• Conceito de jurisdição: poder-dever de aplicar a lei ao caso concreto e
resolver conflitos. É UNA e INDIVISÍVEL;
• Em REGRA, a jurisdição é exercida pelos integrantes do Poder Judiciário;
• EXCEÇÃO: O Senado Federal pode processar e julgar algumas
autoridades – art. 52, I e II, da CF. Constituições Estaduais estabelecem regras semelhantes;
• EXCEÇÃO: Câmara Municipal: crimes de responsabilidade dos Prefeitos –
Decreto-lei 201/67, art. 4º. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA • Princípios da jurisdição: - Indeclinabilidade: o juiz não pode abster-se de julgar;
- Improrrogabilidade: na esfera penal, as partes não podem subtrair ao
juízo o conhecimento da causa;
- Indelegabilidade: o juiz não pode transmitir a função jurisdicional a
quem não a possui;
- Unidade: a jurisdição é única; diferencia-se apenas quanto ao grau de
especialização. Ex.: penal, civil, estadual, federal, etc. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA • Conceito de competência: é a medida ou delimitação da jurisdição; é o espaço dentro do qual determinada autoridade judicial pode aplicar a lei ao caso concreto.
• Ex. O STF tem competência para exercer a jurisdição em todo
Brasil, mas não pode julgar ação de família (ex. separação).
• Já um juiz de primeiro grau de uma pequena comarca pode
julgar ações de família, mas está circunscrito à sua comarca. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA • Competência ABSOLUTA: hipótese de fixação de competência que não admite prorrogação, i.e., não se admite que juiz incompetente de acordo com certos critérios processe e julgue a causa; se o fizer, haverá nulidade. Quais critérios? Matéria (cível, penal, estadual, federal) e prerrogativa de função;
- Competência RELATIVA: admite prorrogação, i.e., se juiz
incompetente processar ou julgar a causa e a incompetência não for alegada a tempo, reputa-se que o juízo inicialmente incompetente tornou-se competente; não haverá nulidade. Ex.: competência territorial pelo lugar da infração/domicílio do réu. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA • REGRA GERAL: busca-se em primeiro lugar aplicar a lei penal no local em que ocorreu a infração penal. Art. 70 do CPP. FINALIDADE: - Prevenção geral negativa/positiva (aplicação da pena)
• EXCEÇÕES: a) matéria especial em razão da natureza da infração
(Justiça Militar, Justiça Eleitoral); b) foro por prerrogativa de função, no caso de altas autoridades.
• SEGUNDA REGRA GERAL (supletiva): domicílio ou residência do réu.
Art. 72 do CPP. Ação penal privada: domicílio ou residência do réu pode ser foro de eleição – art. 73 do CPP. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA • LUGAR DA INFRAÇÃO COMO REGRA GERAL (art. 70, CPP): - Competência relativa: passível de prorrogação, caso não seja arguida a tempo;
- CPP adotou a teoria do resultado: local da consumação. Crimes plurilocais =
ação/omissão ocorre num local e o resultado em outro. Vale apenas para crimes materiais; não haveria sentido falar em crimes plurilocais nos crimes formais ou de mera conduta (de mera atividade);
- Há conflito entre o art. 70 do CPP e o art. 6º do CP (teoria da ubiquidade)?: Não,
pois o art. 6º do CP é serve para crimes que atingem mais de uma nação, i.e., quando o crime se inicia num país estrangeiro e se consuma no Brasil (e vice- versa) = crime à distância. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA - EXCEÇÕES À REGRA DO ART. 70, CPP – JURISPRUDÊNCIA:
- Crime de homicídio e crimes qualificados pelo resultado
(roubo/estupro seguido de morte/lesão corporal) devem ser apurados e o agente processado e julgado no local da ação/omissão.
- Fundamento: princípio da busca da verdade real, i.e., melhor para a
coleta de provas.
- Mirabete e Tourinho entendem ser ilegal adotar tal posição.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA • COMPETÊNCIA PARA INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO: - Art. 63 da Lei 9.099/95: lugar em que foi praticada a infração penal. O que significa praticada? 1ª Posição: local da ação/omissão (Ada Pelegrini/Antônio Magalhães Gomes Filho/Antonio Scarance Fernandes); 2ª Posição: local do resultado. Praticada = consumada (Tourinho Filho); 3ª Posição: ubiquidade; tanto local da ação/omissão quanto local do resultado. Praticar = ação ou resultado. Se houver conflito, dirime-se pela prevenção (Nucci e Mirabete). JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA • DOMICÍLIO/RESIDÊNCIA DO RÉU (art. 72, CPP) - Chamado foro supletivo; - Conceito de domicílio: art. 70 do CC; v. também arts. 71 e 73 do CC; - Conceito de residência: lugar onde a pessoa habita, embora com irregularidade e sem o caráter de permanência; - Art. 72, § 1º, CPP dispõe-se apenas sobre + de 1 “residência”; aplica-se para o caso de + de 1 “domicílio”, por analogia = resolve-se pela prevenção; - Se houver domicílio e residência diferentes, fixa-se pelo domicílio. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA • COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA:
- A matéria (natureza da infração) serve para afastar a regra geral
que é o lugar da infração. Ex.: Justiça Militar e Federal;
- Depois dos critérios do lugar da infração / domicílio ou residência
do réu, passa-se a utilizar a matéria (natureza da infração) para determinar a competência dentro de uma determinada comarca. Ex.: roubo em São Paulo – Vara Central; Vara do Júri – art. 5º, XXXIII, d, CF.