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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO: ....................................................................................................................1
2. DIREITO TRIBUTÁRIO: .........................................................................................................1
2.1 - Processo administrativo tributário: medidas internas e externas indispensáveis..................1
2.2 - Sanções não pecuniárias no direito tributário.......................................................................6
2.3 – Futuro do processo administrativo tributário.......................................................................9
2.4 – Aspectos controvertidos do contencioso fiscal...................................................................13
2.5 – Prescrição intercorrente e o novo entendimento do STJ....................................................15
2.6 – Competências Tributárias e Pacto Federativo....................................................................19
2.7 – Consensualidade e processo tributário...............................................................................21
3. DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO: .......................................................26
3.1 – Princípios trabalhistas.........................................................................................................26
3.2 – Relação de trabalho e emprego...........................................................................................33
3.3 – Contrato de Trabalho..........................................................................................................38
3.4 – Terceirização ......................................................................................................................47
4. DIREITO AMBIENTAL: .......................................................................................................47
4.1 – Meio ambiente e princípios ambientais..............................................................................47
4.2 – Competências no Direito Ambiental...................................................................................62
4.3 – Estudos ambientais.............................................................................................................71
4.4 – Licenciamento Ambiental...................................................................................................75
1 – INTRODUÇÃO:
Nesta 5ª rodada, iremos trabalhar as disciplinas Direito Tributário, Direito do Trabalho e Direito
Ambiental. Aos estudos!
2 - DIREITO TRIBUTÁRIO:
Há quem defenda o fim do processo administrativo fiscal, alegando sua ineficácia. Contudo, se
existe conflito, deve existir processo. No Brasil, diferentemente da Itália, a jurisdição é una, e é
aqui protegida pelo princípio da inafastabilidade da jurisdição. O processo administrativo é uma
ilustração da Súmula 473 do STF, é representativo da autotutela, ou seja, é uma revisão do ato
administrativo sob o prisma da legalidade.
Quem declara a inconstitucionalidade de um ato é o poder judiciário, que tem competência para
tanto. Quando o STF declara algum ato normativo inconstitucional, em regime repetitivo, é
correta a regra do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF) de que o tribunal
administrativo deve reconhecer e seguir tal posição. Isso não é, por si só, uma declaração de
inconstitucionalidade.
O processo administrativo é criado por lei e pertence à administração pública, devendo ficar sob
sua seara. É uma garantia do contribuinte para a justa aplicação da lei, por isso deve ser uma
estrutura permanente. Caso não houvesse o processo administrativo, tudo seria direcionado ao
judiciário.
Da mesma forma que o Estado não pode abrir mão dos procedimentos para cobrar, não pode
abrir mão de garantir ao contribuinte o direito de impugnar esse crédito, de oferecer o
contraditório e a ampla defesa, etc.
A legislação processo administrativo estadual prevê as seguintes etapas:
✓ Impugnação do contribuinte
✓ Fase instrutória
A função da Fazenda como custus legis não é só de referendar o lançamento; pode mencionar
questões que o contribuinte não mencionou, pode opinar pela nulidade do processo, pela sua
procedência, etc.
O tempo médio de tramitação total do processo administrativo tributário estadual é de 793 dias,
muito longo. Contudo, dados atestam que o processo funciona e produz resultados positivos:
em 2018, 40% das impugnações foram aprovadas, ainda em 1ª instancias, e 95% dos recursos
de oficio foram desprovidos.
Vamos relembrar!
➢ Lançamento por Declaração ou Misto: Essa modalidade de lançamento está
prevista no art. 147 do CTN, e é aquela pela qual a lei impõe ao contribuinte,
sujeito passivo da obrigação tributária, a função de oferecer à administração
pública as informações necessárias para se determinar o valor do tributo.
Estas informações são essenciais para o lançamento, que compete à
autoridade tributária.
➢ Lançamento por Arbitramento: art. 148 do CTN: Arbitrar significa atribuir
determinado valor. Isso quer dizer que, quando a Fazenda Pública não puder
apurar a base de cálculo do tributo, procederá ao lançamento por
arbitramento. Em outras palavras, o lançamento por arbitramento consiste,
na realidade, em técnica de lançamento de ofício utilizada nos casos em que
as declarações prestadas pelo sujeito passivo acerca da base de cálculo ou de
elementos relevantes para a apuração do tributo devido sejam insuficientes
ou não mereçam fé.
✓ Receio por parte dos julgadores administrativos de editar súmulas ante a frequente
modificação de entendimento sobre determinado tema nos tribunais superiores.
✓ Aperfeiçoamento da legislação;
✓ Fim da avocatória;
Palestra do Prof.º Marcos Bueno realizada no I Congresso de Advocacia Pública Fiscal do Rio de
Janeiro (2019).
Essa doutrina pode sofrer várias críticas à luz da hermenêutica constitucional, em razão de seu
déficit argumentativo, dentre outras. Foco aqui é criticar o entendimento à luz da Teoria da
Sanção.
As funções podem ser cumuláveis na mesma sanção, de acordo com a Teoria da Sanção.
Os ilícitos podem ser penais, administrativos (ambientais, tributários, etc.) e civis. Todos são
pressupostos das sanções penais, administrativas e civis, ou seja, são conceitos correlatos.
Todos são regidos pela Teoria da Unicidade do Injusto, que determina haver identidade
teleológica estrutural entre os ilícitos, todos implicando violação de normas jurídicas e
acarretando em aplicação de sanções. São ontologicamente iguais, o que é reconhecido
inclusive por tributaristas.
O critério de distinção é meramente formal, e vai depender de opção legislativa quanto ao seu
regime, podendo vir a ser modificados.
Em relação ao ilícito administrativo tributário, uma vez cometida a infração, ou seja, o não
pagamento do tributo, em sendo obrigação principal, surge para o estado o poder de punir o
indivíduo.
Tanto as pecuniárias quanto as não pecuniárias vão exercer todas as funções que as demais,
inclusive compelir ao cumprimento do dever.
O argumento para vedar a possibilidade de aplicação de sanções não pecuniárias seria de que
as mesmas serão mecanismos alternativos de cobrança do crédito, e não a própria sanção pelo
descumprimento da obrigação.
Nada impede a atuação tanto preventiva quanto intimidante à possíveis infratores, assim como
repressivamente.
Em nenhum outro ramo do direito há vedação a essas medidas, citando por exemplo, o Código
de Defesa do Consumidor (inclui sanções como cassação de registro, suspensão de atividade),
Código de Trânsito Brasileiro (suspensão do veículo, de dirigir), Lei de Improbidade, dentre
outras. As medidas podem vir a ser desproporcionais no caso concreto, porém não em abstrato,
em razão de sua própria natureza. Não haveria violação ao direito de propriedade ou
inviabilização de livre iniciativa, não são consideradas violações aos direitos fundamentais. As
restrições de direitos, ao lado das multas, são típicas espécies de sanções administrativas. Com
base nessas premissas, não é legítima essa recusa às medidas sancionatórias não pecuniárias no
direito tributário.
Essa rejeição ainda está atrelada à concepção de tributo como uma norma de rejeição social,
que consubstanciaria um sacrifício dos cidadãos, normas de caráter odioso, invasão no
patrimônio do contribuinte, e não como um dever fundamental, sendo contribuição
indispensável de todos para o desenvolvimento das atividades estatais.
Palestra realizada pelo prof. Gilberto Freire no I Congresso de Advocacia Pública Fiscal do Rio
de Janeiro (2019)
O tempo médio do processo administrativo no âmbito federal, de acordo com dados levantados
pelo Conselho Nacional de Justiça, é de 05 a 07 anos, e o de execução fiscal é de 08 anos.
Com o novo Código de Processo Civil, busca-se uma tutela mais efetiva da prestação
jurisdicional. Assim, surge o microssistema de repetitivos, e também o sistema de justiça
multiportas, que traz métodos alternativos de solução de litígios, como arbitragem, mediação,
conciliação, etc.
Vamos relembrar!
Estudos mais recentes demonstram que tais meios não seriam ‘alternativos’:
mas sim integrados, formando um modelo de sistema de justiça multiportas.
Para cada tipo de controvérsia, seria adequada uma forma de solução, de
modo que há casos em que a melhor solução há de ser obtida pela mediação,
enquanto outros, pela conciliação, outros, pela arbitragem e, finalmente, os
que se resolveriam pela decisão do juiz estatal.
No âmbito administrativo, porém, tanto da União, quanto dos Estados e Municípios, não
tivemos muitas alterações. Parte dos doutrinadores começou a questionar a existência do
contencioso administrativo; contudo, o processo administrativo tem uma múltipla função, e é
estampado como garantia fundamental no art. 5º, LIV da Constituição Federal,
consubstanciando cláusula pétrea, traduzindo o devido processo legal. A própria legitimidade
do ato administrativo, na feição da autotutela, ficaria prejudicada sem o processo
administrativo. As decisões dos tribunais administrativos são mais técnicas, não há turmas
especializadas nos tribunais judiciais.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) vem atuando por meio de algumas
medidas que vêm se mostrando eficazes.
1
(CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo. 13ª ed., Rio de Janeiro:
Forense, p. 637)
2) Criação de turmas extraordinárias, que julgam causas de até 60 salários mínimos, e com
possibilidade de julgamentos virtuais.
Antes da implementação dessas medidas, a perspectiva de prazos para julgar todo o montante
de processos administrativos era de 77 anos. Após a implementação, o número caiu para de 06
a 08 anos.
No âmbito federal, o CARF mudou seu regimento, fazendo com que suas decisões seguissem os
entendimentos vinculantes provenientes de recursos repetitivos do STJ e STF.
Com essa sistemática, há uma perspectiva do futuro do processo administrativo, todavia tais
medidas não serão suficientes; a atual conjuntura exige métodos alternativos de solução de
conflitos. Muitos operadores do direito têm defendido a possibilidade de estabelecer
arbitragem no processo tributário.
Com a Lei 13.129/15, passou-se a prever expressamente que a administração direta e indireta
atuasse em arbitragem, se os direitos envolvidos fossem patrimoniais disponíveis.
Caso houvesse uma lei específica autorizando a arbitragem no direito tributário, tal previsão
legal serviria de reserva democrática que chancelaria a possibilidade de aplicação do método
alternativo.
O Projeto de Lei Complementar 469 de 2009 pretendia alterar o CTN para permitir a aplicação
da arbitragem, ou seja, já havia essa discussão há pelo menos 10 anos. A exigibilidade do credito
tributário ficaria suspensa pela arbitragem; seria um método alternativo de discussão do
credito, o que tornaria, talvez, mais célere o contencioso administrativo.
Ao lado da arbitragem, poderíamos falar na transação tributária, que sempre foi considerada
uma forma de extinção de crédito, estando prevista no art. 156 Código Tributário Nacional. Para
que ela seja válida, exige lei autorizadora, ou seja, é uma medida autocompositiva que depende
de norma prévia.
No Brasil, temos exemplos recentes e que vêm sendo maximizados, a exemplo do Rio de Janeiro,
que possui lei municipal prevendo que as hipóteses transacionais estariam direcionadas a
situações em que:
Por fim, o professor Freire traz à tona um postulado defendido pelo prof. Ricardo Almeida: o
princípio do consenso ao tributo, que se baseia no diálogo entre as partes, de modo a evitar
desencontros, lançamentos equivocados, entre outros inconvenientes. Para ele, o CTN deveria
prever que, sempre que possível, o tributo deve ser lançando mediante consenso. Para
possibilitar essa relação, far-se-ia uso dos seguintes instrumentos:
1) Consulta Fiscal: uma audiência pública, no caso de multiplicidade de processos
semelhantes, por exemplo, em que seria criada uma junta para julgamento, baseada no
diálogo entre Fisco e contribuinte.
Palestra do Prof.º Ronaldo Campos e Silva realizada no I Congresso de Advocacia Pública Fiscal do Rio de
Janeiro (2019).
O Novo Código de Processo Civil foi relevante, porém, em que pese ser uma boa lei, não se
aplicará enquanto não for assimilada pelos operadores e partes. O art. 7º do CPC15 traz o
princípio da cooperação, contudo sabemos que na prática não foi ainda implementado. O novo
modelo de jurisdição deve ser assimilado para que exerça efeitos, e aqui, o sistema de
precedentes é essencial.
Mesmo com um sistema de precedentes vigente, ainda temos órgãos argumentando por
ementas, e não baseados na ratio decidendi.
Afinal, o que é o precedente? Precedentes são decisões anteriores que funcionam como
modelos para as posteriores. A parte dispositiva vale para o caso concreto, e a ratio decidendi
funciona como norma jurídica geral aplicável aos demais casos.
A norma jurídica extraída de um precedente tributário também será de natureza tributária. Sua
interpretação e aplicação devem guardar deferência ao estatuto nacional dos contribuintes. Se
temos uma estrutura dogmática sobre interpretação de normas tributárias, é necessário que
elas dialoguem com a norma jurídica do precedente.
Para Frederick Schauer, o estado deve tratar os administrados com coerência no espaço
(isonomia) e no tempo (precedente). Daí decorre a importância máxima do respeito aos
precedentes em matéria tributária, a constituição consagra a isonomia.
Não haverá uma prestação tributária justa sem respeito aos precedentes, o que pressupõe uma
normatização nacional sobre como a administração pública irá aplicar esses precedentes, com
ou sem aquiescência.
Não bastará assimilar as normas do Novo Código de Processo Civil, há mais desafios para que o
processo tributário se torne mais justo e eficaz. O processo administrativo fiscal deve ser
alterado, para que lá penetre a lógica do devido processo legal. Devemos expurgar a lógica dos
empates de julgamentos por juízes imparciais, com voto de minerva valendo por dois, por
exemplo.
Os números de congestionamentos de execução fiscal são de 92%. A jurisdição estatal não pode
ser um cartório para identificação de bens do devedor, quem deve fazer isso é a administração
pública, com bloqueio breve, de curto tempo. Não podemos ter execuções fiscais sendo
ajuizadas sem nenhuma efetivação.
✓ A título de complementação:
Trecho da palestra do Desembargador Aluísio Mendes sobre Precedentes no processo tributário, realizada
no Ciclo de Palestras “O Novo Processo Tributário” (2019):
O novo Código de Processo Civil tem como escopos principais a economia processual, isonomia,
duração razoável do processo, etc. Antigamente, nosso sistema processual era voltado para
casos individuais. Com a constituição, surge o foco nos casos concentrados.
Portanto, agora não buscamos mais uma reiteração de julgados, o sistema processual estimula
formalmente os pronunciamentos concentrados. O STF poderá, por exemplo, ter dezenas de
acórdãos em uma direção, mas em único julgamento no plenário pode alterar seu
posicionamento. A jurisprudência dele será a do controle concentrado.
Então hoje o fundamental é o entendimento pacífico, que seja definida a tese jurídica, não mais
a reiteração. Ele ainda pode firmar jurisprudência, mas não é a principal forma.
Palestra do prof. Guilherme Sokal realizada no I Congresso de Advocacia Pública Fiscal do Estado do Rio
de Janeiro (2019)
O professor versou críticas às teses firmadas no REsp Repetitivo 1340553, que definiu questões
sobre contagem dos prazos da Lei de Execuções Fiscais.
Os fatores de inefetividade das leis de execuções, fiscais ou não, são 3: o devedor ardiloso, que
esconde seu patrimônio; o credor que ajuíza execuções que sabe que não chegarão a um
resultado proveitoso; e, por fim, uma indiferença burocrática na condução dos atos executórios.
O regime da letra do art. 40 da LEF incide em duas hipóteses fáticas: não localização do devedor
ou de seus bens. Não é toda paralisação de execução que atrai tal regime de prazos.
Art. 40 - O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o
devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos,
não correrá o prazo de prescrição.
§ 2º - Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor
ou encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos.
Então, segundo o STJ, se a administração for negligente, e, por exemplo, o devedor descumprir
um parcelamento e a própria administração não seguir na execução, não há aplicação do art. 40
da LEF. Também não é cabível o regime para discussão de prescrição originária do crédito.
Esse regime é composto por um prazo de suspensão de 1 ano, com termo inicial em ato de
suspensão do processo; e um prazo de prescrição intercorrente, com âmbito de incidência
restrito; incidindo depois do prazo de suspensão do processo.
Enquanto vigora a suspensão, não vigora a prescrição. Devemos lembrar que o prazo
prescricional não é necessariamente de 5 anos. Nos créditos não tributários, vai depender da lei
de direito material, o prazo que estabelecer.
No §4º do art. 40, há previsão de que o termo inicial do prazo de prescrição seria um ato de
arquivamento do processo.
§ 4o Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional,
o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição
intercorrente e decretá-la de imediato. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004)
Vale lembrar que a interpretação foi decidida quanto à execução fiscal, mas poderá valer em
algum momento para execuções de credores privados, uma vez que o art. 921 do Código de
Processo Civil disciplina de forma similar.
§ 1o Na hipótese do inciso III, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1 (um) ano,
durante o qual se suspenderá a prescrição.
§ 2o Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja localizado o executado
ou que sejam encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos
autos.
A efetiva constrição patrimonial e a efetiva citação (ainda que por edital) são aptas a
interromper o curso da prescrição intercorrente, não bastando para tal o mero peticionamento.
Explicando:
1ª tese do STJ: Não há uma decisão necessária de suspensão, o prazo começa da ciência
da Fazenda quanto à não localização do devedor ou dos bens penhoráveis.
2ª tese do STJ: Esclareceu as hipóteses materiais do caput do art. 40. Não localização para
o STJ é a citação frustrada (tentou uma vez a penhora e não deu certo, inicia-se o prazo
de suspensão).
4ª tese: uma vez correndo esse prazo, o que gera a sua suspensão não é o mero
requerimento de penhora pela Fazenda, apenas com o efetivo ato de constrição haverá
interrupção do prazo.
O vício de intimação da Fazenda só será válido se for demonstrada uma causa de interrupção
pela Fazenda. Quanto a essa tese, há uma ressalva: a primeira intimação, que desencadeia o
prazo de suspensão, é de prejuízo presumido.
O primeiro problema é a primeira tentativa. Ou seja, considera existente uma prescrição sem
uma anterior inércia.
Prescrição e inércia possuem uma relação que inclusive tem base constitucional. Há na LEF
meios executórios subsidiários, que dependem da frustração de outros meios, como penhora
de estabelecimento empresarial, de faturamento, etc., devendo ser respeitada a maior
onerosidade, por exemplo. Não é possível supervalorizar a frustração do primeiro meio
executório, muito menos de vários meios executórios.
Lembremos do Art. 139, IV do Código de Processo Civil, que prevê medidas coercitivas atípicas
para execução de quantia certa. Leonardo Greco defende que essas medidas estão submetidas
a uma subsidiariedade, deve tentar primeiro o meio típico, para ir ao meio atípico.
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-
lhe: (...)
Outro ponto questionável é a indisponibilidade das dívidas tributárias, quando o devedor não
indicia bens, não paga, e nem são localizados os seus bens. Em relação ao artigo 185-A do Código
Tributário Nacional, o STJ tem Súmula que diz que não é suficiente a primeira frustração. Ou
seja, as mesmas palavras são interpretadas de forma completamente diversas.
Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem
apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens
penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos,
comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e
entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao
registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do
mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a
ordem judicial.
Segundo problema: a incidência do art. 40 deveria ser distinta para devedor que não tem bens,
e para o devedor ardiloso.
Tanto o devedor que frauda a execução, que comete ilícitos processuais, quanto o devedor que,
intimado, não indica bens, ou seja, descumpre o princípio da cooperação e comete um ilícito,
serão presenteados com a prescrição.
Último ponto é o suposto respeito à Súmula 106 STJ. Seria suficiente para preservar o credor de
boa-fé que a medida constritiva requerida pela Fazenda seja efetivada no prazo? Se frustrada
ao início do processo, não terá outra chance. Requerer no tempo e efetivar depois não é
suficiente para resguardá-lo.
Súmula 106 STJ: Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na
citação, por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento
da arguição de prescrição ou decadência.
Palestra realizada pela profª. Nina Pencak no I Congresso de Advocacia Pública Fiscal do Estado do Rio de
Janeiro (2019)
Quanto à análise da posição do Supremo Tribunal Federal sobre pacto federativo, podemos
vislumbrar uma evolução. Os entes federados são ligados, pressupondo uma harmonia, mas
também estão eivados de autonomia. O STF entende que o federalismo pode ser visto em duas
dimensões: uma dimensão em que figura como regra, na constituição e na lei complementar, e
um dimensão principiológica pragmática.
Força normativa dos fatos: ocorre quando a norma em abstrato é constitucional, porém, na
prática, produz um resultado inadequado, ao qual não se propõe.
Além de considerar a realidade jurídica dos entes, a fim de respeitar as decisões judiciais sobre
isso, o STF tem considerado o federalismo de cooperação, o subprincípio da conduta amistosa
dos entes federativos, e o federalismo de coalizão: ou seja, o diálogo entre os 3 poderes,
buscando obter um resultado prático eficaz.
Federalismo Cooperativo, segundo Konrad Hesse:
O federalismo de coalizão vem sendo um fator muito forte na tomada de decisão do STF.
A título de exemplo, na ADO 25, que trata da omissão legislativa da União para compensar os
estados sobre a perda do ICMS exportação, vemos um precedente muito forte sobre
federalismo fiscal e pacto federativo. O congresso foi instado a editar a Lei Complementar, com
objetivo de compensação. O Ministro Gilmar Mendes propôs prazo de 12 meses, e, em caso de
descumprimento, o Tribunal de Contas da União seria instado a regulamentar.
Os critérios para compensar os Estados por conta das desonerações de ICMS sobre
as exportações estão previstos no art. 91 do ADCT.
O caput do art. 91 exige que seja editada uma nova lei complementar para
regulamentar os critérios de compensação dos Estados. No entanto, o § 3º prevê que,
até a edição da nova lei complementar, devem ser adotados para o repasse os
critérios estabelecidos no Anexo da LC 87/96, com a redação da LC 115/2002. Como
já se passaram muitos anos sem que o Congresso Nacional tenha editado a lei
complementar de que trata o art. 91 do ADCT, foi proposta uma ADI por omissão por
conta desta lacuna.
O STF julgou procedente a ação e declarou haver mora, por parte do Congresso
Nacional, em editar a aludida lei complementar. Diante disso, o STF fixou um prazo
de 12 meses para que o Legislativo faça a lei. Na decisão, o STF consignou que, se for
ultrapassado o prazo de 12 meses sem que a lei seja editada, o Tribunal de Contas
da União (TCU) deverá:
b) calcular o valor das quotas a que cada um fará jus, levando em conta os
entendimentos entre os Estados-Membros e o Distrito Federal realizados no âmbito
do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).
STF. Plenário. ADO 25/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 30/11/2016 (Info
849)”.2
Por fim, a medida compensatória veio por emenda constitucional. O prazo foi deferido por mais
12 meses, e recentemente foi determinada uma audiência de conciliação.
Assim, identifica-se que às vezes a Corte superior atua como conciliadora, denotando que muitas
demandas poderiam ter sido evitadas se houvesse uma conciliação prévia.
Nesse caso vale ressaltar que o STF tem atentado aos abusos no poder de tributar, seja na
omissão, sobretudo em casos de repartição de receitas ou compensações, seja em casos em que
a União vem limitar dispositivos constitucionais por meio de atos inferiores, como
recomendações, instruções normativas, etc.
A tese do Município litigante era de que a União deveria realizar a compensação nos casos em
que determinar desoneração de tributo. Nesses casos, a União cria uma contribuição social,
aumenta a alíquota dessa contribuição, e desonera os impostos, pois os impostos são repartidos
com os demais entes federativos, diferentemente do que acontece com as contribuições. Ou
seja, é uma conduta que abusa do poder de tributar.
2
https://www.dizerodireito.com.br/2017/01/retrospectiva-10-principais-julgados-de_21.html
Palestra do prof. Daniel Ávila realizada no I Congresso de Advocacia Fiscal do Estado do Rio de Janeiro
(2019)
A noção de consensualidade está presente na Carta Magna. Porém, hoje, estamos distantes de
uma relação tributária consensual, considerando que há uma desconfiança mútua das partes,
uma verdadeira relação adversarial, em que o poder de tributar é visto como poder de destruir,
e em que o contribuinte acredita que o Estado faz mau uso de seu dinheiro.
Faz sentido falar em consensualidade, pois: 1) o contribuinte será autor e sujeito da norma:
sendo coautor, há uma maior legitimação de seu ato. 2) esse consenso também pode levar a
uma eficiência e a resultados que o modelo atual não alcança; 3) há pesquisas realizadas no
Reino Unido que indicam economia comportamental proveniente do consenso; os contribuintes
costumam aderir mais a normas das quais eles fizeram parte.
Está prevista na lei 13.140, em seu artigo 38, inciso III. Desenvolve-se apenas entre órgãos
federais e se sujeita à manifestação conjunta do, à época, Conselho de Conciliação e Arbitragem
3
https://www.dizerodireito.com.br/2015/06/comentarios-lei-131402015-lei-da.html
Federal, e ao Ministério da Fazenda, hoje Ministério da Economia, por motivos de adequação
orçamentária e financeira.
Com o CPC15, surge o Negócio Jurídico Processual como cláusula geral no art. 190, seguida de
cláusula sobre calendário processual no artigo 191.
Para DIDIER JR., “negócio processual é o ato voluntário, em cujo suporte fático
confere-se ao sujeito o poder de escolher a categoria jurídica ou estabelecer,
dentro dos limites fixados no próprio ordenamento jurídico, certas situações
jurídicas processuais” (DIDIER JR., 2015. página.376-377)
A Portaria 33 de 2018 da PGFN foi a primeira regulamentação, que focou nos ônus processuais
de calendarização e possibilidade de antecipação de garantia antes do ajuizamento. Na segunda,
versou-se sobre a questão pericial, e na última, Portaria 742 de 2019, foi regulamenta a
substituição, aceitação, avaliação de garantia, e o estabelecimento de um plano de amortização
de débito fiscal, permitindo que o contribuinte obtenha a certidão positiva com efeitos
negativos, fora daquele estado de coisas comum no curso da execução fiscal.
Art. 1º. Esta Portaria estabelece os critérios para celebração de Negócio Jurídico
Processual (NJP) no âmbito da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, para fins de
equacionamento de débitos inscritos em dívida ativa da União.
§ 1º. É vedada a celebração de NJP que reduza o montante dos créditos inscritos ou
implique renuncia às garantias e privilégios do crédito tributário.
Art. 2º. Sem prejuízo do disposto no art. 6º, a celebração de NJP está condicionada à
demonstração de interesse da Fazenda Nacional, considerando os seguintes critérios:
II - previsão de prazo certo para liquidação das dívidas, quando for o caso, ou
concretização de garantias e demais condições do negócio;
Pode o negócio processual transigir sobre os bens ofertados na execução, uma vez que os bens
poderão ser substituídos, inclusive por bens de fora da execução. Poderíamos pensar inclusive
em substituição de garantia em sede de processo administrativo fiscal, por exemplo, segundo a
portaria.
a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem;
Contudo, não há impedimentos a que, no caso de consenso entre o fisco e contribuinte, seja
considerado como suficiente um suporte fático mínimo para a configuração da hipótese de
dissolução irregular.
Hoje muito se discute se o redirecionamento da execução pode alcançar o sócio que se retirou
da sociedade antes da constatação pelo oficial de justiça de que havia indícios de dissolução
irregular. Todavia, a jurisprudência admite que, por outros elementos probatórios, se alcance
um momento de dissolução diverso, não tendo ocorrido na data em que o OJ identifica; em
sendo anterior, poderia vir a alcançar o sócio retirante.
Assim, o NJP permitiria especificar o suporte fático para delimitar o tempo de afastamento do
sócio.
Vale mencionar que o Enunciado 573 do Fórum Permanente dos Processualistas Civis é um
indício de transparência.
Enunciado 573 FPPC: As Fazendas Públicas devem dar publicidade às hipóteses em
que seus órgãos de Advocacia Pública estão autorizados a aceitar autocomposição.
Por fim, é preciso que haja concorrência de interesse para celebração de negócio processual. A
falta de cooperação e a desconfiança institucional são empecilhos; para uso de qualquer
ferramenta consensual, é preciso criar um ambiente com o mínimo de confiança.
3 – DIREITO DO TRABALHO:
Cumpre mencionar que os princípios, na omissão legal ou contratual, podem servir como norte
para os julgadores dirimirem questões trabalhistas, conforme previsão no art. 8º da CLT:
Feita esta breve nota introdutória, estudemos agora os princípios mais importantes do Direito
do Trabalho.
A função primordial deste princípio é proteger a parte mais fraca na relação, isto é, aquele que
é considerado hipossuficiente no contrato de trabalho, que, no caso, é o trabalhador. Desta
forma, a parte economicamente mais fraca na relação obterá igualdade substancial.
a) Princípio do in dubio pro operario (ou in dubio pro misero): entre os vários sentidos da
norma, escolhe-se o mais favorável ao obreiro.
OBS: este princípio não se aplica no campo processual, devendo ser utilizadas as regras
processuais de distribuição do ônus da prova.
b) Princípio da norma mais favorável: quando há conflito entre normas, será aplicada a
mais benéfica ao trabalhador. Este princípio será melhor explicado abaixo.
Diferente do que ocorre no princípio da norma mais favorável (em que o conflito é entre
normas), o conflito aqui ocorre entre regras novas que não podem implicar diminuição das
conquistas alcançadas pelo trabalhador. Este princípio consagra a teoria do direito adquirido,
pois as vantagens adquiridas não podem ser retiradas, tampouco modificadas para pior.
Desta feita, caso o empregador dispense um trabalhador por este ter ajuizado reclamação
trabalhista em face do primeiro, estará configurado abuso de direito, sendo nulo o
despedimento e fazendo jus o empregado à reintegração, bem como ao pagamento dos salários
e demais vantagens referentes ao período de afastamento (TST-E-RR-7633000-
19.2003.5.14.0900)
O princípio da norma mais favorável é aplicado quando houver conflito entre normas, em que a
norma mais benéfica será aplicada ao trabalhador.
Este princípio afasta a hierarquia das normas, tendo em vista que será aplicada a norma mais
favorável ao trabalhador, independentemente de ela ser hierarquicamente superior.
Ex: há previsão na Constituição de hora-extra no patamar mínimo de 50% (art. 7º, XVI, da CRFB).
Caso haja norma coletiva (Acordo Coletivo ou Convenção Coletiva de Trabalho) prevendo 75%
de adicional de hora-extra, será aplicado este último.
Antes de adentrar nas teorias sobre o tema, é importante mencionar que existem as fontes
formais e as materiais no direito laboral. As fontes materiais correspondem ao momento pré-
jurídico da norma, ou seja, a norma ainda não está positivada. Representa a pressão exercida
pelos trabalhadores contra o Estado, buscando melhores condições de trabalho (exemplo:
greve).
No que tanges às fontes formais, cabe aqui uma diferenciação das duas fontes formais no direito
do trabalho:
a) Normas heterônomas
Ex: CRFB, CLT, Sentença Normativa, Laudo Arbitral, Tratados Internacionais ratificados pelo
Brasil.
b) Normas autônomas
São aquelas formadas com a participação imediata dos próprios destinatários da norma, sem
interferência do Estado.
No Direito Laboral, a realidade fática prevalece sobre o que está corporificado em documentos.
Sendo assim, nem sempre o que está escrito vai ser considerado, pois é cediço que pode haver
dissonância das condições de trabalho pactuadas entre os sujeitos da relação.
O fundamento aqui é, também, a proteção da parte mais fraca na relação. Vale destacar que há
hipóteses em que o princípio não se aplica, como no caso de incidência do princípio da
legalidade, ou seja, casos em que a lei exige o a atendimento de requisitos para a validade do
ato de contratação ou desempenho da atividade profissional (Exemplo: quando há exigência de
concurso público, não pode haver o reconhecimento de vínculo empregatício do trabalhador
com o poder público, haja vista o óbice do art. 37, II da CRFB). Neste sentido, confira-se a Súmula
nº 363 do TST:
Este princípio norteia a ideia de que o contrato de trabalho não pode ser alterado para
prejudicar o trabalhador. O fundamento é que não pode o trabalhador, diante de outros
compromissos assumidos e deveres que possui, ficar à mercê da vontade arbitrária do
empregador.
O trabalhador tem direito à “estabilidade” das relações contratuais, não sendo surpreendido
por alterações que lhe sejam substancialmente prejudiciais. O art. 468 da CLT traz o princípio
em seu bojo:
- mútuo consentimento
- não prejudicarem o empregado
O §1º do art. 468 da CLT traz a gratificação de função de confiança, a qual pode ser retirada
unilateralmente pelo empregador sem ser considerada alteração unilateral lesiva, pois o cargo
de confiança é decorrente do poder de organização do empregador.
A súmula nº 372, I, do TST aduz que o exercício da função de confiança por 10 anos ou mais
impede a retirada da gratificação. Importante frisar que não impede a destituição da função,
mas sim a retirada do valor pecuniário referente ao adicional, caso seja feita sem justo motivo,
a fim de respeitar o princípio da estabilidade financeira. O valor passa incorporar o salário.
OBS: no informativo 66/2013 do TST, ficou entendido que o empregado destituído da função de
confiança após 9 anos e 6 meses, sem justo motivo, presume-se que a supressão foi obstativa
do direito do reclamante, tendo o empregador o ônus probatório de demonstrar os motivos da
reversão, em respeito ao princípio da boa-fé objetiva.
Com a inclusão do §2º no art. 468 da CLT, a reversão do empregado ao seu cargo efetivo, com
ou sem justo motivo, acarreta a perda do direito ao pagamento da gratificação.
Segundo Maurício Godinho, este princípio significa que não é válida renúncia, nem transação,
que importe objetivamente em prejuízo ao trabalhador. Há uma impossibilidade jurídica de o
trabalhador, voluntariamente, privar-se de vantagens conferidas pelo Direito Laboral. Como
exemplo, cite-se a irrenunciabilidade do direito ao aviso prévio, consagrada em entendimento
sumulado do TST:
Súm. 276. O direito ao aviso prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de
dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o respectivo valor,
salvo comprovação de haver o prestador dos serviços obtido novo emprego
Insta destacar que este princípio não é absoluto, pois pode haver renúncia quando a lei permitir.
Exemplo disto é a irredutibilidade relativa dos salários, sendo considerada relativa porque
somente Convenção ou Acordo Coletivo podem reduzir, consoante art. 7º, VI, da CRFB:
Está intrinsicamente ligado a uma característica básica do contrato de emprego, qual seja: ser
um contrato de trato sucessivo. A prestação de serviços se dá de forma sucessiva, contínua,
habitual. O trabalho não se esgota na realização instantânea de um único ato, sendo
característica do contrato de trabalho o fato de ser um contrato de trato sucessivo.
Por esse princípio, a regra é o contrato de trabalho por prazo INDETERMINADO. Para que exista
um contrato por prazo determinado não basta a vontade das partes, sendo necessária a
indicação de uma das hipóteses autorizadas pela lei. A celebração do contrato por prazo
determinado, portanto, é excepcional.
Também com base nesse princípio o trabalhador poderá se afastar do serviço em determinadas
situações sem que o seu contrato seja rescindido. São os casos de interrupção e suspensão do
contrato de trabalho, que serão estudados em momento oportuno.
Tal princípio também encontra aplicação em relação ao ônus probatório de provar o término do
contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento:
TST, Súm. 212. O ônus de provar o término do contrato de trabalho,
quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do
empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego
constitui presunção favorável ao empregado.
Para melhor entendimento e memorização dos dispositivos legais, segue abaixo transcrição:
Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não
afetará os direitos adquiridos por seus empregados.
Aproveitando o tema da sucessão trabalhista, cumpre destacar que esta decorre de três
princípios:
a) Princípio da continuidade
b) Princípio da inalterabilidade contratual lesiva
c) Princípio da despersonalização do empregador
Este último significa que o empregado não está ligado à figura pessoal do empregador através
do contrato de trabalho. Desta forma, uma alteração no contrato de trabalho em relação ao
empregador é possível, mas não em relação ao obreiro, tendo em vista que uma das
características imprescindíveis no contrato de trabalho é a pessoalidade quanto ao trabalhador.
Existem dois requisitos para que ocorra a sucessão trabalhista, são eles:
Este entendimento do TST foi contemplado na Lei nº 13.467/2017 (reforma trabalhista), a qual
inseriu o art. 448-A na CLT:
Tal princípio veio a ser expressamente consagrado no art. 8º, §3º, da CLT, com a Reforma
Trabalhista.
Combinando tal dispositivo com o artigo 611-A, segundo o qual "A convenção coletiva e o
acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei (...)", tem-se a conclusão de que o
"princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva" acaba por reduzir o
controle do Poder Judiciário sobre as convenções coletivas, abrindo margem para uma maior
autonomia e “negociabilidade” dos direitos trabalhistas.
RELAÇÕES DE TRABALHO:
Relação de trabalho é o gênero e a relação de emprego uma de suas espécies. Daremos foco
nesta última, mas, a fim de não deixar uma lacuna em nosso material, segue abaixo a listagem
de todas as espécies de relação de trabalho, com breves comentários:
Relação de
emprego
Trabalho eventual
Relação de Trabalho
trabalho autônomo
Trabalho avulso
Trabalho voluntário
Trabalhador Eventual:
É o trabalho em que não há continuidade na prestação de serviços. De acordo com Godinho, é
caracterizado pela “descontinuidade da prestação do trabalho, entendida como a não
permanência em uma organização com ânimo definitivo”. Resumidamente, possui as seguintes
características:
- Pessoa física
- Trabalho eventual
- O tomador de serviço assume os riscos
- Há subordinação.
- Pode haver ou não pessoalidade.
Trabalho Autônomo:
O trabalho autônomo é modalidade de relação de trabalho em que não há subordinação jurídica
entre o trabalhador e o tomador de seus serviços. Possui as seguintes características:
- Prestado por pessoa física;
- Serviço eventual ou contínuo;
- Sem subordinação;
- Não recebe salário, mas sim um “preço” pela prestação de serviço;
- Pode haver ou não pessoalidade. Depende do que for acordado entre as partes.
Exemplo: cooperativas (é uma sociedade de trabalhadores autônomos que se reúnem para
produzir algum bem ou para prestar um serviço).
CLT, Art. 442, Parágrafo único - Qualquer que seja o ramo de atividade da
sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus
associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela.
Atenção para o artigo 442-B da CLT, inserido com a Reforma Trabalhista! Tal dispositivo vem
reforçar a ideia de que o trabalhador autônomo não é considerado EMPREGADO!
“Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as
formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não,
afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3o desta Consolidação.”
Assim, por exemplo, os cooperados são sócios da cooperativa, e não empregados.
Trabalho Avulso:
É um trabalhador eventual que oferece sua força de trabalho por curtos períodos de tempo, a
distintos tomadores, sem se fixar especificamente a nenhum deles.
O que diferencia o trabalho como avulso é a necessária intermediação, seja pelo OGMO (órgão
gestor de mão de obra), seja pelo sindicato. Assim, percebe-se que o trabalho avulso é uma
subespécie de trabalho eventual, na qual há intermediação pelo OGMO ou por um sindicato. O
grande exemplo é o trabalhador portuário.
Trabalho Voluntário:
De acordo com o art. 1º da Lei 9.608/1998, é a “atividade não remunerada, prestada por pessoa
física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos,
que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência
social, inclusive mutualidade”.
O elemento diferenciador do trabalho voluntário é a ausência da intenção onerosa, ou seja, os
serviços são prestados de forma graciosa, benevolente.
Veja que, em cada uma destas espécies de relação de trabalho, falta um elemento
caracterizador da relação de emprego. Para melhor compreensão, estudemos agora a relação
de emprego, com todos os seus elementos caracterizadores:
RELAÇÃO DE EMPREGO
1) Habitualidade:
O trabalho precisa ser realizado em caráter contínuo. É preciso que o trabalho prestado tenha
caráter de permanência, ainda que por um curto período de tempo.
Não existe uma tabela pré-determinada de quantidade de dias de trabalho para este seja
considerado habitual, de modo que a habitualidade precisa ser analisada no caso concreto.
Alguns autores, como Renato Saraiva e Volia Bonfim, chegam a falar em “expectativa de retorno
do trabalhador”, mas não há um critério rígido e abstrato, pré-definido. A habitualidade
pressupõe a regularidade de horário, com a previsão de repetibilidade futura, não é a exigência
de trabalho em determinado número de dias por semana.
1) Onerosidade:
Para a existência da relação de emprego é necessária uma contraprestação salarial pelo serviço,
pelos dias efetivamente trabalhados. Não havendo tal contraprestação, temos um trabalho
voluntário (L9608/98), o que descaracteriza a relação de emprego.
Conforme veremos, o salário pode ser pago em dinheiro ou utilidades (salario “in natura”), por
dia, semana ou mês (sendo vedada estipulação em tempo superior), pela modalidade fixa ou
variável.
2) Pessoalidade:
As atividades do empregado somente por ele podem ser desempenhadas, de modo que
possuem um caráter de infungibilidade, conforme Godinho. Se essa atividade puder ser
delegada a outro estaremos diante de uma outra relação de trabalho, e não de emprego.
Assim, diz-se que o contrato de trabalho é intuito personae em relação a pessoa do empregado.
Destaque-se que esta pessoalidade se dá somente em relação ao empregado, pois, como vimos,
o princípio da despersonalização do empregador informa que empregado não está ligado à
figura pessoal do empregador através do contrato de trabalho. Desta forma, uma alteração no
contrato de trabalho em relação ao empregador é possível, mas não em relação ao obreiro,
tendo em vista que uma das características imprescindíveis no contrato de trabalho é a
pessoalidade quanto ao trabalhador.
O empregado sempre será uma pessoa física. O empregador pode ser uma pessoa jurídica, mas
o empregado é sempre pessoa natural.
4) Subordinação:
E o aprendiz?
O aprendiz é sim considerado um empregado, diferentemente do estagiário. O contrato de
aprendizagem é um contrato de trabalho:
- especial
- escrito
- por prazo determinado
No entanto, o servidor celetista, aquele que foi contratado pelo regime da CLT, é considerado
empregado para todos os efeitos, tendo como empregador a correspondente pessoa jurídica de
direito público. Com o retorno do Regime Jurídico Único originalmente previsto pela CF/88 (e
que chegou inclusive a ser alvo de emenda declarada inconstitucional por vício formal, em sede
de cautelar e com efeitos ex nunc), a tendência foi a de se tornar apenas administrativa a
modalidade de admissão de servidores pelos entes estatais. Portanto, hoje é raro encontrar
servidores celetistas na administração pública direta.
O contrato de trabalho, como qualquer outro contrato, deve obedecer aos requisitos básicos
quanto a sujeito, objeto e forma para ser considerado válido. Em regra, não há formalidades no
contrato de trabalho, como veremos a seguir.
#PED APROFUNDA: A despedida por justa causa é, sem dúvidas, a manifestação mais gravosa
do poder disciplinar do empregador. O empregador pode exercer o poder disciplinar através de
três figuras:
Foi inserido o §3º e modificado o §2º do art. 2º da CLT pela reforma trabalhista, ampliando as
hipóteses de responsabilização solidária para dois tipos de grupos econômicos: por
subordinação (vertical) e por coordenação (horizontal). Nas palavras de Vólia Bonfim Cassar4:
4
Comentários à reforma trabalhista / Volia Bomfim Cassar, Leonardo Dias Borges. -Rio
de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2017, p. 19 e 20
coordenação), mas sem comunhão de interesses administrativos e
sem atuação conjunta.”
Por fim, a reforma trabalhista inseriu o art. 456-A da CLT, reforçando o poder diretivo do patrão
quanto à escolha de vestimentas utilizadas pelo empregador no ambiente de trabalho e, em seu
parágrafo único, destacar que a regra é a higienização dos uniformes pelos obreiros.
A intenção do legislador foi impedir a indenização por suposto dano extrapatrimonial pelo uso
da imagem do empregado, já que alguns julgados defendiam essa tese.
• CLASSIFICAÇÃO
- Quanto à forma:
O contrato de trabalho pode ser constituído de forma tácita ou expressa, conforme se vê pelo
art. 442 da CLT:
Verbal
Expresso
Quanto à
Escrito
forma
Tácito
Caso seja expresso, pode vir a ser formalizado verbalmente ou por escrito. A regra é que o
contrato seja expresso e por escrito. Apesar da liberalidade inicial quanto à forma, existem
contratos que devem ser por escrito, são eles:
OBS: o empregador possui o prazo de 48 horas para anotar na CTPS informações como data da
admissão e remuneração, não havendo a necessidade de tal anotação no contrato de trabalho,
conforme art. 29 da CLT. Esta questão já foi objeto da prova objetiva da PGM Florianópolis.
- Quanto à duração:
Esta contratação é excepcional, tendo em vista que a regra é o contrato por prazo
indeterminado. Os contratados a termo possuem os mesmos direitos dos contratados a prazo
indeterminado.
Importante frisar, desde já, que há previsão na CLT e em lei extravagante (Lei nº 9.601/98) para
este tipo de contrato e veremos suas distinções abaixo.
Regramento da CLT
O art. 443, §§ 1º e 2º, da CLT, traz o que vem a ser contrato a prazo determinado e os requisitos
de validade:
Exemplo: o obreiro foi contratado por 1 ano. É possível prorrogar por mais 1 ano, preenchendo
os 2 anos. No entanto, se prorrogar mais 6 meses, não é possível outra prorrogação de 6 meses,
sob pena de ser considerado como um contrato por prazo indeterminado, pois a prorrogação só
pode ocorrer uma vez.
No que tange ao contrato de experiência, poderá vigorar por 90 dias, sendo possível sua
prorrogação, desde que respeitado este prazo, conforme determina a súmula nº 188 do TST:
Por derradeiro, é imprescindível que se respeite o prazo de 6 meses entre os contratos a termo
com o mesmo empregado. Caso contrário, será considerado estipulado contrato por prazo
indeterminado, nos termos do art. 452 da CLT.
Para celebração do contrato sob regramento desta lei, basta a previsão em convenção ou acordo
coletivo, não havendo necessidade de preenchimento de requisitos específicos, conforme art.
1º:
Assim, é uma forma simplificada para contratação por prazo determinado em comparação à
CLT, justificando sua utilização para fundamentar estatísticas que concluem pela diminuição do
desemprego, mesmo que de forma temporária.
O prazo máximo é igual ao da CLT (2 anos) e o lapso temporal entre os contratos também (6
meses). Porém, o contrato pode ser prorrogado quantas vezes forem necessárias dentro do
prazo de 2 anos (art. 1º, §2º, da lei em comento), ao contrário da CLT que possibilita somente
uma única prorrogação.
Art. 1º (...)
• Previsão normativa
• Prazo de duração
I. prazo determinado: pela CLT, prazo de até 2 anos, podendo ser prorrogado uma única
vez, desde que respeite os 2 anos. Já na Lei nº 9.601/98, deve se ater aos mesmos 2
anos, mas pode ser prorrogado mais de uma vez.
II. temporário: antes da alteração realizada pela Lei nº 13.429/17, o prazo era de 3 meses,
prorrogáveis por mais 3 ou 6 meses, dependendo da hipótese. Era necessária
autorização prévia do Ministério do Trabalho para viabilizar a prorrogação.
Atualmente, conforme art. 10, §§ 1º e 2º, da lei do trabalho temporário, o prazo é de 180 dias,
prorrogáveis por mais 90 dias, totalizando 270 dias (cerca de 9 meses). A possibilidade de
prorrogação do prazo máximo por norma coletiva foi vetada pelo Presidente da República.
Inicialmente, é preciso entender o que a lei considera como trabalho intermitente: de acordo
com o § 3º do art. 443, são serviços descontínuos, transitórios, com alternância de períodos de
trabalho e de inatividade. O mesmo dispositivo aduz que essa espécie de contrato não se aplica
aos aeronautas, o que pode vir a ser cobrado em prova de concurso pela especificidade.
I - remuneração;
II - férias proporcionais com acréscimo de um terço;
III - décimo terceiro salário proporcional;
IV - repouso semanal remunerado; e
V - adicionais legais.
Há exigência de validade da cláusula de intermitência quanto à forma, haja vista que o contrato
deve ser escrito (art. 452-A, caput), isto é, caso o empregado seja contratado oralmente ou de
maneira tácita, não será regido pelo contrato intermitente e o seu tempo a disposição será
contado conforme o art. 4° da CLT, devendo ser aplicadas as demais regras da CLT.
O valor da hora de trabalho não pode ser inferior ao salário mínimo ou àquele devido aos
demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato
intermitente ou não. Atente-se que a comparação com os demais empregados se dá de forma
genérica, não sendo obrigatória a comparação somente com os que foram contratados de forma
intermitente.
A convocação do trabalhador (§1º do art. 452-A) será feita quando o empregador necessitar,
por qualquer meio eficaz, devendo ser realizada com antecedência mínima de 3 dias corridos. O
obreiro intermitente possui o prazo de um dia útil para responder se aceita ou não o chamado
e o seu silêncio é entendido como recusa (§2º). A recusa (tácita ou expressa) não acarreta a
descaraterização da subordinação inerente ao vínculo empregatício (§3º).
Caso o trabalhador intermitente aceite a oferta e não compareça, o empregado pagará ao
patrão uma multa equivalente a 50% da remuneração que seria devida, permitida a
compensação. A mesma penalidade se aplica ao empregador que descumpre o avençado (§4º).
Em decorrência deste dispositivo, surge uma dúvida: o valor da multa vai se basear sobre o valor
do que seria pago no dia (ou pela hora, dependendo do caso) ou sobre todo o trabalho
convocado? Na opinião de Vólia Bonfim Cassar, a multa deve incidir somente sobre o dia de
trabalho, conforme se vê abaixo:
No que toca ao período de pagamento do salário, a redação do §6º dispõe que ao “final de cada
período de trabalho”, o empregado receberá o pagamento imediato da remuneração, do
repouso, além das férias e trezena proporcional. Mas qual é o sentido da expressão “ao final de
cada período”? Vólia Bonfim Cassar defende que a periodicidade máxima para pagamento é a
mensal, mesmo na hipótese de o trabalho ser em período superior a um mês, pois, caso
contrário, seria desrespeitado o art. 459 da CLT.
Nas palavras de Vólia Bonfim, além dos direitos previstos nos incisos I a V do § 6° do art. 452-A
da CLT, os demais direitos trabalhistas devem ser estendidos aos empregados intermitentes,
apesar de não mencionados no § 6.°. Logo, os incisos são exemplificativos, e não taxativos.
Atente-se que as férias serão usufruídas sem o pagamento nesse momento, pois, de acordo com
o §6º, inciso II, a quitação das férias proporcionais ocorrerá ao fim de cada período.
5Comentários à reforma trabalhista / Volia Bomfim Cassar, Leonardo Dias Borges. -Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2017, p. 46
3.2 – Terceirização:
Primeiramente, vale destacar que a Lei nº 6.019/74 foi modificada duas vezes em 2017. A
primeira pela Lei nº 13.429/17, em 31 de março, e a segunda pela Lei nº 13.467/17 (reforma
trabalhista).
Terceirização de
trabalho temporário
Terceirização
latu sensu
Terceirização em geral
Intermediário
(empresa de trabalho
Trabalhador
temporário ou
Tomador de serviço empresa de
temporário ou
terceirizado
prestação de
serviços)
A partir de agora, utilizaremos nomenclaturas próprias para diferenciar os dois tipos, conforme
a lei. O primeiro tipo (trabalho temporário) é praticado pela empresa de trabalho temporário,
como já estava previsto na Lei 6.019/1974, e o segundo (terceirização em geral), pela primeira
vez regulado em lei, pela empresa de prestação de serviços. Posteriormente à reforma
trabalhista, ocorreram pequenas modificações quanto a esta última.
A terceirização em geral está regulamentada nos arts. 4º-A e 5º-A da Lei nº 6.019/74. Estes dois
dispositivos foram adicionados pela Lei nº 13.429/17 e alterados pela Lei nº 13.467/17 (reforma
trabalhista).
Somente a pessoa jurídica pode terceirizar trabalhadores, de acordo com o art. 4º-A. Este artigo,
antes da alteração pela reforma trabalhista, mencionava que a empresa prestadora de serviços
deveria prestar serviços “determinados e específicos” a contratante. A redação gerava
controvérsias a respeito da possibilidade ou não de se terceirizar atividade-fim. A dúvida ocorria
porque o legislador, quando tratou do trabalho temporário, foi claro em autorizar a terceirização
em atividade-fim.
Atualmente, a redação do art. 4º-A deixa claro que é possível a terceirização em atividade-fim:
Art. 4o-A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a
transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas
atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de
direito privado prestadora de serviços que possua capacidade
econômica compatível com a sua execução. (Redação dada pela Lei nº
13.467, de 2017)
A lei cria óbice para reconhecimento de vínculo entre terceirizado e tomador de serviços (§ 2º
do art. 4º-A). Porém, caso haja subordinação entre estes, em respeito ao princípio da primazia
da realidade, será possível o reconhecimento de vínculo empregatício.
Intermediário
Tomador de Empresa (empresa de
Empregado
serviço gerenciadora prestação de
serviços)
OBS: a quarteirização vinha sendo admitida na Administração Pública mesmo antes desta
alteração legislativa. O próprio TCU já se manifestou a respeito, dando o aval para esta prática.
Ao contrário do que ocorre no trabalho temporário, a isonomia salarial foi facultada entre os
empregados do tomador e terceirizados (§ 1º do art. 4º-C), sendo prevista igualdade somente
quanto à alimentação, serviços de transporte e atendimento médico ou hospitalar (inciso I do
art. 4°-C). Percebe-se, assim, que o trabalho temporário dá mais garantias que a terceirização
em geral.
Outra distinção em relação ao trabalho temporário é que a empresa prestadora de serviços não
precisa de registro no Ministério do Trabalho, devendo somente ter CNPJ e registro na Junta
Comercial (art. 4º-B, incisos I e II).
A Lei nº 13.467/2017 impediu de figurar como contratada a pessoa jurídica cujos sócios tenham,
nos últimos 18 meses, prestado serviços a contratante na qualidade de empregado ou
trabalhador sem vínculo de emprego (art. 5°-C). A medida visou inibir empregadores de
dispensarem seus empregados para, depois, recontrata-los como pessoa jurídica, para que esta
faça a intermediação da mão de obra. Da mesma forma, o ex-empregado não poderá ser um
terceirizado da ex-empregadora pelo prazo de 18 meses (art. 5º-D). Assim, o empregador não
poderá despedir empregados com o objetivo de recontrata-los como terceirizados. Neste ponto,
a reforma trabalhista melhorou a Lei nº 13.429/2017.
Art. 5º-C. Não pode figurar como contratada, nos termos do art. 4º-A
desta Lei, a pessoa jurídica cujos titulares ou sócios tenham, nos
últimos dezoito meses, prestado serviços à contratante na qualidade
de empregado ou trabalhador sem vínculo empregatício, exceto se os
referidos titulares ou sócios forem aposentados. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)
Art. 5º-D. O empregado que for demitido não poderá prestar serviços
para esta mesma empresa na qualidade de empregado de empresa
prestadora de serviços antes do decurso de prazo de dezoito meses,
contados a partir da demissão do empregado. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)
No que tange à terceirização realizada pela Administração Pública, Vólia Bonfim Cassar defende
que continua limitada às atividades-meio ou aos excepcionais casos de necessidade, ou seja,
nada se modificou. No entanto, há fortes correntes afirmando que uma perigosa porta foi aberta
para que a Administração Pública terceirize toda e qualquer atividade, salvo as carreiras de
Estado (agentes públicos), pois dificilmente será responsabilizada de forma subsidiária diante
do novo posicionamento do STF de que o ônus probatório quanto à falta de fiscalização realizada
no curso do contrato é do trabalhador. Recentemente, foi publicado o DECRETO Nº 9.507, DE
21 DE SETEMBRO DE 2018, o qual regulamentou a terceirização na Administração Pública
Federal, dispondo sobre atividades para as quais não será admitida a execução indireta, tais
como atividades estratégicas e ligadas ao poder de polícia:
Art. 3º Não serão objeto de execução indireta na administração pública federal direta,
autárquica e fundacional, os serviços:
O inciso II destaca que, mesmo que haja contratação irregular de trabalhador por empresa
interposta pela Administração Pública (terceirização ilícita), não gerará liame empregatício, pois
o princípio do concurso público (art. 37, II, da CRFB) prevalece sobre o princípio da primazia da
realidade.
Já o inciso III destaca que não pode haver pessoalidade e subordinação direta do tomador de
serviços em relação ao trabalhador terceirizado. Como visto acima, o §1º do art. 4º-A deixa claro
que “A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e dirige o trabalho realizado por
seus trabalhadores”. Quanto ao serviço de vigilância, este é, em regra, de terceirização
obrigatória, pois os vigilantes, em sua maioria, possuem permissão para uso de arma de fogo,
sendo que o empregador não costuma ter essa capacidade de treinamento.
Responsabilidade na terceirização:
A responsabilidade do tomador de serviços é, em regra, subsidiária, conforme inciso IV da
súmula nº 331 do TST e previsão expressa do § 5º do art. 5°-A da Lei 6.019/74, inserido pela Lei
nº 13.467/17.
O inciso IV da Súmula nº 331 do TST possuía redação em sentido oposto. No julgamento da ADC
nº 16, o STF declarou que o dispositivo é constitucional, mas se entendeu que a Administração
Pública poderia ser responsabilizada subsidiariamente em caso de culpa comprovada quanto à
fiscalização do contrato. Diante deste posicionamento do STF, o TST alterou o inciso IV seguindo
o posicionamento do STF. Portanto, caso haja culpa in vigilando, diante da obrigação do ente de
acompanhar o cumprimento das obrigações das empresas perante seus trabalhadores, haverá
responsabilidade subsidiária.
Importante destacar novo posicionamento do STF quanto ao ônus probatório para comprovar a
culpa in vigilando. Tendo em vista que é uma hipótese constitutiva de direito e, portanto, ônus
de quem alega, o Supremo Tribunal Federal, no RE 760.931, julgado em 26 abril de 2017,
estabeleceu que o ônus probatório quanto à falta de fiscalização no contrato é da parte
reclamante, fixando a seguinte tese de repercussão geral:
OBS (concursos para advocacia pública): é importante destacar que há nova tese fazendária
defendida pela AGU no sentido de que o verbete sumular estaria superado no ponto em que
responsabiliza a fazenda pública subsidiariamente por conta do art. 8º, § 2º, da CLT (inserido
pela reforma trabalhista), pois este afasta a incidência de súmulas que restrinjam direitos
previstos em lei ou criem obrigações que nela não estejam previstas, nestes termos:
Desta forma, a súmula seria contra-legem, tendo em vista que restringe direito legalmente
previsto no art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93.
No que tange à terceirização ilícita, é cediço que não é possível requerer o vínculo
empregatício com o ente público, como explicado acima. Quanto ao pagamento de verbas, a
Administração Pública deve pagar todas as verbas de forma direta e solidária com o
empregador formal, em respeito ao princípio da isonomia (OJ nº 383 da SDI-1):
Antes da edição desta OJ, a Administração Pública aplicada a súmula nº 363 do TST,
reconhecendo somente o direito ao salário e FGTS. Essa prática fomentava a terceirização
ilícita. A súmula nº 363 do TST trata da hipótese de contratação direta pela Administração
Pública sem concurso público, a qual acarreta a nulidade do contrato e direito somente ao
pagamento da contraprestação pactuada e depósitos de FGTS.
A fundamentação para esse entendimento é a seguinte: em regra, os atos jurídicos nulos são
ineficazes. No entanto, em circunstâncias especiais são atribuídos efeitos jurídicos a atos
juridicamente nulos. No caso do contrato de trabalho, a relação jurídica é de trato sucessivo
e é impraticável devolver ao trabalhador o seu esforço físico e/ou mental aplicado na
execução do contrato, ou seja, não é possível o retorno ao status quo ante. Diante desta
impossibilidade, o TST e STF reconhecem que o trabalhador terá direito apenas à
remuneração pactuada pelos serviços prestados e os respectivos depósitos para o FGTS.
4 - DIREITO AMBIENTAL:
O artigo 3.º, I, da Lei 6.938/1981 nos traz o conceito legal de meio ambiente, servindo como
ponto de partida para o estudo da matéria:
Trata-se de uma classificação meramente teórica e fungível, pois o meio ambiente é único,
indivisível.
O meio ambiente NATURAL é formado pelos bens da natureza, ou seja, por tudo aquilo que
existe independentemente de intermediação do ser humano (Ex: água, fauna, flora, recursos
naturais etc). Já as outras três modalidades decorrem de uma ação antrópica na natureza.
Ex: uma casa pode fazer parte do meio ambiente cultural (casa tombada), do meio ambiente
do trabalho (no caso do empregado doméstico) e do meio ambiente artificial (construção do
homem na natureza).
Tal artigo consagra o meio ambiente como um direito fundamental de 3ª geração, mais
propriamente como um direito COMUM, GERAL e DIFUSO, pois pertencente a toda a
coletividade, de modo que seus titulares são pessoas indeterminadas.
E por ser um direito fundamental de 3ª geração, mais precisamente um direito difuso, trata-
se também de direito indivisível e transindividual, conforme prevê o art. 81, I do CDC, que faz
parte do microssistema de tutela coletiva.
CDC ART. 81
O poder público deve sempre se antecipar com instrumentos para precaver / prevenir a
ocorrência do dano.
Já o princípio da precaução é aquele que revela dúvida científica. O risco é incerto, abstrato.
Normalmente são atividades humanas fruto de um desenvolvimento tecnológico, e que
geram controvérsia sobre os males que podem ser causados. Nessa linha, a Lei de
Biossegurança (L11105/05), em seu art. 1º, menciona os OGMs (organismos geneticamente
modificados) e a necessidade de observância do princípio da precaução diante dessas novas
tecnologias.
Com base nesse principio, existe o “in dubio pro natura” ou “in dubio pro salute”.
Se o órgão ambiental estiver diante de um pedido de licença sobre uma atividade que não se
sabe o risco, deve exigir medidas de precaução para tomar cautelas e evitar os males
ambientais que não se sabe ao certo se existirão.
Assim, o Princípio da Precaução é a garantia contra os riscos potenciais, que, de acordo com
o estado atual de conhecimento, não podem ser ainda identificados (Romeu Thomé, Manual
de Direito Ambiental, 2016, p. 86), mas que nem por isso devem ser ignorados, pois incide o
princípio in dubio pro natura, de sorte que cabe ao desenvolvedor da atividade econômica
comprovar que as intervenções pretendidas não são poluentes. É também este princípio que
justifica a inversão do ônus da prova em matéria ambiental, transferindo para o
empreendedor da atividade potencialmente lesiva o ônus de demonstrar a segurança do
empreendimento.
“ Esse preceitua que o meio ambiente deve ter em seu favor o benefício da
dúvida no caso de incerteza (por falta de provas cientificamente relevantes)
sobre o nexo causal entre determinada atividade e um efeito ambiental nocivo.
Assim, ao interpretar o art. 6°, VIII, da Lei n° 8.078/90 c/c o art. 21 da Lei n°
7.347/85, conjugado com o princípio da precaução, justifica-se a inversão do
ônus da prova, transferindo para o empreendedor da atividade potencialmente
lesiva o ônus de demonstrar a segurança do empreendimento.” Precedente
citado : REsp 1.049.822-RS , DJe 18/5/2009. REsp 972.902-RS, Rel. Min. Eliana
Calmon, julgado em 25/8/2009.
Importante mencionar doutrina minoritária (Edis Milaré) que entende que o princípio da
precaução estaria incluído no princípio da prevenção. Para o autor, a prevenção teria um
caráter mais genérico, ao passo que a precaução teria um caráter específico, de modo que o
primeiro englobaria o segundo.
1
De acordo com um antigo relatório da ONU , o “desenvolvimento sustentável é aquele que
atende às necessidades das presentes gerações sem privar as futuras gerações dos recursos
naturais”.
Por essa ideia, é preciso consumir de maneira adequada para preservar a dignidade
ambiental daqueles que ainda nem nasceram.
Como manifestação desse princípio, a Constituição destaca que a ordem econômica tem
como um de seus princípios informadores a defesa do meio ambiente (art 170, VI). Em outras
palavras, a livre iniciativa não é absoluta, devendo respeitar as normas ambientais.
Trata-se de uma necessária ponderação que deverá ser feita casuisticamente entre o direito
fundamental ao desenvolvimento econômico e o direito à preservação ambiental, à luz do
Princípio da Proporcionalidade.
3) Princípio do poluidor-pagador:
De acordo com esse princípio, aqueles que poluem devem responder pelos custos sociais da
degradação causada. Em outras palavras, o poluidor precisa responder pelas externalidades
negativas de sua atividade, uma vez que não seria justo socializar os danos ambientais.
Um exemplo desse princípio é a responsabilidade objetiva por danos ambientais.
Destaque-se que a concessão de uma licença ambiental não desonera o poluidor de arcar com
eventuais prejuízos. Ainda que a atividade tenha sido regularmente licenciada, se houve
poluição, deverá o poluidor arcar com o ônus.
Por fim, saliente-se que esse princípio não pode ser utilizado como abertura incondicionada
à poluição, desde que se pague. Só pode poluir o que é permitido pela legislação ambiental,
e deverá responder por essa poluição. O princípio é poluidor-pagador, e não pagador-
poluidor.
A lei do PNMA (art. 14, §1º e art. 3º, IV) menciona que poluidor é a pessoa física ou jurídica, de
direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente pela degradação ambiental.
Assim, temos a figura do poluidor direto e o indireto (o “corresponsável ambiental”). O Novo
Código Florestal, confirmando a jurisprudência, reconhece a corresponsabilidade do
adquirente de imóvel rural com passivo ambiental (trata-se de obrigação “propter rem”). Sobre
o tema, vale destacar recente súmula do STJ:
Assim, para o STJ, a responsabilidade do Estado como poluidor indireto exigiria a inércia do
mesmo, nos casos de omissão determinante para o dano. Ademais, de acordo como STJ, trata-
se de uma responsabilidade de EXECUÇÃO SUBSIDIÁRIA, pois apenas se a execução não puder
alcançar o patrimônio do poluidor direto, a exemplo da insolvência, é que o processo executivo
será direcionado ao Poder Público. Confira-se:
É um princípio conexo com o anterior, mas que com ele não se confunde.
A expressão “uso de um recurso natural” é mais ampla que “poluição”. Quando se usa um
recurso natural, como a água de casa, não está poluindo, mas é necessário pagar por esse
uso. Nem todo mundo que usa, polui. Mas todo mundo que polui, está usando.
Assim, pelo princípio do usuário pagador, as pessoas que utilizam recursos naturais devem
pagar pela sua utilização, mesmo que não haja poluição, a exemplo do uso racional da água.
Nesse sentido confira-se a ADI 3.378, na qual o STF reconheceu que o ar. 36 da Lei do SNUC,
que trata do instituto da compensação ambiental, densifica o princípio do USUÁRIO
PAGADOR.
5) Princípio do protetor-recebedor:
Nesse sentido, qualquer incentivo que se dá pela legislação por questões ambientais (como
um benefício em dinheiro ou uma isenção tributária) é uma materialização desse princípio.
Exemplo: créditos de carbono
Não é um princípio exclusivo ambiental. Por esse princípio, as nações devem cooperar entre
si, especialmente a partir da celebração de tratados para a proteção do meio ambiente. Ex:
Discussão sobre o protocolo de Kyoto.
O princípio da ubiquidade está intimamente ligado a uma ideia de cooperação entre povos,
tendo em vista que o meio ambiente é, de certa forma, visto como um patrimônio "ubíquo",
pertencente a toda a coletividade. Assim, a ideia de atuação do ente apenas em seus limites
territoriais vai frontalmente de encontro com o que preconiza esse princípio.
Competências legislativas:
Em suma, cabe à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
• Direito Urbanístico
• Florestas
• Caça, Pesca, Fauna
• Conservação da Natureza
• Defesa do Solo dos Recursos Naturais
• Proteção do Meio Ambiente
• Controle da Poluição
Os municípios também têm competência para editar leis em matéria ambiental de interesse
local, com base não no artigo 24, mas sim no artigo 30, I e II (o tema foi cobrado na segunda
fase do concurso de Procurador da BH). Também há uma competência suplementar em
relação à legislação federal e estadual.
No entanto, alguns temas ambientais, em razão de interesse nacional, foram reservados pelo
artigo 22 à competência privativa da União, como o direito de águas, energia, atividades
nucleares de qualquer natureza, minas, jazidas e outros recursos minerais.
Desse artigo 22 é importante saber que compete privativamente à União legislar sobre:
• Direito Agrário
• Águas, Energia
• Jazidas, Minas, outros Recursos Minerais
• Populações Indígenas
• Atividades Nucleares
A única chance de os Estados e do DF legislar sobre esses temas é se houver uma lei
complementar delegando esses poderes da União.
Lembre-se de que, de acordo com a Constituição, enquanto a competência administrativa
exclusiva é indelegável, a competência legislativa admite delegação.
Conflito de normas:
De acordo com a maioria dos autores, no conflito de normas, prevalece a mais restritiva na
proteção do recurso natural.
Ex: A L7661 (lei de gerenciamento costeiro) é uma lei federal, que traz normas gerais.
De acordo com o art. 5º, todos os entes podem legislar sobre o tema, mas precisam respeitar
as diretrizes estipuladas pela União.
No entanto, o §2º traz uma menção de prevalência da norma mais restritiva em matéria de
gerenciamento costeiro, em caso de conflito.
Por maioria de votos, o Plenário do do STF negou provimento ao recurso interposto pela
empresa São Bernardo Ônibus Ltda. e outras permissionárias prestadoras de serviços de
transporte coletivo de passageiros de Belo Horizonte (MG) contra acórdão do Tribunal de
Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), que julgou constitucionais normas do município estipulando
a aplicação de multas para os proprietários de veículos automotores que emitem fumaça
acima de padrões considerados aceitáveis. Os ministros entenderam que, na defesa de
interesses locais, cabe ao município legislar em relação à proteção ao meio ambiente e
combate à poluição.
No caso, o ministro Celso de Mello ressaltou a competência dos municípios para legislar sobre
o meio ambiente, desde que o faça no interesse local. Para o ministro, a atuação dos
municípios para suplementar as legislações estadual e federal sobre o tema não representa
conflito de competência com as outras esferas da federação. O decano salientou que cumpre
à União estabelecer planos nacionais e regionais de proteção ambiental, mas que, na
eventualidade de surgirem conflitos de competência, a resolução deve se dar pelo princípio
da preponderância de interesses e pelo da cooperação entre as unidades da federação.
Competências Administrativas:
Uma pessoa que desmata sem a devida licença ambiental, por exemplo, poderá ser multada
pelo órgão ambiental do Município, Estado ou União. É por isso que existe licenciamento
ambiental nas 3 esferas, pois é tarefa comum dos entes proteger o meio ambiente.
O inciso III mostra o grande objetivo dessa LC, que é a de harmonizar a relação entre os entes,
para evitar conflitos negativos e positivos de competência. Isso ocorre muito em matéria do
licenciamento ambiental.
Segundo o inciso IV, a uniformidade se dá com a Política Nacional do Meio Ambiente, sem
prejuízo das politicas de meio ambiente aprovadas no âmbito dos Estados, DF e municípios,
que devem guardar compatibilidade com a política nacional.
A LC, no artigo 4º, também previu instrumentos para que os entes federativos pudessem
atuar de maneira compartilhada na proteção ambiental, tais como consórcios públicos,
convênios e delegação de atribuições.
As entidades políticas podem celebrar consórcios públicos para atingir interesses comuns, e
esse é um grande instrumento na proteção do meio ambiente.
Exemplo: consórcio público para a despoluição da Baía de Guanabara.
Essa exigência de estrutura mínima é voltada principalmente aos Municípios. Para haver a
delegação, é imprescindível que o Município tenha um órgão ambiental com profissionais
capacitados e que tenha criado um conselho municipal de meio ambiente, formado não
apenas por representantes do poder público, mas também por representantes da sociedade
civil organizada.
Essas comissões terão competências para definir alguns casos de licenciamento ambiental.
Previstos no inciso IV, os fundos públicos têm grande importância nessa proteção, porque
garantem recursos para serem investidos em prol do meio ambiente. O mais famoso é o
Fundo Nacional do Meio Ambiente, para onde vão os recursos arrecadados pelas multas
impostas pelo IBAMA.
Por serem planos nacionais e diretrizes, o óbvio é que sejam de competência da União.
Ademais, no caso de atividade nuclear, apenas a União terá competência.
Art. 21. Compete à União:
Essas competências da União são EXCLUSIVAS, ou seja, não podem ser delegadas.
As diretrizes nacionais para a utilização do solo são feitas pela União, mas será o Município
que irá fazer a ordenação territorial do seu solo.
Essa ordenação se dá, principalmente, através da aprovação do Plano Diretor - obrigatório
para todos os municípios com mais de 20 mil habitantes - e da lei de uso e parcelamento do
solo do município.
• Viola a CF/88 lei municipal que proíbe o transporte de animais vivos no Município.
Contudo, havendo duplicidade de autos de infração, deverá prevalecer o auto lavrado pelo
órgão competente para o licenciamento.
✓ Conceito (de acordo com a Resolução nº 237 do CONAMA): Estudos Ambientais são
todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização,
instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado
como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano
e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental,
plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.
Perceba que a resolução 237 traz um rol exemplificativo de estudos ambientais (relatório
ambiental, diagnóstico ambiental, plano de manejo etc). No entanto, este dispositivo não
mencionou o mais importante estudo ambiental, que se encontra previsto no artigo 225, §1º,
IV da CRFB: o EPIA (Estudo Prévio de Impacto Ambiental).
Esse estudo ambiental deve ser PRÉVIO - à luz dos princípios da prevenção e precaução – e deve
ser amplamente divulgado, devendo o poder público dar-lhe publicidade.
ATENÇÃO! Não é qualquer empreendimento apto a gerar degradação ambiental que exigirá o
EIA, mas apenas os empreendimentos que forem aptos a causar significativa degradação
ambiental.
II - Ferrovias;
A importância do EIA reside no fato de ser ele o instrumento que atesta a viabilidade ambiental
do empreendimento. Assim, se este projeto for apto a causar significativa degradação ambiental
ou estiver arrolado no art. 2º da Resolução nº 1 do CONAMA, o EIA será uma condição
indispensável para a obtenção da licença prévia. Não sendo obtida a licença prévia, o particular
não poderá prosseguir com o licenciamento ambiental de sua atividade.
O EIA é elaborado pelo proponente do projeto, pelo dono do empreendimento. Ele irá contratar
uma equipe técnica multidisciplinar e irá arcar com todas as despesas, respondendo
solidariamente por eventuais informações falsas ou omitidas.
O EIA precisa fazer um diagnóstico de toda área afetada pelo empreendimento, arrolar os
impactos positivos e negativos da obra, indicar medidas para mitigar ao máximo esses impactos
e medidas de acompanhamento do projeto.
A conclusão do EIA será pela viabilidade ambiental do projeto ou pela inviabilidade. Essa
conclusão não vincula o órgão ambiental, que pode discordar do EIA e decidir de maneira
diversa, mas deverá fundamentar o ato administrativo com base nas informações de sua própria
equipe técnica.
Além do EIA, existe um segundo documento que não tem previsão expressa no artigo 225, que
é o RIMA (Relatório de Impacto Ambiental). Este é um documento mais simples, que vai conter
apenas as conclusões do estudo prévio de impacto ambiental, em uma linguagem menos técnica
e mais objetiva, para que a população em geral consiga entender. Também tem caráter público,
ressalvada as hipóteses de preservação do sigilo industrial.
O principal objetivo do RIMA é o debate em audiência pública com a população local. A audiência
pública poderá se realizar a critério do órgão licenciador, ou mediante solicitação por entidade
civil, pelo Ministério Público ou por, no mínimo, cinquenta cidadãos.
Salienta-se que a manifestação popular na audiência pública não vincula o órgão ambiental, mas
é um importante instrumento de democracia participativa, que está regulamentado pela
Resolução nº 9 do CONAMA. Apesar de não ser obrigatória, uma vez solicitada a audiência
pública, ela deverá ser realizada, sob pena de anulação do processo.
Ainda acerca do EIA/RIMA, importante destacar dois temas que foram cobrados na última prova
da Procurador do Município de Niterói:
Na ADI 1505 o STF entendeu que a Constituição Estadual que prevê a necessidade de a
assembleia legislativa aprovar o RIMA viola a CRFB. Isso porque há clara violação ao princípio da
separação dos poderes, uma vez que o licenciamento de atividade potencialmente danosa ao
meio ambiente consubstancia ato típico da Administração Pública (exercício de função
administrativa).
Importante destacar também o entendimento jurisprudencial segundo o qual não é possível que
uma constituição estadual crie exceção à obrigatoriedade do EIA/RIMA:
O RAS, tal como o EIA, tem por objetivo oferecer elementos para a análise da viabilidade
ambiental de empreendimentos ou atividades.
Art. 2º da LC 140/2011:
De acordo com o art. 8º da Resolução, esse processo é formado por 3 grandes atos:
1) Licença prévia
2) Licença instalação
3) Licença operação
Será considerada iniciada a licença ambiental com a simples entrega do termo de referência,
mediante o preenchimento de formulário de abertura de processo (FAP) de licenciamento
ambiental e da entrega do termo de referência, mas sem o projeto básico ambiental.
O TR tem prazo de 2 anos e dentro desse prazo terá que ser aprovado o estudo ambiental para
obter a licença prévia.
Saliente-se que a resolução 237 não será aplicada a todo e qualquer licenciamento, uma vez que
é possível um regime mais flexível, a depender da atividade. No processo rígido previsto na
resolução, há a previsão de estudos mais complexos como EIA (estudo de impacto ambiental) e
o RIMA (relatório de impacto ambiental) que são exigidos entre o Termo de Referência e a
Licença Prévia.
Feitas estas considerações, vejamos agora cada uma dessas etapas do procedimento mais
complexo de lançamento.
➢ Etapas do Licenciamento:
O artigo 8º da Resolução 237 do CONAMA traz as 3 espécies de licenças, que em regra são
necessárias para o licenciamento ambiental:
1) Licença Prévia: atesta a viabilidade ambiental e aprova o projeto e a sua localização. Também
são feitas exigências para que se consiga a segunda licença ambiental. Prazo máximo de 5 anos.
3) Licença Operação: autoriza que se inicie a atividade, após o cumprimento das medidas de
controle ambiental e condicionantes para a operação. Prazo mínimo de 4 e máximo de 10 anos.
O Sistema Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei 6.938/91, prevê uma cooperação em
conjunto por todos os entes federativos (art. 6º).
• No Estado do RJ:
➢ Órgão Central: SEA
➢ Órgão Consultivo e Deliberativo: CECA/CONEMA
➢ Órgão executivo (autarquia): INEA
• No Município do RJ:
➢ Órgão central: SMAC
➢ Órgão consultivo e deliberativo: CONSEMAC.
➢ Não possui órgão executivo.