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Você sabe o que mudou no PMBOK 7 e


por que isso aconteceu?
por Renata Freitas Camargo

9-12 minutos

O PMBOK foi publicado na década de 1990 como um guia de boas


práticas extenso, robusto e vivo. Com o passar dos anos, muitos
setores começaram a trazer para a gestão de projetos ferramentas
de outras áreas da gestão, criando outras metodologias, ou
práticas mais aplicáveis a determinados mercados ou tipos de
projetos.

Quando o PMI criou o Standard de Gerenciamento de Programas e


Gerenciamento de Projetos, na revisão seguinte também houve um
esforço para reconhecer o que era standard dentro de uma
publicação que era uma extensa coletânea de práticas.

Na versão 6, o PMBOK reconhece as duas abordagens mais


comuns para projetos tradicionais e projetos ágeis. E na sétima
versão, o PMBOK 7 abandonou as áreas de conhecimentos pelos
princípios, e coloca as boas práticas em uma enciclopédia virtual
que é o PMI Standard Plus.

Por que o PMBOK mudou?

Quando o PMBOK foi publicado, um projeto era classificado como


bem-sucedido se estivesse sido entregue dentro do prazo e do
orçamento, respeitando o escopo e a qualidade esperada.

Ao longo dos anos, muitas mudanças foram ocorrendo e a


publicação seguiu acompanhando o cenário. Afinal, as dinâmicas,
tendências e os frameworks de gestão de projetos evoluem
conforme o ambiente.

Até que chegamos no contexto atual, dentro do qual gerentes de


projetos sabem que a concorrência é intensificada, produtos e
serviços possuem tempos mais curtos de desenvolvimentos e
diversas mudanças podem ocorrer durante o ciclo de vida de um
projeto.

Nesse cenário, os gerentes precisam tomar decisões mesmo em


meio a tantas incertezas. Como fala Ricardo Vargas em um de
seus podcasts sobre a nova edição do PMBOK, “não adianta mais
fazer as coisas do modo correto. Você tem que fazer as coisas
certas do modo correto”. Então, nada mais natural do que ver o
PMBOK mudar, pois somente assim ele seguirá sendo um guia
relevante e uma referência para prática de gerenciamento de
projetos.

O que mudou no PMBOK 7?

A sexta versão do PMBOK focava principalmente no


gerenciamento de projetos preditivos, que exige um ambiente mais
estável. A sétima edição, por sua vez, enfatiza a gestão de
projetos orientada a mudanças, justamente para estar de acordo
com o novo contexto global.

O PMBOK 7 é dividido em duas seções:

• Standard para Gerenciamento de Projetos (ou Padrões para


Gerenciamento de Projetos): esta seção apresenta uma introdução,
cobre o Sistema para Entrega de Valor e aborda os Princípios de
Gerenciamento de Projetos.

• Guia PMBOK: apresenta os Domínios de Desempenho.

Uma grande diferença em comparação com as edições anteriores,


que se baseavam em processos, a sétima muda para uma
perspectiva de 12 Princípios de Gerenciamento de Projetos –
considerados como a espinha dorsal dos Padrões.

Sobre o Sistema para Entrega de Valor, como mencionado em um


e-book publicado pelo PMI RJ, ele “requer que se defina a
governança e como ela suportará o sistema de entrega de valor
através de objetivos alcançáveis”

Adicionalmente, o Sistema para Entrega de Valor enfatiza


resultados valiosos sobre as entregas. Juntamente com os 12
Princípios, serve como um guia para gerentes de projeto, membros
da equipe e stakeholders entregar valor à organização e a todas as
partes envolvidas.

Sobre a seção denominada Guia PMBOK, ao contrário da sexta


versão, ela deixa de abordar áreas de conhecimento e grupos de
processos. Ao invés disso, cobre os Domínios de Desempenho do
Projeto.

A seguir, falaremos sobre os dois pontos: Princípios de


Gerenciamento de Projeto e os Domínios de Desempenho do
Projeto.

Entendendo os 12 princípios

Destacamos que essa abordagem por princípios pode beneficiar


qualquer pessoa que lidere um projeto, independentemente do
método de entrega, metodologia de gerenciamento etc. Os
princípios são:

• Servidão, Colaboração, Empatia, Foco no Valor, Pensamento


Sistêmico, Liderança, Tailoring (Adaptação), Qualidade,
Complexidade, Riscos, Adaptabilidade e Resiliência e Mudanças.

Como sugere o e-book publicado pelo PMI RJ, “os 12 princípios


parecem girar em torno de 3 temas principais: como possibilitar a
entrega de valor, como melhorar a interação entre Partes
Interessadas e como entender mudanças como instrumento de
melhoria”.

Assim, temos o seguinte:

• 1º Princípio: seja como um servidor diligente, respeitoso e


atencioso;

• 2º Princípio: crie um ambiente colaborativo com seu time;

• 3º Princípio: engaje efetivamente com os stakeholders para


entender seus interesses e necessidades (abordagem
colaborativa);

• 4º Princípio: foque em valor (lembrando que “valor” se refere ao


benefício. Em outras palavras, não basta entregar no prazo e
respeitando escopo e orçamento, é fundamental entregar
benefício);

• 5º Princípio: reconheça, avalie e responda às interações dos


sistemas (um projeto não é um sistema isolado, pois sofre
influência de ações internas e externas);

• 6º Princípio: motivar, influenciar, treinar e aprender;

• 7º Princípio: adapte a abordagem de entrega com base no


contexto (não existe mais o conceito de “one-size fits all” – um
tamanho serve para todos);

• 8º Princípio: integre a qualidade aos processos e resultados


(satisfazer as necessidades do cliente que usará o projeto);

• 9º Princípio: aborde a complexidade, que é uma parte inerente ao


projeto;

• 10º Princípio: responda a oportunidades e ameaças;

• 11º Princípio: seja adaptável e resiliente;

• 12º Princípio: disponibilize a mudança para alcançar o estado


futuro estável (entenda que as mudanças existem e podem ser
benéficas para a entrega de valor).

Como podemos ver, o PMBOK 7 aborda as áreas que os gerentes


de projetos precisam prestar atenção para entregar valor para a
empresa. Perceba também que os 12 princípios compartilham uma
semelhança com os princípios propostos pelo Manifesto Ágil e
Lean.

Entendendo os 8 Domínios de Desempenho do Projeto

Enquanto as edições anteriores abrangiam 10 Áreas de


Conhecimento, o PMBOK 7 apresenta os Domínios de
Desempenho do Projeto. Neste webinar, José Finocchio explica
que os domínios são como aspectos que precisamos prestar
atenção, enquanto as áreas de conhecimento antigas eram
disciplinas (cronograma, custo etc.).

Entenda que isso não significa que as Áreas de Conhecimento


perderam a relevância. Pelo contrário, elas seguem tendo
importância na gestão de projetos.

Os 8 Domínios do PMBOK 7 são:

• Partes interessadas, Equipe, Ciclo de vida, Planejamento,


Navegando na Incerteza e Ambiguidade, Entrega, Desempenho e
Trabalho no Projeto.

Explicando melhor:

• Partes interessadas: ter um compromisso sólido com as partes


interessadas;

• Equipe: promover o desenvolvimento da equipe e comportamentos


de liderança de todos os membros da equipe do projeto para atingir
os resultados;

• Ciclo de vida: o desenvolvimento e a cadência de entrega


influenciam o ciclo de vida do projeto e suas fases;

• Planejamento: atividades necessárias para produzir as entregas e


os resultados do projeto;

• Incerteza e Ambiguidade: atividades e funções relacionadas


associadas aos riscos;

• Entrega: associado à entrega de valor;

• Desempenho: garantir que o desempenho planejado do projeto


seja alcançado;

• Trabalho no Projeto: necessário para manter as operações do


projeto funcionando perfeitamente e inclui, além de outros,
comunicação, engajamento e outros trabalhos.

No Guia PMBOK 7, cada um do Domínios é dividido em três


partes. Na primeira, o PMI explica o que esperar dele como
resultado final. Na segunda, mostra aspectos de cada área. Na
terceira, explica como verificar se o resultado foi atingido.
Resumindo: principais mudanças no PMBOK 7

A sétima edição do PMBOK traz como principais mudanças:

• Princípios de Gerenciamento de Projetos em vez de Processos. Os


12 princípios resumem “o quê” e “o porquê” do gerenciamento de
projetos.

• Domínios de Desempenho do Projeto em vez de Áreas de


Conhecimento. Os 8 domínios são fundamentais para uma entrega
eficaz dos resultados do projeto.

• O foco do trabalho do projeto não se concentra apenas nas


entregas dos projetos, mas se estende também aos seus
resultados, ou, ao valor.

• Gestão na mudança como parte da gestão de projetos.

Além disso, o Standard Plus traz mais de 600 ITTOs (Inputs-Tool-


Techniques-Outputs) para Modelos, Métodos e Artefatos. Outro
ponto importante é que a abordagem por princípios faz com que
muitas organizações não sejam mais orientadas a indicadores
(KPIs), mas sim a objetivos (OKRs). E como objetivo principal de
todo gerente de projeto, destacamos a geração de valor para os
stakeholders.

Existem mais atualizações no PMBOK 7 que não são explicadas


neste artigo com mais detalhes. Caso queira saber mais ou precise
tirar alguma dúvida, fique à vontade para escrever nos
comentários.

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Créditos imagem principal: Unsplash por Octavian Dan.

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