse um amuleto
que garantiria a proteção da nação.
Toda a perversidade teria como desfecho o cativeiro
babilônico. Tudo que estava sendo feito iria sucumbir.
Miqueias é o primeiro profeta a predizer a destruição de
Jerusalém (Mq 3:12).

APLICAÇÕES

I - É preciso avaliar com carinho pregações


muito positivistas
Há uma frase atribuída a Billy Graham que é muito
interessante: “Li o último capítulo da Bíblia e vi que tudo
acaba bem”. Sem dúvida é uma frase verdadeira, mas
precisamos indagar algumas coisas:
 Para quem ela é verdadeira?
 Quando ela se cumpre?
 O que passamos até que ela se cumpra?

i) Para quem ela é verdadeira?


Não temos como responder esta pergunta sem olhar para
textos como Mateus 25:46:
46
E irão estes para o castigo eterno, porém
os justos, para a vida eterna.

É o próprio Jesus respondendo. Para os justos da parte


final do versículo esta mensagem é verdadeira, para os
demais não.

ii) Quando ela se cumpre?


Mas, apesar de verdadeira, não significa que ela se
cumprirá nesta vida. Voltando para Mateus 25, aquela é
uma promessa para a eternidade. Nesta vida, pode ser que o
justo passe por dificuldade.

iii) O que passamos até que ela se cumpra?


Jesus também responde esta pergunta:
Tenho-vos dito isso, para que em mim
tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas
tende bom ânimo; eu venci o mundo. (Jo
16:33)

Jesus está nos dizendo que é natural no mundo


passarmos por aflições, mas não temos o que temer, pois
temos algo maior garantido pelo vitória que ele já obteve.

Pregações que apontam para a felicidade final dos


crentes são muito importantes, mas nunca deve se perder de
vista que isso é para a eternidade.
Miqueias faz um forte alerta contra profetas que só
profetizavam paz, e principalmente aquilo que seus
consultadores queriam. Não havia de fato uma preocupação
em se falar aquilo que Deus de fato queria.
Nos dias atuais não tem sido diferente. Muitos são os
pregadores de se preocupam somente consigo mesmo e
com seus bolsos. E assim acabam por pregar aquilo que o
povo gosta de ouvir. Gostam de afirmar que tudo vai acabar
bem, mas se esquecem de mostrar que o caminho é árduo e
difícil.
Não podemos ouvir pregações que só exaltam o homem
e a sua vitória sobre as forças do mal, sem olharmos para o
interesse que está por trás do pregador.

II - Símbolos religiosos não têm valor algum


sem uma fé genuína;

Os líderes tentavam convencer o povo que todos


estariam protegidos em função da presença do templo. O
templo era o símbolo da presença de Deus.
Não seria a primeira vez que isso ocorreria em
Israel/Judá. Basta lembrar da serpente levantada no deserto,
que simbolizava o Messias Salvador e acabou por se tornar
uma idolatria.
Hoje vemos aqueles que se prendem a seus ritos, suas
ofertas e se esquecem de realmente mergulhar naquilo que
eles significam.
O batismo hoje tem sido banalizado. Se não bastasse o
resquício do pedobatismo, que nada mais é do que uma
falta de compreensão do sentido exato do batismo, ainda
tem aqueles que acham que o importante é ser batizado,
mas de fato não compreendem o sentido mais profundo do
batismo.

III - Todos devemos estar preparados para a


disciplina do Senhor (Mq 3:12)

Este texto nos remete a 100 anos para frente, quando


Habacuque vai ouvir de Deus que este castigaria o pecado
de Judá usando como vara a invasão caldeia. Habacuque
estremece diante disso, mas a resposta simples de Deus é:
“O justo viverá pela fé” (Hc 2:4).
Não creio que a grande tribulação será o derramamento
da ira final de Deus. Mas tenho convicção de ela será um
meio de Deus purificar o seu povo neste e aumentar o
testemunho através do sofrimento.
Quando Judá foi levado em cativeiro, muitos justos e
piedosos, como Daniel e seus amigos, também sofreram.
Mas foi pela fé que eles permaneceram.
Devemos estar preparados para que o derramar da
disciplina divina que poderá usar o anticristo como açoite
sobre sua igreja com o objetivo de purificá-la. Você está
preparado para isso?
10)ANUNCIANDO A PAZ DE SIÃO
Miqueias 4:1-5
4.1 Mas, nos últimos dias, acontecerá que o monte da
Casa do SENHOR será estabelecido no cume dos montes e
se elevará sobre os outeiros, e concorrerão a ele os povos.
2 E irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos
ao monte do SENHOR e à Casa do Deus de Jacó, para que
nos ensine os seus caminhos, e nós andemos pelas suas
veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do
SENHOR, de Jerusalém.
3 E julgará entre muitos povos e castigará
poderosas nações até mui longe; e converterão as suas
espadas em enxadas e as suas lanças em foices; uma nação
não levantará a espada contra outra nação, nem
aprenderão mais a guerra.
4 Mas assentar-se-á cada um debaixo da sua
videira e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os
espante, porque a boca do SENHOR dos Exércitos o disse.
5 Porque todos os povos andarão, cada um em
nome do seu deus; mas nós andaremos no nome do
SENHOR, nosso Deus, eternamente e para sempre.

INTRODUÇÃO
O profeta vai dar uma guinada em sua profecia. Nos
primeiros dois capítulos ele falou mais de condenação do
que salvação e esperança. Agora ele vai inverter. Nos
próximos dois capítulos ele irá falar mais de esperança do
que de castigo.
Nesta guinada ele passa a falar da esperança futura
apontando para “os últimos dias”.
Aqui é muito importante saber que as expressões
“naqueles dias” e “nos últimos”, quando se tratando de
questões escatológicas, de um modo geral são sinônimas.
O texto de Miqueias é praticamente uma réplica de
Isaias 2:1-4, porém mais ampliada. Alguns acreditam que
Isaías tenha tomado emprestado o texto de Miqueias.
Outros que foi o contrário, porém o profeta menor teria
acrescentado algo mais. E há ainda os que acreditam que
ambos tenham ouvido ou lido de uma mesma fonte e a
usaram. Creio que as duas últimas são as mais prováveis.
Escatologicamente há muitas ideias aqui. Alguns
acreditam na possibilidade do texto está se referindo ao
milênio descrito em Apocalipse 20. Outros há que creem
que já se refere à eternidade, numa descrição tipológica da
Jerusalém celestial. De fato creio que não dá para definir
com exatidão, e qualquer campo por onde se andar, será
pura especulação.
Todavia, apesar da dificuldade de se estabelecer onde e
quando, como com certeza saber que isso aponta para o
retorno definitivo de Cristo.
Particularmente creio que a ideia do milênio parece se
encaixar melhor. Pois ainda não será no julgamento, mas
tudo estaria ainda “nos últimos”.

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES
A profecia inicia mostrando que o monte da Casa do
Senhor estará acima de todos os outros montes. Claramente
o profeta não está falando de questões de altitude ou
tamanho. Mas ele aponta para a superioridade da religião
verdadeira em contraste com as falsas religiões.
Richard D. Phillips nos lembra:
No mundo antigo, os templos eram
construídos nos cumes das montanhas ou
projetados para se parecerem com
montanhas. O templo era onde o céu se
encontrava com a terra. Os zigurates1
eram construídos como escadas para o
céu. O templo era onde um deus residia na
terra, e lá do alto da montanha o deus
reinava sobre a região. A ideia era:
quanto mais alta a montanha, maior o
deus. O templo de Israel se erguia sobre
um monte relativamente pequeno, a
apenas 800 metros acima do nível do mar,
mas Miqueias insiste que a história
demonstraria que o Deus de Israel era o
Deus grande e verdadeiro, exaltado acima
de todos os outros candidatos à deidade.
uma reorganização repentina e chocante
das realidades espirituais.2

1
Construção de caráter religioso, em formato de pirâmide achatada no cume, que combinava a
ideia de uma torre e de um templo. Construído pelos sumérios e adotado por babilônios e assírios.
2
Richard D. Phillips, Estudos Bíblicos Expositivos em Jonas e Miqueias, 1‍a edição., (São Paulo:
Editora Cultura Cristã, 2017), 242.
I - A superioridade da verdadeira religião
Hernandes Dias Lopes fala, citando diversos outros
autores, da elevação moral da igreja3. A expressão “nos
últimos dias” está apontando para toda era messiânica que
teve início na morte e ressurreição de Cristo, e só termina
do dia do julgamento. Desta forma estaríamos vivendo os
últimos dias.
Particularmente creio que isso é verdade, mas aí entra
uma questão tipológica interessante. Se as profecias da
restauração de Judá/Israel, apontam para a igreja, as
ameaças e castigos anteriormente descrito também
apontam. Deus está alertando seu povo de todos os tempos
para que fiquem firme e que ele não tolera o pecado.
Assim, a queda de Judá e de Israel apontam para o
problema da queda moral da igreja, que só se levantará após
um período de perseguição e dor, colocando-se acima de
todas as outras religiões.

II - Toda direção que precisamos está na


Palavra de Deus (Mq 4:2-3)
E irão muitas nações e dirão: Vinde, e
subamos ao monte do SENHOR e à Casa
do Deus de Jacó, para que nos ensine os
seus caminhos, e nós andemos pelas suas
veredas; porque de Sião sairá a lei, e a
palavra do SENHOR, de Jerusalém.
3
Hernandes Dias Lopes, Miqueias: A Justiça e a Misericórdia de Deus, Comentários Expositivos
Hagnos, 1‍a edição., (São Paulo: Hagnos, 2009), 94.
Os judeus não estavam caminhando como deveriam.
Eles não seguiam, nem criam, de fato na Palavra de Deus
como deveriam. Miqueias está dizendo que de outras
nações viriam pessoas aprender da Palavra para serem
guiadas por elas.
Paulo, escrevendo aos romanos afirma que os judeus
eram os responsáveis pelos oráculos de Deus (Rm 3:1-2). A
ideia de responsabilidade é de guardar e ensinar. Mas eles
não cumpriram a segunda parte. Porém, de muitas nações
sairão pessoas que serão guiadas pela Palavra de Deus.
Será que você está sendo de fato guiado pela Palavra de
Deus? Será que verdadeiramente a Palavra de Deus tem
sido o guia de sua vida? Ela tem sido sua regra de conduta e
prática?

III - A transformação operada pelo evangelho


gera paz entre os homens (Mq 4:3-4)
Jesus, em seu sermão mais famoso afirma:
bem-aventurados os pacificadores, porque
eles serão chamados filhos de Deus (Mt
5:9)

O momento descrito por Miqueias é um momento


ímpar. A verdadeira paz inundará toda terra. As guerras
serão cessadas, não mais teremos mortes por espadas e
tiros. O mundo terá a tão almejada paz.
Há muita especulação neste texto. Para alguns,
Miqueias se refere à eternidade, apontando para o gozo
eterno que lá teremos.
Para outros, além de aponta para eternidade, esta seria
aqui na terra, devido a forma como o profeta descreve.
E há ainda aqueles que acreditam que o profeta está
apontando para o Milênio prometido em Apocalipse 20.
Creio que as duas últimas teorias são as mais possíveis,
e eu particularmente creio que o milênio parece atender
melhor esta teoria.
Mas de fato não fechamos questão. Creio que o
importante aqui é vermos que tudo isso é fruto ou obra da
ação da Palavra no coração do ser humano, ou seja, o
evangelho transformando o coração do ser humano.
No prédio das unidas está o versículo 3. É a esperança
do homem de conseguir uma paz, mas esta só pode vir de
fato através do evangelho.

i) Ilustração especial
Duas personagens da segunda guerra mundial nos
ensinam bem o que isso de fato significa. A primeira delas
foi o comandante japonês do ataque a Pearl Habor, em 07
de dezembro de 1941, que culminou com a entrada dos
EUA na guerra, seu nome era Mitsuo Fuchida. Ele lutou
duramente em toda guerra, e viu o Japão sucumbir diante
dos EUA. Estava presente na assinatura da rendição em
1945. Ele perdeu a maioria de seus companheiros e, com a
derrota do Japão, mergulhou em profunda depressão e
alcoolismo. Em 1948 ele recebeu um folheto de um
missionário, e acabou por entregar sua vida a Cristo ao se
deparar com as palavras de Cristo: “Pai, perdoa-lhes” (Lc
23:34). Ele mesmo descreve a sua conversão:
“No momento em que li aquela oração, eu
parecia encontrar Jesus pela primeira vez.
Eu entendi o significado de sua morte no
lugar de minha perversão, e assim, em
oração, eu pedi a ele o perdão dos meus
pecados e orei para que ele me
transformasse de um ex-piloto
amargurado e desiludido em um cristão
equilibrado com um sentido de vida”1
Ele se tornou um missionário, e seu campo foi
exatamente Pearl Habor, local onde dizimou tantas vidas.
A segunda personagem é Jacob DeShazer, ele foi um
piloto em uma operação conhecida como Dolitlle, em abril
de 1942. O objetivo daquela operação era atacar Tóquio e
fugir pousando em um local da China. Por falta de
combustível ele acabou aterrissando em território dominado
por japoneses, tornando-se prisioneiro do império nipônico.
Dois anos depois, preso em uma solitária em Tóquio,
DeShazer leu sobre o nascimento de Jesus e leu em Atos
que todos os profetas deram testemunho de que, pelo nome
de Jesus, todo aquele que nele cresse receberia perdão pelos
seus pecados (At 10:43). Aquilo inundou o coração de
DeShazer. Ele descreve assim sua conversão:
Eu descobri que Deus havia me dado
novos olhos espirituais e que quando eu
olhava para os oficiais e guardas
japoneses, que haviam me batido e
privado de comida […], descobri que meu
ódio amargo por eles se transformara em
misericórdia amorosa. […] Eu li na minha
Bíblia que, enquanto aqueles que
1
Richard D. Phillips, Estudos Bíblicos Expositivos em Jonas e Miqueias, 1a edição., (São Paulo:
Editora Cultura Cristã, 2017), 247–248.
crucificaram Jesus na cruz batiam e
cuspiam nele […], ele orou nesse momento
de sofrimento excruciante: “Pai, perdoa-
lhes, pois não sabem o que fazem”. E
agora, da profundeza do meu coração, eu
também orei para que Deus perdoasse os
meus torturadores1

Anos mais tarde, estas duas personagens se encontraram


no Japão, e surgiu um laço de amor entre os dois ex-
inimigos, que os levou a pregarem juntos o evangelho de
Cristo, que transforma e que nos oferece a verdadeira paz.
Quando de fato o evangelho entra em nosso coração ele
gera uma paz sem igual.

IV - A transformação operada pelo evangelho


gera uma paz por toda eternidade
5 Porque todos os povos andarão, cada um em
nome do seu deus; mas nós andaremos no nome do
SENHOR, nosso Deus, eternamente e para sempre.

Eis a grande questão do evangelho. A paz que Deus


oferece não é uma paz para que tudo corra bem nesta vida,
para que todas as coisas deem certo para cada um que aceita
a Cristo. A paz oferecida pelo evangelho, e a paz que
excede todo entendimento e aponta para algo que é
atemporal, que vai além desta vida, pois transcendente.

1
Richard D. Phillips, Estudos Bíblicos Expositivos em Jonas e Miqueias, 1a edição., (São Paulo:
Editora Cultura Cristã, 2017), 247.
Quando evangelho nos transforma, ele produz uma paz
que durara não por toda vida, mas por toda eternidade. É
algo indescritível aos olhos e pensamentos humanos.
Será que você já experimentou esta paz? Será que de
fato você compreende que a paz de Jesus é para eternidade
e que, nesta vida, nem sempre a gozaremos fisicamente?
11) O GRANDE LIVRAMENTO DO POVO
DE DEUS
Miqueias 4:6-10
6 Naquele dia, diz o SENHOR, congregarei a que
coxeava e recolherei a que eu tinha expulsado e a que eu
tinha maltratado.
7 E da que coxeava farei a parte restante, e da que
tinha sido arrojada para longe, uma nação poderosa; e o
SENHOR reinará sobre eles no monte Sião, desde agora e
para sempre.
8 E a ti, ó torre do rebanho, monte da filha de Sião,
a ti virá; sim, a ti virá o primeiro domínio, o reino da filha
de Jerusalém.
9 E, agora, porque farás tão grande pranto? Não há
em ti rei? Pereceu o teu conselheiro? Apoderou-se de ti
dor, como da que está de parto?
10 Sofre dores e trabalhos, ó filha de Sião, como a
que está de parto, porque agora sairás da cidade, e
morarás no campo, e virás até Babilônia; ali, porém, serás
livrada; ali te remirá o SENHOR da mão de teus inimigos.

INTRODUÇÃO
Este é um dos textos onde a forma de interpretar pode
trazer entendimentos diferentes. Alguns interpretam que
este texto aponta para o reino milenar descrito em
Apocalipse 20:4-9:
4 E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a
quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles
que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela
palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua
imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e
viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.
5 Mas os outros mortos não reviveram, até que os
mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição.
6 Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na
primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a
segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e
reinarão com ele mil anos.
7 E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da
sua prisão
8 e sairá a enganar as nações que estão sobre os
quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é
como a areia do mar, para as ajuntar em batalha.
9 E subiram sobre a largura da terra e cercaram o
arraial dos santos e a cidade amada; mas desceu fogo do
céu e os devorou.

Hernandes Dias Lopes concorda com a interpretação de


Kunstmann que Miqueias não está falando de um milênio
terreno, mas de uma linguagem figurada que aponta para o
domínio da igreja sobre o mundo. O grande problema de
qualquer forma parece apontar para Apocalipse 20, ainda
que não seja antes da volta de Cristo. Logo, por mais que
ambos os autores afirmem ser amilenistas, suas formas de
interpretar apontam mais para uma espécie de pós-
milenismo, que era algo muito comum entre os primeiros
reformadores.
Mas de fato é difícil encaixar a descrição de Miqueias
em qualquer outro lugar da história, que não seja no
milênio.
Creio que o mais importante aqui é descobri que lições
aprendemos com Miqueias.
A expressão “Naquele dia” aponta para o juízo final. Ele
não aponta apenas para a ideia dos últimos dias, como boa
parte acredita. Os últimos dias são todo período que
compreende o tempo do fim, que teve seu início com a
morte e ressurreição de Cristo. Por outro lado, “naquele
dia” aponta para o julgamento final ou para o retorno
glorioso de Cristo, que sela tudo para o julgamento.
Embora eu creia no milênio de Apocalipse, reconheço
que ele pode ser apenas simbólico. Miqueias pode estar se
referindo do momento quando Jesus volta, arrebata a sua
igreja e esta reina com ele sobre todas as nações da terra.

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES
Aqui podemos trabalhar de duas formas. A primeira
com um olhar direto no texto, onde não há para o profeta
uma visão cronológica. A segunda com o olhar
cronológico, crendo que o profeta aponta para o milênio de
Deus ou mesmo para o início da eternidade com Cristo.
A questão aqui é que o profeta vê a montanha mais
gloriosa, a redenção final. As outras montanhas (a
disciplina e a dor) ocorrem primeiro, mas são menores, são
menos relevantes do que aquela com corresponde ao nosso
encontro grandioso com o Senhor. Assim, podemos
aprender:
I - O pecado não impede o reino soberano do
Senhor
10 Sofre dores e trabalhos, ó filha de Sião, como a
que está de parto, porque agora sairás da cidade, e
morarás no campo, e virás até Babilônia; ali, porém, serás
livrada; ali te remirá o SENHOR da mão de teus inimigos.

Miqueias está apontando para o cativeiro babilônico de


Judá. Este irá ocorrer em virtude dos pecados que a nação
cometera diante de Deus.
Temos que ter consciência que o pecado nos aprisiona,
que nos tornamos cativos dele. Mas, por outro lado, o
pecado não impede que os planos de Deus se concretizem.
A soberania de Deus está muito acima de tudo ou qualquer
coisa que venhamos a fazer.
Tudo aquilo que foi determinado antes da fundação do
mundo se cumprirá em Cristo, e nisso podemos também
descansar.
Temos que olhar para a volta de Cristo como uma
promessa que haverá de ser cumprida, independente de
como anda a igreja de Cristo. Sabemos que estamos
vivendo um momento difícil dentro da igreja. Sabemos que
estamos vivendo um momento de apostasia, entre tantas
outras coisas, mas podemos descansar na promessa eterna
de Deus, que através de seu filho, nos dará paz e alegria
eternas.
II - O reino de Deus é uma realidade presente
(v. 7)
7 E da que coxeava farei a parte restante, e da que
tinha sido arrojada para longe, uma nação poderosa; e o
SENHOR reinará sobre eles no monte Sião, desde agora e
para sempre.

A expressão “desde agora e para sempre”, nos remete à


segurança eterna do crente. Um grupo conhecido como
remonstrantes, que significa basicamente revolucionários,
lutava para combater a doutrina inicial dos reformadores,
hoje conhecida como doutrina calvinista. Os remonstrantes
então criaram cinco artigos, que mais tarde foram
combatidos pelos conhecidos cinco pontos do calvinismo.
No último artigo, chegaram à conclusão de que não há
possibilidade de saber que o crente perde ou não a salvação.
E que eles precisavam estudar um pouco mais sobre este
assunto.
Quando olhamos para a Palavra de Deus encontramos
muitos textos que apontam tanto para a possibilidade de
certeza, como para a possiblidade de perda. Há texto que
nos incitam a permanecer na fé para não sermos separados
de Deus. Por outro lado, a texto nos informam que temos
garantida a nossa salvação. Como podemos solucionar isso?
Creio que a melhor maneira é evocar a regra de
hermenêutica que diz para observarmos quem está
afirmando tal coisa (Quem disse o que?). Nesse caso temos
o testemunho vivido de Jesus que afirma que ninguém será
capaz de nos tirar de sua mão e da mão do Pai (Jo 10:??).
Desta forma, podemos ter certeza de que uma vez salvos,
para sempre salvos, ou seja, “desde de agora e para
sempre”. Exatamente como diz Miqueias.
O que devemos estar atentos e somos de fato
transformados, ou seja, nascidos de novo. É isso que Jesus
vai nos alertar no final do seu sermão do monte. Jesus não
está dizendo ali que podemos perder a salvação, mas está
dizendo que pode ser que não sejamos de fato cristãos.
Por isso precisamos sempre estar avaliando a nossa fé.

III - Nosso encontro final encerrará todo tipo


de dor (v. 6)
6 Naquele dia, diz o SENHOR, congregarei a que
coxeava e recolherei a que eu tinha expulsado e a que eu
tinha maltratado.

Miqueias está fazendo menção à disciplina imposta por


Deus ao povo desobediente. Tanto Israel como Judá se
afastaram muito dos propósitos de Deus. O Senhor se sentiu
traído pelo seu povo. Aquilo que ele alertara em Dt 8:11-17
se cumpriu:

Mas ao mesmo tempo que o profeta olha para o seu


tempo e para o castigo de Deus, ele vê o futuro liberto do
povo de Deus. Ele enxerga a eternidade do verdadeiro povo
de Deus diante do seu Senhor.
Da mesma forma, precisamos olhar para o futuro que a
igreja de Cristo tem reservado para ela. Um futuro de glória
e alegria, de paz e segurança, de conforto e felicidade, para
sempre.
Como é bom poder descansar em Deus e saber que
teremos um futuro glorioso diante de sua face. Que todas as
dores um dia serão cessadas e teremos um conforto eterno
ao lado daquele que nos tirou das trevas para a sua
maravilhosa luz.

CONCLUSÃO
Deus restaurará seu povo, mas não sem sofrimento. Ele
fará com que seu povo experimente sofrimento em função
de seu pecado. A Igreja de Cristo tem que ter a ciência de
que a tribulação será um filtro para disciplina e restauração.
Ela nos fará sofrer, mas nos levará para mais próximo de
Deus. Não há motivos para tristeza por se sofrer na
tribulação, pois a vinda de Cristo e nosso encontro com ele
nos dará uma perfeita segurança e um eterno conforto com
o Pai.
12)AFLIÇÕES TEMPORAIS E A
ESPERANÇA FUTURA
Miqueias 4:9-5:1
9 E, agora, porque farás tão grande pranto? Não há
em ti rei? Pereceu o teu conselheiro? Apoderou-se de ti
dor, como da que está de parto?
10 Sofre dores e trabalhos, ó filha de Sião, como a
que está de parto, porque agora sairás da cidade, e
morarás no campo, e virás até Babilônia; ali, porém, serás
livrada; ali te remirá o SENHOR da mão de teus inimigos.
11 Agora, se congregaram muitas nações contra ti,
que dizem: Seja profanada, e os nossos olhos verão seus
desejos sobre Sião.
12 Mas não sabem os pensamentos do SENHOR, nem
entendem o seu conselho, porque as ajuntou como gavelas
em uma eira.
13 Levanta-te e trilha, ó filha de Sião; porque eu
farei de ferro a tua ponta e de cobre, as tuas unhas, e
esmiuçarás a muitos povos, e o seu ganho será consagrado
ao SENHOR, e a sua fazenda, ao Senhor de toda a terra.
5.1 Agora, ajunta-te em esquadrões, ó filha de
esquadrões; pôr-se-á cerco contra nós; ferirão com a vara
no queixo ao juiz de Israel.

INTRODUÇÃO
A expressão “agora” aparece 4 vezes entre os versos 4:9
e 5:1. Depois de olhar para um futuro distante, um milênio
ou o início da eternidade talvez, Miqueias retorna seu olhar
para um futuro próximo. Ele vai descrever um pouco do
sofrimento do cativeiro babilônico.
Todas as quatro vezes o profeta aponta para o
sofrimento do cativeiro. Richard Phillips diz:
Miqueias quer que a atitude do povo de
Deus diante do presente seja
profundamente moldada pela sua visão de
uma esperança futura.1

Ao mostrar todo sofrimento e dor do cativeiro


babilônico, Miqueias está apontando para a gloriosa
esperança de redenção que descrevera alguns versos antes.

OS “AGORAS” DE AFLIÇÃO

I - O primeiro agora - a dor do povo de Deus


(v. 9-10a)
9 E, agora, porque farás tão grande pranto? Não há
em ti rei? Pereceu o teu conselheiro? Apoderou-se de ti
dor, como da que está de parto?
10 Sofre dores e trabalhos, ó filha de Sião, como a
que está de parto...

Este aponta para a dor que o cativeiro causará ao povo


de Judá. Ele aponta para a aflição da Grande Tribulação que
trará dor ao povo de Deus até seu encontro final com o
Cristo prometido.

1
Richard D. Phillips, Estudos Bíblicos Expositivos em Jonas e Miqueias, 1‍a edição.,
(São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2017), 264.
II - O segundo “agora” – o motivo da dor (v.
10b)
10 ... porque agora sairás da cidade, e morarás no
campo, e virás até Babilônia; ali, porém, serás livrada; ali
te remirá o SENHOR da mão de teus inimigos.

Miqueias descreve o desterro e o cativeiro babilônico.


Muitos seriam tirados de sua terra, como Daniel e seus
amigos, para habitarem uma terra estranha e hostil. Pode
estar apontando para a falta de liberdade que há de assolar a
igreja de Cristo e fazer com que muitos fiquem distante da
congregação e dos irmãos.

III - O terceiro “agora” – o fortalecimento do


povo de Deus (v. 11-13)
11 Agora, se congregaram muitas nações contra ti,
que dizem: Seja profanada, e os nossos olhos verão seus
desejos sobre Sião.
12 Mas não sabem os pensamentos do SENHOR, nem
entendem o seu conselho, porque as ajuntou como gavelas
em uma eira.
13 Levanta-te e trilha, ó filha de Sião; porque eu
farei de ferro a tua ponta e de cobre, as tuas unhas, e
esmiuçarás a muitos povos, e o seu ganho será consagrado
ao SENHOR, e a sua fazenda, ao Senhor de toda a terra.

Apesar de aparentemente as nações serem vencedoras, o


povo de Deus será vitorioso. Deus mesmo fortalecerá o seu
povo e este se tornará vencedor diante de todos.
As nações pagãs não compreendem os caminhos de
Deus. Elas não conseguem ver o que de fato Deus está
traçando para elas e muito menos para Seu povo.

IV - O quarto “agora” – a vitória certa não


impede o sofrimento do juiz de Israel (5:1)
5.1 Agora, ajunta-te em esquadrões, ó filha de
esquadrões; pôr-se-á cerco contra nós; ferirão com a vara
no queixo ao juiz de Israel.

Mais uma vez a visão do profeta vai e volta. Agora ele


contempla a cruz e o sofrimento do Messias, o juiz de
Israel. Durante uma visão profética, muitas vezes o profeta
vê várias cenas de formas assíncronas.

APLICAÇÕES

I - Apesar da dor, podemos confiar nas


promessas de Deus (v. 9, 13);
“9 ...porque farás tão grande pranto?”
“13 Levanta-te e trilha, ó filha de Sião;
porque eu farei de ferro a tua ponta e de
cobre, as tuas unhas, e esmiuçarás a
muitos povos, e o seu ganho será
consagrado ao SENHOR, e a sua fazenda,
ao Senhor de toda a terra”
O profeta compara a dor da nação com a de uma
mulher, prestes a dar à luz. Embora seja dolorido, trará
alegria mais adiante.
Hernandes Dias Lopes afirma que o profeta está
também mostrando a importância do arrependimento diante
do pecado cometido. No caso da nação, há uma série de
pecados que precisam ser confessados diante de Deus.
O verso 13 aponta para a vitória final que pertencerá ao
povo de Deus.
Como igreja não temos que nos preocupar se vamos ou
não passar por tribulações ou mesmo pela Grande
Tribulação. Podemos descansar e saber que nossa vitória
está mais do que garantida no Senhor.

II - Deus vingará o desprezo das nações


sobre seu povo (4:11-12)
11 Agora, se congregaram muitas
nações contra ti, que dizem: Seja
profanada, e os nossos olhos verão seus
desejos sobre Sião.
12 Mas não sabem os pensamentos do
SENHOR, nem entendem o seu conselho,
porque as ajuntou como gavelas em uma
eira.

A vingança do Senhor é demonstrada através da frase


“... não sabem os pensamentos do Senhor, nem entendem o
seu conselho...”.
O final do verso 12 aponta para o completo controle que
Deus tem de tudo. Ele mesmo ajuntará os inimigos de seu
povo como gavelas1.

III - A morte de Cristo é o ponto máximo da


maldade do ser humano (5:1).
Agora, ajunta-te em esquadrões, ó
filha de esquadrões; pôr-se-á cerco contra
nós; ferirão com a vara no queixo ao juiz
de Israel.

O profeta olha para frente e vê o juiz de Israel morto.


Obviamente ele não vê uma cruz ou coisa parecida, mas ele
sabe que o juiz de Israel será morto em cumprimento de
toda vontade de Deus.
Jesus morreu e carregou todo nosso pecado sobre si. Ele
foi moído, traspassado e humilhado, para que nós
pudéssemos ter plena e completa esperança.

1
"Gavela" é um feixe de espigas [de trigo ou outro cereal] que foi formado pelo ceifeiro, para
depois ser recolhido
13)UMA PROMESSA DE PAZ

Miqueias 5:2-6
2 E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre
milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em
Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde
os dias da eternidade.
3 Portanto, os entregará até ao tempo em que a que
está de parto tiver dado à luz; então, o resto de seus irmãos
voltará com os filhos de Israel.
4 E ele permanecerá e apascentará o povo na força
do SENHOR, na excelência do nome do SENHOR, seu Deus; e
eles permanecerão, porque agora será ele engrandecido
até aos fins da terra.
5 E este será a nossa paz. Quando a Assíria vier à
nossa terra e quando passar sobre os nossos palácios,
levantaremos contra ela sete pastores e oito príncipes
dentre os homens.
6 Esses consumirão a terra da Assíria à espada e a
terra de Ninrode, nas suas entradas. Assim, nos livrará da
Assíria, quando vier à nossa terra e quando calcar os
nossos termos.

INTRODUÇÃO
Miqueias começou o seu livro pronunciando julgamento
contra Samaria em função da idolatria que lá ocorria.
Infelizmente Jerusalém, que era a capital de Judá, também
foi contaminada, e Jerusalém acaba por sofrer a condenação
do profeta.
A ganância dos ricos e poderosos, a forte corrupção da
justiça que ajudava a criar uma grande injustiça social,
foram algumas das acusações feitas pelo profeta.
No capítulo 4 Miqueias começa a apontar para a grande
esperança de Sião. O profeta destaca que Sião iria progredir
muito, mas isso faria com que os povos se voltassem contra
ela. Todavia Deus conservaria Jerusalém, que seria regida
pelo Messias prometido, com um reinado próspero e eterno.
As aflições de Sião seriam sanadas, e seus inimigos
derrotados.

O LOCAL DO NASCIMENTO DO MESSIAS


Miqueias aponta para o local do nascimento do Messias.
Algo que no Novo Testamento fica claro quando Herodes
pergunta aos intérpretes da lei.
Alguns gostam de afirmar que há uma contradição, uma
vez que o texto de Mateus 2:6:
“E tu, Belém, terra de Judá, de modo
nenhum és a menor entre as capitais de
Judá, porque de ti sairá o Guia que há de
apascentar o meu povo de Israel”

No texto do Novo Testamento encontramos a expressão


“de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá”,
em contrapartida, em Miqueias lê-se “posto que pequena
entre milhares de Judá”. Mas na realidade não contradição
nenhuma quando lembramos que os sábios e entendidos já
traziam a ideia interpretada do texto de Miqueias. Logo, o
que estão fazendo é parafrasear o texto de Miqueias, e não
citá-lo ipsis litteris. Seria como dizer o salmo 32:12 de
outra forma:
Na versão literal ARC:
Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o
SENHOR...

Podemos parafrasear da seguinte forma:


De forma alguma é triste a nação cujo
Deus é o Senhor

As duas frases falam a mesma coisa de forma diferente.


Ou ainda podemos pensar que Mateus está enaltecendo
o fato de que o Messias nasceria em Belém. Ou seja, ela era
uma cidade pequena, mas com o nascimento do Messias,
ela ganha em importância e significado.
Belém significa “casa de pão” e Efrata “produzir” ou
“frutificar”. Parece apontar que de lá sairia o pão da vida,
Cristo.

DESCRIÇÃO DO MESSIAS
Miqueias mostra claramente algumas características do
Messias:

I - Encarnação
Miqueias descreve o nascimento de Cristo com muita
precisão. Esta precisão só é comparada com a de Isaias ao
descrever o nascimento virginal.
II - Divindade
Miqueias aponta para a divindade do Messias como
mostra que ele é eterno, que existe desde sempre.

III - Reinado
O profeta ainda mostra o reinado e o senhorio do
Messias sobre seu povo e o cuidado que ele terá.
“E ele permanecerá e apascentará o povo
na força do SENHOR, na excelência do
nome do SENHOR, seu Deus...” (v. 4)

APLICAÇÕES

I - Deus usa quem, o que e onde quiser para


realizar seus propósitos (v. 2)
2 E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre
milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em
Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde
os dias da eternidade.

Belém era uma cidadela do interior de um país miúdo


no oriente médio. O próprio texto diz que era a pequena, e
no hebraico a ideia é de que era menor, por isso que em
Mateus os intérpretes afirmam: “de forma alguma és a
menor das capitais de Judá”
Muitas vezes nos esquecemos o Deus que temos e
achamos que ele sempre vai agir através de coisas
grandiosas.
Quando Samuel fio comissionado a ungir o novo rei de
Israel, e ele foi direcionado até à casa de Jessé, que por
sinal também era em Belém, o profeta procurou entre os
filhos adultos e guerreiros de Jessé e se impressionou com
Eliabe. Nesse momento Deus disse para Samuel:
Não atentes para a sua aparência, nem
para a altura da sua estatura, porque o
tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê
como vê  o homem. Pois o homem vê o que
está diante dos olhos, porém
o SENHOR olha para o coração. (I Sm
16:7)

Deus não vê como nós vemos, e, além disso, ele tem o


controle de toda história. Podemos descansar nas mãos de
um Deus assim.

II - Deus tem o tempo certo de tudo (v. 3)


Portanto, os entregará até ao tempo
em que a que está de parto tiver dado à
luz; então, o resto de seus irmãos voltará
com os filhos de Israel.

Uma das coisas que também devem nos fazer descansar


em Deus saber que ele tem o tempo certo de tudo. Paulo
escrevendo aos gálatas afirma que Deus enviou Jesus no
tempo certo, ou seja, na plenitude dos tempos.
Nada, absolutamente nada, ocorre sem estar debaixo do
crivo do Senhor. Parece que isso nos é inconcebível, mas
precisamos olhar pela ótica de um Deus todo poderoso. De
um Deus que está acima de tudo e de todos. De um Deus
que é perfeito em todos os seus atributos.
Muitas vezes nos desesperamos ao ver tragédias
ocorrendo. Ao ver o desenrolar de uma pandemia ou coisa
parecida. Mas precisamos confiar no controle que Deus tem
de tudo. Podemos descansar que em suas mãos estão todas
as coisas.
O texto promete que o remanescente voltará. Está
promessa se cumpriu literalmente em Israel. Alguns
acreditam quando reconstruíram a nação após o cativeiro
babilônico. Outros acreditam que esta profecia apontar para
o renascimento de Israel como nação em 1948.
Seja qual for o cumprimento literal desta profecia, ela
tem um cumprimento tipológico que aponta para a igreja de
Deus. Ao povo de Deus de todos os tempos que reunirá
diante do Senhor naquele grande dia.

III - Vivemos em um mundo hostil ao povo de


Deus
A Assíria era a nação a ser temida nos tempos de
Miqueias. Embora ele faça profecias sobre a invasão
babilônica, mas a grande nação de sua época era a Assíria.
Mas, tanto a Assíria quanto a Babilônia, apontam para o
ódio que o mundo tem do povo de Deus. Não é um ódio
baseado apenas nas questões sociais ou diferenças de
pensamento. Mas é um ódio baseado no ódio que Diabo
tem pela obra de Cristo. É a influência maligna sobre o
coração do ser humano que faz com que pais odeiem filhos
e filhos odeiem pais.
Tal influência está diretamente ligada ao ódio que o
mundo tem de Cristo:
O mundo não vos pode odiar, mas ele me
odeia a mim, porquanto dele testifico que
as suas obras são más. (Jo 7:7)

Não temos que temer os poderes humanos, temos um


Deus que nos garante plena salvação. E embora possamos
passar por muitas provações e decepções nesta vida, temos
a vida eterna para gozar na presença do Senhor. Nossa paz
está garantida.

IV - Cristo é nossa paz em qualquer


circunstância
Mas o que mais precisamos aprender neste trecho
profético é a oferta de Deus em Cristo. Ele viria de forma
humilde, nascido em uma cidade humilde, mas reinaria
sobre toda humanidade.
Por tudo isso podemos descansar em Jesus. Por tudo
isso podemos ter a certeza de que Cristo é a nossa Paz,
mesmo que tudo parece não estar bem.
Por tudo isso e muito mais, posso descansar em Cristo
apesar das perseguições e das dores que venha a sofrer
nesta vida. Será que você consegue compreender isso?
14)O TRIUNFO E A PURIFICAÇÃO DO
POVO DE DEUS
Miqueias 5:7-15
7 E estará o [resto] de Jacó no meio de muitos
povos, como orvalho do SENHOR, como chuvisco sobre a
erva, que não espera pelo homem, nem aguarda filhos de
homens.
8 E o resto de Jacó estará entre as nações, no meio
de muitos povos, como um leão entre os animais do bosque,
como um leãozinho entre os rebanhos de ovelhas, o qual,
quando passar, as pisará e despedaçará, sem que haja
quem as livre.
9 A tua mão se exaltará sobre os teus adversários; e
todos os teus inimigos serão exterminados.
10 E sucederá, naquele dia, diz o SENHOR, que eu
exterminarei no meio de ti os teus cavalos e destruirei os
teus carros;
11 e destruirei as cidades da tua terra e derribarei
todas as tuas fortalezas;
12 e tirarei as feitiçarias da tua mão, e não terás
agoureiros;
13 e arrancarei do meio de ti as tuas imagens de
escultura e as tuas estátuas; e tu não te inclinarás mais
diante da obra das tuas mãos.
14 E arrancarei os teus bosques do meio de ti; e
destruirei as tuas cidades.
15 E, com ira e com furor, exercerei vingança sobre
as nações que não ouvem.
INTRODUÇÃO
No início do capítulo 5 vemos o profeta fazendo uma
promessa de Paz. Esta começa no nascimento do Messias
em Belém, e se estende pelo seu reinado sobre todos os
povos.
Mas o profeta mostra também as grandes aflições que
viriam sobre Israel, que do meu ponto de vista apontam
para o sofrimento da igreja durante toda sua existência na
terra até aquele dia, ou seja, o dia do encontro com o
Senhor.
Miqueias aponta para o reinado do Messias sobre o seu
povo, mas isso não impediria a nação de se desviar dos
caminhos do Senhor.
Tal desvio torna difícil separar o verdadeiro convertido
do falso. É o joio no meio do trigo. No Antigo Testamento
temos uma expressão: o remanescente. O remanescente
seria aqueles que mantêm sua fé verdadeira e vívida apesar
de toda contaminação que possa vir sobre a igreja.
No texto que lemos o resto ou restante seria os
remanescentes de Deus. Estes serão aqueles que receberão
o prêmio final no dia do juízo.
Naquele dia (v. 10) Deus acabará de vez com tudo que o
desagrada que está no meio do seu povo.
Todo armamento bélico de Israel apontava para a sua
falta de segurança e de confiança em Deus. Por isso o
profeta critica.
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES

I - O remanescente do Senhor se encontra


espalhado por diversos lugares
7 E estará o [resto] de Jacó no meio de muitos
povos, como orvalho do SENHOR, como chuvisco sobre a
erva, que não espera pelo homem, nem aguarda filhos de
homens.
8 E o resto de Jacó estará entre as nações, no meio
de muitos povos, como um leão entre os animais do bosque,
como um leãozinho entre os rebanhos de ovelhas, o qual,
quando passar, as pisará e despedaçará, sem que haja
quem as livre.

Miqueias chama o povo de Deus, que creio eu ser a


igreja, de orvalho. O orvalho se espalha de forma
silenciosa, mas marca sua presença enxarcando tudo.
Podemos comparar a nação de Israel espalhada pelo
mundo, com a igreja de Cristo, em suas diversas
denominações espalhadas pelo mundo afora.
Deus sempre terá o seu remanescente. Esta é uma
promessa antiga. Elias ouviu de Deus algo que lembra isso.
18
Também conservei em Israel sete mil,
todos os joelhos que não se dobraram a
Baal, e toda boca que o não beijou. (I Re
19:18)
Repare o que Deus diz para Elias, ele mesmo separou.
Podemos confiar que o próprio Deus trabalhará para que o
seu remanescente seja salvo e alcance vitória final.
A quantidade de sete mil aponta para um simbolismo. O
número sete aponta para a perfeição divina, e mil para uma
quantidade muito grande.
O Rev. Hernandes Dias Lopes faz uma bela comparação
entre o orvalho e a chuva para mostrar a ação da igreja no
mundo. Primeiramente o orvalho vem sem alarde, sem
barulho. Depois, o orvalho cai diariamente, e não
esporadicamente como a chuva. O orvalho cai à noite, de
forma desapercebida. O orvalho é puro e absolutamente
necessário.
AO mesmo tempo a igreja ou o povo de Deus terá o
poder dominador sobre todos, esta é a ideia do leão e do
leãozinho. Não consigo encaixar esta ideia que não seja no
reinado milenar de Cristo.

II - Deus começa a purificação pela falta de


confiança
10 E sucederá, naquele dia, diz o SENHOR, que eu
exterminarei no meio de ti os teus cavalos e destruirei os
teus carros;
11 e destruirei as cidades da tua terra e derribarei
todas as tuas fortalezas;

A ideia de cavalos e carros apontam para o poderio


bélico da nação de Israel. Muitas vezes Israel confiou em si
mesmo e se esqueceu que seguia e pregava o Deus que era
Tode-Poderoso.
Em Juízes 6 vemos uma história que nos lembra o que
Deus está falando. É a história de Gideão. Depois que Deus
chamou Gideão para liderar o povo e este convocou a
população, a resposta foi imediata. Muitos se juntaram para
combater com Gideão. Então, depois de uma noite perto do
outeiro de Moré, Deus fala a Gideão:
“...Muito é o povo que está contigo, para
eu dar os midianitas em sua mão; a fim de
que Israel se não glorie contra mim,
dizendo: A minha mão me livrou.” (Jz 6:2)

Gideão faz um primeiro filtro na ordem do Senhor, e


dos trinte e dois mil homens que havia, somente dez mil
ficaram. Ainda assim Deus lhes disse:
“...Ainda muito povo há; faze-os descer às
águas, e ali tos provarei; e será que
aquele de que eu te disser: Este irá
contigo, esse contigo irá; porém todo
aquele de que eu te disser: Este não irá
contigo, esse não irá.” (Jz 6:4)

Deus pede a Gideão que faça mais um teste, e somente


trezentos homens ficaram para combater um exército de
milhares de homens. Mas ainda assim foram vencedores.
Deus está mostrando através do profeta Oseias que quer
que confiemos nas promessas dele. Que não precisamos
confiar em nossas próprias forças, pois o Senhor é a nossa
força.
III - Deus purificará a igreja do misticismo
12 e tirarei as feitiçarias da tua mão, e não terás
agoureiros;
Deus o Antigo Testamento Deus pede a seu povo para
não buscar as feitiçarias e os adivinhos. Lamentavelmente
isso nunca deixou de ocorrer entre o povo de Deus.
Nos dias de hoje, o povo chamado evangélico vive
cheio de misticismo. É uma busca por orações fortes, por
revelações sobrenaturais. Deus não aceita nada disso. Tudo
isso será retirado do meio do podo de Deus.
Há igrejas cujos rituais lembram os terreiros de
candomblé. É o ritual místico que tem invadido o nosso
povo.
Desde a antiguidade o povo de Deus foi proibido de
buscar este tipo de coisa. Deus ordenou explicitamente ao
seu povo para não fazer isso (Dt 18:10-11):

Em Isaias o profeta faz uma dura repreensão contra a


prática de consultar os mortos (Is 8:19-21):

Tudo isso mostra o quanto Deus realmente deseja que


seu povo o busque sem misticismos, sem rituais cheios de
superstições.

IV - A Idolatria será arrancada à força


13 e arrancarei do meio de ti as tuas imagens de
escultura e as tuas estátuas; e tu não te inclinarás mais
diante da obra das tuas mãos.
Se tem uma coisa que Deus abomina é a idolatria. E
quando chamamos de idolatria nos referimos a qualquer
coisa que tome o lugar de Deus. A qualquer coisa que nos
remeta a não confiar exclusivamente em Deus.
Paulo escrevendo a Timóteo 2:5 deixa claro isso:

Nos últimos dias a igreja será fiel ao Senhor. Ele mesmo


agirá de forma firme para que seja arrancada toda e
qualquer idolatria do meio do seu povo.

V - A imoralidade será extirpada do meio do


povo de Deus
14 E arrancarei os teus bosques do meio de ti; e
destruirei as tuas cidades.

Os bosques ou postes-ídolos, eram símbolos de


Astarote, deusa cananeia da fertilidade, eram um poste liso
ou esculpido ou uma árvore. Muitas vezes o poste tinha o
formato de um falo e apontavam para a imoralidade sexual
que havia no meio de outros povos e que sempre ronda o
povo de Deus.
Hoje este fato pode ser visto através da banalidade do
divórcio, que muitas vezes está ligada ao adultério. Ao
aumento significativo da fornicação no meio do povo de
Deus.
15)O JULGAMENTO DO POVO DE DEUS
Miqueias 6:1-8
6.1 Ouvi, agora, o que diz o SENHOR: Levanta-te,
contende com os montes, e ouçam os outeiros a tua voz.
2 Ouvi, montes, a contenda do SENHOR, e vós, fortes
fundamentos da terra; porque o SENHOR tem uma contenda
com o seu povo e com Israel entrará em juízo.
3 Ó povo meu! Que te tenho feito? E em que te
enfadei? Testifica contra mim.
4 Certamente, te fiz subir da terra do Egito e da
casa da servidão te remi; e pus diante de ti a Moisés, Arão
e Miriã.
5 Povo meu, ora, lembra-te da consulta de Balaque,
rei de Moabe, e do que lhe respondeu Balaão, filho de
Beor, desde Sitim até Gilgal; para que conheças as justiças
do SENHOR.
6 Com que me apresentarei ao SENHOR e me
inclinarei ante o Deus Altíssimo? Virei perante ele com
holocaustos, com bezerros de um ano?
7 Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros?
De dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito
pela minha transgressão? O fruto do meu ventre, pelo
pecado da minha alma?
8 Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o
que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e
ames a beneficência, e andes humildemente com o teu
Deus?
INTRODUÇÃO
Há uma nítida mudança de cenário. Nos capítulos
anteriores Deus faz promessas preciosas a seu povo. São
promessas de restauração e de libertação. Ele aponta para o
reino do Messias. Mas agora é preciso que o povo entenda
que cometera pecado contra Deus.
Deus convoca assim um tribunal. Fica claro o que
Hernandes Dias Lopes afirma que Deus aqui é vítima,
promotor e juiz. Um certo comentarista afirma que era
necessário apontar o pecado do povo para que este pudesse
compreender a dimensão da graça consoladora do
evangelho.
A própria vinda de Jesus ocorre da mesma forma. Seu
precursor, João Batista, tinha uma mensagem dura que
apontava para o pecado do povo, mas sempre lembrava do
perdão que viria através do Messias.
Um tribunal é criado. O juiz põe ordem no tribunal:
“Ouvi, agora, o que diz o SENHOR...”. Miqueias é o auxiliar
do promotor e este coloca o profeta diante do povo para
apresentar o caso.
O auxiliar da promotoria se vira para as testemunhas e
inicia a sua fala: “Ouvi, montes, a contenda do SENHOR, e
vós, fortes fundamentos da terra”.
A primeira questão é levantada é: “Em que te enfadei?”.
Deus está querendo saber qual o motivo do afastamento do
povo. Como um cônjuge que, por se acostumar com o
outro, acaba esfriando e se afastando. Acaba por não tratar
bem ou não cuidar como deveria. Parece estar cansado do
casamento.
Israel se comporta como se já estivesse acostumado com
o casamento com Jeová, e o trata com frieza e distância.
O profeta então passa a mostrar que Deus retirara o seu
povo do Egito e o manteve no deserto.
Ele também lembra do episódio em que Balaque, rei de
Moabe, convoca Balaão, um adivinho, para que esse
amaldiçoasse Israel, e por três vezes Balão abençoou e
ainda profetizou sobre a vinda do Messias dizendo:
Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei,
mas não de perto; uma estrela procederá
de Jacó, e um cetro subirá de Israel, que
ferirá os termos dos moabitas e destruirá
todos os filhos de Sete. (Nm 24:17).

APLICAÇÕES

I - Deus jamais falhou com seu povo (Mq 6:1-3)


6.1 Ouvi, agora, o que diz o SENHOR: Levanta-te,
contende com os montes, e ouçam os outeiros a tua voz.
2 Ouvi, montes, a contenda do SENHOR, e vós, fortes
fundamentos da terra; porque o SENHOR tem uma contenda
com o seu povo e com Israel entrará em juízo.
3 Ó povo meu! Que te tenho feito? E em que te
enfadei? Testifica contra mim.

Ao convocar os montes, outeiros e fundamentos da


terra, Deus cumpre a sua lei que pede testemunhas. É uma
linguagem figurada para apontar para a incapacidade de
Israel de ver aquilo que Deus realmente fez por ele.
Muitas vezes estamos como Israel, murmurando contra
Deus, achando que somos merecedores de alguma coisa e
que ele nos deve algo. Devemos lembrar que não somos
nada. Que Deus é santo e que nosso pecado nos separa dele.
Quando lemos a história do povo de Deus vemos que
sempre depois de um livramento há um esfriamento e um
afastamento dos desígnios dos Senhor. Este também é o
nosso problema. Muitas são as vezes que nos esquecemos
do que Deus fez por nós na cruz. Muitas são as vezes que
nos esquecemos de todo sacrifício que o Senhor fez ao se
encarnar entre nós e ir àquela cruz, para que pudéssemos
sair do Egito, ou seja, libertos dos nossos pecados.
Será que estamos realmente mostrando em nossas vidas
gratidão pela obra de Deus em nossas vidas?

II - Deus sempre fornece direção para seu


povo (Mq 6:4)
Certamente, te fiz subir da terra do Egito
e da casa da servidão te remi; e pus diante
de ti a Moisés, Arão e Miriã.

Deus colocou Moisés, Arão e Miriã para dirigir e


orientar o seu povo. O caminho no deserto não seria fácil,
mas o Senhor jamais deixaria o seu povo só.
Hoje nós temos o Espírito Santo dentro de nós. Temos a
Palavra de Deus que nos serve como regra de fé e de
conduta.
Mesmo tendo o Espírito Santo, ao longo dos séculos
Deus tem levantado homens e mulheres que têm sido guias
em momentos difíceis.
Claro que não podemos deixar de conferir sempre à luz
da Palavra de Deus.
III - A presença de Deus não impede os
ataques dos inimigos (Mq 6:5)
Povo meu, ora, lembra-te da consulta de
Balaque, rei de Moabe, e do que lhe
respondeu Balaão, filho de Beor, desde
Sitim até Gilgal; para que conheças as
justiças do SENHOR.

Miqueias lembra das tentativas de Balaque. Apesar


disso Deus estava no controle. Mas vale lembrar o desfecho
da história. Depois abençoar Israel e decepcionar Balaque,
Balaão lhe dá um conselho. Era para ele enviar as mulheres
para seduzirem os homens judeus e assim os levarem a
pecar contra Deus. Infelizmente o conselho de Balaão deu
certo.
Precisamos estar sempre atentos, nossos inimigos, o
mundo, a carne e o Diabo, estão sempre prontos a nos
atacar. A própria Palavra nos garante que o diabo anda ao
nosso redor tentando nos tragar.

IV - Nossa religiosidade não serve para nada


sem uma mudança de vida (Mq 6:6-8)
6 Com que me apresentarei ao SENHOR
e me inclinarei ante o Deus Altíssimo?
Virei perante ele com holocaustos, com
bezerros de um ano?
7 Agradar-se-á o SENHOR de milhares
de carneiros? De dez mil ribeiros de
azeite? Darei o meu primogênito pela
minha transgressão? O fruto do meu
ventre, pelo pecado da minha alma?
8 Ele te declarou, ó homem, o que é
bom; e que é o que o SENHOR pede de ti,
senão que pratiques a justiça, e ames a
beneficência, e andes humildemente com o
teu Deus?

O povo achava que Deus estava se agradando de seu


culto. Que Deus estava feliz com os sacrifícios que estavam
sendo apresentados. Mas de fato não estava.
Muitas vezes achamos que Deus não está nos
abençoando porque não entregamos o dízimo, ou porque
não participamos da ceia do Senhor. Ledo engano.

V - Tudo que tinha que ser feito para nossa


salvação, veio da parte de Deus (Mq 6:6-7)
6 Com que me apresentarei ao SENHOR
e me inclinarei ante o Deus Altíssimo?
Virei perante ele com holocaustos, com
bezerros de um ano?
7 Agradar-se-á o SENHOR de milhares
de carneiros? De dez mil ribeiros de
azeite? Darei o meu primogênito pela
minha transgressão? O fruto do meu
ventre, pelo pecado da minha alma?
O profeta agora mostra o questionamento que Deus faz
ao seu povo. Muitos pensam que através de suas ações que
se alcança o favor de Deus. Deus salva seu povo pela sua
graça. A salvação nunca foi pela lei. Quando novo
convertido algumas vezes ouvi isso de pastores sérios. Mas
biblicamente falando Deus nunca salvou ninguém pelas
obras da lei. Até porque ninguém conseguiu cumprir toda
lei, somente Cristo. E a própria lei aponta para o fato que,
se falhamos em um dos mandamentos falhemos em todos.
Meu amado ou amada, talvez você ache que será salvo
por participar ativamente dos trabalhos da igreja, por não
faltar a Escola Bíblica. Mas o fato que nada disso o leva a
salvação. Estas coisas são o resultado de um coração
agradecido, de um coração que sabe que não fez nada e é
grato por tudo isso. De um coração que deseja conhecer
mais e mais de Deus para que possa também obedecê-lo
mais e mais. Será que você consegue entender isso?
16)UM CASTIGO INEVITÁVEL
Miqueias 6:9-16 (Pv 11:1; Am 8:4-7)
9 A voz do SENHOR clama à cidade, e o sábio verá o
teu nome: Ouvi a vara e quem a ordenou.
10 Ainda há na casa do ímpio tesouros de
impiedade? E efa pequeno, que é detestável?
11 Seria eu limpo com balanças falsas? E com um
saco de pesos enganosos?
12 Porque os seus ricos estão cheios de violência, e
os seus habitantes falam mentiras; e a sua língua é
enganosa na sua boca.
13 Assim, eu também te enfraquecerei, ferindo-te e
assolando-te por causa dos teus pecados.
14 Tu comerás, mas não te fartarás; e a tua
humilhação estará no meio de ti; removerás, mas não
livrarás; e aquilo que livrares, eu o entregarei à espada.
15 Tu semearás, mas não segarás; pisarás a
azeitona, mas não te ungirás com azeite; e o mosto, mas
não beberás vinho.
16 Porque se observam os estatutos de Onri e toda a
obra da casa de Acabe, e vós andais nos conselhos deles;
para que eu faça de ti uma desolação e dos seus habitantes
um assobio; assim, trareis sobre vós o opróbrio do meu
povo.

A primeira parte do capítulo mostra a cena do


julgamento, agora chega a hora da sentença do juiz.
À medida que a riqueza tomou conta da cidade, que a
sociedade se desenvolveu, os valores estabelecidos na Lei
foram esquecidos.
A primeira coisa que Deus condena é a forma enganosa
que os grandes comerciantes agiam. Eles estavam
enganando as pessoas mais simples através de medidas
falsas. Deus sempre reprova este tipo de atitude (Pv 11:1).
As pessoas estavam se acostumando com a mentira, a
violência estava se tornando uma coisa normal. Tudo isso
estava pensando na sentença final do Senhor.
No último verso, Deus usa o exemplo dos dois piores
reis que Israel teve, Onri e seu filho Acabe. Onri arranjou o
casamento de seu filho com Jezabel.
Acabe, por exemplo, se utilizou de mentira para adquirir
um campo, pertencente a Nabote, que não queria vende-lo
por ser da família. Acabe conseguiu condenar Nabote a
morte usando falsas testemunhas. Como resultado, Nabote e
seus filhos foram apedrejados e seus corpos deixados para
serem devorados por animais (I Re 21:21-24; 22:34-39; II
Re 9:30-37).
A forma de agir do povo parecia que o errado tinha se
tornado lei (“Porque se observam os estatutos de Onri”).
Como castigo Deus deixa claro que nada que Judá fizer,
vai prosperar.

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES
I - A desonestidade no povo de Deus mancha
a santidade dele
10 Ainda há na casa do ímpio tesouros de
impiedade? E efa pequeno, que é detestável?
11 Seria eu limpo com balanças falsas? E com um
saco de pesos enganosos?

Efa era a medida da farinha. Ela tinha a capacidade de


1957,17 polegadas cúbicas, equivalente a 32,07 litros. É o
equivalente a criar um metro com 90 cm. É como inserir
mais álcool onde deveria ter gasolina.
Hoje temos cristãos, ou pelo menos pessoas que se
dizem cristãs, que acham normal sonegar impostos,
mentindo sobre os gastos. Pessoas que acham normal
adulterar o medidor de energia para que possa gastar
mesmo. Tudo isso corresponde à balança enganosa, ao efa
pequeno.
Paulo deixa claro aos coríntios que tudo que fazemos
tem que ser para glória de Deus (I Co 10:31). Também tudo
que fazemos precisa ser feito em nome de Jesus, diz o
apóstolo aos colossenses (Cl 3:17). Será que você que
rouba através da adulteração de uma medida pode dizer que
isso é para a glória de Deus? Será que você muda a tara de
uma balança pode dizer que faz isso em nome do Senhor?
Meu amado ou amada, nossa vida deve ser um espelho
daquilo que Cristo fez neste mundo. E a honestidade não é
opcional para o crente em Jesus.
II -
O amor ao dinheiro não deve dominar
nossos corações
12 Porque os seus ricos estão cheios de violência, e
os seus habitantes falam mentiras; e a sua língua é
enganosa na sua boca.

A violência dos ricos aponta para o amor ao dinheiro


que havia nos corações deles.
Hernandes Dias Lopes diz:
O dinheiro passou a ser vetor da vida
deles. O amor ao lucro os fez sucumbir
espiritual e moralmente.1

Não é à toa que Paulo alerta ao jovem Timóteo:


Porque o amor do dinheiro é a raiz de
toda espécie de males; e nessa cobiça
alguns se desviaram da fé e se
traspassaram a si mesmos com muitas
dores. (1Tm 6:10)

Paulo está alertando sobre o ministério, mas isso deve


nos servir de alerta em outras áreas. Ele alerta de líderes
que querem ser ricos:
Mas os que querem ser ricos caem em
tentação, e em laço, e em muitas
concupiscências loucas e nocivas, que
submergem os homens na perdição e
ruína. (1Tm 6:9)

1
Hernandes Dias Lopes, Miqueias: A Justiça e a Misericórdia de Deus, Comentários Expositivos
Hagnos, 1‍a edição., (São Paulo: Hagnos, 2009), 142.
Vejo o quanto dinheiro tem destruído famílias inteiras.
Quantas famílias são reféns do dinheiro por causa da
ganância.
Não nada de errado em enriquecer e se desenvolver,
mas quando isso envolve mentiras, enganos e traições, pode
significar que o coração está preso ao dinheiro.

III - O fato da grande maioria concordar não


significa que devemos seguir
12 Porque os seus ricos estão cheios de violência, e
os seus habitantes falam mentiras; e a sua língua é
enganosa na sua boca.

A expressão “e seus habitantes falam mentiras” aponta


para algo que estava se tornando comum na cultura. O povo
de um modo geral estava se acostumando ao pecado.
Aceitando tudo como normal.
Muitas vezes ouvimos as pessoas dizerem: “Mas todo
mundo faz!”. Uma das coisas que minha mãe dizia quando
eu usava este argumento era: “Você não é todo mundo,
você é meu filho”.
Irmãos, nós não somos todo mundo. Nós somos
embaixadores de Cristo, nosso reino não é daqui. Logo, não
podemos fazer o que todo mundo faz. Nós somos filhos de
Deus.
Precisamos urgentemente acabar com o jeitinho
brasileiro. O jeito de querer levar vantagem em tudo.
Estamos vivendo dias tão difíceis onde a manipulação
da mídia, os extremismos políticos, têm feito com que
aceitemos coisas feitas de formas erradas. É o famoso, os
fins justificam os meios.

IV - A ira de Deus contra o pecado assolará


todo povo de Deus
Um dos grandes problemas da interpretação atual sobre
a questão tribulacional é o arrebatamento secreto que tira a
igreja da tribulação. Para mim é um erro grosseiro pois não
há nada de fato da Bíblia que possa defender isso. Todos os
todos usados estão fora de seu contexto, é preciso
desqualificar passagens claras que mostram o contrário,
como, por exemplo, Ap 13:7.
A questão que a ira de Deus contra o pecado se
manifestará exatamente na permissão ao anticristo de atacar
a igreja do Senhor, e isso se dará no período tribulacional.
Não podemos confundir tribulação com o grande dia da
ira de Deus, este se dará no final de tudo. Quando Paulo
afirma que estaremos livres da ira vindoura, se refere a ira
final.
A Grande Tribulação virá sobre toda terra. Ela também
é um reflexo da ira de Deus contra o pecado do homem,
mas ela ainda não será a ira vindoura.
Todos os profetas mostram que o povo de Deus será
assolado pela ira de nações, como castigo de Deus contra
suas falhas, em especial a idolatria.
É neste ponto que entra o remanescente. O
remanescente é o povo de Deus que não se dobra à
idolatria, ao pecado.
17)O LAMENTO DE UM PROFETA
Miqueias 7:1-7
1 Ai de mim! Porque estou como quando são
colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da vindima:
não há cacho de uvas para comer, nem figos temporãos
que a minha alma desejou.
2 Pereceu o benigno da terra, e não há entre os
homens um que seja reto; todos armam ciladas para
sangue; caça cada um a seu irmão com uma rede.
3 As suas mãos fazem diligentemente o mal; o
príncipe inquire, e o juiz se apressa à recompensa, e o
grande fala da corrupção da sua alma, e assim todos eles
são perturbadores.
4 O melhor deles é como um espinho; o mais reto é
pior do que o espinhal; veio o dia dos teus vigias, veio a
tua visitação; agora será a sua confusão.
5 Não creiais no amigo, nem confieis no vosso guia;
daquela que repousa no teu seio guarda as portas da tua
boca.
6 Porque o filho despreza o pai, a filha se levanta
contra sua mãe, a nora, contra sua sogra, os inimigos do
homem são os da sua própria casa.
7 Eu, porém, esperarei no SENHOR; esperei no Deus
da minha salvação; o meu Deus me ouvirá.

INTRODUÇÃO
Miqueias começa usando a mesma expressão que Jó
usou “Aí de mim!” (Mq 7:1). Esta seção final nos remete
mais uma vez ao juízo. Ele inicia esta seção no capítulo 6
falando sobre justiça e bondade. Mas logo em seguida
inicia um pronunciamento que aponta para o julgamento de
Jerusalém.
Miqueias mostra profunda triste pela sociedade
decadente de sua época. Apesar da prosperidade e da
facilidade em que viviam, as pessoas se afastavam cada vez
mais daquilo que é correto para levar vantagem em tudo.
O capítulo 7 encerra o livro. Ele começa mostrando o
triste estado em que se encontra a religião naqueles dias.

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES

I - O pecado deve nos trazer tristeza (v. 1-2)


1 Ai de mim! Porque estou como quando são
colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da vindima:
não há cacho de uvas para comer, nem figos temporãos
que a minha alma desejou.
2 Pereceu o benigno da terra, e não há entre os
homens um que seja reto; todos armam ciladas para
sangue; caça cada um a seu irmão com uma rede.

Miqueias olha a corrupção do povo de Deus e seu


coração se entristece.
A forma de se comportar do povo aponta para o fracasso
completo do sistema político-judiciário do país. As normas
da sociedade falharam, com bem diz um certo comentarista.
O profeta mostra sua profunda tristeza pela postura do
povo de Deus. Ele se deixou vencer pela maioria. Ele se
deixou vencer pelo “todo mundo faz”.
Ele se sente como aquele pobre, que chega aos campos
que deveriam conter o restante da colheita, mas, por
ganância, tudo fora recolhido, nada fora deixado com a lei
determinava (Lv 19:9-10; Dt 24:19-21).
Os restos, pela lei, deveriam ser abandonados, pensando
exatamente nos pobres, mas isso não estava sendo
obedecido.
Miqueias está abatido e amargurado, não há fruto ou
cacho para saciar sua fome.
Como é triste viver em uma sociedade onde a ganância
que comando tudo. Onde não há quem pense no pobre e no
necessitado verdadeiramente.
Miqueias ansiava pelo fruto da justiça, da solidariedade
mútua, do cuidado. Infelizmente não havia mais. Ele se
sente como Elias, sozinho em meio a uma geração perversa
(“Pereceu o benigno da terra, e não há entre os homens um
que seja reto”).
Não podemos nos conformar com a nossa falta de
santificação. Nossa santidade deve ser uma luta constante.

II - A corrupção não pode ser algo natural (v.


3)
3 As suas mãos fazem diligentemente o mal; o
príncipe inquire, e o juiz se apressa à recompensa, e o
grande fala da corrupção da sua alma, e assim todos eles
são perturbadores.

No verso 3 vemos algo que tem ocorrido nos nossos


dias. A corrupção se tornou algo natural para os grandes.
Há um enorme prazer na procura por exercer o mal. Os
líderes da nação eram os primeiros a se aproveitar da
situação.
O sistema judiciário estava comprado, e só beneficiava
a corrupção.
O profeta descreve uma sociedade totalmente
corrompida, começando pelos seus líderes, mas se
alastrando pelo meio do povo. Era geral o problema.

III - Deus haverá de julgar a todos com sua


justiça (v. 4)
4 O melhor deles é como um espinho; o mais reto é
pior do que o espinhal; veio o dia dos teus vigias, veio a
tua visitação; agora será a sua confusão.

Diante de tão grande corrupção o profeta vê que não há


mais saída.

IV - O pecado destrói o núcleo familiar (v. 5-6)


5 Não creiais no amigo, nem confieis no vosso guia;
daquela que repousa no teu seio guarda as portas da tua
boca.
6 Porque o filho despreza o pai, a filha se levanta
contra sua mãe, a nora, contra sua sogra, os inimigos do
homem são os da sua própria casa.
V - A perseverança será a grande marca do
salvo (v. 7)
7 Eu, porém, esperarei no SENHOR; esperei no Deus
da minha salvação; o meu Deus me ouvirá.

Duas características desta perseverança:

i) Não se deixará corromper pelo que o cerca;

ii) Não se desesperará quando sofrer em virtude da fé.


18)A DISCIPLINA E A IRA DE DEUS
Miqueias 7:8-13
8 Ó inimiga minha, não te alegres a meu respeito;
ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas
trevas, o SENHOR será a minha luz.
9 Sofrerei a ira do SENHOR, porque pequei contra
ele, até que julgue a minha causa e execute o meu direito;
ele me trará à luz, e eu verei a sua justiça.
10 E a minha inimiga verá isso, e cobri-la-á a
confusão, a ela que me diz: Onde está o SENHOR, teu Deus?
Os meus olhos a verão sendo pisada como a lama das ruas.
11 No dia em que reedificar os teus muros, nesse dia,
longe estará ainda o estatuto.
12 Naquele dia, virão a ti, desde a Assíria até às
cidades fortes, e das fortalezas até ao rio, e do mar até ao
mar, e da montanha até à montanha.
13 Mas esta terra será posta em desolação, por
causa dos seus moradores, por causa do fruto das suas
obras.

INTRODUÇÃO
O livro de Salmos revela muitas orações proferidas pelo
povo perseguido:
“Senhor, como tem crescido o número dos
meus adversários! São numerosos os que
se levantam contra mim” (Sl 3.1).
“SENHOR, Deus meu, em ti me refugio;
salva-me de todos os que me perseguem e
livra-me” (Sl 7.1).
“Guarda-me como a menina dos olhos,
esconde-me à sombra das tuas asas, dos
perversos que me oprimem, inimigos que
me assediam de morte” (Sl 17.8–9).

As orações imprecatórias são marcantes no saltério (7,


12, 35, 58, 59, 69, 70, 83, 109, 137, 140):
8 Sejam poucos os seus dias, e outro
tome o seu ofício. 9 Sejam órfãos os seus
filhos, e viúva, sua mulher. 10 Sejam
errantes e mendigos os seus filhos e
busquem o seu pão longe da sua habitação
assolada. (Sl 109:8-10)

Para nós, como igreja de Cristo nos tempos atuais,


parece que não fica bem orarmos de forma imprecatória. Na
realidade os salmos imprecatórios apontam para a ira de
Deus contra o pecado, e nosso papel é alertar o ímpio sobre
isso para que ele possa se arrepender.
As orações imprecatórias têm um caráter escatológico,
pois apontam para o julgamento final. O Messias virá para
reinar e julgar toda terra.
A passagem que lemos inicia o trecho final do livro que
aponta para um cântico de vitória do povo que regressa do
cativeiro.
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES

I - Nosso pecado torna-se grande motivo para


o escárnio (v. 8)
8 Ó inimiga minha, não te alegres a meu respeito;
ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas
trevas, o SENHOR será a minha luz.

O texto inicia com a cidade sendo personificada. Elas


está olhando para aqueles que a prenderam e afirma que
eles não devem rir dela por muito tempo. Esta expressão é
usada também por Obadias (v. 12).
Richard Phillips chama este trecho de “O evangelho
segundo Miqueias”.
O Profeta está olhando para a zombaria que os inimigos
do povo de Deus fazem. Ele aponta para o dia em que o
povo do Senhor será liberto definitivamente e assim gozará
da presença eterna do Senhor. Ele vê o dia em que Israel
reinará sobre toda terra.
Miqueias parece olhar para o cerco que Senaqueribe fez
em Jerusalém (Is 36). O inimigo não identificado aponta
para a tipologia envolvida. Miqueias está olhando para a
salvação. do povo de Deus.
Não precisamos temer, não precisamos ficar assustados
e muito menos nos entregar a este mundo. O povo de Deus
será salvo, liberto completamente.
Mas diante de toda esta alegria, o profeta está
lembrando que a zombaria ocorria porque o povo havia
falhado. O povo de Deus não estava mais vivendo da forma
que determinara, e isso trouxe toda esta zombaria sobre ele.
Não era uma zombaria por serem povo de Deus, mas
porque parecia mostrar com suas vidas que não tinham um
Deus.

II - Ainda que salvos, não estamos livres de


pecar (v. 8)
8 Ó inimiga minha, não te alegres a meu respeito;
ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas
trevas, o SENHOR será a minha luz.
Infelizmente, mesmo o povo de Deus, não está isento do
pecado. Continuamos a pecar, a cair diante de Deus e dos
homens.
Israel pecou contra Deus, Judá pecou contra de Deus.
Paulo afirma que carregamos o cadáver do velho homem.
Ele é uma realidade em nossas vidas. Não estamos livres do
pecado.
A primeira epistola de João é um chamado ao cuidado
que devemos ter. Podemos destacar ensino de João:

i) Devemos ter ciência que continuamos a pecar;


ii) Devemos aprender a nos purificar pelo
arrependimento

iii) Devemos nos esforçar para não pecar;

iv) Devemos ter certeza que a salvação está garantida


pela obra da cruz;

Meu amado ou amada, talvez você cometa alguns erros


que João destaca. O primeiro é achar que tem pecado.
Grande falácia. Somos pecadores e continuamos pecadores.
A diferença agora é a presença do Espírito Santo dentro de
nós.
Segundo é esquecer que temos um advogado junto a
Deus. Jesus se tornou nosso advogado. Ele nos purifica
completamente e nos dá completa esperança.
Terceiro, achar que nossa salvação é garantida pelas
nossas capacidades. Nossa salvação é garantida por Cristo,
somente Ele.
Lutemos com todas as forças para sairmos da condição
de pecado.

III - A ira de Deus sobre seu povo é disciplinar


e temporária (v. 9)
9 Sofrerei a ira do SENHOR, porque pequei contra
ele, até que julgue a minha causa e execute o meu direito;
ele me trará à luz, e eu verei a sua justiça.

Um certo comentarista diz:


Nestes versículos, quem fala é a nação de
Israel depois de arrepender-se. Pequei é a
confissão do povo com a fé que salva. Até
que julgue a minha causa. Aqui o autor
está falando em nome do povo (compare
com o cap. 6). Assim como Deus livrou
Israel no passado por causa de sua justiça,
Deus livraria o povo israelita arrependido
no futuro.

Quando falamos da ira de Deus sobre o seu povo não


estamos falando da ira vindoura. Esta virá sobre o ímpio e é
a ira final sobre a humanidade perdida.
Deus castigará o seu povo de forma a mostrar que ele é
Deus e não aceita pecado. Da mesma forma que Judá e
Israel sofreram nos cativeiros que cada teve, nós sofreremos
o cativeiro do anticristo no dia em que ele se manifestar. É
por isso que muitos não suportarão e apostatarão da fé.
Mas, precisamos ter ciência que a ira de Deus sobre seu
povo será disciplinar e temporária. Ele é nosso Deus, ele
nos açoita como castigo, exatamente por que Ele é Deus.
O verdadeiro cristão é reconhece quando Deus está
disciplinando e sabe aceitar bem isso sem reclamar. Ele não
tenta criar novas doutrinas em cima da Palavra de Deus só
para justificar o seu pecado.

IV - O sofrimento do povo de Deus será


aplaudido pelos ímpios ()
10 E a minha inimiga verá isso, e cobri-la-á a
confusão, a ela que me diz: Onde está o SENHOR, teu
Deus? Os meus olhos a verão sendo pisada como a lama
das ruas.

O povo de Deus então verá o escárnio absoluto dos


ímpios. Será um momento de muita dificuldade.

V - A ira de Deus sobre o ímpio é uma


realidade eterna
11 No dia em que reedificar os teus muros, nesse dia,
longe estará ainda o estatuto.
12 Naquele dia, virão a ti, desde a Assíria até às
cidades fortes, e das fortalezas até ao rio, e do mar até ao
mar, e da montanha até à montanha.
13 Mas esta terra será posta em desolação, por
causa dos seus moradores, por causa do fruto das suas
obras.

O profeta olha agora para o tempo do fim. O tempo em


que o remanescente será definitivamente restaurado. Mas
ao invés de descrever o que vai acontecer com o
remanescente, ele se preocupa em mostrar o que vai
acontecer com os ímpios.
Isso é a prova de que Deus não aceita o pecado. É a
prova de que ele abomina o pecado e deseja que todos se
arrependam de fato dos pecados.
19)A VISÃO DA ETERNIDADE
Miqueias 7:14-20
14 Apascenta o teu povo com a tua vara, o rebanho
da tua herança, que mora só no bosque, no meio da terra
fértil; apascentem-se em Basã e Gileade, como nos dias da
antiguidade.
15 Eu lhes mostrarei maravilhas, como nos dias da
tua saída da terra do Egito.
16 As nações o verão e envergonhar-se-ão, por causa
de todo o seu poder; porão a mão sobre a boca, e os seus
ouvidos ficarão surdos.
17 Lamberão o pó como serpentes; como uns répteis
da terra, tremendo, sairão dos seus encerramentos; com
pavor virão ao SENHOR, nosso Deus, e terão medo de ti.
18 Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a
iniquidade e que te esqueces da rebelião do restante da tua
herança? O SENHOR não retém a sua ira para sempre,
porque tem prazer na benignidade.
19 Tornará a apiedar-se de nós, subjugará as nossas
iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas
profundezas do mar.
20 Darás a Jacó a fidelidade e a Abraão, a
benignidade que juraste a nossos pais, desde os dias
antigos.

INTRODUÇÃO
Miqueias foi contemporâneo de Isaias e Oseias. Ele
escreve os mesmos temas de Isaias, mas de uma forma mais
suscinta e objetiva. Seu nome significa “Quem é como
Jeová”. Profetizou nos períodos de Jotão, Acaz e Ezequias.
Jotão e Ezequias foram bons reis, mas Acaz
infelizmente fez o que era mau aos olhos do Senhor.
Entregou-se à idolatria, fez passar seu filho pelo fogo,
sacrificou e queimou incenso aos ídolos, nos altos e nos
outeiros e debaixo de toda árvore frondosa, 2 Rs 16:3,4. Foi
provavelmente a ele a crítica feita por Miqueias no capítulo
3:
“...Ouvi agora vós, chefes de Jacó, e vós,
príncipes da casa de Israel: não é a vós
que pertence saber o direito? A vós que
aborreceis o bem e amais o mal, que
arrancais a pele de cima deles e a sua
carne de cima dos seus ossos, e que
comeis a carne do meu povo, e lhes
arrancais a pele, e lhes esmiuçais os
ossos, e os repartis como para a panela e
como carne do meio do caldeirão.” (Mq
3:1-3)

Miqueias profetizou em um período de grande


religiosidade. Lamentavelmente a confiança do povo
religioso estava em sua própria religiosidade, e não de fato
em Deus. Sua espiritualidade era para o templo, mas não se
importavam em viver dentro da vontade de Deus no seu dia
a dia.
Miqueias começa seu livro fazendo um alerta contra o
pecado. Ele deixa claro que precisamos levar a sério o
problema do pecado e que, ao não confessar podemos ter
consequências terrenas e eternas. Isso porque o pecado fere
a santidade de Deus e a ira e a disciplina do Senhor se
tornam uma realidade (Mq 1:1-).
O profeta passa a mostrar ainda no capítulo 1 a dor que
sentia diante de toda situação. Mas havia um desejo no
coração do profeta que Israel se arrependesse e voltasse ao
caminho. Ele também faz um alerta contra a influência
externa sobre o povo de Deus.
No capítulo 2 o profeta começa mostrando os perigos
que rondavam o povo de Deus em função da ganância
material que impregnava o povo.
No capítulo 6 Miqueias monta um cenário de
julgamento. Mas o réu é o próprio povo de Deus.
O julgamento que se iniciou no capítulo 6 está chegando
ao fim. Deus havia cobrado Israel a sua fidelidade, que
infelizmente não foi mantida. Ainda assim, Deus cumpre
suas promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó.
O capítulo 7 se inicia com a tristeza do profeta pela
deterioração da religião judaica. Grande impiedade e
imoralidade estava tomando conta do povo de Deus. O
remanescente é consolado através de consolos da parte de
Deus, mas ainda assim sofrerá por ter sido influenciado.
No último sermão vimos que a ira de Deus contra o
pecado é implacável. Mesmo os eleitos de Deus serão
disciplinados por se desviarem dos mandamentos do
Senhor.

Miqueias parte para a fase final de seu livro. Ele inicia


com uma oração. Sua súplica é pela restauração da glória de
seu povo.
A resposta de Deus repete o profeta à libertação do povo
da escravidão do Egito, mas seu efeito agora alcançará
todas as nações da terra. Israel irá reinar sobre todos nos
últimos dias.
O profeta então agradece a Deus e o glorifica apontando
para sua graça e sua misericórdia. O povo de Deus, apesar
de todas as suas falhas diante dele, será perdoado
completamente. Os efeitos do pecado não mais recairão
sobre o povo remanescente do Senhor. As promessas
eternas de Deus se cumprirão definitivamente.

APLICAÇÕES E DESENVOLVIMENTO

I - Deus cuida do seu povo com disciplina e


amor (v. 14)
14 Apascenta o teu povo com a tua vara, o rebanho
da tua herança, que mora só no bosque, no meio da terra
fértil; apascentem-se em Basã e Gileade, como nos dias da
antiguidade.
O profeta olha com um coração saudoso. Ele se lembra
dos tempos antigos que Deus guiara seu povo de uma forma
sobrenatural.
Miqueias compara a ação de Deus como a de um pastor
que cuida do rebanho com amor e austeridade. A vara é um
instrumento do pastor de cuidado, para espantar os inimigos
e predadores. Mas também é um instrumento de Deus de
disciplina, usada para manter o povo dentro dos caminhos
do Senhor.
Como é bom poder descansar nos cuidados de Deus.
Como é bom saber que temos um Deus que sempre cuida
de nós nos protegendo e nos guiando.
Como é bom poder pertencer ao Deus de amor. Como é
bom poder descansar em sua fidelidade. Eu descanso nesse
Deus maravilhoso. E você?

II - O povo de Deus haverá de reinar sobre


dos os povos da terra (v. 15-17)
15 Eu lhes mostrarei maravilhas, como nos dias da
tua saída da terra do Egito.
16 As nações o verão e envergonhar-se-ão, por causa
de todo o seu poder; porão a mão sobre a boca, e os seus
ouvidos ficarão surdos.
17 Lamberão o pó como serpentes; como uns répteis
da terra, tremendo, sairão dos seus encerramentos; com
pavor virão ao SENHOR, nosso Deus, e terão medo de ti.

Chegamos a outro ponto que Miqueias aponta para o


futuro. Como disse em outros sermões, alguns gostam de
pensar que esta parte é uma promessa para Israel como
nação ou povo. Outros há que creem que trechos como este
apontam para a eternidade da igreja e/ou do povo de Deus.
E há ainda aqueles que acreditam que trechos como este
apontam para um milênio aqui na terra, quando Cristo há de
reinar com seu povo por mil anos ou por um longo período.
Particularmente creio que a última opção parece está
correta, mas não descarto a segunda.
O fato é que o texto mostra a vitória do povo de Deus
sobre todo mal. Ele aponta para o momento em que todos
verão o Senhor e se curvarão diante dele.
Miqueias vê um momento em que Deus vai agir de
forma tal que vai lembrar sua intervenção sobrenatural nos
tempos do Egito. E assim estaremos com ele.

III - Apesar de nossas falhas, Deus tem prazer


em amar o seu povo (v. 18)
18 Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a
iniquidade e que te esqueces da rebelião do restante da tua
herança? O SENHOR não retém a sua ira para sempre,
porque tem prazer na benignidade.
Agora o profeta aponta para graça. Ele ainda não
conhece este termo. Mas ele tem um muito próximo,
checed (‫)חסד‬. Este termo aponta para a misericórdia,
benignidade e bondade de Deus.
Deus tem prazer em amar o seu povo. Ele mantem a sua
fidelidade mesmo diante das falhas de seu povo. Isso deve
nos dar tranquilidade, paz e conforto.
É uma pena que não conseguimos retribuir a altura.
Sempre faremos muito pouco perto daquilo que Deus fez
por nós.
Meu amado ou amada, só temos motivos para ir para o
inferno, mas a graça de Deus nos dá plena e completa
salvação. Assim partimos para o próximo ponto...
IV - A maior dádiva que temos de Deus é o
perdão dos nossos pecados (v. 19)
19 Tornará a apiedar-se de nós, subjugará as nossas
iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas
profundezas do mar.
Agora o profeta aponta para algo maravilhoso. Ele está
apontando para a obra magnífica da cruz de Cristo. Ele está
a mostrar que através de Cristo somos completamente
perdoados. Essa é a maior dádiva que podemos ter.
Meu amado ou amada, se você não sente que esta é a
sua maior dádiva oriunda de Deus, talvez tenha alguma
coisa erra com seu cristianismo. O maior presente que Deus
nos entregou foi seu filho. A maior dádiva que alguém pode
procurar de Deus é a sua salvação.
Muitos estão na igreja somente em busca de coisas para
esta vida, mas Deus nos dá um presente sem igual, o perdão
pleno pelos nossos pecados.
Quando Jesus nos pede para lançar sobre toda nossa
ansiedade está falando de nossa culpa pelo pecado. O
homem moderno está tão longe de Deus que tem cada vez
mais tentado transforma nossa culpa em doença e
síndromes. Mas se confessarmos os nossos pecados Jesus
nos purifica completamente. Mas temos que ter consciência
de uma coisa...
V - Tudo em nós será transformado na
eternidade com Deus (v. 19,20)
19 Tornará a apiedar-se de nós, subjugará as nossas
iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas
profundezas do mar.
20 Darás a Jacó a fidelidade e a Abraão, a benignidade
que juraste a nossos pais, desde os dias antigos.

Muitas pessoas gostam de perguntar se na eternidade


iremos lembrar de tudo. Para ser franco eu não sei. Mas
quando vejo textos como este, às vezes penso que não
lembraremos.
O texto afirma que Deus subjugará as nossas
iniquidades. Nós somos naturalmente maus, sempre
tendenciosos à maldade. Desta forma, a única maneira que
posso dizer que isso acabe é se tirar de nós tudo que temos
registrado. Claro que Deus é todo poderoso, e às vezes
aquilo que vemos ou sentimos não será como de fato
pensamos.
Mas creio que a mensagem final nos últimos versos de
Miqueias é: tudo em nós será transformado na eternidade.
Não teremos, nem lembraremos mais dos nossos pecados.
Nossa vida eterna será de completa paz, perfeita bondade e
benignidade. Creia nisso meu amado. Creia nisso minha
amada.

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