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Física Moderna

Parte III: Teoria Ondulatória da Matéria

Aula 40/45 – Oscilador Harmônico Quântico

Objetivos:
✓ Discutir os aspectos matemáticos e físicos da solução

Física Moderna – Teoria Ondulatória da Matéria - Prof. Jerias Batista, DEFIS – UFMA, 2019.2 1
Oscilador Harmônico Quântico: motivações
Modelo matemático mais abrangente da Física, ele é usado em:
▪ Física 1 − no estudo da lei de Hook e das propriedades elásticas.
▪ Física 2, Mecânica Clássica I e II − no estudo das oscilações mecânicas.
▪ Física 3 e Eletromagnetismo I − no estudo de circuitos oscilantes.
▪ Física 4 e Eletromagnetismo II − no estudo de oscilações eletromagnéticas.
▪ Física Moderna e Mecânica Quântica − na sua versão quântica.
✓ Por que este modelo é tão importante?
▪ uma partícula (𝒎, 𝒒) oscilando é a origem de todas as ondas mecânicas e
eletromagnéticas. Também é usado para descrever as ondas quânticas.
▪ é útil para estudarmos o movimento de todos sistemas físicos oscilantes (de
quarks à galáxias) usando microscopias e espectroscopias.
▪ Possui solução analítica.
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Oscilador Harmônico Quântico: motivações
✓ Origem do problema: forças conservativas e restauradoras.
distância ao ponto de
equilíbrio estável, 𝒙𝟎 .
𝑭 𝒙 = −𝒌 ∙ 𝒙 − 𝒙𝟎
depende das forças de 𝝏 𝑭+ − 𝑭−
van der Waals e de Pauli: 𝒌=
𝝏𝒙
▪ CONSERVATIVA: força tem mesma capacidade de transferir (retirar) energia
para (de) um corpo quando invertido seu sentido.
▪ RESTAURADORA: força tenta retirar o máximo de energia do corpo em busca
do seu equilíbrio estável.

Descrição do problema
𝒅𝑽 𝒙 = 𝒙𝟎
i) Sistema em equilíbrio: 𝑭 𝒙 = 𝟎. Logo, 𝑭 𝒙 = =𝟎
𝒅𝒙
▪ O fato de ter a 1ª derivada de 𝑽 𝒙 nula já garante o equilíbrio.
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Oscilador Harmônico Quântico: motivações
ii) O equilíbrio é estável: 𝒅𝑭 𝒙𝟎 /𝒅𝒙 = 𝟎. Logo, 𝒙𝟎 é ponto de mínimo, e

𝒅𝟐 𝑽 𝒙𝟎
𝟐
>𝟎
𝒅𝒙
▪ O fato de ter a 2ª derivada de 𝑽(𝒙) positiva garante a estabilidade do
equilíbrio.

Exemplo:
Átomos nos materiais. Impossível
descrever as forças envolvidas →
trocar 𝑭(𝒙) por 𝑽(𝒙) (Lennard-
Jones).
𝒙𝟎 𝟏𝟐 𝒙𝟎 𝟔
𝑽𝑳𝑱 𝒙 = 𝑽𝟎 −
𝒙 𝒙
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Oscilador Harmônico Quântico: motivações
𝟐𝒙𝟔𝟎 𝟏
𝑭𝑳𝑱 𝒙 = 𝟔𝑽𝟎 𝒙𝟔𝟎 𝟏𝟑
− 𝟕
𝒙 𝒙

✓ Força atrativa (van der Waals, ~ − 𝒙−𝟕 ) tem origem na carga elétrica:
i) 2 dipolos permanentes com eixos livres (força de Keasom)
ii) 1 dipolo permanente com eixo livre e 1 induzido (força de Debye)
iii) 2 dipolos induzidos pelo deslocamento dos elétrons (força de London)

✓ Força repulsiva (Pauli, ~ + 𝒙−𝟏𝟑 ) tem origem na interferência das ondas de


de Broglie (princípio de exclusão de Pauli).

Fato interessante:
▪ 2 elétrons podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo, desde que
tenham diferentes spins (ondas de de Broglie se interferem
construtivamente).
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Forma do potencial para o OH
𝒙𝟎 𝟏𝟐 𝒙𝟎 𝟔
✓ Forma real do potencial: 𝑽 𝒙 = 𝑽𝟎 −
𝒙 𝒙

✓ Forma ideal do potencial: 𝑽 𝒙 ~ 𝒙𝟐

Expandindo 𝑽(𝒙) na região de 𝒙𝟎 :


Potencial repulsivo

𝒅𝑽 𝒙𝟎
𝐕 𝒙 = 𝑽 𝒙𝟎 + 𝒙 − 𝒙𝟎 + Potencial atrativo
𝒅𝒙
𝟏 𝒅𝟐 𝑽 𝒙𝟎 𝟐 Potencial total é
𝒙 − 𝒙𝟎 +⋯ aproximadamente
𝟐 𝒅𝒙𝟐 parabólico nesta região

𝒙𝟎

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Oscilador Harmônico: descrição clássica
Premissas:
1. Fazer 𝒙𝟎 = 𝟎 e 𝑽 𝒙𝟎 = 𝟎 (isto não altera 𝑭(𝒙)).
𝒅𝑽 𝒙𝟎 Partícula presa no
2. 𝒙𝟎 é ponto de equilíbrio estável: =𝟎 potencial infinito
𝒅𝒙
𝒅𝟐 𝑽 𝒙𝟎
3. Definir 𝒌 ≡
𝒅𝒙𝟐
𝟏 𝟐
✓ Forma ideal do potencial: 𝑽 𝒙 ≈ 𝒌𝒙
𝟐
✓ Limites clássicos para a posição da
partícula: 𝒙 = ±𝑨

✓ Frequência angular 𝒌
𝝎=
do movimento: 𝒎
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Oscilador Harmônico: descrição clássica
𝟏
✓ A partícula está sujeita a um potencial variável: 𝑽 𝒙 = 𝒎𝝎𝟐 𝒙𝟐
𝟐
Cinético
𝟏
✓ Energia total da partícula: 𝑬 = 𝒎𝝎𝟐 𝑨𝟐
𝟐 Potencial
𝒅𝒙
✓ Probabilidade de achar a partícula em 𝒅𝒙: 𝑷𝑪𝒍á𝒔𝒔𝒊𝒄𝒂 𝒙 𝒅𝒙 =
𝒗
Usando a conservação de 𝑬:
𝟏 𝟏 𝟐 𝟏
𝒎𝒗 + 𝒎𝝎𝟐 𝒙𝟐 = 𝑬
𝟐
→ 𝒗= 𝑬 − 𝒎𝝎𝟐 𝒙𝟐 = 𝝎 𝑨𝟐 − 𝒙𝟐
𝟐 𝟐 𝒎 𝟐

𝒅𝒙
✓ Probabilidade ao longo de 𝒙: 𝑷𝑪𝒍á𝒔𝒔𝒊𝒄𝒂 𝒙 𝒅𝒙 =
𝝎 𝑨𝟐 − 𝒙𝟐
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Oscilador Harmônico: descrição clássica
✓ A probabilidade não é infinita em
nenhum trecho entre – 𝑨 e 𝑨: a partícula
tem dimensão (no extremo ela vale
𝝀𝒅𝒆 𝑩𝒓𝒐𝒈𝒍𝒊𝒆 ).

𝑨
𝝅 𝒎 𝒅𝒙
𝑷𝑪𝒍á𝒔𝒔𝒊𝒄𝒂 = න = =𝝅
𝟐
𝝎 𝑨 −𝒙𝟐 𝝎 𝒌
−𝑨

✓ Todos os valores de energia são permitidos classicamente, inclusive 𝑬 = 𝟎


(partícula em repouso no centro de poço).

✓ 𝑽(𝒙) e 𝝍(𝒙) 𝟐
são simétricos em relação à origem.
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Oscilador Harmônico: descrição quântica
ℏ𝟐 𝒅𝟐 𝝍 𝒙 𝟏
✓ Equação de Schrödinger: − 𝟐
+ 𝒎𝝎𝟐 𝟐
𝒙 𝝍 𝒙 = 𝑬𝝍 𝒙
𝟐𝒎 𝒅𝒙 𝟐

1. Discussão qualitativa para a região classicamente permitida


✓ 𝝍𝟏 (𝒙) é solução na região classicamente permitida ( 𝒙 < 𝑨, 𝑽 𝒙 < 𝑬)

𝒅 𝟐 𝝍𝟏 𝒙 𝟐𝒎 𝒅 𝟐 𝝍𝟏 𝒙
𝟐
+ 𝟐 𝑬 − 𝑽 𝒙 𝝍𝟏 𝒙 = 𝟎 ou = −𝒌𝟐
𝟏 𝝍𝟏 𝒙
𝒅𝒙 ℏ 𝒅𝒙 𝟐

𝟐𝒎 𝒌𝟏 - vetor de onda para o pacote 𝝍𝟏 𝒙 . É


𝒌𝟏 = 𝟐
𝑬−𝑽 𝒙 um número puramente real aqui.

𝒌𝟏 é maior perto de 𝒙 = 𝟎. 𝝀𝟏 = 𝟐𝝅/𝒌𝟏 no centro fica menor. Próximo à ±𝑨, 𝝀𝟏


fica maior. Exatamente em 𝒙 ± 𝑨, 𝝀𝟏 → ∞. Isso viola ∆𝒙 ∙ ∆𝒑~ℏ.
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Oscilador Harmônico: descrição quântica
✓ Solução: 𝝍𝟏 𝒙 = 𝑩𝒆𝒊𝒌𝟏 𝒙 + 𝑪𝒆−𝒊𝒌𝟏 𝒙

✓ Matematicamente, 𝝍𝟏 𝒙 é complexo porque 𝒌𝟏 é real. Fisicamente, 𝝍𝟏 𝒙


deve ser complexo para haja oscilação dentro do poço.

✓ 𝝍𝟏 𝒙 é formado pelo batimento de ondas que se movem em sentidos


opostos, sendo refletidas em 𝒙 = ±𝑨.

2. Discussão qualitativa para a região classicamente proibida

✓ 𝝍𝟐 (𝒙) é solução na região classicamente proibida ( 𝒙 > 𝑨, 𝑽 𝒙 > 𝑬)

𝒅 𝟐 𝝍𝟐 𝒙 𝟐𝒎 𝒅 𝟐 𝝍𝟐 𝒙
𝟐
+ 𝟐 𝑬 − 𝑽 𝒙 𝝍𝟐 𝒙 = 𝟎 ou = −𝒌𝟐
𝟐 𝝍𝟐 𝒙
𝒅𝒙 ℏ 𝒅𝒙 𝟐
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Oscilador Harmônico: descrição quântica
𝟐𝒎 𝒌𝟐 - vetor de onda para o pacote 𝝍𝟐 𝒙 . É um
𝒌𝟐 = 𝟐
𝑬−𝑽 𝒙 número puramente imaginário aqui (𝑬 < 𝑽(𝒙)).

Então,
𝟐𝒎 𝟐𝒎 𝟐𝒎
𝒌𝟐 = 𝟐
𝑬 − 𝑽(𝒙) = − 𝟐 𝑽 𝒙 −𝑬 =𝒊 𝟐
𝑽 𝒙 − 𝑬 = 𝒊𝒌𝟏
ℏ ℏ ℏ

✓ Solução geral:

𝝍𝟐 𝒙 = 𝑭𝒆𝒊𝒌𝟐 𝒙 + 𝑮𝒆−𝒊𝒌𝟐𝒙 = 𝑭𝒆𝒊 𝒊𝒌𝟏 𝒙


+ 𝑮𝒆−𝒊 𝒊𝒌𝟏 𝒙
= 𝑭𝒆−𝒌𝟏𝒙 + 𝑮𝒆𝒌𝟏 𝒙

✓ Como 𝒆±𝒌𝟏𝒙 é real, 𝝍𝟐 𝒙 é divergente. Isto não pode, pois viola 𝝍𝟐 𝒙 𝟐 ser
finito! Mas existem alguns valores de 𝑬 que tornam 𝝍𝟐 𝒙 convergente. Só
resolvendo a equação de Schrodinger para saber quais são!
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Oscilador Harmônico: descrição matemática
Existem dois métodos

1. Analítico: de caráter geral, supõe que a solução pode ser escrita como
uma série de potências com infinitos termos. Será deixado como
atividade para a avaliação de reposição.

2. Algébrico: de caráter restrito, supõe que seja possível fatorar a equação


de Schrödinger e expressá-la na forma de operadores.

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Oscilador Harmônico: solução algébrica
ℏ𝟐 𝒅𝟐 𝝍 𝒙 𝟏
✓ Equação para OHQ em 1-D: − 𝟐
+ 𝒎𝝎𝟐 𝟐
𝒙 𝝍 𝒙 = 𝑬𝝍 𝒙
𝟐𝒎 𝒅𝒙 𝟐
Objetivo 1: tentar fatorar a equação de Schrödinger.

𝟐
𝟏 ℏ 𝒅
Reescrever a equação: + 𝒎𝝎𝒙 𝟐
𝝍 = 𝑬𝝍
𝟐𝒎 𝒊 𝒅𝒙

Das definições dos operadores,


ℏ 𝒅 𝟏 𝟐
ෝ=
𝒑 , ෡=
𝑲 𝒑 𝐞 ෡ = 𝒎𝝎𝟐 𝒙
𝑽 ෝ𝟐
𝒊 𝒅𝒙 𝟐𝒎

𝟏
tem-se ෡ = 𝑬𝝍
𝑯𝝍 com ෡ =
𝑯 ෝ 𝟐 + 𝒎𝝎ෝ
𝒑 𝒙 𝟐
𝟐𝒎
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Oscilador Harmônico: solução algébrica
✓ Objetivo 2: escrever o hamiltoniano como um produto de dois operadores 𝒂
ෝ+
e𝒂
ෝ− :
Complexo conjugado de 𝒂−
𝟏 𝟏
ෝ− =
𝒂 𝒊ෝ
𝒑 + 𝒎𝝎ෝ
𝒙 ෝ+ =
𝒂 −𝒊ෝ
𝒑 + 𝒎𝝎ෝ
𝒙
𝟐ℏ𝒎𝝎 𝟐ℏ𝒎𝝎

Tomando o produto 𝒂 ෝ+ :
ෝ− 𝒂
𝟏 𝟏
ෝ− 𝒂
𝒂 ෝ+ = 𝒊ෝ
𝒑 + 𝒎𝝎ෝ
𝒙 −𝒊ෝ
𝒑 + 𝒎𝝎ෝ
𝒙
𝟐ℏ𝒎𝝎 𝟐ℏ𝒎𝝎
𝟏
= ෝ𝟐 + 𝒎𝝎ෝ
𝒑 𝒙 𝟐 ෝ𝒑
− 𝒊𝒎𝝎 𝒙 ෝ−𝒑
ෝ𝒙ෝ
𝟐ℏ𝒎𝝎

O termo 𝒙
ෝ𝒑ෝ−𝒑
ෝ𝒙ෝ ≡ [ෝ ෝ] é chamado de comutador de 𝒙
𝒙, 𝒑 ෝe𝒑
ෝ.
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O que é relação de comutação?
✓ Comutação: comparação do produto do resultado da medida de 𝒙 e depois de
𝒑 com o resultado da medida de 𝒑 e depois de 𝒙.

✓ Se 𝒙 ∙ 𝒑 = 𝒑 ∙ 𝒙 → grandezas comutam. Se 𝒙 ∙ 𝒑 ≠ 𝒑 ∙ 𝒙 → grandezas não


comutam entre si.

✓ Se duas grandezas físicas não comutam entre si fica impossível determiná-las


simultaneamente.

✓ Se duas grandezas comutam, então a medida de uma não afeta a outra, de


modo que podemos determiná-las simultaneamente.

෡ e𝑩
✓ Comutador de dois operadores 𝑨 ෡: ෡, 𝑩
𝑨 ෡ =𝑨
෡𝑩෡ −𝑩
෡𝑨෡
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Oscilador Harmônico: solução algébrica
Voltando ao produto 𝒂 ෝ+ :
ෝ− 𝒂
𝟏 𝒊
ෝ− 𝒂
𝒂 ෝ+ = ෝ𝟐 + 𝒎𝝎ෝ
𝒑 𝒙 𝟐
− [ෝ ෝ]
𝒙, 𝒑
𝟐ℏ𝒎𝝎 𝟐ℏ

✓ Para achar a relação de comutação [ෝ ෝ] vamos inserir uma função teste


𝒙, 𝒑
𝒇(𝒙):
ෝ, 𝒑
𝒙 ෝ 𝒇 𝒙 =𝒙
ෝ 𝒑
ෝ𝒇(𝒙) − 𝒑ෝ 𝒙
ෝ𝒇(𝒙)

✓ 𝒇 depende de 𝒙 → usar a definição de 𝒑


ෝ no espaço 𝒙: 𝒑
ෝ = −𝒊ℏ𝒅/𝒅𝒙.
𝒅 𝒅 𝒅𝒇 𝒅𝒇
ෝ, 𝒑
𝒙 ෝ 𝒇 = 𝒙 ∙ −𝒊ℏ 𝒇 − −𝒊ℏ ∙ 𝒙𝒇 = −𝒊ℏ 𝒙 −𝒙 − 𝒇 = 𝒊ℏ𝒇
𝒅𝒙 𝒅𝒙 𝒅𝒙 𝒅𝒙

✓ Descartando 𝒇(𝒙), ficamos com o resultado da comutação de 𝒙 ෝe𝒑ෝ:


ෝ, 𝒑
𝒙 ෝ = 𝒊ℏ Não é possível permutar 𝒙
ෝe𝒑

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Oscilador Harmônico: solução algébrica
Conclusões:

✓ não é possível medir a posição 𝒙 e a velocidade 𝒗𝒙 simultaneamente. Isto só


ocorre porque 𝒑 ≡ 𝒑𝒙 está na mesma direção de 𝒙.

✓ A relação de comutação entre 𝒙


ෝe𝒑
ෝ𝒚 é nula ([ෝ ෝ𝒚 ] = 𝟎) → podemos medir 𝒙 e
𝒙, 𝒑
𝒗 ao mesmo tempo desde que estejam em direções perpendiculares.

✓ A magnitude da diferença na permutação das grandezas é igual a ℏ, (valor


muito pequeno). É por isso que classicamente não faz diferença medir
primeiro 𝒙 ou 𝒗. Mas na escala atômica o tamanho de ℏ é relevante, e assim a
comutatividade deve ser considerada.
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Oscilador Harmônico: solução algébrica
✓ Substituindo 𝒙
ෝ, 𝒑 = 𝒊ℏ na relação 𝒂 ෝ+ , temos:
ෝ− 𝒂
𝟏 𝟏 𝟏
ෝ− 𝒂
𝒂 ෝ+ = ෡+
𝑯 𝐨𝐮 ෡ = ℏ𝝎 𝒂
𝑯 ෝ− 𝒂
ෝ+ −
ℏ𝝎 𝟐 𝟐
✓ Em um processo análogo:
𝟏 𝟏 𝟏
ෝ+ 𝒂
𝒂 ෝ− = ෡−
𝑯 𝐨𝐮 ෡ = ℏ𝝎 𝒂
𝑯 ෝ+ 𝒂
ෝ− +
ℏ𝝎 𝟐 𝟐
✓ Relação de comutação de 𝒂 ෝ+ :
ෝ− 𝐞 𝒂
𝟏 𝟏 𝟏 𝟏
ෝ− , 𝒂
𝒂 ෝ+ = 𝒂
ෝ− 𝒂
ෝ+ − 𝒂
ෝ+ 𝒂
ෝ− = 𝑯෡+ − ෡−
𝑯 ෝ− , 𝒂
=𝟏→ 𝒂 ෝ+ = 𝟏
ℏ𝝎 𝟐 ℏ𝝎 𝟐
✓ De forma análoga, tomando o comutador de 𝒂+ 𝐞 𝒂− :
𝟏 𝟏 𝟏 𝟏
ෝ+ , 𝒂
𝒂 ෝ− = 𝒂
ෝ+ 𝒂
ෝ− − 𝒂
ෝ− 𝒂
ෝ+ = ෡− −
𝑯 ෡+
𝑯 ෝ+ , 𝒂
= −𝟏 → 𝒂 ෝ − = −𝟏
ℏ𝝎 𝟐 ℏ𝝎 𝟐
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Oscilador Harmônico: solução algébrica
✓ Equação do OHQ em termos dos operadores 𝒂
ෝ+ e 𝒂
ෝ− .
෡ = 𝑬𝝍
𝑯𝝍
𝟏
onde ෡ = ℏ𝝎 𝒂
𝑯 ෝ± 𝒂
ෝ∓ ±
𝟐
✓ Se 𝝍 é uma solução desta equação com energia 𝑬, 𝒂
ෝ+ 𝝍 também é solução
com energia 𝑬 + ℏ𝝎 :
ෝ+ 𝝍 = (𝑬 + ℏ𝝎)ෝ
𝒂 𝒂+ 𝝍

𝟏 𝟏
Veja: ෢ 𝒂+ 𝝍) = ℏ𝝎 𝒂
𝑯(ෝ ෝ+ 𝒂
ෝ− + (ෝ ෝ+ 𝒂
𝒂+ 𝝍) = ℏ𝝎 𝒂 ෝ− 𝒂
ෝ+ + 𝒂ෝ+ 𝝍
𝟐 𝟐
𝟏 𝟏
= ℏ𝝎ෝ
𝒂+ ෝ− 𝒂
𝒂 ෝ+ + 𝝍 = 𝒂
ෝ + ℏ𝝎 𝒂
ෝ− 𝒂
ෝ+ + 𝝍
𝟐 𝟐
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Oscilador Harmônico: solução algébrica
✓ Substituindo na equação dos operadores:

𝟏 𝟏
෡ 𝒂+ 𝝍) = 𝒂
𝑯(ෝ ෝ+ ෝ−𝒂
ℏ𝝎 𝒂 ෝ+ + ෝ+
𝝍=𝒂 ෝ+ 𝒂
ℏ𝝎 𝒂 ෝ− + 𝟏 + 𝝍
𝟐 𝟐

=𝒂 ෡ + ℏ𝝎 𝝍 = 𝑬 + ℏ𝝎 (ෝ
ෝ+ 𝑯 𝒂+ 𝝍)

✓ De forma semelhante,
෡ 𝒂− 𝝍) = 𝑬 − ℏ𝝎 𝒂
𝑯(ෝ ෝ− 𝝍

Conclusão: achamos um mecanismo para gerar novas soluções com energias


maiores ou menores. Por isto os operadores 𝒂 ෝ+ e 𝒂ෝ − recebem o nome de
operadores escada (operadores de criação e destruição).
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Oscilador Harmônico: solução algébrica
✓ Aplicando 𝒂
ෝ− várias vezes à 𝝍 poderíamos atingir 𝑬 < 𝟎. Mas 𝑲 = 𝒎𝒗𝟐 /𝟐 e
𝑽 𝒙 = 𝒎𝝎𝟐 𝒙𝟐 /𝟐 e 𝑬 não pode ser negativo.

ෝ− precisa de um limite! Considere 𝒂


✓𝒂 ෝ− 𝝍𝟎 𝒙 = 𝟎, sendo 𝝍𝟎 𝒙 o estado com
menor energia:

✓ Usando a definição de 𝒂
ෝ−:
𝟏 𝒅 𝒅𝝍𝟎 𝒎𝝎
ℏ + 𝒎𝝎𝒙 𝝍𝟎 = 𝟎 → =− 𝒙𝒅𝒙
𝟐ℏ𝒎𝝎 𝒅𝒙 𝝍𝟎 ℏ
Estado fundamental
✓ Integrando: do OH

𝒅𝝍𝟎 𝒎𝝎 𝒎𝝎 𝟐 𝒎𝝎 𝟐
න =− න𝒙𝒅𝒙 → 𝒍𝒏𝝍𝟎 = − 𝒙 + 𝑪′ → 𝝍𝟎 𝒙 = 𝑨𝟎 𝒆 𝟐ℏ 𝒙

𝝍𝟎 ℏ 𝟐ℏ
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Oscilador Harmônico: solução algébrica
✓ Constante de normalização 𝑨𝟎 :
∞ ∞ 𝒎𝝎 𝟐 𝒎𝝎 𝟐
𝟐 − 𝒙 − 𝒙
න 𝝍𝟎 𝒙 𝒅𝒙 = න 𝑨𝟎 𝒆 𝟐ℏ 𝑨𝟎 𝒆 𝟐ℏ 𝒅𝒙 =𝟏
−∞ −∞
∞ 𝟏/𝟒
𝟐 −
𝒎𝝎 𝟐
𝒙 𝟐
𝝅ℏ 𝒎𝝎
Daqui, 𝑨𝟎 න 𝒆 ℏ 𝒅𝒙 = 𝑨𝟎 =𝟏 → 𝑨𝟎 =
−∞ 𝒎𝝎 𝝅ℏ
𝒎𝝎 𝟏/𝟒 𝟏
✓ Aplicando 𝟏 vezes o operador 𝒂+ sobre 𝝍𝟎 𝒙 acha-se 𝑨𝟏 : 𝑨𝟏 =
𝝅ℏ 𝟐
𝒎𝝎 𝟏/𝟒 𝟏
✓ Aplicando 2 vezes acha-se 𝑨𝟐 : 𝑨𝟐 =
𝝅ℏ 𝟐𝟐 𝟐!
𝒎𝝎 𝟏/𝟒 𝟏
✓ Aplicando 3 vezes acha-se 𝑨𝟐 : 𝑨𝟑 =
𝝅ℏ 𝟐𝟑 𝟑!
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Oscilador Harmônico: solução algébrica
𝒎𝝎 𝟏 𝟏/𝟒 𝒎𝝎 𝟐
− 𝒙
✓ 𝒏-ésimo estado do OHQ: 𝝍𝒏 𝒙 = 𝒆 𝟐ℏ
𝟐𝒏 𝒏! 𝝅ℏ
✓ Energia no estado fundamental: aplicar o operador energia 𝑯 a 𝝍𝟎 :
𝟏 𝟏
𝑯𝝍𝟎 𝒙 = 𝒂+ 𝒂− + ℏ𝝎 𝝍𝟎 𝒙 = 𝟎 + ℏ𝝎𝝍𝟎 𝒙 = 𝑬𝟎 𝝍𝟎 𝒙
𝟐 𝟐
𝟏
Daqui, 𝑬𝟎 = ℏ𝝎
𝟐
✓ A cada atuação de 𝒂+ à função 𝝍𝟎 𝒙 será 𝟏
adicionada uma quantidade de energia 𝑬𝒏 = 𝒏 + ℏ𝝎
𝟐
ℏ𝝎. Após 𝒏 atuações a energia será:
Conclusão: Segundo Planck, 𝑬 = 𝒏ℏ𝝎, com 𝒏 = 𝟎, 𝟏, 𝟐, 𝟑, ⋯ . O resultado correto
mostra que a menor energia de um oscilador não é zero, mas ℏ𝝎/𝟐.
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Oscilador Harmônico: solução algébrica
✓ ℏ𝝎/𝟐 é a energia do ponto zero para o OHQ.

✓ Qual o significa isto? Mesmo em 𝑲 = 𝟎 a partícula tem energia e por isso não
pode estar parada.
Provas:
✓ Por Einstein, a energia da partícula jamais pode ser zero: 𝑬 = 𝒉𝒄/𝝀 e se 𝑬 =
𝟎, 𝝀 → ∞ (não haveria fenômeno ondulatório e nem partícula).

✓ Por de Broglie, de 𝒌 = 𝟐𝝅/𝝀, se 𝝀 → ∞ o número de onda 𝒌 → 𝟎 e de 𝒑 = ℏ𝒌


teríamos 𝒑 = 𝟎, e de 𝒑 = 𝒎𝒗 teríamos 𝒗 = 𝟎, o que não é possível.

✓ Por Heisenberg, ∆𝒙 ∙ ∆𝒑 ≥ ℏ/𝟐. Como ∆𝒑 = 𝒉/∆𝝀, se ∆𝝀 → ∞ então ∆𝒑 → 𝟎 leva


a ∆𝒙 → ∞ (não haveria um pacote de ondas). Sem pacote definido, sem
partícula!
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Oscilador Harmônico: solução algébrica
✓ Solução completa é obtida multiplicando-se 𝝍𝒏 𝒙 pelos polinômios de
Hermite 𝑯 𝒎𝝎/ℏ𝒙 (a ser visto no método de séries de potências).
𝟏
𝒎𝝎 𝟏 𝟒 𝒎𝝎 −
𝒎𝝎 𝟐
𝒙
𝝍𝒏 𝒙 = 𝑯 𝒙 𝒆 𝟐ℏ , 𝒏 = 𝟎, 𝟏, 𝟐, 𝟑, ⋯
𝟐𝒏 𝒏! 𝝅ℏ ℏ

✓ Se só existe uma partícula oscilante e ela se encontra no estado fundamental,


seu estado geral será simplesmente 𝝍𝟎 𝒙 .

✓ Se houver várias partículas elas ocuparão níveis de energia diferentes e o


estado fundamental será descrito pela combinação linear dos autoestados
individuais:

𝝍 𝒙 = 𝑨𝟎 𝝍𝟎 𝒙 + 𝑨𝟏 𝝍𝟏 𝒙 + 𝑨𝟐 𝝍𝟐 𝒙 + ⋯ + 𝑨𝒏 𝝍𝒏 𝒙 = ෍ 𝑨𝒏 𝝍𝒏 𝒙
𝒏=𝟏
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