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I – Relatório
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II – Factos Provados
1) E (…) e M (…), têm registada a seu favor, desde 09/01/1990, por doação de
M (…) e M (…), a aquisição de um terço do prédio rústico composto de terra
de cultura e eucaliptal, sito em (...) , limite de (...) , inscrito na matriz predial
rústica sob o artigo 10.061 da freguesia de Pombal e descrito na Conservatória
de Registo Predial de Pombal sob o nº 3868 da mesma freguesia.
2) ML (…) tem registada a seu favor, desde 09/01/1990, por doação de M (…)
e M (…) a aquisição de um terço do prédio rústico composto de terra de cultura
e eucaliptal, sito em (...) , limite de (...) , inscrito na matriz predial rústica sob o
artigo 10.061 da freguesia de Pombal e descrito na Conservatória de Registo
Predial de Pombal sob o nº 3868 da mesma freguesia.
3) M (…), casado com I (…), no regime da comunhão de adquiridos, tem
registada a seu favor, desde 09/01/1990, por doação de M (…) e M (…), a
aquisição de um terço do prédio rústico composto de terra de cultura e
eucaliptal, sito em (...) , limite de (...) , inscrito na matriz predial rústica sob o
artigo 10.061 da freguesia de Pombal e descrito na Conservatória de Registo
Predial de Pombal sob o nº 3868 da mesma freguesia.
4) E (…) e M (…), têm registada a seu favor, desde 09/01/1990, por doação de
M (…) e M (…), a aquisição de um terço do prédio rústico composto de terra
de cultura e eucaliptal, sito em (...) , limite de (...) , inscrito na matriz predial
rústica sob o artigo 10.065 da freguesia de Pombal e descrito na Conservatória
de Registo Predial de Pombal sob o nº 3872 da mesma freguesia.
5) ML (…)tem registada a seu favor, desde 09/01/1990, por doação de M (…) e
M (…)a aquisição de um terço do prédio rústico composto de terra de cultura e
eucaliptal, sito em (...) , limite de (...) , inscrito na matriz predial rústica sob o
artigo 10.065 da freguesia de Pombal e descrito na Conservatória de Registo
Predial de Pombal sob o nº 3872 da mesma freguesia.
6) M (…), casado com I (…), no regime da comunhão de adquiridos, tem
registada a seu favor, desde 09/01/1990, por doação de M (…) e M (…), a
aquisição de um terço do prédio rústico composto de terra de cultura e
eucaliptal, sito em (...) , limite de (...) , inscrito na matriz predial rústica sob o
artigo 10.065 da freguesia de Pombal e descrito na Conservatória de Registo
Predial de Pombal sob o nº 3872 da mesma freguesia.
7) Em escritura notarial, outorgada em 10/07/1981, M (…) e M (…) declararam
doar, com reserva de usufruto, os prédios supra descritos, aos seus filhos (…),
na proporção de um terço para cada.
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Para existir posse, é necessário assim que haja uma actuação de facto sobre
determinada coisa, traduzida na prática de actos materiais que
consubstanciem uma relação de domínio ou o exercício de um qualquer outro
direito menor.
(…)
Por outro lado, é preciso ter presente que a posse adquire-se, entre outras
formas, pela prática reiterada, com publicidade, dos actos materiais
correspondentes ao exercício do direito, nos termos do artigo 1263º alínea a)
do Código Civil.
Para o acto de investidura na posse não é suficiente a prática de um único
acto, mas de vários, embora possam ter conteúdos distintos e, por outro lado,
sem que esta reiteração implique a necessidade de uma actuação ininterrupta
e/ou contínua.
O que é certo é que, para o apossamento, é já necessária uma actuação com
uma intensidade superior, traduzida em actos materiais de uso, fruição ou
transformação, reveladores, de forma indubitável, de que entre a coisa e o
adquirente se estabeleceu, “ex novo”, uma clara relação domínio.
Nas palavras de HENRIQUE MESQUITA, com o que se concorda, “o
essencial, em suma, é que os actos aquisitivos, variáveis de caso para caso,
se dirijam ao estabelecimento de uma relação duradoura com a coisa não
bastando um contacto fugaz, passageiro.” (Direitos Reais”, Coimbra, 1967,
pág. 97).
Por outro lado, para a aquisição da posse, nos termos da alínea a) do artigo
1263º do Código Civil, é ainda necessário que os actos materiais sejam
realizados com publicidade, entendendo grande parte da doutrina que este
requisito da publicidade é referido ao conceito de posse pública, consagrado
no artigo 1262º do Código Civil, donde se infere a necessidade de os actos
serem praticados de modo a puderem ser conhecidos pelos interessados
(entre outros, Pires de Lima/Antunes Varela, “Código Civil Anotado”, vol. III,
Coimbra, 1987, pág. 26; Henrique Mesquita, “Direitos Reais”, Coimbra, 1967,
pág. 85; Manuel Rodrigues, “A Posse, Estudo de Direito Civil Português”,
Coimbra, 1996, pág. 187. Contra, cfr. Orlando de Carvalho, “Revista de
Legislação e Jurisprudência”, Ano 124, Coimbra, pag. 260 e Durval Ferreira,
“Posse e Usucapião”, Coimbra, 2002, pág. 159)
Quando os actos materiais não apresentem a exterioridade suficiente para
serem conhecidos dos interessados, quer porque, de per si, não a possuam,
quer porque, por acto voluntário do seu autor, sejam ocultados, então, serão
meros actos clandestinos, insusceptíveis de conformar qualquer apossamento.
Aqui chegados, cumpre atender que tais preocupações, no caso das servidões
constituídas por usucapião, foram levadas pelo legislador ao extremo de não
permitir tal constituição nos casos de servidões não aparentes.
Com efeito, por força do disposto no artigo 1548º do Código Civil, as servidões
não aparentes não podem ser constituídas por usucapião, considerando-se
não aparentes as servidões que não se revelam por sinais visíveis e
permanentes.
Como se deixou expresso no acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra de
15/10/2013 (base de dados da DGSI, processo nº 78/11.1TBSCD.C1), “(…) a
irrelevância do magno instituto da usucapião para a constituição de invocadas
servidões que não se revelem materialmente em termos inequívocos, reside
na preocupação legal de se evitar tal constituição em situações em que a
atuação/posse é exercida por mera tolerância do dono do dito prédio serviente
ou, até, sem que este dela tenha conhecimento”.
Tendo presente que – a não exigir-se um rigor acrescido nos referidos termos
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indiscutível.
Na qualificação do que se deverá entender por sinais visíveis e permanentes,
cumpre ainda aderir ao entendimento expresso no acórdão do Tribunal da
Relação de Coimbra de 16/10/2012 (base de dados da DGSI, processo nº
2763/08.6TBPBL.C1), na parte em que se referiu que:
“(…) Por sinais entende-se tudo aquilo que possa conduzir à revelação de
qualquer coisa ou facto, principalmente indícios que revelem a existência de
obras destinadas a facilitar e a tornar possível a servidão.
Na servidão de passagem poderão ser, por exemplo, a existência de um trilho
de terra batida ou empedrada, de sulcos de rodados de tracção animal
deixados pelo decorrer dos tempos, em pedras existentes no caminho,
tranqueiros, cancelas, pontes, etc.. A servidão de passagem tornar-se-á
aparente desde que se faça um caminho, uma ponte ou se abra uma porta.
Esses sinais hão-de ser visíveis, permanentes e inequívocos, pois só deste
modo poderão indicar a existência de servidão aparente. (…)
Além de visíveis ou aparentes, os sinais devem ser permanentes, revelando
uma situação estável, que foram postos com intenção de assegurar a serventia
de um prédio para o outro, com carácter de permanência. …”.
E importa ainda ter presente que, será sempre pelo valor e conteúdo dos actos
materiais praticados que se há-de qualificar o direito possuído,
designadamente atendendo à extensão dos poderes materiais exercidos.
Como bem se deixou expresso no acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra
de 21/10/2014 (base de dados da DGSI, processo nº 607/06.2TBPMS.C1),
com o que se concorda, “(…) quanto à regulação da extensão e exercício da
servidão, a lei remete para o título constitutivo e na sua insuficiência para a
norma supletiva do art.1565 CC.
Constituída uma servidão por usucapião, o seu conteúdo ou extensão e o seu
exercício determina-se pela posse do respectivo titular, segundo o princípio
“tantum prescriptum quantum possessum “.
A extensão visa o elemento quantitativo (por exemplo, o comprimento e largura
do caminho), o exercício reporta-se ao elemento qualitativo (por exemplo, na
servidão de passagem o exercício a pé ou de carro) (cf. Tavarela Lobo,
Mudança e Alteração de Servidão, pág.13 e 41).
Sendo o título da constituição da servidão a usucapião, o exercício e extensão
da servidão afere-se pela posse do titular, a chamada “ posse da servidão”.
Por conseguinte, tanto o modo de exercício da servidão, concebido como
exercício efectivo, a maneira como a servidão é exercida, tudo o que serve
para precisar o seu conteúdo, a maior ou menor extensão, como o “tempo de
exercício”, ou seja, o período no qual a servidão deve ser exercida, a época do
aproveitamento das utilidades que a servidão oferece, são determinados pelo
título.”.
Sem se esquecer, por último, que para a aquisição do direito de servidão, por
usucapião, a lei impõe o decurso de determinado tempo e o exercício da posse
em determinadas condições, necessariamente, em termos públicos e pacíficos
(artigo 1297º do Código Civil).
Devendo entender-se que a posse é pacífica quando não foi adquirida com
violência, considerando-se violenta a posse, quando, para obtê-la, o possuidor
usou de coacção física ou de coacção moral nos termos do artigo 255º.
E que posse pública, por força do artigo 1262º do Código Civil, é aquela que se
exerce de modo a poder ser conhecida pelos interessados.
Nas palavras de L. CARVALHO FERNANDES (Lições de Direitos Reais, 4ª
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