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Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 2,32-48

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:


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'Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o
Reino. 33Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem,
um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói.
34
Porque onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. 35Que
vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. 36Sede como homens que
estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe
abrirem, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. 37Felizes os
empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu
vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os
servirá. 38E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão,
se assim os encontrar! 39Mas ficai certos: se o dono da casa soubesse a hora em
que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a sua casa. 40Vós também
ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o
esperardes'. 41Então Pedro disse: 'Senhor, tu contas esta parábola para nós ou
para todos?' 42E o Senhor respondeu: 'Quem é o administrador fiel e prudente
que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a
todos na hora certa? 43Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar
agindo assim! 44Em verdade eu vos digo: o senhor lhe confiará a administração
de todos os seus bens. 45Porém, se aquele empregado pensar: 'Meu patrão está
demorando', e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e
a embriagar-se, 46o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e
numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos
infiéis. 47Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada
preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes.
48
Porém, o empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que
merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito
será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!
Palavra da Salvação. / Glória a vós, Senhor.
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LITURGIA – 06 de agosto de 2016 – ANO C
COMENTÁRIOS
São Lucas nos faz contemplar no Evangelho que hoje refletimos (cf. Lc 12,32-48)
sobre a nossa vida em sua dimensão verdadeira. O ambiente lucano era
permeado pelo mercantilismo do Império Romano. Assim, Lucas contempla
constantemente o mal causado pelas falsas ilusões de riqueza e bem-estar,
além do escândalo da fome e da miséria (cf Lc 16,19-31). O Evangelho apresenta
uma catequese sobre a vigilância. Propõe aos discípulos de todas as épocas uma
atitude de espera serena e atenta do Senhor, que vem ao nosso encontro para
nos libertar e para nos inserir numa dinâmica de comunhão com Deus. O
verdadeiro discípulo é aquele que está sempre preparado para acolher os dons
de Deus, para responder aos seus apelos e para se empenhar na construção do
“Reino”.
O Evangelho nos ensina a Vigilância, viver para aquilo que realmente é
DEFINITIVO. Temos que ficar vigilantes diante das ilusões vãs. A vigilância é uma
atitude bíblica, desde a noite da libertação do povo hebreu da escravidão no
Egito, quando o anjo exterminador visitou as casas dos egípcios, enquanto os
israelitas, de pé, cajado na mão, celebravam Javé pela refeição pascal, prontos
para seguir seu único Senhor, que os conduziria através do Mar Vermelho até o
deserto, conforme nos ensina a Primeira Leitura.
A vigilância é, assim também, a atitude do cristão, que espera a volta do seu
Senhor, que encontrando seus servos a vigiar, os fará sentar à mesa e os servirá.
Pois já fez uma vez assim. Jesus é o Senhor Servo.
Para nós fica claro que o discípulo não pode se comportar como patrão e dono
das coisas e das situações. O discípulo é um administrador dos bens que Deus, o
verdadeiro patrão, lhe confiou. Bens materiais, sim, mas, sobretudo, os bens
espirituais trazidos pelo Cristo e, acima de tudo, o bem dos bens: o próprio
Cristo Senhor. A referência à distribuição da “porção do trigo” lembra José do
Egito, homem prudente, grande e fiel administrador, que salvara o povo da
fome e da morte. Mas, por outro lado, também, há uma referência as palavras
de Jesus: “Eu sou o pão da vida descido do céu: quem dele comer não
morrerá”(cf Jo 6,48-49). Desse Cristo vivo o discípulo será o administrador
responsável. Ninguém tem o Cristo para si. O Cristo deve ser distribuído como
se distribuiu o pão aos pobres e desvalidos.

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