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Instituto de Educação
Paulo Jorge Miranda Araújo O Ensino das Ciências Musicais e a Retórica: Discurso Musical no Período Barroco
Paulo Jorge Miranda Araújo
UMinho|2016
julho de 2016
Universidade do Minho
Instituto de Educação
Relatório de Estágio
Mestrado em Ensino de Música
julho de 2016
Nome: Paulo Jorge Miranda Araújo
Titulo do Relatório: O Ensino das Ciências Musicais e a Retórica: Discurso Musical no Período
Barroco.
________________________________________
ii
AGRADECIMENTOS
Um agradecimento especial à Professora Doutora Elisa Lessa, minha orientadora
e supervisora de estágio, pela orientação, apoio, otimismo e incentivo não só na
elaboração deste trabalho como também no meu crescimento pessoal e profissional.
Aos professores cooperantes Sônia Marques e Nuno Rocha, pelo seu apoio e
aconselhamento da prática letiva.
iii
iv
RESUMO
v
vi
ABSTRACT
The study entitled “The Education of Musicology and the Rhetoric: Musical
Discourse in the Baroque Period”, is an approach to the subject of musical rhetoric in
the teaching of Musicology. This project was implemented at the Oporto Music
Conservatory, within the framework of a Master's degree in Music Education at the
University of Minho. The study gives close attention to the following research questions:
1) what is music rhetoric, 2) how to deal with the issue of Baroque musical rhetoric with
students, and 3) what is the contribution of the subject matter at hand to the training of
students. The methodology used in this research is qualitative and participants were
students from four different classes studying Music Initiation IV, Music Training (grade
6 / level 2 and grade 9 / level 5) and History of Culture and Arts (Grade 11) at the Oporto
Music Conservatory. In short, the study aims to understand and apply the structures in
rhetoric discourse in the didactics of Musicology in the works of the baroque period,
taking into account that musical rhetoric is a subject that is often unknown / worked on
by students; understand that the musical rhetoric is a theme that overlaps with several
existing subjects in the curriculum including Philosophy and Portuguese; get students
interested in the subject, establishing relationships with the above mentioned subjects
taking into consideration that pedagogical support material is almost non-existent. This
study is a contribution to a possible approach to the world of communication and
organization of musical thought.
vii
viii
ÍNDICE
ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................. x
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11
I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA ...... 13
1.1 A Retórica – Breves Apontamentos...................................................................... 13
1.2 A Teoria dos Afetos .............................................................................................. 18
1.3 Música e Retórica ................................................................................................. 24
1.3.1 As sete artes liberais: Trivium e Quadrivium ................................................. 24
1.3.2 Musica Poetica – Tratados ............................................................................. 25
1.3.3 Retórica Musical ............................................................................................ 27
1.4 Retórica – Análise do Discurso Musical ............................................................... 30
II – INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA ....................................................................... 39
2.1 Contexto geral de intervenção .............................................................................. 39
2.1.1 História e caracterização do Conservatório de Música do Porto ................... 39
2.1.2 Caracterização das turmas alvo de intervenção.............................................. 41
2.2 Observação de aulas .............................................................................................. 43
2.2.1 Formação Musical .......................................................................................... 46
2.2.2 História da Cultura e das Artes ...................................................................... 46
2.3 Plano Geral de intervenção ................................................................................... 47
2.3.1 Transdisciplinaridade no Ensino das Ciências Musicais................................ 47
2.3.2 Formação Musical .......................................................................................... 49
2.3.3 História da Cultura e das Artes ...................................................................... 55
2.3.4 Projeto Artístico “O Bandolim na Era Barroca” ............................................ 65
III – RECOLHA E ANÁLISE DE DADOS ................................................................ 69
3.1 Formação Musical ................................................................................................. 69
3.2 História da Cultura e das Artes ............................................................................. 71
IV – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .......................................................... 77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 81
Anexo 1 .......................................................................................................................... 87
Anexo 2 .......................................................................................................................... 89
Anexo 3 .......................................................................................................................... 91
Anexo 4 .......................................................................................................................... 95
ix
ÍNDICE DE FIGURAS
x
Introdução
INTRODUÇÃO
The union of music with rhetorical principles is one of the most
distinctive characteristics of Baroque musical rationalism and gave shape
to the progressive elements in the music theory and aesthetics of the
period (Buelow, s.d.).
O interesse por este tema foi-nos despertado desde a nossa formação de base, na
Unidade Curricular de História da Música e Análise Musical do período Barroco. Uma
das características deste período é a Teoria dos Afetos, que embora merecesse um
destaque na UC não nos satisfez e sentimos necessidade de o aprofundar.
11
Introdução
século XVII, compreender a forma das obras musicais à luz de uma análise retórica e
compará-la com a estrutura retórica de um sermão do Padre António Vieira.
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Retórica (è), s.f. (do lat. Rhetorica ). A arte de bem falar. || A arte que expõe as
regras para bem dizer ou falar eloquentemente; conjunto dessas regras; a arte do
orador. ||A aula em que se ensina essa arte. || Tratado ou livro que contém as regras
da oratória. || Expansão eloquente; exibição de meios oratórios. || Tudo aquilo de que
nos servimos no discurso para produzir bom efeito no público, para persuadir os
ouvintes. || Afectação da eloquência; discurso empolado e pomposo. || Discurso
pobre de ideias, embora possa ser brilhante na forma. […] Fazer retórica, falar ou
escrever com estilo empolado e em grande opulência de forma […] Figuras de
retórica, artificio de linguagem que modifica a expressão do pensamento, para a
tornar mais viva, mais enérgica ou mais compreensível (Machado, 1981, p. 338).
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
democracia, necessitava de cidadãos hábeis na arte de bem falar e persuadir para fazer
valer o seu ponto de vista na vida pública.
Quanto mais se soubesse tudo, Sócrates, a retórica, por assim dizer, abrange o
conjunto das artes, que ela mantém sob sua autoridade. Vou apresentar-te uma prova
eloquente disso mesmo. Por várias vezes fui com meu irmão ou com outros médicos
à casa de doentes que se recusavam a ingerir remédios ou a deixar-se amputar ou
cauterizar; e, não conseguindo o médico persuadi-lo, eu o fazia com a ajuda
exclusivamente da arte da retórica. Digo mais: se na cidade que quiseres, um médico
e um orador se apresentarem a uma assembleia do povo ou a qualquer outra reunião
para argumentar sobre qual dos dois deverá ser escolhido como médico, não contaria
o médico com nenhuma probabilidade para ser eleito, vindo a sê-lo, se assim o
desejasse, o que soubesse falar bem. E se a competição se desse com representantes
de qualquer outra profissão, conseguiria fazer eleger-se o orador de preferência a
qualquer outro, pois não há assunto sobre que ele não possa discorrer com maior
força de persuasão diante do público do que qualquer profissional. Tal é a natureza
e a força da arte da retórica! (Platão, Górgias, 2010).
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Foi Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) que organizou de forma alargada a retórica,
sistematizando-a em quatro partes (…) “que representam as quatro fases pelas quais
passam quem compõe um discurso” (…) (Reboul, 2004, p. 43): Invenção, Disposição,
Elocução e Ação.
Invenção [heuresis]
Invenção é a procura do tema que se vai tratar no discurso. Estes temas podem ser
três como Aristóteles enuncia:
O tipo deliberativo serve para lidar com assuntos públicos que irão acontecer no
futuro tratando o orador de convencer o público a concordar ou a discordar de um
argumento. O tipo judicial serve para lidar com a acusação ou a defesa de episódios que
aconteceram no passado. Finalmente, o tipo epidíctico lida com a homenagem ou a crítica
individual.
Disposição [taxis]
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Elocução [lexis]
Ação [hipócrisis]
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
(inclinar), de estimular os sentidos (deleitar)” (…) (Massimi, 2008, p. 55) e o orador deve
possuir, além das técnicas da retórica, uma fundamentação filosófica e ética.
É um facto, que pela arte da retórica é possível persuadir o que é verdadeiro e o que
é falso. Quem ousará, pois, afirmar que a verdade deve enfrentar a mentira com
defensores desarmados? Seria assim? Então, esses oradores, que se esforçam por
persuadir o erro, saberiam desde o proémio [exórdio] conquistar o auditório e torná-
lo benévolo e dócil, ao passo que os defensores da verdade não o conseguiriam?
(Agostinho, 2002, p. 208).
A utilização da retórica por Santo Agostinho tinha como fim ensinar a verdade
cristã pelo uso de eloquência e, para isso, valia-se dos autores antigos como Cícero,
citando-os com frequência. A retórica desenvolveu-se na Idade Média sobretudo sob a
alçada e desígnios da Igreja, mas também na literatura profana. A educação secular
medieval incluía, nos seus currículos de estudos académicos nas universidades, a retórica
englobando-a no Trivium, que compreendia outras duas disciplinas, a gramática e a
lógica. Pertencendo ao Quadrivium estavam as disciplinas de música, aritmética,
geometria e astronomia. Estas, o Trivium e o Quadrivium, compreendiam as setes artes
liberais. A retórica deixou de ter uma participação com um auditório, ou seja, um discurso
público e voltou-se para as artes literárias, a poesia e a prosa (Mccreless, 2002, p. 850).
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Desde sempre existiu uma clara tentativa de representar em música algo exterior
a ela. Segundo Harnoncourt (1995) pode indicar-se quatro linhas de aproximação: 1)
imitação acústica, 2) representação musical de imagens visuais, 3) retrato musical de
pensamentos e emoções e 4) música como linguagem (Harnoncourt, 1995, p. 118).
Destas, a última foi explorada exaustivamente pelos compositores barrocos.
Platão (427 a.C. -347 a.C.) na sua obra “A República”, através do diálogo entre
Sócrates e Gláucon1, discrimina as harmonias (ou modos medievais) que farão a boa
formação de guerreiros e as que, pelo seu carácter, atraem atitudes e comportamentos
inadequados a um estado ideal. Assim, as harmonias menos viris e as de carácter mais
ébrio são excluídas, pois umas são lamentosas e as outras festivas e apropriadas para os
banquetes. Nestas englobam-se as mixolídia e sintonolídia, quanto ao aspeto menos viril
ou lamentoso, e umas variedades da jónia e da lídia, próprias da preguiça e da moleza. As
harmonias ótimas para uma boa educação são a dória e a frígia que traduzem na perfeição
a coragem, a força e o bom senso pedidos a um guerreiro. Mesmo com estas duas
harmonias, basilares na educação dos jovens, não se deve praticar música em excesso,
pois assim condicionará a sua personalidade tornando-a mais mole e efeminada, e
acontecerá exatamente o contrário, com uma personalidade bruta e rude, se só exercitar o
corpo na ginástica. Assim, o equilíbrio ideal para a educação de um indivíduo é entre a
música e a ginástica, cada uma na sua justa parte, trabalhando o corpo no ginásio e a
mente nas aulas de música. Também é feita a distinção entre a música de Apolo, associada
a instrumentos de corda como a khitara2, de sons sóbrios e pacificadores, próprias para
uma educação regrada e de acordo com as harmonias atrás referidas, e a de Dionísio, com
1
Irmão mais velho de Platão.
2
Cítara – instrumento de cordas.
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Discípulo de Platão e professor na sua academia, Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.),
em particular no livro VIII da sua obra “Política”, alargou o estreito espectro das
harmonias sugeridas pelo seu mestre, acrescentando à música um carácter lúdico e não só
educacional, como seu mestre fez. Para ele, a educação musical teria um objetivo de
cultivar o gosto pela música, que se tornará transversal durante toda a vida. Esta educação
musical não teria tanto impacto nos músicos profissionais, mas sim naqueles que a fruem
e assim veicular formas mais fáceis de partilha e de prazer na sua audição. Não reduzindo
a música só ao seu deleite, distingue três tipos de melodias: as éticas, as de ação e as
entusiásticas. Estas duas últimas são as ideais para apreciar enquanto os outros tocam, ora
procurando entretenimento nas de ação, ou de catarse (katharsis4) nas entusiásticas. Para
a educação, as que melhor se adequam são as melodias éticas, indo ao encontro do
pensamento de Platão. Quanto à aprendizagem dos instrumentos na escola, Aristóteles
aconselha como limite de idade a infância, pois é pouco digno os homens livres serem
instrumentistas profissionais, e tentou abolir as audições dos alunos com as suas peças de
difícil técnica a fim de não criar entusiasmo nas crianças. Os instrumentos a aprender
seriam os de sopro (aulos), a que ele não se refere como prejudiciais à educação, ao
contrário dos de corda (khitara) que deveriam ser retirados da educação (Strunk, 1950).
O deleite da minha carne, ao qual não convém entregar a mente, que por ele seria
necessariamente enfraquecida, engana-me muitas vezes, quando o sentimento não
acompanha a razão de modo a ir resignadamente após ela, mas além disso, uma vez
3
Instrumento de sopro de palheta dupla.
4
Katharsis - no século IV a.C. significa assumir a vontade dos deuses. Procura obter a purificação através
de emoções fortes.
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
que mereceu ser admitido por causa dela, tenta até ir adiante e guiá-la. Assim, sem
me dar conta, peco nestas coisas e depois dou-me conta disso. (...). Quando me
lembro das minhas lágrimas, que derramei perante os cânticos da Igreja, nos
primórdios da recuperação da minha fé, e quando mesmo agora me comovo, não
com o canto, mas com as coisas que se cantam, quando são cantadas com uma voz
clara e uma modulação perfeitamente adequada, reconheço de novo a grande
utilidade desta prática. Assim, flutuo entre o perigo do prazer e a experiência do
efeito salutar, e inclino-me mais, apesar de não pronunciar uma opinião irrevogável,
a aprovar o costume de cantar na igreja, a fim de que, por meio do prazer dos ouvidos,
um espírito mais fraco se eleve ao afeto da piedade. Todavia, quando me acontece
que a música me comova mais do que as palavras, confesso que peco de forma a
merecer castigo e, então, preferiria não ouvir cantar. (Confissões. X, 33)
To the Renaissance affectus exprimere the Baroque added affectus movere. It was
no longer enough simply to present the affection objectively through the music: the
listener was to be drawn into the drama of the presentation, to be emotionally
affected himself. The Baroque composer wanted to move the listener to a heightened
emotional state (Bartel, 1997, p. 32).
Para o ouvinte ficar num estado emocional intensificado surge um conceito barroco
dos afetos em que o compositor trabalhava, de forma racional/ calculada, para uma dada
reação emocional do ouvinte, controlando o seu estado emocional através do poder da
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
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Editado em português com o titulo As Paixões da Alma. Este foi o último texto filosófico de René
Descartes, publicado no ano de 1649.
21
Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
6
Tradução do titulo para português “O Maestro de Capela Perfeito”. Este tratado contempla a descrição
mais detalhada e abrangente da conceção musical segundo as prescrições da retórica.
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
23
Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Este conceito de música como uma arte matemática mudou no início do século
XVI, sendo o estudo da música abordado em duas perspetivas diferentes. Ao Quadrivium
pertenciam as disciplinas matemáticas, com o número na sua génese. O conhecimento
procurado através destas disciplinas é racional e a música é abordada na sua dimensão
matemática pitagórica, sendo a manifestação sonora desta. Os músicos que abordavam a
música por esta perspetiva consideravam-se superiores aos músicos práticos.
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
compositor, dirigia os coros e ensinava a sintaxe musical como também Latim e Retórica,
estando assim muito próximos do Trivium (Bartel, 1997).
Esta divisão da música seria aumentada por Nicolaus Listenius no seu tratado
Musica (1537), ao acrescentar a musica poética às duas existentes. A nova disciplina
voltava-se para o ensino da composição musical e, naturalmente, a retórica tornou-se a
fonte desta (Cano, 2000).
Quadrivium:
Trivium:
Arithmetica
Grammatica
Musica Musica
Rhetorica
Geometrica
Dialectica
Astronomia
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Todos estes tratados têm temas em comum, embora em alguns não sejam
abordados todos eles. Dos assuntos principais destacam-se a estreita relação com a
retórica, o seu contributo significativo como função pedagógica e o caráter divino da
música, de acordo com a doutrina luterana onde se manifestou com grande expressão.
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Inventio – Invenção
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Dispositio – Disposição
Narratio – a definição ou afirmação do tema e a sua natureza. Pode ser a entrada da voz
numa aria ou a entrada do instrumento solista num concerto. Este pode ser incorporado
no Propositio.
Propositio – como o narratio pode ser incorporado no propositio. Numa fuga pode ser a
primeira reexposição do sujeito. Apresenta o propósito da composição.
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Elocutio – Elocução
Figuras de repetição.
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Figuras de dissonância
Figuras de acordes
Por adição
Por subtração
Por permutação e/ou substituição
Memoria – Memória.
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Estrutura do dispositio
Análise harmónica
Exordium - pode ser o prelúdio que antecede a fuga, o próprio sujeito da fuga, o ritornello
inicial numa aria ou concerto.
Narratio e Propositio - pode ser a entrada da voz ou do instrumento solista num concerto.
Confutatio - passagens contrastantes com utilização de suspensões, cromatismos.
Confirmatio - repetições variadas e inventivas do Propositio/ Narratio.
Peroratio - a conclusão da composição que pode ser a repetição do ritornello inicial, do
exordium ou uma passagem pedal.
Análise do Elocutio
Determinação das Figuras Musicais
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Figura 3 – Excerto de Dominus Deus, Agnus do Gloria de Vivaldi (RV 589) com uma Catabis nos compassos 2 e 3
(Rodrigues, 2006, p. 41)
Figura 4 - Excerto do Preludio nº 13 em Fá Maior “Tombeau” de Louis Couperin (Persone, 1996, p. 93)
Figura 5 - Excerto de Dominus Deus, Agnus do Gloria de Vivaldi (RV 589) com um Suspiratio no compasso 18
(Rodrigues, 2006, p. 42)
7
No capítulo III, Definitions and Translations of the Musical-Rhetoric Figures, do livro Musica Poetica do
autor Dietrich Bartel (Bartel, 1997, pp. 165-438) e na seção Registro de Figuras do livro Música y Retórica
en el Barroco do autor Rubén López Cano (Cano, 2000, pp. 123-237) tem uma lista e definição
pormenorizada das Figuras Musicais.
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Figura 6 - Excerto de Dominus Deus, Agnus do Gloria de Vivaldi (RV 589) com um Saltus Duriusculus no compasso
27 (Rodrigues, 2006, p. 45).
Figura 7- Excerto de Largo do Concerto nº5, BWV 1056, de Johann Sebastian Bach com um Saltus Duriusculus
entre o compasso 3 e o 4 (Lanzoni, 2013)
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Figura 8 - Excerto Responsório nº2 do Ofício dos Defuntos (1816) de José Maurício Nunes Garcia.
Figura 9 - Excerto de Dominus Deus, Agnus do Gloria de Vivaldi (RV 589) com um Auxesis no solo dos compassos
19 e 20 (Rodrigues, 2006, p. 44)
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Figura 10 - Excerto de Dominus Deus, Agnus do Gloria de Vivaldi (RV 589) com um Circulatio na voz no texto
Agnus Dei, Filius Patris (Rodrigues, 2006, p. 42)
Figura 11 - Excerto do Behold a virgin shall conceive & O thou that tellest good tidings to Zion do Messias de
Haendel (Mateus, 2016, p. 47)
Figura 12 - Excerto do Preludio nº 13 em Fá Maior “Tombeau” de Louis Couperin (Persone, 1996, p. 93)
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
Figura 13 - Excerto do Preludio nº 13 em Fá Maior “Tombeau” de Louis Couperin (Persone, 1996, p. 94)
Figura 14 - Figura 12 - Excerto do Vinea Fact Est, das Matinas e Vésperas de Sábado Santo, de Manoel Dias de
Oliveira (Soares & Neto, 2014)
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Enquadramento Teórico da Intervenção Pedagógica
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Intervenção Pedagógica
II – INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA
O CMP surgiu para responder a uma necessidade de criar uma instituição pública
destinada ao ensino de Música, na cidade do Porto. Esta necessidade foi despoletada
desde a segunda metade do século XIX, após a criação do Conservatório Nacional de
Lisboa em 1835 e foram feitas várias tentativas por nomes insignes como Carlos Dubbini
ou Ernesto Maia.
8
O Palacete Municipal pertenceu à família Pinto Leite e situa-se no nº13 da Rua da Maternidade na cidade
do Porto.
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Intervenção Pedagógica
Hoje em dia, tem mais de 1000 alunos matriculados, desde o primeiro ciclo até ao
final do ensino secundário. Dado que se trata de uma escola de Ensino Artístico
Especializado em Música, é necessário que os alunos (com idades compreendidas entre
os 6 e os 23 anos) realizem provas de admissão/ aferição. Os critérios de seleção baseiam-
se exclusivamente nas suas aptidões musicais, independentemente do estatuto
socioeconómico das suas famílias ou da sua área de residência. É importante salientar que
o CMP não consegue dar resposta ao elevado número de estudantes que anualmente
procuram ter acesso, não só pelo número (ainda) limitado de meios físicos (salas de aula
ou outros espaços e equipamentos) como também de recursos humanos (professores e
pessoal não docente).
b) regime articulado: quando os alunos obtêm a formação geral numa outra escola
e integram o CMP neste regime para aprender música. É a solução mais adequada para
estudantes que vivem fora da cidade pois permite uma maior facilidade de gestão do seu
horário e do seu currículo. Por exemplo, o CMP tem um horário bastante alargado,
funcionando das 8h20 às 22h20 de 2ª a 6ª, e das 8h20 às 13h20 ao sábado. Este
prolongamento noturno conduz a uma panóplia de escolhas de horários, principalmente
para as famílias cujos filhos frequentam duas escolas. O CMP não cede apoio
socioeducativo a estes alunos pois cabe à escola que leciona a formação geral prestar este
tipo de apoio.
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Intervenção Pedagógica
Por exemplo, o ano letivo de 2013/ 2014, de 1053 alunos, 545 frequentaram o
regime supletivo, 445 o integrado e apenas 63 o regime articulado.
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Intervenção Pedagógica
sobressaem em relação aos demais. Doravante, a turma exibe capacidades suficientes para
a assimilação dos conteúdos da disciplina.
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Intervenção Pedagógica
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Intervenção Pedagógica
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Intervenção Pedagógica
Devido à diferença das duas disciplinas como também aos diferentes níveis de
maturidade, os professores cooperantes diferiam na forma de trabalhar. Em Formação
Musical o ensino centrou-se nos exercícios propostos pelo professor e em História da
Cultura e das Artes numa exposição dialogante do professor com os alunos e posteriores
reflexões dos alunos sobre o conhecimento adquirido.
45
Intervenção Pedagógica
normalmente a escolha a pares de alunos bons com alunos regulares, ajudando desta
forma os colegas e demonstrando a referência anterior sobre a união da turma. A relação
entre alunos e docente foi excelente, este ajudando-os nas mais variadas situações, de uma
forma mais concisa na disciplina que leciona.
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Intervenção Pedagógica
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Intervenção Pedagógica
A primeira aula foi lecionada ao 6º Ano/ 2º Grau. Para esta disciplina e para os
blocos de 90 minutos optou-se por dividi-los em blocos de 45, para fazer uma planificação
mais conseguida e controlada no tempo.
O excerto da obra foi analisado quanto aos seus conteúdos teóricos como
tonalidade, ritmo e compasso utilizado e intervalos mais frequentes. Estes conteúdos
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Intervenção Pedagógica
teóricos estavam bem presentes nos alunos e não foi necessário fazer uma recapitulação
6
ou exposição destes mesmos excetuando do compasso , em que este ainda não tinha
4
sido exposto aos alunos. Assim optou-se por levar a pulsação à unidade semínima e não
à mínima com ponto, próprio dos compassos compostos. Foi feita uma leitura solfejada
na clave de Fá da pauta inferior do sistema que não estava prevista na planificação e
depois nas duas claves em conjunto.
O segundo momento da aula teve como objeto de estudo o tema do projeto na qual
foi feita uma breve exposição sobre o significado da tonalidade de Fá M no período
Barroco e do andamento Allegro à luz dos princípios da Teoria dos Afetos/ Retórica
Musical:
50
Intervenção Pedagógica
Para este ano 6º A/ 2º Grau foi lecionada também a quarta aula. Depois da audição
do Minueto em Sol Maior (BWV Anh.116) e da distribuição da ficha de trabalho contendo
o material a ser utilizado durante a aula, foi proposto aos alunos uma breve análise do
excerto (Bach, 1993, pp. 8,9). Os alunos indicaram a tonalidade, o compasso, a escala da
tonalidade, as figuras rítmicas mais frequentes como também os intervalos mais
frequentes. Depois desta análise, foi feita uma exposição do significado barroco da
tonalidade de Sol M e deu-se a conhecer uma edição fac-similada do Pequeno Livro de
Anna Magdalena Bach (Bach, 1988). Foi também feita uma breve contextualização do
compositor maior do barroco, J.S. Bach.
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Intervenção Pedagógica
O exercício seguinte foi uma leitura solfejada do excerto por todos os alunos da
clave de Sol e da clave de Fá com marcação de pulsação. O desafio seguinte foi a
realização do solfejo do primeiro compasso na clave de Sol e o seguinte na clave de Fá,
alternando sempre até ao fim do excerto.
De seguida foi realizado um ditado rítmico com notas dadas da obra Polonaise em
Sol menor, BWV Anh.119 (Bach, 1993, p. 11). A obra escolhida estava em Sol menor
numa natural atenção com a tonalidade de Sol M do excerto anterior, trabalhando
auditivamente e teoricamente as escalas maiores e menores. Fez-se uma breve análise e
procedeu-se à audição da melodia para os alunos realizarem o ditado.
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Intervenção Pedagógica
A segunda, terceira, quinta e sexta aula foram aulas lecionadas a quatro turnos
diferentes, ou seja, uma aula por turno, o que tornou mais difícil a concretização do
objetivo proposto para este projeto. Para a aula lecionada aos dois turnos de Iniciação
Musical IV, ao primeiro turno e segundo turno respetivamente, optou-se por não
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Intervenção Pedagógica
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Intervenção Pedagógica
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Intervenção Pedagógica
Para expor o contexto social das mega suites de Haendel optou-se por dar a ler um
texto de um testemunho da estreia da Música Aquática a um aluno e no correr ouviu-se a
Abertura da Música Aquática deste mesmo compositor.
Depois da apresentação dos antecedentes do Concerto, foi feita uma exposição das
características gerais do Concerto Grosso e Solo e de seguida as características específicas
do Concerto em Arcangelo Corelli com uma Audição do Concerto Grosso Op. 6 Nº 10
Dó Maior e em com uma Audição do Concerto Solo para Trompete em Ré Maior.
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Intervenção Pedagógica
Estas aulas deram-se no início do 3º período letivo. Cada bloco de 45 minutos foi
destinado para a apresentação de dois grupos, mas, na primeira aula só um grupo
apresentou. Segundo explicações dos alunos, isto deveu-se à distância geográfica que
existe entre eles pois quase todos vivem em diferentes concelhos limítrofes. Ficou
acordado então que as seguintes apresentações teriam que ser mais breves para todos as
conseguirem realizar.
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Intervenção Pedagógica
Filosofia e a de Português. Por isso esta aula foi fundamental para a consolidação do
projeto de estágio.
O ponto seguinte foi a relação entre retórica e música no período barroco, as fases
da elaboração da retórica musical e a estrutura (dispositio) da retórica musical presente
no Guia de Audição. Durante esta exposição foi-se questionando os alunos sobre a relação
da retórica com a disciplina de Português, no caso específico da estrutura retórica dividida
em exórdio, exposição/ confirmação e peroração (Catarino, Fonseca, & Peixoto, 2014,
pp. 83,114) do Sermão aos Peixes do Padre António Vieira, conteúdo curricular desta
disciplina.
Alguns pontos, como a elaboração retórica musical e a sua estrutura, foram mais
demorados e recorreu-se a uma utilização de temas (peças musicais, canções) da
atualidade e transportá-los, com as devidas notas, para o universo musical barroco. Segue
o plano desta aula na página seguinte:
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Intervenção Pedagógica
Identificação da turma
Escola: Conservatório de Música do Porto Disciplina: História da Cultura e das
Professora: Artes
Curso Secundário: regime integrado Turma: 11º Ano
Duração: 45 m (13:35 – 14:20)
Data: 28 – 04 – 2016
Caracterização da Turma
A Turma é constituída por 17 alunos, sendo uma turma heterogénea a nível de atitudes/
comportamentos. Os alunos mostram interesse e motivação.
Recursos Materiais
Caderno diário e material de escrita; computador com colunas de som; data show.
Conteúdo
A retórica Musical no período barroco, os seus antecedentes desde a Grécia clássica.
As fases da elaboração na retórica musical.
As Figuras retóricas.
Metodologia:
1. O professor inicia explicando como decorrerá a aula e quais serão os conteúdos
abordados (5m).
2. O professor, numa exposição dialogante, responde às questões sobre a génese da
Retórica (15m).
3. O professor expõe a relação entre retórica e música no período barroco (10m).
4. O professor expõe as fases da elaboração da retórica musical (8m).
5. O professor expõe a estruturação da retórica musical (7m)
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Intervenção Pedagógica
Avaliação:
Tendo em conta a metodologia utilizada – exposição dialogante – o docente tomou
boa nota/ reteve: 1) a atenção de cada aluno e 2) a participação espontânea ou
solicitada.
Bibliografia:
Buelow, G. J. (s.d). Rhetoric and music – 2. Baroque. Em G. G. Stanley Sadie, The New
Grove Dictionary of Music and Musicians online. Obtido em 23 de abril de 2016.
Mccreless, P. (2002). The Cambridge history of Western music theory. (T. Christensen,
Ed.) Cambridge: Cambridge University Press.
Reboul, O. (2004). Introdução à retórica. (I. C. Benedetti, Trad.) São Paulo: Martins
Fontes.
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Intervenção Pedagógica
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Intervenção Pedagógica
Identificação da turma
Escola: Conservatório de Música do Porto Disciplina: História da Cultura e das
Professora: Artes
Curso Secundário: regime integrado Turma: 11º Ano
Duração: 45 m (14:20 – 15:05)
Data: 28 – 04 – 2016
Caracterização da Turma
A Turma é constituída por 17 alunos, sendo uma turma heterogénea a nível de atitudes/
comportamentos. Os alunos mostram interesse e motivação.
Recursos Materiais
Caderno diário e material de escrita; computador com colunas de som; Gravações
musicais e partituras.
Conteúdo
A disposição/ estruturação da música barroca sob o escrutínio de uma análise retórica
musical.
As figuras retóricas no despertar dos afetos barrocos.
Metodologia:
1. O professor inicia explicando como decorrerá a aula e quais serão os conteúdos
abordados (5m).
2. O professor expõe uma análise retórica do Dominus Deus, Agnus Dei do Gloria
de Vivaldi (RV 589) (10m).
3. O professor expõe uma análise retórica da fuga BWV 850 em Ré Maior de J.S.
Bach (5m).
4. O professor expõe uma análise retórica do Preludio n° 13 em Fá Maior “tombeau”
de Louis Couperin (1626-1661) (10m).
5. O professor expõe uma análise retórica do Behold a virgin shall conceive & O
thou that tellest good tidings to Zion do oratório Messias de Haendel (10m).
6. Considerações finais sobre o barroco musical visto sobre o prisma de uma análise
retórica e o seu declínio no período clássico (5m).
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Intervenção Pedagógica
Avaliação:
Tendo em conta a metodologia utilizada – exposição dialogante – o docente tomou
boa nota/ reteve: 1) a atenção de cada aluno e 2) a participação espontânea ou
solicitada.
Bibliografia:
Buelow, G. J. (s.d). Rhetoric and music – 2. Baroque. Em G. G. Stanley Sadie, The New
Grove Dictionary of Music and Musicians online. Obtido em 23 de abril de 2016.
Mateus, F. (24 de março de 2016). Sala de Estudo Textos. Recuperado de Flávio Mateus:
http://www.flaviomateus.com
Mccreless, P. (2002). The Cambridge history of Western music theory. (T. Christensen,
Ed.) Cambridge: Cambridge University Press.
Persone, P. (1996). A Interpretação Das Obras “Non Mesures” Para Cravo, Explicadas
Segundo As Leis Da Retórica (Dissertação de Mestrado, Universidade de
Campinas). Obtido de http://www.bv.fapesp.br/pt/bolsas/88950/a-interpretacao-
das-obras-non-mesures-para-cravo-explicada-segundo-as-leis-da-retorica/
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Intervenção Pedagógica
A quinta aula, como foi referido já estava balizada no período clássico, em que
este já estava fora do âmbito estilístico do projeto de investigação. Mesmo assim, tornava-
se necessário expor aos alunos que uma das características do período clássico era um
gradual abandono da retórica musical como base no ato de composição.
Para esta aula o conteúdo a ser abordado foi o género sonata no período clássico,
as suas características estilísticas e formais, como também a sua dimensão social e
pedagógica, recapitulando os seus antecedentes barrocos. Foi preparada também uma
breve exposição da forma sonata, caso os alunos não tivessem compreendido bem a sua
estrutura formal nas aulas anteriores. Foi utilizada uma apresentação em PowerPoint
numa tentativa de os alunos assimilarem mais e melhor e, fazer fluir melhor o decorrer
da aula. As audições utilizadas foram Sonata em Lá Maior, H. 186, Wq. 55/4, 2º
Andamento de C.P.E. Bach para esclarecer e demonstrar os antecedentes barrocos e o
período de transição para o clássico. Para esclarecer e demonstrar os meios de divulgação/
publicação da Sonata e evidenciar o desenvolvimento expressivo e organológico do
piano, foram ouvidos excertos da Sonata em Ré Maior, Op. 5, No. 2 de J.C. Bach no cravo
e no piano.
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Intervenção Pedagógica
retórica acompanha a criação nas suas mais variadas formas, atravessando os tempos e os
lugares, mas que a consciência e, escrever ou compor a partir dela teve uma importância
extrema no período barroco, o que não se verificou nesta magnitude noutros períodos da
música ocidental, principalmente nos consequentes.
Este projeto foi desenvolvido pelos mestrandos David Rodrigues e Paulo Araújo
e foi parte integrante dos temas em desenvolvimento “O Repertório para Cordofones
Dedilhados: Uma Fonte de Aprendizagem no Ensino das Ciências Musicais” e “O Ensino
das Ciências Musicais e a Retórica: Discurso Musical no Período Barroco”.
Por um lado, esta intervenção surgiu face à constatação dos seguintes factos: o
pouco conhecimento sobre alguns cordofones dedilhados, em particular, o bandolim no
ensino vocacional artístico; a dificuldade, por parte dos alunos, em reconhecer a dimensão
prática das Ciências Musicais; a utilização de um repertório referencial que,
habitualmente, não defende obras para cordofones dedilhados, quer no âmbito da
formação em Ciências Musicais, quer no domínio da interpretação musical; a associação
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Intervenção Pedagógica
do instrumento bandolim apenas à música tradicional e popular. Por outro lado, procurou-
se dar uma importância maior à retórica musical neste período, partindo da análise
retórica de obras e doravante, explanar de uma obra musical para o contexto social da sua
criação.
“O Bandolim na Era Barroca” pretendeu ser uma atividade didática que aborde os
temas já referidos numa perspetiva expositiva-dialogante com interpretações musicais em
tempo real, direcionada à comunidade educativa do Conservatório de Música do Porto.
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Intervenção Pedagógica
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Intervenção Pedagógica
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Recolha e Análise de Dados
Este capítulo compreenderá uma análise da literatura de base das duas disciplinas
onde os professores coligem a informação a ser transmitida aos alunos como também uma
apresentação e análise dos dados recolhidos na implementação do projeto. Quanto às
ferramentas utilizadas para a análise dos conhecimentos adquiridos por parte dos alunos
durante a realização do plano de intervenção em contexto de aula são na forma de
observações diretas/ diário de bordo coligidas durante e após a sua implementação, tanto
na disciplina de Formação Musical como na de História da Cultura e das Artes.
Literatura
69
Recolha e Análise de Dados
Na conclusão a autora aponta um caminho que deveria ser percorrido e que foi uma
referência nas nossas planificações das aulas:
Uma preparação para a música – seja como músico, seja como público informado – deve,
necessária e logicamente, basear-se em música real, pelo que esta deve ser parte integrante
e constante das aulas de FM. O recurso a exemplos de música real pode/deve então servir
ambos os objectivos: para além de desenvolver a cultura musical dos alunos, permite
abordar, trabalhar e desenvolver conhecimentos, conteúdos e competências em contexto
real. Será igualmente importante englobar conhecimentos de outras áreas das ciências
musicais, bem como utilizar diferentes tipos de fontes musicais – em termos de épocas, de
estilos, de origens geográficas (Pedroso, 2006, p. 16).
Embora este artigo já tenha uma década de existência e que porventura alguma
realidade descrita nele pudesse ter sido mudada, o que se verifica nas aulas de Formação
Musical é uma proliferação de exercícios soltos que não englobam conhecimentos de
outras áreas das ciências musicais e também não são baseados ou extraídos do repertório
“real”.
70
Recolha e Análise de Dados
aprendizagens simultâneas a partir de uma dada peça ou peças do repertório deste período
referindo o seu compositor, a época da criação e alguns aspetos – adaptados à faixa etária
– para uma análise musical numa perspetiva retórica como, o significado das tonalidades
e dos compassos presentes no excerto.
Verificou-se também que a cultura musical dos alunos aumentou pois conheceram
e compreenderam peças do repertório erudito barroco, os seus compositores, alguns
aspetos dos seus métodos de composição e trabalharam de forma holística as
competências a desenvolver na disciplina como noção de intervalos, figuras rítmicas,
padrões melódicos, entoações entre outros.
Literatura
O espaço reservado para “Os Afectos” por Grout & Palisca (1994, p. 312) ocupa
menos de uma página. É referido de uma forma breve tanto a Doutrina dos Afetos como
também a utilização da estrutura da retórica literária e das figuras musicais pelos
compositores da época. As fases de elaboração retórica são três e são resumidas da
seguinte forma:
Esta divisão em três passos da estrutura retórica foi primeiramente introduzida por
Athanasius Kircher mas foi rapidamente desenvolvida e consumada por Johann
Mattheson no seu famoso tratado Der Volkomenne Capellmeister, aumentando as duas
finais, memoria e pronuntiatio (Bartel, 1997, pp. 76-77) e não está referida no livro em
análise. As figuras musicais são também referidas de forma superficial, mas devidamente
enquadradas no pensamento da elaboração retórica na música.
A importância dada por estes autores a este tema não vai de encontro à importância
e impacto que este teve na música do período barroco como também nas outras artes e na
ciência e filosofia.
Quanto ao livro Atlas de Música II, expõe de uma forma sintética o Simbolismo
Musical, a Teoria dos Afetos como também a Musica Poetica. Resumidamente mostra
a utilização pelos compositores dos princípios e da estrutura da retórica na composição
como também algumas figuras retóricas associadas a virtudes ou sentimentos e, traça a
relação da Teoria dos Afetos com o pensamento filosófico de autores como Descartes.
Para uma ajuda ao declarado no texto tem tabelas com o significado do simbolismo
sonoro e da teoria das figuras retóricas como também alguns exemplos demonstrativos
destas (Michels, 2007, p. 305).
72
Recolha e Análise de Dados
O livro História da Música – Manual do Aluno 2º Ano descreve A Teoria dos Afetos
na sua estilização das (…) “relações entre os sentimentos, as virtudes ou os estados da
alma, quer com os modos/ tonalidades, quer com os instrumentos que os deveriam
representar” (Borges & Cardoso, 2003, p. 11). Refere também, sem esclarecer e
aprofundar, a utilização “particularmente importante” da retórica musical na composição
da música dramática (Borges & Cardoso, 2003, pp. 11,12).
Toda esta literatura aborda, com exceção da Breve História da Música Ocidental,
a Teoria dos Afetos e a utilização da retórica como parte estruturante e importante na
composição de música barroca. O tema está mais presente no Atlas de Música II com uma
exposição introdutória eficaz como também na utilização de exemplos isolados de figuras
retóricas e tabelas como por exemplo, a das relações entre virtudes e modos. Fazendo
parte da génese deste livro, relaciona sumariamente o pensamento filosófico e a
estilização da composição musical. O seguinte é naturalmente História da Música
Ocidental, com uma introdução vaga à Teoria dos Afetos como à utilização da retórica
como ferramenta na composição enunciando a estrutura retórica adaptada da literatura
para a composição musical. Concluindo no História da Música – Manual do Aluno 2º
Ano e de acordo com a sua natureza, ou seja, um manual para o aluno do secundário,
aborda resumidamente a Teoria dos Afetos e o simbolismo musical, e faz uma referência
residual à utilização da retórica na composição mesmo salientado a sua importância.
Neste género de livros, compêndios da História da Música Ocidental, não se espera uma
abordagem exaustiva da retórica musical no período barroco, mas também que a
informação não seja somente introdutória para uma das características fundamentais na
composição musical barroca e transversal na sua cronologia. Para compreender as fases
de elaboração retórica e a sua génese na Grécia clássica, o seu percurso no tempo até aos
dias do período barroco, a sua vida no currículo académico das Universidades Medievais,
o esclarecimento das fases de elaboração retórica como também nas divisões do dispositio
tem que se socorrer a livros especializados sobre o tema, algo que poderia ser realizado
resumidamente em poucas páginas.
Numa abordagem mais aprofundada ao tema, o livro Music in the Baroque Era:
From Monteverdi to Bach de Manfred Bukofzer e o La Música Barroca de John Walter
Hill oferecem uma visão mais alargada e mais contundente da importância da Retórica
Musical/ Teoria dos Afetos no período barroco. O primeiro expõe a importância da Teoria
dos Afetos para a composição barroca, a estereotipização das figuras retóricas para retratar
73
Recolha e Análise de Dados
A implementação do projeto pela sua natureza do seu tema, teve uma orientação
mais vincada para a disciplina de História da Cultura e das Artes neste caso História da
Música. Questões como “O que é para os alunos a retórica musical?”, “Como trabalhar
com os alunos a problemática da retórica barroca?” e “Qual o contributo da temática em
estudo para o desenvolvimento profissional e cultural dos alunos?” foram sendo
respondidas quer através de uma pesquisa bibliográfica quer na observação e contato com
os alunos desta disciplina.
74
Recolha e Análise de Dados
75
Conclusões e Recomendações
76
Conclusões e Recomendações
IV – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O presente relatório de estágio pretende uma exposição clara e objetiva do que foi
a implementação do projeto nas turmas de Formação Musical e de História da Cultura e
das Artes no Conservatório de Música do Porto. Este processo ao longo do ano letivo de
2015/2016 permitiu um enorme número de aprendizagens, tanto a nível profissional como
a nível pessoal. A expressão “Aprende-se ensinando” foi substanciada pelas experiências
ao longo do ano letivo quer pela pesquisa bibliográfica, no sentido de sistematizar o
conhecimento para os alunos, quer pelas interpelações e reflexões destes, que no sentido
de as responder, levando-nos a um novo conhecimento e aprofundamento das matérias
tratadas.
77
Conclusões e Recomendações
o da Universidade do Minho. De uma pesquisa, não exaustiva, dos planos de estudo das
licenciaturas e de mestrados em ensino das Ciências Musicais/ Musicologia deparamo-
nos com falta de formação nesta área, sendo que se os professores não têm essa formação
de base, dificilmente lecionarão análise retórica e a sua contextualização na sala de aula
das Ciências Musicais nos níveis de ensino básico, preparatório e secundário.
78
Conclusões e Recomendações
79
Referências Bibliográficas
80
Referências Bibliográficas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Allerme, J.-M. (1991). Du Solfège sur la F.M. 440.2. Paris: Gérard Billaudot Éditeur.
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de http://hdl.handle.net/10150/242454
Bach, J. S. (1993). Petit livre d'Anna Magdalena Bach. Paris: Editions Henry Lemoine.
Bach, J. S. (2008). Selections (BWV 253–438); Complete Score (Numbered 1-185). Palo
Alto: CCARH Team. Obtido de http://ks.imslp.info/files/imglnks/usimg/6/6b/
IMSLP24489-PMLP09471-CCARH_Bach_Chorales.pdf
Barros, M. D., Henriques, F., & Vicente, J. N. (22 de 02 de 2001). Programa de Filosofia.
(M. M. Almeida, Ed.) Obtido de http://www.dge.mec.pt/sites/default/files/
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of Music and Musicians (Vol. 1) (pp. 340-388). London: MacMillan.
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Buelow, G. J. (s.d). Rhetoric and music – 2. Baroque. Em G. G. Stanley Sadie, The New
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Bukofzer, M. (1939). Allegory in Baroque Music. Journal of the Warburg and Courtauld
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Bukofzer, M. (1947). Music in the Baroque Era: From Monteverdi to Bach. New York:
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Catarino, A., Fonseca, C., & Peixoto, M. J. (2014). Outros Percursos. Vila Nova de Gaia:
Edições Asa.
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Jollet, J.-C. (1988). Jeux de Rythmes et Jeux de Clés volume 5. Paris: Gérard Billaudot.
Liao, W.-C. (2015). A Study of Musical Rhetoric in J. S. Bach’s Organ Fugues BWV 546,
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Mateus, F. (24 de março de 2016). Sala de Estudo Textos. Obtido de Flávio Mateus:
http://www.flaviomateus.com
Mccreless, P. (2002). The Cambridge history of Western music theory. (T. Christensen,
Ed.) Cambridge: Cambridge University Press.
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Campinas). Obtido de http://www.bv.fapesp.br/pt/bolsas/88950/a-interpretacao-
das-obras-non-mesures-para-cravo-explicada-segundo-as-leis-da-retorica/
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Exemplos de Figuras Retórico-Musicais. DAPesquisa, 1-17.
Strunk, O. (1950). Source Readings in Music History. New York: W. W. Norton &
Company Inc.
84
Referências Bibliográficas
85
86
Anexos
Identificação da turma
Escola: Conservatório de Música do Porto Disciplina: Formação Musical
Professor: Turma: 2º Grau / 6º Ano
Curso Básico: regime integrado Duração: 45 m (8.20 – 9:05)
Data: 26 / 04 / 2016
Caracterização da Turma
A Turma é constituída por 11 alunos, sendo uma turma heterogénea. Destes 11 alunos
4 têm capacidades acima da média, 5 são alunos médios e 2 alunos com dificuldades
em acompanhar as matérias dadas. Os alunos mostram interesse e motivação pela
disciplina na sua componente prática.
Recursos Materiais
Livro do aluno; caderno diário e material de escrita; piano; computador com colunas
de som.
etc…
Objetivos gerais: Objetivos específicos:
87
Anexos
Estratégias:
1. O professor inicia explicando como decorrerá a aula e quais serão os conteúdos
abordados.
2. Análise musical do excerto quanto aos seus conteúdos teóricos.
3. Recapitulação/ exposição de conteúdos teóricos.
4. Leitura solfejada na clave de sol.
5. Leitura solfejada na clave se fá.
6. Leitura solfejada em pauta dupla.
7. Recapitulação da formação de arpejos/ acordes identificando-os no excerto.
8. Identificação e entoação de intervalos e melodias com e sem partitura.
Atividades:
Avaliação:
Avaliação formativa a partir de observação dos alunos em pontos-chave.
Bibliografia:
Bach, J. S. (1993). Petit livre d'Anna Magdalena Bach. Paris: Editions Henry Lemoine.
88
Anexos
Identificação da turma
Escola: Conservatório de Música do Porto Disciplina: Formação Musical
Professor: Turma: 2º Grau / 6º Ano
Curso Básico: regime integrado Duração: 45 m (9:05 – 9:50)
Data: 5 / 04 / 2016
Caracterização da Turma
A Turma é constituída por 12 alunos, sendo uma turma heterogénea. Destes 12 alunos
quatro tem capacidades acima da média, 6 são alunos médios e 2 alunos com
dificuldades em acompanhar as matérias dadas.
Recursos Materiais
Livro do aluno; caderno diário e material de escrita; piano; computador com colunas
de som.
Estratégias:
1. O professor inicia explicando como decorrerá a aula e quais serão os conteúdos
abordados.
2. Desenvolver a identificação e classificação de intervalos através do excerto
apresentado.
3. Desenvolver leituras rítmicas a duas partes.
4. Desenvolver a perceção rítmica de uma melodia.
5. Desenvolver a perceção auditiva.
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Anexos
Atividades:
Avaliação:
Avaliação formativa a partir de observação dos alunos em pontos-chave.
Bibliografia:
Bach, J. S. (1993). Petit livre d'Anna Magdalena Bach. Paris: Editions Henry Lemoine.
90
Anexos
Anexo 3 – Exemplo de material usado nas aulas de História da Cultura e das Artes
Bach não conseguiu o emprego, nem, tanto quanto pode ser determinado, ele
recebeu qualquer recompensa financeira pelos seus seis concertos, reformulando-os mais
tarde, mas mesmo assim ficaram esquecidos, sendo redescobertos no século XIX.
Considerações de interpretação
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Anexos
Autênticos Modernos
Violinos
Pescoço e braço mais curtos, com Pescoço e braço mais longos com
um menor intervalo até à sexta maior variedade de alturas
posição
Cordas feitas de tripa de gato com Cordas de metal, som mais forte.
um som menos brilhante
Arcos mais curtos e menos curvos Arcos mais longos, em linha reta
com tensão menor com um som mais robusto
Três notas possíveis (acorde) Som mais sustentável para as notas
mais longas
Pouco vibrato, fraseado mais leve Algum vibrato, levando a um som
mais colorido e variado
Violone Contrabaixo
6 cordas 4 cordas
Som menos vibrante e com Som mais cheio mas requer
extensão até ao Dó exigido por extensão para notas mais baixas
Bach.
Concerto
Quando esta rivalidade ocorre entre um solista (violino, flauta, oboé entre outros)
e a orquestra, denomina-se Concerto Solo, mas se um pequeno grupo de solistas compete
em conjunto com a orquestra completa, denomina-se um Concerto Grosso. O grupo maior
forma a orquestra básica e denominam-se Concerto Grosso e, o grupo menor de dois, três
ou quatro solistas, é chamado de concertino. Quando tocam em conjunto constituem a
orquestra completa, chamada de tutti (que significa todos).
Guia de Audição
Andamentos:
I. Allegro
II. Andante
93
Anexos
O que ouvir: quatro instrumentos solistas (violino, oboé, flauta-doce, trompete), tocando
solos curtos alternando rapidamente com a orquestra completa.
Ritornello:
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Anexos
Programa:
10 de maio de 2016
Auditório do Conservatório de Música do Porto
95
Anexos
Antonio Vivaldi
(Veneza, 4 de março de 1678 - Viena, 28 de julho de 1741)
Antonio Vivaldi foi o compositor italiano mais original, popular e influente na sua época,
tendo sido muito rapidamente esquecido. Durante um século o seu nome e a sua obra
estavam no completo esquecimento, sendo finalmente redescobertos no início do século
XX, tornando-se num dos compositores mais ouvidos novamente, e muitas vezes
associado a música excessivamente fácil. Sabe-se agora que ele compôs mais de
quinhentos concertos, além de óperas, sonatas, cantatas e trios.
Vivaldi começou a sua carreira como um virtuoso do violino (estudou com o seu pai),
mas também se preparou para o caminho do sacerdócio, tornando-se padre com 25 anos,
ficando conhecido como o padre-rosso devido à cor ruiva do seu cabelo. Nesse mesmo
ano, aceitou um emprego como diretor de música, professor de violino e compositor em
La Pietà, um orfanato para meninas, cargo que manteria por quase toda a sua vida, ou
seja, por mais de trinta e cinco anos. No auge de sua carreira foi altamente considerado,
inclusive por J. S. Bach, que admirava a sua música, tendo copiado várias das suas obras
e arranjado algumas para diferentes instrumentos. O género de composição/ especialidade
de Vivaldi foi o concerto, para um ou mais instrumentos, que compôs em abundância e
com uma facilidade incomum (Vivaldi alegou que poderia compor um concerto mais
rápido do que um copista poderia copiá-lo). Foi a publicação de uma coleção de doze
concertos chamado L'estro armonico em Amesterdão no ano de 1711 que tornou famoso
o seu nome por toda a Europa, tornando-se a coleção mais vendida no início do século
XVIII (Bach copiou e arranjou seis destes concertos para órgão ou cravo).
O Concerto para Bandolim em Dó Maior data de 1725, e é considerado uma das peças
barrocas mais famosas para bandolim. É dado um tratamento virtuosístico ao bandolim
com exigências técnicas mais elevadas do que a outros concertos. Divide-se em três
andamentos, Allegro, Largo e Allegro.
96
Anexos
Adotada da retórica literária, esta com uma longa história desde a Grécia clássica, a
retórica musical desenvolveu-se principalmente na Alemanha luterana, tendo-se irradiado
por toda a Europa. Para uma elaboração de um discurso musical foram adotadas também
as fases da elaboração retórica literária:
Dispositio – a parte do processo na qual as ideias do inventio serão organizadas. Para que
essa organização seja orientada e organizada, há uma subdivisão tradicional em seções:
97
Anexos
98
Anexos
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