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Emmanuel Kant 1724 – 1804

Direito e Moral l Coercitividade e heteronomia


Exterioridade
Segue o pensamento de Thomasius: a exterioridade é o que distingue o Direito
da Moral.
A coercibilidade torna-se coercitividade: nesta, a coação é elemento essencial
e intrínseco ao Direito:
• “O Direito implica [...] a faculdade de coagir quem o infringe”.
• “Direito e faculdade de coagir significam, assim, a mesma coisa”.
• “A lei de uma coação recíproca, no acordo necessário da liberdade de
um com a dos outros segundo o princípio da liberdade geral, é como
que a construção do conceito de Direito” (Apud Reale, Miguel. Filosofia
do Direito, p. 657 – de Kant, Metaphysische Anfgansgdrüng der
Rechtslehre).
Teoria kantiana da autonomia e heteronomia
Autonomia: conformidade absoluta entre a regra e a vontade pura do sujeito.
Ato moral é o ato em que a vontade da lei tornou-se a vontade do indivíduo. A
lei tornou-se a sua lei; há uma identificação entre a vontade pura e o enunciado
da regra moral.
A moral pura é “categórica”, isto é, ditada pelo impulso de consciência, sem
quaisquer finalidades outras, estranhas à própria regra.
Finalidades outras:
 Interesse de nos mostrarmos virtuosos aos outros; vaidade;
 conformismo exterior.
Se tais e outros interesses movem a ação, a moral fica comprometida em sua
essência e a ação não é de moralidade pura. A moral pura é autônoma.
Imperativo categórico
É uma determinação da consciência que não resulta da indução, da análise
dos fatos humanos. Não se pode provar pelo uso da razão as verdades
morais. A consciência simples e imediatamente dita que assim e assim é que
deve se fazer. Os atos morais se justificam por si mesmos, e não por seus fins
(como acontece com os imperativos hipotéticos).
“O homem é livre porque deve, isto é, para poder dever”. A consciência do
dever se impõe de maneira imediata. Por não depender de qualquer fim ou
justificativa exterior, a moral é autônoma.
Heteronomia
As normas jurídicas são instrumentos para se atingir seus fins, que se
localizam fora do âmbito da norma mesma; não há uma finalidade intrínseca à
própria regra. Sua finalidade são a segurança geral, a ordem pública, a
coexistência harmônica das liberdades, etc.
• Por isso, o Direito é essencialmente técnico e instrumental.
• Enquanto no mundo moral, é indispensável a correspondência entre o
conteúdo da norma e os nossos motivos de agir, no mundo jurídico,
essa correspondência não é indispensável. Pode uma norma exterior ser
seguida, mesmo estando em conflito com os motivos interiores.
• Por isso, podemos dizer que o Direito, para Kant é heterônomo.
Moral
• É autônoma
• É de natureza intrínseca, jamais pode ser exterior
• Tem um fim em si mesma (é um imperativo categórico)
Direito
• É heterônomo
• É de natureza extrínseca
• É técnico e instrumental

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