Exterioridade Segue o pensamento de Thomasius: a exterioridade é o que distingue o Direito da Moral. A coercibilidade torna-se coercitividade: nesta, a coação é elemento essencial e intrínseco ao Direito: • “O Direito implica [...] a faculdade de coagir quem o infringe”. • “Direito e faculdade de coagir significam, assim, a mesma coisa”. • “A lei de uma coação recíproca, no acordo necessário da liberdade de um com a dos outros segundo o princípio da liberdade geral, é como que a construção do conceito de Direito” (Apud Reale, Miguel. Filosofia do Direito, p. 657 – de Kant, Metaphysische Anfgansgdrüng der Rechtslehre). Teoria kantiana da autonomia e heteronomia Autonomia: conformidade absoluta entre a regra e a vontade pura do sujeito. Ato moral é o ato em que a vontade da lei tornou-se a vontade do indivíduo. A lei tornou-se a sua lei; há uma identificação entre a vontade pura e o enunciado da regra moral. A moral pura é “categórica”, isto é, ditada pelo impulso de consciência, sem quaisquer finalidades outras, estranhas à própria regra. Finalidades outras: Interesse de nos mostrarmos virtuosos aos outros; vaidade; conformismo exterior. Se tais e outros interesses movem a ação, a moral fica comprometida em sua essência e a ação não é de moralidade pura. A moral pura é autônoma. Imperativo categórico É uma determinação da consciência que não resulta da indução, da análise dos fatos humanos. Não se pode provar pelo uso da razão as verdades morais. A consciência simples e imediatamente dita que assim e assim é que deve se fazer. Os atos morais se justificam por si mesmos, e não por seus fins (como acontece com os imperativos hipotéticos). “O homem é livre porque deve, isto é, para poder dever”. A consciência do dever se impõe de maneira imediata. Por não depender de qualquer fim ou justificativa exterior, a moral é autônoma. Heteronomia As normas jurídicas são instrumentos para se atingir seus fins, que se localizam fora do âmbito da norma mesma; não há uma finalidade intrínseca à própria regra. Sua finalidade são a segurança geral, a ordem pública, a coexistência harmônica das liberdades, etc. • Por isso, o Direito é essencialmente técnico e instrumental. • Enquanto no mundo moral, é indispensável a correspondência entre o conteúdo da norma e os nossos motivos de agir, no mundo jurídico, essa correspondência não é indispensável. Pode uma norma exterior ser seguida, mesmo estando em conflito com os motivos interiores. • Por isso, podemos dizer que o Direito, para Kant é heterônomo. Moral • É autônoma • É de natureza intrínseca, jamais pode ser exterior • Tem um fim em si mesma (é um imperativo categórico) Direito • É heterônomo • É de natureza extrínseca • É técnico e instrumental
Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições