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DIREITO INTERNACIONAL – 2º SEMESTRE DE 2019

• Na última aula:
- Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos
- Organização dos Estados Americanos (OEA) – Carta da OEA
- Corte Interamericana de Direitos Humanos
- Comissão Interamericana de Direitos Humanos
- Controle de Convencionalidade Internacional
- Incidente de Deslocamento de Competência (IDC) – EC 45/2004
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TRIBUNAIS INTERNACIONAIS - Antecedentes


Tribunais de Exceção (tribunais ad hoc):
- Competência para julgar:
A) Crimes contra a paz
B) Crimes de guerra
C) Crimes contra a humanidade
- Tribunal de Nuremberg
- Criado pelo Estatuto do Tribunal de Nuremberg (30 artigos)
- Mediante acordo internacional
- Juízes não podiam ser recusados pelas partes
- Tribunal de Tóquio
- Criado pelo Estatuto do Tribunal do Extremo Oriente (Tribunal de Tóquio) (17 artigos)
- Mediante proclamação militar
- Autoridade soberana de facto era o Gen. MacArthur
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TRIBUNAIS INTERNACIONAIS - Antecedentes


Inovação do Direito Penal Internacional:
- Pela primeira vez, a posição dos acusados - chefes de
Estados ou responsáveis oficiais por departamentos de
Estados – não deveria isentá-los da responsabilidade pelos
crimes nem funcionar como atenuante para os delitos.
- A alegação de cumprimento de ordem “ordem é ordem” não
é mais aceita como excludente de responsabilidade.
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TRIBUNAIS INTERNACIONAIS - Antecedentes


Tribunal Penal para Ex-Iugoslávia:
- Criado a pedido do CS ONU em 1993, mediante Relatório do Secretário
Geral que apresentou o Estatuto desse tribunal.
- Competência: crimes de guerra; genocídio; crimes contra humanidade;
graves violações contra Convenção de Genebra
- Limitado crimes cometidos após 1.1.1991
- Limitado crimes cometidos no território da antiga Iugoslávia
- Pessoas que cometeram os crimes ou que deram ordem para que fosse
cometido.
Encerrou as atividades em 31.12.2017
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TRIBUNAIS INTERNACIONAIS - Antecedentes


Tribunal Penal para Ruanda:
- Criado a pedido do CS ONU em 1994 para julgar violações ao Direito
Internacional Humanitário nos conflitos em Ruanda, envolvendo as
etnias hutu e tutsi (800mil-1mi de mortos).
- Competência: genocídio; crimes contra humanidade; e graves violações
contra Convenção de Genebra
- Limitado crimes cometidos entre 1.1.1994 e 31.12.1994
- Limitado crimes cometidos no território de Ruanda e territórios vizinhos.
- Pessoas singulares que cometeram os.
Encerrou as atividades em 31.12.2017
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Estatuto do TPI-Ex-Iugoslávia, artigo 5 Estatuto do TPIR, artigo 3


The International Tribunal shall have the power to The International Tribunal for Ruanda shall have the
prosecute persons responsible for the following power to prosecute persons responsible for the
crimes when committed in armed conflict, whether following crimes when committed as part of a
international or internal in character, and directed widespread or systematic attack against any civilian
against any civilian population: population on national, political, ethnic, racial or
religious ground:

a) murder; murder;
b) Extermination; Extermination;
c) Enslavement; Enslavement;
d) Deportation; Deportation;
e) Imprisionment; Imprisionment;
f) Torture Torture
g) Rape; Rape;
h) Persecution on political, racial and religious grounds; Persecution on political, racial and religious grounds;
i) Other inhumane acts. Other inhumane acts.
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TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL (TPI)


Em 1995 a Assemblei Geral da ONU decidiu criar uma Comissão Preparatória
para elaborar um texto base para uma convenção internacional que viesse a
criar um Tribunal Penal Internacional.
Em 1996 a AG-ONU confirmou o mandato conferido à Comissão Preparatória e
decidiu realizar a convenção internacional em 1998 com a tarefa de criar o TPI.
- Entre 1996 e 1998 foram realizadas 6 reuniões preparatórias, com a
participação de várias ONGs (em Paris se estabeleceu uma coalizão francesa
com 50 ONGs e Sindicatos, dentre elas a Anistia Internacional e a Médicos
Sem Fronteiras. Outro grupo de nações (cerca de 80, incluindo a maioria dos
países da Europa, da América Latina e da África) aglutinou forças num bloco
dito moderado (light-minded) conduziram as negociações sem se dobrar ao
Estados mais poderosos.
- Em 1998, em Roma, aprovou-se o Estatuto do TPI.
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TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL (TPI)


Atualmente, constituem crimes segundo o Estatuto do TPI apenas as
seguintes condutas delitivas:
Genocídio (artigo 6);
Os crimes contra a humanidade (artigo 7);
Os crimes de guerra (artigo 8); e
A agressão, sendo que este delito não foi originalmente tipificado no
Estatuto do TPI.
-> Além destas, o Estatuto do TPI estabelece que outras condutas também
podem ser classificadas como crimes segundo o Direito Internacional
“independentemente do Estatuto” (art. 22.3). Por exemplo, terrorismo
internacional.
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TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL (TPI)


Estatuto de Roma entrou em vigor em 01.07.2002.
Em outubro de 2008, havia 123 Estados-Partes. Porém,
Estados Unidos, Rússia, China e Índia não fazem parte;
O TPI foi oficialmente inaugurado em 11.03.2003.
É independente, não é parte da ONU, mas há estreita
cooperação.
É permanente e tem orçamento próprio.
Sediado em Haia.
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TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL (TPI)


Estrutura:
Presidência (administração Geral do TPI, composta por 3 juízes
eleitos por seus pares)
Divisões judiciais (18 juízes divididos em divisão pré-julgamento;
divisão de julgamento primeira instancia; e divisão de apelação)
Escritório do Promotor (1 promotor chefe e 2 promotores
adjuntos, recebe indicações e informações fundamentadas de
matéria de competência do TPI; realiza investigações e processos)
Cartório (aspectos não judiciais da administração e serviços do TPI)
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TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL (TPI)


Estrutura:
O TPI inclui diversos escritórios semiautônomos, como o Escritório da Defensoria Pública
para as Vítimas e o Escritório da Advocacia Pública para a Defesa.
Fundo de Compensação para as Vítimas, criado pela Assembleia dos Estados Partes (para
indenizar pessoas e famílias de vítimas de crimes de competência do TPI)
PROBLEMAS/LIMITAÇÕES:
- Distante das realidades locais (e das sociedades afetadas pelos crimes);
- Mal aparelhado para promover investigações;
- Depende da boa vontade dos Estados para deter suspeitos, entrega-los ao TPI e produzir
provas.
- Elevado custo.
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TRIBUNAIS HÍBRIDOS
Os tribunais híbridos (ou mistos) passaram a ser criados desde o final do séc. XX
para evitar os inconvenientes do TPI, combinando –segundo várias modalidades-
formas de criação e de funcionamento:
- utilizando tanto o direito interno como o internacional;
- aplicando normas e técnicas tanto de um sistema jurídico como de outro;
- composto por juízes locais e de outros países;
- com sede no próprio Estado onde os crimes foram cometidos
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TRIBUNAIS HÍBRIDOS
Tribunal Especial para Serra Leoa
Estabelecido por acordo entre ONU e Serra Leoa, 2002.
Finalidade de perseguir criminalmente indivíduos responsáveis por sérias violações do
Direito Internacional Humanitário cometidas no território de Serra Leoa.
- Origem em tratado sobre crimes de guerra
- Não está vinculado apenas ao direito interno ou internacional
- Competência concorrente, mas prioritária, com outros tribunais nacionais de Serra Leoa
- 2/3 dos juízes da Câmara de Julgamento e 3/5 dos Juízes da Câmara de Apelação são
indicados pelo Secretário Geral da ONU
- Primeiro tribunal internacional a ser exclusivamente financiado por contribuições
voluntárias de governos (+40 Estados).
- Encerrou suas atividades em 2013.
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TRIBUNAIS HÍBRIDOS
Tribunal Especial para Khmer Rouge (Camboja)
Estabelecido a pedido do governo do Camboja (1997), estabelecido em 2006.
Finalidade de perseguir criminalmente antigos líderes do Khmer Rouge.
- Origem em “cooperação internacional significativa” entre governo do Camboja e a ONU.
- Julgamentos realizados perante Câmaras Extraordinárias de Tribunais do Camboja.
- Trata-se de Tribunal nacional
- Juízes nomeados por Decreto Real de 07.05.2006.
- Independente do Governo do Camboja e da ONU, realizou julgamentos no Camboja, com
funcionários cambojanos, com auxílio internacional e modo de atuar segundo padrões
internacionais.
- Competente para julgar atos praticados entre 1975-1979.
- Encerrou suas atividades em 2013.
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TRIBUNAIS HÍBRIDOS
Tribunal Especial para Timor Leste
Em 1999, o Conselho de Segurança da ONU adotou a Resolução 1.272, que criava a
Administração de Transição das Nações Unidas para Timor-Leste (UNTAET)
- A UNTAET exercia todas as funções legislativas e executivas, além da
administração da Justiça.
- UNTAET criou a Unidade de Investigação de Crimes Graves para investigar e
processar acusados no Tribunal Distrital de Dili, a capital do país.
- As Câmaras de julgamento do tribunal de Dili são conhecidas como Tribunal para
o Timor-Leste.
- Funcionaram entre 2000 e 2006
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TRIBUNAIS HÍBRIDOS
Tribunal Especial para Kosovo
Albeneses étnicos (90% da população) pretenderam a independência, que não foi
reconhecida pela comunidade internacional nem pela Iugoslávia. O conflito se
internacionalizou. Em junho de 1999 líderes ocidentais e iugoslavos chegaram a um acordo
e encerraram o conflito.
Promotores e juízes internacionais lidaram com os casos mais complexos. Kosovo Judicial
Council. Órgão profissional sujeito à autoridade do Representante Especial do Secretário
Geral da ONU.
Autoridade judicial local, com pessoal internacional, que aplica leis nacionais.
Foi criada a Câmara 64 (Resolução 64/2000), câmaras ad hoc, composta majoritariamente
por juízes estrangeiros, para serem acionadas quando a justiça local comprovadamente
não agir de forma satisfatória.
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TRIBUNAIS HÍBRIDOS
Tribunal Especial para Herzegovina
Bósnia e Herzegovina formam uma República Federal nos Bálcãs, cuja capital é Sarajevo, e que
resulta do desmembramento da antiga Iugoslávia. O genocídio na Bósnia começou em 1992,
quando nacionalistas bósnios da sérvia avançaram contra muçulmanos e croatas não sérvios. A
expressão limpeza étnica surge no vocabulário internacional nessa época.
O governo Bósnio chegou a levar uma reclamação à CIJ em 1993 e também houve julgamento no
TPI-ex-I, em que houve condenação por genocídio.
As Câmaras tem por finalidade:
a) Desafogar em parte o TPI-ex-I, permitindo que fique apenas co acusados de patentes mais
elevadas a partir de 2005
b) Participar da reconstrução do sistema judiciário bósnio
c) Promover processo de reconciliação nacional bósnio.
A Câmara de Crimes de Guerra da Bósnia estão totalmente integradas no sistema jurídico da Bósnia
e não atua sob a égide da ONU.
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TRIBUNAIS HÍBRIDOS
Tribunal Especial para o Líbano
Foi criado para processar e julgar as pessoas suspeitas de terem assassinado o
antigo Primeiro-Ministro do Líbano, Rafik Hariri, em um atentado em Beirut, em
2005, que matou outras 21 pessoas e feriu 226.
É o primeiro TPI criado pela ONU para julgar atos de terrorismo cometidos contra
uma pessoa determinada, mas várias ONGs, entre elas a Human Rights Watch,
pediram ampliação da competência para abranger quase 20 ataques terroristas
ocorridos no Líbano desde outubro de 2004.
Estrutura semelhante ao TPI de Serra Leoa, PORÉM, não aplicará o Direito
Internacional Penal, mas sim o Direito Libanês. Fica sediado em Leidschendm, na
Holanda (para evitar interferências).

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