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“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
ANÁLISE ERGONÔMICA DO
TRABALHO (AET) DO SETOR DE
ATENDIMENTO DE UM LABORATÓRIO
NA CIDADE DE MARABÁ-PA
avançadas de produção”
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XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
1. Introdução
No decorrer da história, a ligação homem-máquina se torna praticamente onipresente, e por
diversas vezes exige posturas e métodos de utilização repetitivos e que tendem a perdurar por
toda a jornada de trabalho. Diante de tais características, comtemplamos a importância do
planejamento ergonômico do posto de trabalho e dos métodos a serem utilizados na execução
da atividade para a prevenção de acidentes, doenças laborais e até mesmo o estresse.
A Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO, 2000) define ergonomia como: “uma
disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e
outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos
a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema”.
Diante disso, eis que a AET (Análise Ergonômica do Trabalho), como ferramenta de análise,
observa e rastreia o profissional em seu local de trabalho com intuito de verificar a relação
entre as demandas de acidentes, produtividade e doenças com as condições de trabalho de
modo geral, considerando desde as condições climáticas do ambiente até os métodos
utilizados para as atividades realizadas.
Portanto, esse trabalho, se desenvolve com o objetivo de realização de uma AET no setor de
atendimento de um laboratório de análises clínicas e diagnóstico por imagem, localizado na
cidade de Marabá, Pará. Visando, a identificação de inadequações ergonômicas nos postos de
trabalho em questão, e a partir dessas, a elaboração de recomendações capazes de
proporcionar maior conforto e bem-estar aos funcionários, o que refletirá diretamente na
eficiência dos mesmos.
2. Referencial Teórico
A apuração do estudo em questão, delimitou-se especificamente aos conceitos examinados e
técnicas utilizadas, como forma de obter confiabilidade aos resultados alcançados, adiante
estão descritas as referências base da pesquisa.
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O Sebrae (2013), define como laboratório de análises clinicas como o ramo de conhecimento
que trabalha com o estudo de algumas substâncias de forma de coletar dados e apontar
diagnósticos a respeito da saúde do paciente. Ocorre a partir de exames feitos a pedido de um
médico e são entregues em laboratórios próprios para a realização desses exames.
Ainda o Sebrae (2013) afirma que segundo a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, o
Brasil conta com aproximadamente 17 mil laboratórios que realizam 10 milhões de exames
por mês. Exames comuns são: hemograma completo, ureia, glicose, triglicerídeos, creatina,
colesterol, imunológico, parasitológico, bacteriológico, DNA, Raio-X, Ultrassom dentre
vários outros.
2.2 Ergonomia
Batalha (2008) afirma que o conselho da IEA (International Ergonomics Association) define
ergonomia como: “A disciplina cientifica interessada na compreensão das interações entre os
humanos e outros elementos de um sistema, é o campo profissional que aplica teoria,
princípios, dados e métodos para projetar objetivando otimizar o bem-estar humano e o
desempenho geral do sistema”.
Para Corrêa (2015), ergonomia tem como objetivo satisfação e conforto do indivíduo e a
garantia que a prática laboral e o uso do equipamento/produto não causem problemas a saúde
do usuário, não restringindo apenas a analisar a interação homem-máquina, mas também
englobar todo o contexto organizacional, psicossocial e político de um sistema.
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Gualberto et al. (2014, apud PALUDO; BRAVIN 2015) define que AET tem por objetivo a
real compreensão da situação de trabalho, o confronto de aptidões com limitações à luz da
ergonomia, visando realizar o diagnóstico das situações críticas com a legislação oficial, além
de estabelecer sugestões, alterações e recomendações de ajustes de processo, do produto, do
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posto de trabalho e ambiente. Ele analisa todo o recinto com o intuito de compreender os
problemas relacionados com a organização do trabalho e seus reflexos em prováveis
ocorrências de lesões físicas e transtornos psicofisiológicos.
Pavani (2007), demonstra que existe vários instrumentos para AET, principalmente
relacionados a riscos posturais, que pode ser classificado como checklists, ferramentas
semiquantitativas e quantitativas. Ferramentas semiquantitativas tem como base observações
diretas ou indiretas, com base em perguntas podendo ser convertido em escala numéricas ou
diagramas.
Guérin et al. (2001, apud Iida 2005) desdobra o AET em 5 etapas, sendo elas:
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A AET é uma forma de orientar melhorias nas condições de trabalho sobre os pontos que são
evidenciados pós-análise. Esta possibilita identificar e estimar as ações que podem interferir o
trabalho na organização (FEITOSA; MOREIRA, 2005, apud CORRÊA et al 2015).
3. Métodos de Pesquisa
O trabalho aqui exposto trata-se de um estudo de caso, baseado em pesquisas qualitativas e
exploratórias, com o objetivo de propor um projeto de readequação ergonômica de um
laboratório de análises clínicas e diagnósticos por imagem. O qual elaborou-se baseado em
pesquisas bibliográficas, na NR 17 e nos dados coletados por meio de questionário
semiestruturado e observação in loco. O principal foco do estudo e na ergonomia
organizacional, entretanto foram levados em consideração aspectos da ergonomia física e
cognitiva também.
A metodologia utilizada foi a AET (Análise Ergonômica do trabalho). A qual é composta por
cinco etapas, três delas são referentes à coleta de dados: análise da demanda, análise da tarefa
e da atividade. Na etapa seguinte gerou-se um diagnóstico das não conformidades encontradas
na empresa, para finalmente elaborar-se um caderno com as recomendações ergonômicas
necessárias à correção das falhas. As etapas sucederam-se conforme demonstrado na Figura 1.
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A empresa possui quinze postos de coleta, porém o estudo ergonômico foi realizado em
apenas uma das unidades, onde possui uma localização estratégica e com um fluxo intenso de
pacientes.
O atendimento analisado é composto por cinco funcionários, os quais têm como competência:
cadastrar cliente e seus exames, encaminha-los e orienta-los sobre os procedimentos de coleta
e entregar resultados. O serviço de atendimento é composto por três setores: recepção,
atendimento e pré-coleta. Cada funcionário possui seu posto de trabalho individual. Os quais
são três guichês e dois balcões.
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Apenas pela observação do processo de atendimento foi observado que o circuito percorrido
pelos clientes é incorreto, pois são induzidos pelo layout inadequado a iniciarem o
atendimento de forma errônea. Geralmente os clientes se dirigem inicialmente ao cadastro (2º
etapa) e à pré-coleta (3º etapa), porém deveriam iniciar pela recepção (1º etapa). As etapas e o
fluxo estão ilustrados na Figura 2.
Esta análise aborda individualmente cada posto de trabalho e suas respectivas atividades. Os
dados utilizados foram coletados por meio de observação direta e entrevista semiestruturada
com os colaboradores. Com isso foi possível identificar as dificuldades de movimentação,
falta de conforto e fatores psicossociais que os funcionários são sujeitos.
4. Resultados
O estudo de caso foi elaborado em um laboratório de Análises Clinicas e Diagnósticos por
Imagem, no qual teve-se o objetivo de analisar e avaliar os guichês de atendimento, espaço
físico e organizacional dentro da empresa e os dispositivos informacionais, por meio de
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Abaixo estão descritos as análises de acordo com cada posto de trabalho mencionado, seus
problemas e possíveis causas que vão servir como base para as propostas de melhoria.
De acordo com o organograma da empresa, deveria ser o primeiro contato dos clientes com o
laboratório. Nesse posto de trabalho, a funcionária é responsável em orientar os clientes com
informações sobre exames, coletas e onde pode procede-las. A mesma também lhe cabe
entregar sendo eles coletados no próprio laboratório ou em uma de suas unidades espalhadas
pela cidade.
Para o seguinte posto de trabalho foram coletados os seguintes problemas e suas descrições:
O balcão de recepção não fica em ponto estratégico, onde ao entrar, os pacientes vão
direto ao atendimento sem informações, fazendo com que demore o atendimento ou até
mesmo duvidas que deveriam ser sanadas pela recepcionista, provocando um atraso aos
demais;
Baixa iluminação no posto de trabalho mencionado, o que não propicia um local
adequado para postos que utilizam de computadores e papeis que precisam ser lidos;
Calor devido à proximidade das paredes de vidros expostas ao sol, sendo que esse
desconforto térmico baixa a produtividade e provoca mal estar na recepcionista;
Assento não conforme ao posto e as medidas antropométricas da pessoa que a utiliza;
A bancada que fica os equipamentos, como computador e impressora, é baixa;
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4.1.2 Guichês de atendimento para exames laboratoriais e/ou diagnósticos por imagem
Os guichês de atendimento deveriam ser o segundo contato que os pacientes tem quando
chegam a unidade laboratorial, porém devido sua localização é o primeiro. Neles são
recolhidos as guias onde são organizadas todos os exames a serem feitos e recolhido o devido
pagamento pelo serviço. Portanto, é necessário funcionários bem treinados, receptivos e
adequados para a função que desempenham.
Porém, principalmente pela distribuição do espaço físico, os clientes as solicitam para dar
informações, distribuir senhas, receber resultados, dentre outros, que não são de sua
competência, ou seja, acabam sendo sobrecarregadas e o número de funcionários é
insuficiente para atender a demanda, pois apesar da unidade ser nova, mais o laboratório é de
grande prestigio na cidade por sua excelência.
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Após serem recolhida as guias e descritos os exames que os clientes devem fazer, a pré-coleta
é o próximo estágio no atendimento. Como o nome do posto descreve é uma preparação dos
paciente e recepção de materiais coletados, sendo eles coletados no laboratório ou fora dele.
Por ser um posto que organiza os clientes para a coleta e recepciona o material
coletado, falta espaço na bancada para acondicionar o material e as guias, provocando uma
desorganização devido à falta de espaço;
As atendentes apresentam dores ocupacionais devido a trabalharem o tempo todo em
pé e não possuírem assento para descanso, não possuírem tempo para descanso e sempre ficar
em movimento;
Sobrecarga de trabalho devido à grande carga de responsabilidade sobre seu domínio.
O laboratório conta com um amplo espaço para o atendimento, entretanto não está sendo
usado da melhor maneira. As máquinas e instalações estão em locais inadequados. Para
melhor compreensão estão descritos os problemas apresentados.
Porta extremamente pesada, não sendo ergonômica para os colaboradores e nem para
os clientes que muitas vezes pensam que o local está fechado. Outro problema e a falta de
indicação de “empurras/puxar” para a orientação dos clientes;
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Para melhor compreensão dos problemas citados, demostramos abaixo a Figura 3, planta
baixa dos setores analisados no presente estudo. Como auxilio no desenho técnico, foi
utilizado o software Floorplanner. Por meio da planta é possível uma análise minuciosa dos
problemas mencionados até o momento, que foram coletados pelos elaboradores por meio de
observações in-loco e aplicação de questionário semiestruturado aos colaboradores. Sendo
assim, foi possível fazer o estudo de AET e propor melhorias, que dentre os problemas
citados, vários serão solucionados pela mudança no layout.
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A primeira proposta de mudança é feita por meio do reajanjo do espaço físico disponível. Por
consequências do novo arranjo físico é possível obter diversas melhorias. A Figura 4 é
descrita como a planta baixa modificada, que foi obtida com auxílio do Floorplanner.
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Sendo assim, as atendentes não necessitam parar o atendimento a todo momento para dar
informações a pessoas que cheguem ao local, como consequência as dores ocupacionais por
levantar a todo momento serão solucionadas.
Ao mesmo momento deverão fornecer apoio para os pés que ajustem as necessidade de cada
atendente, o ofuscamento será solucionado pela ausência de janelas do novo local, fornece
uma impressora para o atendimento que até então usavam a da recepção. São conjunto de
medidas que propiciem conforto ao trabalhador e como consequência um aumento de
produtividade.
4.3.2 Pré-coleta
4.3.3 Recepção
A mudança de local do balcão, possibilita uma melhora na visualização por parte do cliente
que entra ao recinto da unidade. Sendo assim, eles iram ao local correto em busca de
informações, com um novo local iluminado e confortável para a colaboradora daquele devido
posto.
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Mudanças no assento, apoios para os pés, ajuste de altura do computador e impressora são
equipamentos que melhoram a ergonomia do local e proporciona um conforto para a
atendente.
5. Considerações Finais
O presente trabalho teve como objetivo elaborar uma análise ergonômica do trabalho no setor
de atendimento de um laboratório de análises clínicas e diagnóstico por imagem localizada na
cidade de Marabá/PA. Realizado a análise, constatou-se que os colaboradores dos três setores
que dividem a tarefa de atender o cliente estavam sendo exercidas em posturas incômodas,
com vários fatores relacionados a ergonomia desfavoráveis a saúde ocupacional dos mesmos.
Com a realização deste estudo, foram feitos a quinta etapa do AET que é as recomendações,
que subsidiará a empresa a realizar ações de melhoria para o conforto dos seus colaboradores,
visando sempre o bem-estar e como consequência um aumento de produtividade. Então
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estudos como esse e possíveis modificações que vierem a ser feito não deve ser visto como
despesa e sim como investimento pela gama de vantagens que traz para o ambiente de
trabalho.
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REFERÊNCIAS
CORREA, V.M.; BOLETTI, R. R. Ergonomia: fundamentos e aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2015
CORREA, A. P. S. T. et al. Análise Ergonômica do Posto de Trabalho do Cirurgião Dentista: ênfase nos
aspectos posturais. XXII Simpósio de Engenharia de Produção, Bauru, 2015.
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2º Ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2005.
PAVANI, R. A. Estudo Ergonômico aplicando o método Occupational Repetitive Actions (OCRA): uma
contribuição da saúde do trabalho. Dissertação de Mestrado em Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio
Ambiente. São Paulo: SENAC, 2007.
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