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SIBELE RESENDE PRUDENTE

A advocacia cível frente à evolução dos contratos

A concepção tradicional do contrato é formada por uma


ideia de contrato absolutamente paritário, onde as partes discutem
as cláusulas, uma propõe e a outra contrapropõe. Desta forma,
pressupõe no contrato uma igualdade de poder entre as partes e a
presença forte do princípio da obrigatoriedade baseado no pacta
sunt servanda.
Contudo, mutações principiológicas dos contratos levou
a concepção tradicional a uma crise. Um dos mais relevantes
princípios em que os contratos sempre se basearam é o da
igualdade das partes, mas isto quase nunca é verdadeiro, porque a
igualdade que reina no contrato é puramente teórica. É muito
comum que exista uma parte mais fraca que é “obrigada” a se
submeter às condições do mais forte.
Isto levou o legislador a intervir no contrato, por isso
hoje dizemos que o Direito Civil não é meramente privado e sim,
privado com interferência pública. Para remediar os efeitos da
desigualdade e limitar a autonomia da vontade, novas normas de
ordem pública foram criadas, contra as quais esbarra a liberdade
de estipular. É o magistrado que verifica se a ordem é ou não é de
ordem pública.
É evidente que esse contrato essencialmente paritário
ocupa hoje parcela muito pequena no mundo negocial; ex: é o
contrato de quem adquire o cavalo do vizinho. Atualmente,
contratamos cada vez menos com pessoas físicas e mais com
pessoas jurídicas, as quais fornecem os bens e serviços para o
consumidor final. Os contratos são hoje negócios de massa,
impostos a número indeterminado de pessoas que são
influenciadas pela mídia para que estejam sempre renovando seus
produtos e serviços.
A crise não é do contrato, nem do Direito Privado, é da
evolução da sociedade que se transforma rapidamente exigindo
dos juristas respostas aos novos desafios. Por isso, o atual Código
procura inserir o contrato como elemento social, colocando que
ele deve ser cumprido não unicamente em prol das partes, mas em
benefício da sociedade; já que uma obrigação descumprida
representa uma moléstia social, prejudicando uma comunidade.
Por isso, é melhor impor algumas regras de ordem pública,
inafastáveis pelo querer das partes, evitando assim o predomínio
da vontade do economicamente mais forte; art. 421.
O Código Civil traz uma nova concepção de contrato
baseado na função social do contrato. O CDC trouxe, no campo
dos contratos, instrumentos eficazes em favor do consumidor,
como: a inversão do ônus da prova; a proteção do contratante
mais fraco; o princípio geral da boa-fé; e a proteção ao
consumidor contra as cláusulas abusivas.
A função social do contrato está fortemente amparada no
Direito do Consumidor que se baseia no benefício não só para as
partes, mas também da coletividade, quando, por exemplo, decide
limitar a venda de produtos com o intuito de alcançar o maior
número de pessoas. Da mesma forma pela Constituição Federal
por meio do Princípio Constitucional da Solidariedade.
Igualmente no Direito Ambiental que tem como foco a proteção
de um meio ambiente sadio para todos, assim como o
desenvolvimento sustentável visando o bem comum.
Toda essa transformação dentro do Direito Contratual
fez com que os operadores do Direito se adaptassem e passassem
a ter habilidades e competências diferenciadas porque hoje o
contrato tem que ser visto de uma forma muito mais ampla e
complexa.
Hoje o contratualista tem que ser um profissional
extremamente qualificado. O advogado contratual é um
profissional responsável pelo estudo, confecção,
acompanhamento, interpretação dos contratos, estudo da
legislação aplicável ao contrato, produção de pareceres jurídicos,
revisão de minutas e cláusulas contratuais.
Mas além disso precisa ter expertises em ferramentas
multidisciplinares porque o mercado exige hoje que o
contratualista tenha um conhecimento amplo em virtude da
grande variedade de contratos existentes.
Além disso, as soluções jurídicas para as controvérsias
exigem não só conhecimento jurídico sólido, mas também
criatividade, capacidade de prever problemas futuros e proteger o
cliente desses problemas por meio das cláusulas contratuais. Da
mesma forma capacidade para gerenciar os problemas
estabelecidos com habilidades técnicas de conciliação.
Existem maneiras pontuais de qualificação profissional
como acompanhar e até mesmo fazer parte das comissões
temáticas da OAB, participar de eventos acadêmicos e
Congressos para acompanhar as produções intelectuais de ponta.
A evolução dos contratos mostra que o advogado
contratualista precisa estar antenado com a compliance fazer o
alinhamento da conduta do cliente perante as leis, normas éticas e
demais exigências que rondam o mercado.
O advogado de compliance garante o cumprimento da
legislação, minimizando riscos e evitando danos. Além de evitar a
judicialização, ele gera economia e permite a melhor alocação de
recursos. É uma atividade que evita multas, indenizações,
punições e cobranças judiciais. A compliance é muito promissora
porque traz credibilidade para o nome do advogado e seu
escritório. Com certeza a compliance fortalece a marca do
advogado e do seu cliente, quando trabalhada com maestria traz
credibilidade e seriedade.
Os grandes clientes têm investido muito em alternativas
de resolução de conflitos extrajudicial, com altos investimento na
prevenção de processos. Por isso, advogados que possuem
capacidade multidisciplinar em contratos são muito procurados
porque não é qualquer profissional que consegue: estudar a
legislação, interpretar cláusulas, prevenir problemas e tratar
crises.
 
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- A ADVOCACIA CÍVEL FRENTE À EVOLUÇÃO DOS


CONTRATOS

- CÓDIGO DE 1916
CONCEPÇÃO TRADICIONAL DO CONTRATO:
PARITÁRIO / PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE /
PACTA SUN SERVANDA (EXCEÇÃO: REVISÃO DE PENSÃO
ALIMENTÍCIA)

- MUTAÇÕES PRINCIPIOLÓGICAS :
CRISE DA CONCEPÇÃO TRADICIONAL E DO PRINCÍPIO
DA IGUALDADE DAS PARTES

- CÓDIGO DE 1916
CONSTITUIÇÃO FEDERAL (PRINCÍPIO DA
SOLIDARIEDADE)
CÓDIGO DO CONSUMIDOR (INVERSÃO DO ÔNUS DA
PROVAL, PROTEÇÃO DO MAIS FRACO E PRINCÍPIO DA
BOA-FÉ)

- CDC : FUNÇÃO SOCIAL – LIMITAR A QUANTIDADE DE


PRODUTO

- CÓDIGO DE 2002 :
INTERFERÊNCIA ESTATAL FUNÇÃO SOCIAL DO
CONTRATO E DA PROPRIEDADE

- CÓDIGO ATUAL:
LIMITAR O PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE
- DIREITO CIVIL PRIVADO COM INTERFERÊNCIA
PÚBLICA

- A CRISE NÃO É DO CONTRATO E SIM DA SOCIEDADE


QUE TRANSFORMA RÁPIDO E EXIGE MUDANÇAS NO
DIREITO, DAÍ A NECESSIDADE DO ELEMENTO SOCIAL
NO CONTRATO.
ART. 421 E 422

- HJ O CONTRATO PARITÁRIO É POUCO UTILIZADO,


PESSOAS JURÍDICAS X PESSOAS FÍSICAS
NEGÓCIOS DE MASSA COM CONTRATOS DE ADESÃO.

-EVOLUÇÃO
ADAPTAÇÃO DOS CONTRATUALISTAS
HABILIDADES E COMPETÊNCIAS DIFERENCIADAS
O CONTRATO É MUITO MAIS AMPLO E COMPLEXO.

- CONTRATUALISTA:
CONHECIMENTO MULTIDISCIPINAR
ESTUDO
CONFEÇÃO DO CONTRATO
ACOMPANHAMENTO
INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS
PRODUÇÃO DE PARECERES
REVISÃO DE MINUTAS E CLÁUSLAS CONTRATUAIS.

- BOM PARA O DEVEDOR E PARA O CREDOR:


PERDAS E DANOS
CLÁUSULA PENAL
OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA
FACULTATIVA

-CRIATIVIDADE
CAPACIDADE PARA PREVER PROBLEMA E PROTEGER O
CLIENTE POR MEIO DAS CLÁUSULAS
GERENCIAR PROBLEMAS JÁ EXISTENTES COM
TÉCNICAS DE CONCILIAÇÃO (NOTIFICAÇÕES
EXTRAJUDICIAIS)

- ACORDO DÁ DINHEIRO, MAS TEM QUE TER


HABILIDADE

- QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL:
COMISSÕES TEMÁTICAS DA OAB
EVENTOS ACADÊMICOS
CONGRESSOS
ACOMPANHAR PRODUÇÕES ACADÊMCIAS DE PONTA
BIBLIOTECAS DIGITAIS.

- COMPLIANCE:
ALINHAR A CONDUTA DA EMPRESA, DA COMPANHIA
COM NORMAS TÉCNICAS.

- COMPLIANCE:
GARANTE O CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO,
MINIMIZANDO RISCOS E EVITANDO DANOS.

- COMPLIANCE:
EVITA A JUDICIALIZAÇÃO
GERA ECONOMIA
PERMITE ALOCAÇÃO DE RECURSOS
EVITA MULTAS
INDENIZAÇÕES
PUNIÇÕES
COBRANÇAS JUDICIAIS.

- COMPLIANCE:
FUTURO
TRAZ CREDIBILIDADE PARA O ADVOGADO E PARA O
CLIENTE
FORTALECE A MARCA DO ESCRITÓRIO, SERIEDADE.

- GRANDES CLIENTES
TEM INVESTIDO EM ALTERNATIVAS DE RESOLUÇÃO
DE CONFLITOS EXTRAJUDICIALMENTE
PREVENÇÃO DO PROCESSO.

- ADVOGADOS
COM ESSAS HABILIDADES E COMPETÊNCIAS SÃO
PRECIOSOS NO MERCADO DE TRABALHO
PORQUE POSSUEM ESSE CONHECIMENTO
MULTIDISCIPLINAR.

- NÃO É QUALQUER PROFISSIONAL


QUE ESTUDA A LEGISLAÇÃO, INTERPRETA BEM AS
CLÁUSULAS, CONSEGUE PREVINIR PROBLEMAS E SABE
GERENCIAR CRISES.

- TER PERSISTÊNCIA PRINCIPALMENTE INÍCIO DE


CARREIRA (NOVA)

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