VII SRST – SEMINÁRIO DE REDES E SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
INSTITUTO NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES – INATEL
ISSN 2358-1913
SETEMBRO DE 2018
IEEE802.11ax – Um novo padrão para
WLANs de alta eficiência
Roberto Mário Santos da Silva1, Edson Josias Cruz Gimenez2
Abstract - The 802.11 Standard was created to provide mobility
and convenience, however the scenario has changed; today
wireless device generate the highest percentage of internet traffic,
sharing all kinds of information, where more and more devices
are connected making the Wi-Fi network inefficient, is thinking in
this new scenario that IEEE 802.11 Working Group is developing
a new standard of high efficiency WLAN networks called the
IEEE 802.11ax.
Index Terms - OFDMA Random Access, Space Reuse,
Standard 802.11ax, Wireless Local Area Networks.
Resumo - O padrão 802.11 foi criado para propiciar
mobilidade e praticidade, no entanto o cenário mudou; hoje
dispositivos sem fio geram a maior porcentagem de tráfego de
internet, compartilhando todo tipo de informação, onde mais e
mais dispositivos são conectados, tornando a rede Wi-Fi
ineficiente. É pensando neste novo cenário que o IEEE 802.11
Working Group está desenvolvendo um novo padrão de redes
WLAN de alta eficiência, denominada IEEE 802.11ax.
Palavras-chave - Acesso aleatório OFDMA, Padrão 802.11ax,
Redes locais sem fio (WLANs), Reutilização Espacial.
I. INTRODUÇÃO
O surgimento das redes locais sem fio (WLAN - Wireless
Local Area Network), definida no padrão IEEE 802.11, em
1997, veio atender usuários com demandas especificas como
interligar dispositivos mais facilmente, a medidas que os
dispositivos portáteis como notebooks, laptops e tablets se
popularizaram. [1]
Pensando na evolução do padrão, propiciando aumento das
taxas de transmissão e largura de banda, melhor eficiência
espectral e relação sinal-ruído (SNR - Signal-to-Noise Ratio),
novas tecnologias foram sendo introduzidas ao padrão ao
longo dos anos, tais como FHSS (Frequency Hopping Spread
Spectrum), DSSS (Direct Sequence Spread Spectrum), OFDM
(Orthogonal Frequency Division Multiplexing), MIMO
(Multiple Input Multiple Output), entre outras.
Passados mais de 20 anos desde a primeira aprovação
técnica do projeto IEEE 802.11, o cenário hoje apresenta-se
muito diferente; mais e mais pessoas acessam a internet através
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Nacional de
Telecomunicações, como parte dos requisitos para a obtenção do Certificado
de Pós-Graduação em Engenharia de Redes e Sistemas de Telecomunicações.
Orientador: Prof. MSc. Edson Josias Cruz Gimenez. Trabalho aprovado em
07/2017.
da rede local sem fio, em todos os ambientes possíveis,
compartilhando todo tipo de informação.
De acordo com os dados da empresa Mobidia, o tráfego de
dados do android smartphone, em 2012, foi composto por
33% do tráfego de celular e 67% de tráfego de Wi-Fi. Já em
2013, esse percentual passou para 27% de tráfego de celular e
73% do tráfego Wi-Fi. [2]
Pesquisas realizadas no período já demonstravam
saturação do canal de comunicação nessas redes em grandes
centros urbanos, especialmente na faixa de 2,4 GHz. Este
aspecto tem como resultado a degradação do desempenho da
rede e impacta profundamente na Qualidade da Experiência do
usuário final. [3]
Fatores como custo e simplicidade na instalação levaram o
padrão 802.11 a se tornar popular tanto no setor doméstico
como no setor público e empresarial, com mais de 7 bilhões de
dispositivos em uso, em sua escala global. [3]
É pensando neste cenário de redes densas, que surge em
2014, uma nova proposta para as WLANs, o IEEE 802.11ax,
tendo como principal objetivo alcançar um throughput 4 vezes
maior, em comparação com a chamada Wi-Fi Gigabit
(IEEE802.11ac). O escopo desse novo padrão
(IEEE802.11ax) é definir modificações padronizadas tanto na
camada física PHY (Physcal), quanto no controle de acesso
MAC (Medium Access Control), para operações de alta
eficiência na faixa de frequências entre 1 e 6 GHz, tendo como
objetivo proporcionar uma melhor experiência ao usuário,
melhorando em 4 vezes sua taxa de transferência média em
ambiente densamente implantados.
Outro ponto bastante importante também diz respeito a
integração deste novo padrão com as redes celulares LTE
(Long Term Evolution), tendo como objetivo a migração de
parte do tráfego destas para as novas WLAN.
Na Figura 1 pode ser observado graficamente a evolução
dos padrões Wi-Fi, comparados com a evolução dos padrões
das redes celulares, em que se pode notar uma similaridade nas
taxas de transmissão permitidas em ambas tecnologias. [4]
O presente trabalho tem por finalidade fazer uma revisão
bibliográfica sobre o padrão IEEE 802.11ax, destacando
algumas das principais tecnologias adotadas nesse novo
padrão, permitindo aumentar sua eficiência, principalmente em
ambientes de alta densidade, quando comparado aos chamados
padrões legados.
 O IEEE 802.11ax, no sentido de atender aos recursos do
OFDMA e os cenários externos, diminuiu o espaçamento da
subportadora, que ficou em 78,125kHz, contrapondo com o
IEEE 802.11 legado, que é de 312,5kHz. Assim, sendo 4
vezes menor, minimiza a sobrecarga do intervalo de guarda
relativo, além de fornecer um ganho seletivo de melhor
frequência. Entretanto, quando o sinal é submetido a um
espaçamento insuficiente da subportadora na transmissão
OFDM, surgem interferências devido ao espalhamento
Doppler, degradando o desempenho.
Fig. 1. Comparativo da evolução dos protocolos wireless e padrões de Os períodos utilizados no IEEE 802.11ax, relacionado ao
telefonia celular. [4] intervalo de guarda, de 0,8µs, 1,6µs e 3,2µs tons, tem a
finalidade de proteger um intervalo de atraso de propagação
II. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PADRÃO IEEE802.11AX para canais internos e externos, e refere-se a diferença de
tempo entre usuários na transmissão UP OFDMA e MIMO.
Para atender a demanda dos usuários das redes WLAN por
[5]
maior rendimento, o Grupo de Tarefa WLAN de Alta
As seguintes RUs são definidas para transmissão DL/UP:
Eficiência HEW (High-Efficiency WLAN) trabalhou em uma
de 26 tons, de 52 tons, de 106 tons, de 242 tons, de 484 tons,
nova proposta, denominada IEEE 802.11ax, tendo como
de 996 tons e tons de 2×996 RU, sendo a localização destas
características principais: OFDM/OFDMA (Orthogonal
RUs em 20, 40 e 80 MHz e 160 MHz e 80 + 80 MHz,
Frequency Division Multiplexing/Multiple Access), DL/UP
resultando em 9 usuários em 20 MHz, 18 usuários em 40
MU-MIMO (Multi-User Multiple-Input Multiple-Output),
MHz, 37 usuários em 80 MHz e 74 usuários em 160 MHz,
Reutilização Espacial, acesso aleatório ao OFDMA e TWT
conforme suportado em uma transmissão OFDMA [3]. A
(Target Wake Time).
Tabela 1 indica, para cada largura de canal, o número máximo
A. Camada física IEEE 802.11ax de RUs admitdas, para cada um dos diferentes tipos definidos
O IEEE 802.11ax inovou ao utilizar a tecnologia MU- no padrão. [5]
TABELA I
MIMO para UL (uplink) e DL (downlink), permitindo atender NÚMERO MÁXIMO DE RUS POR LARGURA DE CANAL. [5]
a mais usuários ao mesmo tempo, em lugares mais remotos.
Com a aplicação das tecnologias MU e MU-MIMO ao RU Type
CBW CBW CBW CBW 80+80
OFDMA, e ao OFDM, tornou-se possível que diferentes 20 40 80 CBW 160
26-tone RU 9 18 37 74
subconjuntos de portadoras se alocassem com vários usuários, 52-tone RU 4 8 16 32
permitindo acesso simultâneo ao recurso do rádio. 106-tone RU 2 4 8 16
Com a tecnologia OFDMA tornou-se possível fragmentar 242-tone RU 1 2 4 8
várias subportadoras em banda menores, denominadas RUs 484-tone RU N/A 1 2 4
(Resource Units), sendo essas RUs distribuidas aleatoriamente 996-tone RU N/A N/A 1 2
2x996-tone RU N/A N/A N/A 1
para cada estação móvel (STA) de acordo com as dificuldades
que cada uma possui ao acessar o meio.
Pensando em garantir maior cobertura e eficácia, faz-se
Assim, o uso do OFDMA permite que cada usuário adquira
necessário a mudança na estrutura dos quadros, sendo que
uma RU individual, neste caso, o fluxo do preâmbulo no canal
cada quadro começa com um preâmbulo duplicado, em cada
é minimizado, tornando o sinal mais eficiênte, livre de
canal de 20 MHz. Esse preâmbulo constitui-se de duas partes:
interferência e desvanecimento.
preâmbulo legado e preâmbulo de alta eficiência [6], conforme
Além disso, proporciona ao AP (Access Point) um melhor
ilustra a Figura 2.
equilibrio ao BSS (Basic Service Sets), pois numa transmissão
de DL, quando uma STA estiver na borda ou em uma região
de baixo nível de sinal, o AP eleva o nível de potência desta
STA com objetivo de aumentar a taxa de transferência de DL,
por meio da transferência de potência de um usuário mais
forte.
De outro modo, os ganhos do UL OFDMA ocorrem pela
aglomeração de múltiplos usuários, por intermédio dos quais
Fig. 2. HE-SIG A – Estrutura do quadro com os preâmbulos duplicados. [6]
cada usuário transmite em sua RU dedicada, colaborando
assim para a melhora da relação sinal ruído (SNR) no AP. O preâmbulo legado é decodificado pelas estações legadas,
Comparados aos APs, as STAs possuem uma menor tendo compatibilidade com as versões anteriores de WLANs.
potência de transmissão, e essa desigualdade faz com que a Além disso, contém sequências de treinamento necessárias
energia diminua a taxa de transferência do UP, podendo para o receptor sincronizar o sinal recebido através do campo
também reduzir a área de cobertura da BSS. Com a utilização L-SIG (Legacy Signal), responsável por informar o tempo de
da tecnologia OFDMA no UP do Padrão 802.11ax, esta duração do quadro. Já o preâmbulo HE-SIG-A (High
deficiência também pode ser superada. Efficiency Signal-A), pode ser decodificado apenas por
estações 802.11ax, permitindo diferenciar de maneira
confiável os quadros 802.11ax dos legados.
Em implantações densas, os quadros no padrão 802.11ax
começam com o prâmbulo legado, formado pelos campos
LSTF (Legacy Short Training Field), LLTF (Legacy Long
training Field) e LSIG (Legacy Signal Field), seguido do
preâmbulo HE, e após este, aparece a carga útil (HE data
payload), conforme ilustra a Figura 3. [7]
Fig. 3. Estrutura de quadro 802.11ax. [7]
O preâmbulo HE contém os campos obrigatórios HE-SIG-A
(High Efficiency-Signal-A) e HE-SIG-B (High Efficiency-
Signal-B), que são dois símbolos OFDM longos, duplicados
em cada 20 MHz, carregando informações tais como esquema
de modulação e codificação (MCS - Modulation and Coding
Scheme), largura de banda, NSTS (Number of Spatial
Streams), entre outras. Além disso, é incluído no preâmbulo
do pacote algumas informações de controle MAC, podendo
esses dados serem referentes a um único usuário (HE-SU –
Single User), ou múltiplos usuários (HE-MU – Multiple
Users), neste caso, denominado HE-SIG-B, conforme
mostrado na Figura 4. [6]
Fig. 4. Estrutura de codificação HE-Sing B. [6]
Mesmo com diversas mudanças significativas, uma
preocupação na definição do padrão 802.11ax foi manter a
compatibilidade e a coexistência com estações legadas,
padrões 802.11 a/b/g/n/ac.
Com relação às frequências de operação, assim como os
padrões legados, o padrão 802.11ax opera nas frequências de
2,4 GHz e 5 GHz, fazendo uso do esquema de modulação
1024QAM (Quadrature Amplitude Modulation). A Tabela 2
ilustra, de forma comparativa, as características principais,
associadas às faixas de frequências utilizadas pelos dois
padrões gigabit Wi-Fi, o padrão 802.11ac, considerado um
padrão legado (802.11ac), e o novo padrão 802.11ax. [8]
TABELA II
COMPARATIVO ENTRE OS PADRÕES 802.11AC E 802.11AX. [8]
B. DL/UP MU-MIMO
A relevante descoberta da multiplexação espacial foi uma
das premissas dos padrões legados, usando múltiplas antenas
em APs e nas estações, o que permitiu alcançar melhorias no
desempenho das WLANs até então. A multiplexação espacial
prosseguirá sendo uma das principais tecnologias no padrão
802.11ax com o objetivo de alcançar alto rendimento.
O IEEE 802.11ax da próxima geração continuará a
implantar tanto o SU-MIMO (Single User Multiple Input
Multiple Output) quanto o MU-MIMO no downlink, como já
ocorre no padrão IEEE 802.11ac, podendo utilizar a
configuração 4×4 ou 8×8 MU-MIMO, de acordo com a sua
utilização, proporcionando maior capacidade e possibilitando
a geração de até 8 streams simultâneos para diferentes
usuários, em DL/UL.
O padrão 802.11ax poderá fazer uso da multiplexação
espacial para integrar ou dar suporte para o MU-MIMO de
enlace ascendente, o MIMO em massa e o MIMO em rede,
bem como possibilitar soluções de antenas distribuídas,
proporcionando maior transferência de dados ao meio de
transmissão.
O MIMO multiusuário permite múltiplas transmissões
simultâneas para diferentes estações do AP tanto no sentido
downlink quanto no sentido uplink [10]. Para iniciar uma
transmissão de ligação descendente, o AP envia o cabeçalho
PHY com informações sobre o grupo de estações selecionadas
e o número de fluxos espaciais que são transmitidos para cada
estação, no modo SU-MIMO ou no modo MU-MIMO.
O MU-MIMO massivo refere-se ao caso em que o AP tem
um número de antenas bem maior que o número de estações
ativas [10]. O MIMO da rede refere-se a diferentes APs que
podem coordenar as transmissões como se fossem um grande
conjunto de antenas, o que reduz a interferência entre as
transmissões e aumenta a reutilização espacial. [11]
C. Mecanismo de Acesso OFDMA
Quando uma estação procura por acesso ao meio UP
OFDMA, e o AP constata a presença da estação, neste instante
o AP libera um RU que é alocado imediatamente pela STA, e
esta começa a transmitir sua PPDU (Phy Protocol Data Unit)
no padrão OFDMA.
No entanto, quando o AP percebe a presença de uma
estação para acessar o canal, mais o AP desconhece essa
estação, o AP enviará uma ou múltiplas RUs para a alocação
por processo aleatório baseado em OFDMA UP MU.
Este mecanismo funciona pelo fato do AP, que tem o
controle absoluto do acesso ao meio, enviar regularmente
quadros disparadores de acesso aleatório (frame trigger), que
alocam as RUs aleatoriamente. Este mecanismo que determina
e autoriza qual estação poderá transmitir, e em qual RU a
estação propõe-se transmitir, é denominado método OBO
(OFDMA Back-Off). [12]
A escolha do valor aleatório da janela de contenção, é
realizada no instante que a estação necessita acessar o canal
UP OFDMA. Esta escolha tem como objetivo evitar que
transmissões simultâneas vindas de diversos terminais
provoquem interferência entre si, cujos parâmetros são
assimilados e especificados pelo AP por meio de frame trigger
[13], sendo que cada frame trigger da estação decrementa o
valor pelo número de RUs especificadas no frame trigger, até
que ele atinja o valor zero. No próximo momento, para que o
quadro seja transmitido com sucesso, a estação seleciona
aleatoriamente uma RU. Para melhorar a eficiência de energia,
o AP pode definir um ou mais tempo de transmissão alvo de
quadro de disparo [14].
O TGax (Task Group 802.11) trabalha com objetivo de
reduzir a sobrecarga causada pelo acesso ao canal legado,
como o canal distribuído aprimorado (EDCA - Enhanced
Distributed Channel Access). Os recuos de espaçamento entre
estruturas RTS (Request to Send e CTS (Clear to Send) e
colisões são uma das causas que reduzem consideravelmente a
eficiência do espectro quando submetido a altas taxas de
dados. [15]
Estudos propõem um mecanismo chamado lista (roster),
que implementa o conceito de passagem de token.
Especialmente, o AP aloca intervalos de tempo quando apenas
estações da lista podem transmitir. Além disso, eles fazem
apenas em uma ordem pré-definida. A proposta também
descreve como construir a lista e mantê-la no caso de estações
ocultas. Assim, a lista reduz o tempo de colisões ou canal
inativo, ao contrário do acesso determinístico legado, por
exemplo, o HCCA (HCF Controlled Channel Access) e o
MCCA (MCF Controlled Access). [15]
D. Gerenciamento de Energia com o Target Wake Time
A função TWT (Target Wake Time) permite ao AP
negociar com as estações a fim de definir um horário, ou
conjunto de horários nos quais essas estações poderão acessar
o meio de transmissão. O padrão IEEE 802.11ax define dois
tipos de TWT: o TWT individual e o TWT broadcast.
O TWT individual é aquele em que a negociação é
realizada entre duas estações, sendo que uma assume a função
de estação de agendamento TWT, e as demais assumem o
papel de estações agendadas de TWT. O TWT broadcast
ocorre quando esta negociação é realizada entre um AP, na
função de estação de agendamento de TWT, e as demais
estações no papel de estações agendadas de TWT. [5]
O AP é o principal gerenciador das estações, no que diz
respeito ao acesso ao canal. Com a função TWT, ele cria um
grupo de horários para que as estações acessem o meio de
transmissão de maneira ordenada. Assim, por meio da função
TWT, a economia de energia nas estações ocorre no instante
em que o AP controla o nível de concorrência e sobreposição
entre as estações. Com isso, estações não autorizadas a acessar
o canal entram num estado de hibernação até a chegada do
TWT correspondente.
Além disso, um AP pode criar programações e fornecer
valores de TWT às estações sem ter acordos individuais de
TWT com elas. A Figura 5 ilustra um exemplo de operação
broadcast envolvendo um AP e duas estações.
E. Reutilização Espacial
Os padrões legados 802.11n e 802.11ac, ao detectar uma
PPDU com energia recebida maior que -82dBm, fará com que
uma estação, por precaução, adie sua tentativa de transmissão
de dados, com o intuito de evitar interferência no BSS (Basic
Service Sets), o que provocaria uma menor taxa de
transferência ao sistema.
Fig. 5. Exemplo de Operação TWT Broadcast. [15]
O padrão 802.11ax faz uso da reutilização espacial (SR –
Spatial Reuse) com o objetivo de melhorar o desempenho do
sistema e a economia de energia, quando submetido a
ambientes densos, identificando precocemente o sinal do BSS
e realizando o gerenciamento de interferências.
A identificação do BSS ocorre por meio de informações
transportadas no cabeçalho da PPDU, como um código de cor
associado a um BSS, que ao ser consultada por uma estação,
sobre um determinado quadro, a estação fará um comparativo
entre esse código de cor enviado pelo AP e o código de cor do
BSS; sendo positivo, se trata do mesmo BSS; caso contrário,
se trata de um BSS adjacente. [5]
O 802.11ax faz uso também do CCA (Clear Channel
Assessment). Baseado no código de cores, ele pode atuar no
limiar de detecção do sinal BSS, em área de intersecção e
controle de potência de transmissão.
Além disso, o 802.11ax também favorece o mecanismo de
temporização mantendo uma predição de tráfego futuro
através do mecanismo denominado NAV (Network Allocation
Vector), já utilizado nos padrões WLANs legados.
F. Convivência LTE LAA e WLAN
O Padrão 802.11ax possibilita ainda uma nova
funcionalidade: compartilhar a banda de frequência de 5GHz
entre a WLAN e as redes móveis celulares LTE LAA (Long
Term Evolution License Assited Access); um dos objetivos do
3GPP (3rd Generation Partnership Project) para aliviar o
fluxo de tráfego das operadoras, enviando-o para as redes
WLANs, utilizando a banda como portadora secundária para
transmitir informações de downlink.
No entanto, a disputa pelo canal acaba sendo desigual,
quando comparadas as duas tecnologias (LTE LAA e WLAN),
uma vez que a transmissão no LTE LAA ocorrerá primeiro,
uma vez que o mesmo é projetado para transmitir
permanentemente sempre que houver um pacote esperando no
UE (User Equipment). Como o padrão 802.11 tem como base
o protocolo CSMA/CA (Carrier Sense Multiple Access with
Collision Avoidance), em ambiente denso, com alta demanda
de tráfego, a disputa ficará ainda mais desigual quando a
tecnologia WLAN procurar acesso ao canal.
Para minimizar a desigualdade dessa disputa, o eNB (E-
Utran Node-B) faz uso do mecanismo LBT (Listen-Before-
Talk), que atua no limiar do CCA (Clear Channel
Assessment), garantindo assim um melhor equilíbrio e a
coexistência entre as duas tecnologias LTE LAA e WLAN. [8]
 III. CONCLUSÕES
A finalidade deste trabalho foi demonstrar as mudanças e
os benefícios que o novo padrão IEEE 802.11ax sofreu para
prover uma WLAN de alta eficiência em ambientes com alta
densidade de usuários, proporcionar uma melhor experiência
aos usuários, além de possibilitar a coexistência com os
padrões WLAN legados.
Algumas das principais mudanças que ocorreram no
padrão 802.11ax, foi a utilização da tecnologia OFDMA,
através da qual, devido aos múltiplos sub canais
multiplexados, permitem o atendimento de vários usuários
simultaneamente, o que é de grande importância para
ambientes de alta densidade. Além disso, outra melhoria
significativa ocorreu no UP OFDM, conseguindo-se ganhos de
desempenho, principalmente por se tratar de um canal
dedicado a cada RU.
Com o objetivo de alcançar um throughput quatro vezes
maior, em comparação com o chamado Wi-Fi Gigabit (padrão
IEEE 802.11ac), o padrão 802.11ax faz uso da tecnologia 8×8
MU-MIMO e da modulação de ordem superior 1024 QAM,
possibilitando assim maximizar sua capacidade, além de
alcançar uma maior cobertura.
Com a preocupação de permitir uma coexistência com os
padrões WLAN legados, definiu-se as bandas de 2,4 GHz e 5
GHz, além do uso do mecanismo de acesso aleatório OFDMA,
permitindo às estações uma melhora na eficiência de energia.
Também pensando na eficiência de energia, definiu-se
ainda a função TWT, permitindo às estações e o AP uma
negociação sobre os horários de utilização do meio, resultando
em um menor consumo de energia.
Outro recurso importante implantado no padrão 802.11ax
foi a reutilização espacial, seja por meio de reconhecimento
antecipado ou por meio do bit de cor, possibilitando a
identificação de qual BSS pertence determinado quadro,
elevando assim o desempenho do sistema como um todo.
IV. REFERÊNCIAS
[1] (artigo online) A. Carvalho Junior, “Redes WLAN: IEEE 802.11ac – A
Gigabit Wireless LAN”. 26/08/2013. Disponível:
http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorial802-11ac/default.asp.
Acessado em 10/03/2018.
[2] (artigo online) “Data Use by Smart Phone Users Show No Sign of
Slowing According to Mobidia Technology Report”. 26/02/2014.
Disponível: https://appdevelopermagazine.com/1124/2014/2/26/data-
use-by-smart-phone-users-show-no-sign-of-slowing-according-to-
mobidia-technology-report/. Acessado em 10/03/2018.
[3] (artigo online) R. Alderfer. “'Wi-Fi Spectrum: Exhaust Looms”.
21/03/2014. Disponível: http://ssrn.com/abstract=2411645. Acessado
em 16/03/2018.
[4] Der-Jiunn Deng, Kwang-Cheng Chen and Rung-Shiang Cheng. “IEEE
802.11ax: Next generation Wireless Local Area Networks”. 10th
International Conference on heterogeneous Networking for Quality,
Reability, Security and Robustness. October 2014. Disponível:
https://ieeexplore.ieee.org/document/6928663/. Acessado
10/03/2018.
[5] Der-Jiunn Deng et al. “IEEE 802.11ax: Highly Efficient WLANs for
Intelligent Information Infrastructure”. IEEE Communication Magazine,
December 2017, pp. 52-59. Acessado em 10/03/2018.
[6] Jiayin Zhang et al. “Preamble structure for 11ax system”. IEEE802.11-
15/0101r1, January 2015. Disponível:
https//mentor.ieee.org/802.11/den/15/11-15-01-101-01-00ax-preamble-
structure-for-11ax-system-pptx. Acessado em 10/03/2018.
[7] Hongyuan Zhang et al. “Preamble Design and Auto-detection”.
IEEE802.11-15/0579, July/2015. Disponível:
https://mentor.ieee.org/802.11/den/15/11-15-0579-04-00ax-premble-
desing-and-autodetection.pptx. Acessado em 10/03/2018.
[8] (artigo online) “Introdução aos sistemas sem fio de alta eficiência do
padrão 802.11ax”. National Instruments, 16/09/2016. Disponível:
http://www.ni.com/white-paper/53150/pt/. Acessado em 16/03/2018.
[9] Ruizhi Liao et all. "MU-MIMO MAC Protocols for Wireless Local Area
Networks: A Suvey". IEEE Communications Surveys & Tutorials, vol.
18, December 2014. Acessado em 16/03/2018.
[10] Clayton Shepard et al. "Argos: Practical Many-Antenna Base Stations".
Proceedings of The 18th Annual Internacional Conference on Mobile
Computing and Metworking, pp. 53-64, August 2012. Acessado em
10/03/2018.
[11] X. Zhang, K. Sundaresan and K. G. Shin. "NEMOx: Scalable Network
MIMO for Wireless Networks". Proceedings of The 19th Annual
Internacional Conference on Mobile Computing and Metworking, pp.
453-464, September 30 – October 04, 2013. Acessado em 10/03/2018.
[12] Chittabrata Ghosh et al. “UL OFDMA-based Random Access
Procedure”. IEEE802.11-15/1105r0. September 2015. Disponível:
https://mentor.ieee.org/802.11/den/15/11-15-1105-00-00ax-ul-ofdma-
based-random-acss-procedure.pptx. Acessado em 11/03/2018.
[13] Russell Huang et al. “Triggered OFDMA Random Access
Observations”. IEEE802.11-15/1137. September 2015. Disponível:
https://mentor.ieee.org/802.11/dcn/15/11-15-1137-01-00ax-triggered-
ofdma-random-access-observations.pptx. Acessado em 11/03/2018.
[14] Chittabrata Ghosh. “Power Save with Random Access”. IEEE 802.11-
15/1107r0. September 2015. Disponível:
https://mentor.ieee.org/802.11/dcn/15/11-15-1107-00-00ax- power-
save-with-random-access.pptx. Acessado em 11/03/2018.
[15] Sean Coffey and DZ Liu. “Airtime Analysis of EDCA”. IEEE 802.11-
15/1114r1. September 2015. Disponível:
https://mentor.ieee.org/802.11/dcn/15/11-15-1114-01-00ax-airtime-
analysis-of-edca.pptx. Acessado em 11/03/2018.
Roberto Mário Santos da Silva nasceu em Salvador, BA, em 29 de
setembro de 1969. Possui título: Engenheiro Eletrônico, ênfase em
Telecomunicações (Santa Cecília, 2015). Possui curso técnico na Escola
Técnica Fortec. Trabalha como técnico de manutenção em TV, na Record,
desde 2003, cargo que possui até o presente momento.
Edson Josias Cruz Gimenez – graduação em Engenharia Elétrica pelo
Instituto Nacional de Telecomunicações (1987), especialização em
Informática Gerencial pela Faculdade de Administração e Informática (1994),
especialização em Educação Matemática pela Pontifícia Universidade
Católica de Campinas (1987) e mestrado em Telecomunicações pelo Instituto
Nacional de Telecomunicações (2004). Professor titular do Inatel.
em