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Wish you were here (interpretação)

Análise:

Tipo preferido de música é o que a música pode ser interpretada como uma canção de amor
ou qualquer outra coisa

Contexto:

Roger Waters estava simulando um diálogo com Syd Barret

A banda passava por uma pressão da gravadora para eles gravarem novas músicas

Capa mostra um homem pegando fogo apertando a mão de outro

Em inglês, se queimar significa ceder, aceitar

É desse conflito que fala todo o álbum

Queria que Você Estivesse Aqui

Então, então você acha que consegue distinguir


O paraíso do inferno?
Céus azuis da dor?
Você consegue distinguir um campo esverdeado
De um (frio) trilho de aço gelado?
Um sorriso de uma máscara?
Você acha que consegue distinguir?

A primeira coisa: dentificar quem é esse você


O quanto a sociedade havia se tornado cega, o quanto ela não conseguia distinguir
Algo bom de algo ruim, algo que a dominava
Não só a sociedade mas cada um de nós quando nos julgamos superiores. Quando nos
portamos como arrogantes, aí não sabemos distinguir mais, pq pensamos que sabemos tudo
A gente é realmente muito pouco para achar que somos alguma coisa importante.
Você acha consegue distinguir algo belo da natureza de um fruto da sociedade
capitalista?

Temos aqui a idéia que o eu-lírico estava deixando a simplicidade e sendo tomado pelo
consumismo, pelo padrão imposto pelo sistema

Estamos perdendo a capacidade de distinguir a face, a expressão humana de um


fingimento, de uma representação? Eu deixo de viver a realidade de quem eu sou para
viver a imagem que construíram para mim, ou ainda, a imagem que eu mesmo construí
de mim. Isso é alienação, no pior sentido possível, porque é a alienação de si mesmo.

Eles fizeram você trocar


Os seus heróis por fantasmas?
Cinzas quentes por árvores?
O ar quente por uma brisa fria?
O conforto do frio por mudanças?
Você trocou
Um papel de figurante na guerra
Por um papel principal numa cela?

Nós estamos deixando ser nós mesmos para aceitarmos imposições, estamos deixando nossas
crenças, deixando nossos heróis, para aceitarmos fantasmas, imagens forjadas, e criadas para
amarmos e adorarmos

É melhor sermos desconhecidos e lutar para sermos nós mesmos do que ser protagonista,
famoso, e estar preso a uma rede que vai impor um monte de coisas que vão contra a sua
identidade. Queremos ser um entre muitos que estão lutando essa guerra pela liberdade, ou
protagonista dessa sociedade da representação mas que estão presos dentro de uma jaula

Agora não dá mais para fugir do tema central: a letra fala do nosso ser, da nossa essência, fala
da pessoa como realmente é e de como a sociedade espera que ela seja

Como eu queria
Como eu queria que você estivesse aqui
Nós somos apenas duas almas perdidas
Nadando num aquário
Ano após ano
Correndo sobre o mesmo velho chão
O que nós encontramos?
Os mesmos velhos medos
Eu queria que você estivesse aqui

[obvious mag] O eu-lírico deseja que seu lado humano esteja ali
Mas ele sabe que tanto este lado que ele tanto procura quanto ao lado que ele havia se
tornado são apenas dois ninguéns dentro da sociedade que os aprisiona
Assim como um aquário que aprisiona um peixe, tempo após tempo, vão fazendo a mesma
coisa tudo do mesmo jeito, aceitando tudo
O que nós encontramos?
Os mesmos velhos medos

As duas almas perdidas são a mesma pessoa, a que somos ou éramos, e a que parecemos ou
querem nos impor

Haviam se tornado reféns


O prazer tinha se tornado obrigação. E eles estavam aprisionados, a indústria cultural como
cada um de nós está aprisionado a nossa rotina todos os dias, a nossas obrigações, ao nosso
trabalho, a nossos estudos, a seja lá o que for.

Nós estamos presos em celas dentro da sociedade, ou ainda em celas dentro da nossa própria
cabeça, nós estamos ausentes de nós mesmos.

Assim é claro que o chão será sempre o mesmo independente de onde nós formos

Tudo isso gera o desânimo, gera a falta de vontade de ser um indivíduo nessa sociedade

Muitos acabam por desistir, sumir de tudo isso de alguma forma como fez Syd Barret

Mas a postura do eu-lírico não é de desistir, é a de querer o seu eu original de volta apesar de
tudo, a busca pelo retorno a sua própria humanidade. Assim que eu interpreto
fundamentalmente a letra dessa música, uma revolução de si mesmo e em si mesmo,
Feita por toda a humanidade.

Homem invisível no encarte do disco. Ele está oferecendo um disco ao público, só se vê as


roupas, chapéus, as formas, ele não tem rosto, membros ou expressão
Ora, não é esta a realidade em que vivemos?
Somos conhecidos, julgados, curtidos pelo que realmente somos?
Ou somente pelo que fazemos, oferecemos, temos, vestimos, ou representamos, essa é a
ausência do ser na sociedade
Você pode realmente libertar-se o suficiente para conseguir experimentar a realidade da vida
enquanto ela flui, enquanto fazemos parte dela? Ou não, porque se não, fica enquadrado até
morrer.

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