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Introdução
A radiotransmissão teve seu início em 1895 com a primeira transmissão de sinais elétricos sem
fios feita por Marconi na Itália. Embora o primeiro transmissor tenha sido construído por Marconi, ele
baseou seu trabalho nas pesquisas de Heinrich Hertz, sobre ondas eletromagnéticas.
É óbvia a necessidade de se transmitir voz a longas distâncias, mas a voz humana, tem pequeno
alcance, mesmo se amplificada, pois devido a faixa de freqüência que ocupa (300 Hz a 5000 Hz), é
muito atenuada por eventuais obstáculos e pela própria atmosfera.
Por outro lado, ondas eletromagnéticas de freqüências mais altas são absorvidas pela atmosfera e
ainda são refletidas pela ionosfera, podendo por reflexão, circundar a Terra. Além disso estas ondas
movem-se com a velocidade da luz, permitindo portanto, contato imediato entre dois pontos quaisquer
da Terra.
Infelizmente essas ondas de freqüências mais altas não são audíveis para o ser humano e por isso
não podem ser usadas sozinhas em telecomunicações. Para contornar esse inconveniente usamos um
processo chamado modulação, que descreveremos a seguir: o som é um sinal alternado, com amplitude
e freqüências variáveis. Essa amplitude e freqüência são características próprias de cada som. Se
conseguirmos fazer com que uma onda de alta freqüência que chamaremos portadora, sofra variações
no tempo de sua amplitude, freqüências ou fase, variações essas proporcionais aos valores da onda
sonora, teremos modulado a portadora. O processo pela qual alteramos as características da portadora é
denominado “modulação”. Existem três tipos de modulação.
Tipos de modulação
a)Modulação em Amplitude
A onda portadora com freqüência alta e constante, tem sua amplitude do sinal de áudio, como
mostra a figura 1.
O sistema mostrado na figura anterior é chamado AM – DSB, pois os dois lados da portadora
sobrem modulação (DSB= DOUBLE SIDE BAND = Dupla Banda Lateral). Devemos notar que a
Emax - Emin
ma = ⋅ 100%
Emax + Emin
Onde: (figura 1)
b) Modulação em Freqüência
Neste caso, a onda portadora tem amplitude constante, porém, modificamos sua freqüência
instantânea de acordo com a freqüência do sinal modulador, como a figura 2.
Considerando a freqüência da portadora como sendo, 15.100 KHz, e o tom do sinal modulador
de 5 KHz, após a modulação, a portadora será composta por três freqüências: a portadora e as duas
bandas laterais, resultantes do batimento entre a freqüência da portadora e a freqüência instantânea do
sinal modulante.
Distribuição de Potência
Nos transmissores modulados em amplitude, a potência de cada banda lateral depende do índice
de modulação. Para o caso de 100% de modulação, a portadora contém 66,6% de potência total
transmitida, enquanto que cada banda lateral contém 16,6%, como podemos verificar na figura 6.
Como vimos anteriormente, a onda modulada é composta por três freqüências: a freqüência da
portadora e as suas bandas laterais. Quando não possuem modulação, toda potência de saída está contida
na portadora.
Toda vez que aplicarmos o sinal modulante, isto é, aumentamos o índice de modulação, surgem
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as bandas laterais contendo cada uma delas, um pouco da potência que antes estava contida na
portadora. Quanto maior for o índice de modulação tanto maior será a potência distribuída nas bandas
laterais.
Figura 5 -Espectro de freqüência para um transmissor modulado em AM DSB com modulação de 100 %
Simplificando, temos:
O mesmo processo é válido para a tensão contida em cada banda lateral. Observamos que na
figura 7 o espectro é a fórmula pela qual podemos determinar o nível de tensão em cada banda lateral.
Exemplo prático:
Imaginemos um transmissor de AM, com uma potência total na antena de 500 W, e com um
índice de modulação de 80%. Determinar a potência da portadora e a potência em cada banda lateral.
Podemos considerar como sinal modulante, o sinal que tenha características diferentes de um
sinal senoidal simples. Neste caso, o espectro de freqüências terá um formato diferente, pois
representaremos somente a amplitude da portadora, sendo a moduladora representada por sua freqüência
nas bandas laterais (figura 8).
Moduladores
No processo de modulação em amplitude utiliza-se um circuito modulador, para aplicar a
mensagem de áudio sobre a portadora de RF.
O sinal modulante é capturado pelo microfone, sendo em seguida amplificado até um nível de
potência suficiente para variar a amplitude do sinal da portadora de RF. O sinal da portadora é gerado
por um oscilador controlado a cristal, com boa estabilidade de freqüência, e oscilando já na freqüência
final da portadora.
Conforme podemos ver, a tensão Vcc é obrigada a variar até os valores de pico, positivos e
negativos do sinal de áudio modulante. Com isso, a amplitude do sinal de RF na saída, varia em função
da amplitude do sinal modulante com a mesma velocidade . Verificamos também, que após a
modulação, a mensagem está contida na envoltória da portadora modulada.
Tipos de Moduladores
Os moduladores AM, de uma maneira geral, podem ser enquadrados em dois tipos básicos:
a) Modulador Quadrático
Todo elemento não linear, que possuir na expressão matemática da função de transferência um
termo de grau 2, poderá servir como modulador. Define-se como função de transferência, a expressão
matemática que relaciona os valores de entrada e de saída da tensão do elemento. Mostramos na figura
11 o circuito geral de um modulador quadrático, que deve possuir um elemento de características não
linear, que tenha em sua função de transferência um termo quadrado. Esta característica está sendo
citada na curva abaixo. Iremos operar em torno do ponto de polarização quiescente (Q) e ainda
consideraremos pequenas variações em torno deste ponto, de maneira que teremos:
= ⋅ + ⋅
2
e2 b
1 e
1 b 2 e
1
onde:
e1 = sinal de entrada
e2 = sinal de saída
b1 e b2 = coeficientes que dependem do elemento não linear utilizado
Devido à característica não linear do elemento do modulador, existe uma interação entre os dois
sinais (o modulador e a portadora) que chamamos de batimento. Desse batimento resulta uma série de
freqüências que irão atingir o “Filtro Passa-Faixas (F.P.F.)”. Esse filtro irá permitir a passagem
somente daquelas freqüências em torno da sua freqüência central (fo). Desse modo todas as demais são
barradas e assim obtemos o sinal de RF desejado.
b) Modulador Síncrono
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Esse tipo de modulador baseia-se na amostragem do sinal resultante da soma de sinal modulador
com um nível DC. De fato, a portadora é aplicada ao nível DC e é modulada somente quando existir um
sinal modulador. Também são usados elementos não lineares na modulação. Observamos na figura 13
dois exemplos de moduladores síncronos.
Transmissores
Já visto anteriormente o processo dos moduladores, então, vamos estudar agora os processos
completos para a transmissão.
Transmissor AM-DSB
Vimos que no sistema AM – DSB simples, a maior parte da potência é gasta na transmissão da
portadora. Isto em princípio constitui um desperdício, porque a portadora em si não contém a
informação (vide figura 6).
No AM-DSB/SC faz-se a supressão da portadora e toda a potência agora é empregada na
transmissão de faixas laterais. Portanto, do ponto de vista do gasto de potência, o sistema AM-DSB/SC é
mais vantajoso do que o AM comum. Em contraposição, veremos que no processo de recepção, o
sistema com a portadora suprimida apresenta maiores dificuldades técnicas do que o AM comum.
Moduladores AM-DSB/SC
Para produzir o sinal modulado em amplitude, com portadora suprimida, usamos três tipos
principais de moduladores.
Na figura 14, notamos o circuito em blocos do transmissor completo.
a) Moduladores Balanceados
Os elementos assinalados como “N” no circuito da figura 16, são os elementos não lineares
(elementos que não obedecem a lei de Ohm, como por exemplo, os diodos) necessários à modulação. Na
prática, obtemos a onda moduladora com circuitos do tipo indicado na figura 17.
O sinal modulador a (t), aplicado ao transformador é aplicado aos dois triodos com defasagem
0
de 180 , ou seja, os triodos recebem sinais simétricos. Esses dois sinais são somados à portadora pelas
válvulas, e o sinal já modulado é aplicado ao transformador de saída, onde a portadora é anulada devido
à simetria do circuito. No secundário do transformador de saída, teremos o sinal e (t) que será o AM-
DSB/SC.
A anulação da portadora se dá no núcleo do transformador, pois as válvulas criam no primário
correntes de sentidos contrários. Essas correntes criam no núcleo fluxos magnéticos de sentidos
contrários que se anulam, não induzindo, portanto, tensões no secundário.
Outro tipo de modulador que suprime a portadora é o modulador em anel, com funcionamento
análogo ao anterior e cujo esquema é mostrado na figura 18.
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Na figura 15B observamos o espectro de potência do AM-DSB/SC e podemos notar, que
praticamente toda a energia está concentrada nas bandas laterais que transportam o sinal de áudio.
c) Modulador em ponte
Outro circuito que também nos dá o sinal AM-DSB/SC é o da figura 19 conhecido com o nome
de modulador em ponte.
Neste circuito, o sinal da portadora é que comanda o funcionamento dos diodos, fazendo com
que tenhamos uma chave sincronizada com a portadora, que nos dará um sinal semelhante ao dos outros
circuitos.
Modulação em SSB
A informação é transmitida nas duas bandas laterais do mesmo modo que já foi visto na de
modulações em amplitude. No receptor, a demodulação é feita através de um detetor ou demodulador
apropriado para sinais modulados em AM.
Nesse processo de demodulação, a portadora e uma das bandas laterais são eliminadas, sendo
aproveitadas somente uma das bandas laterais onde está contida a mensagem. Como já vimos, a potência
útil transmitida era 16,6% da potência total, ou seja, em 500 W, teríamos 121,3 W de informações
aproveitáveis e 378,7 W gastos exclusivamente na transmissão.
Por outro lado, o espectro ocupado por um transmissor modulado em AM-DSB/SC ocupava uma
largura de 10 KHz, ou melhor, 5 KHz para cada lado da freqüência da portadora.
Se houvesse um meio de eliminarmos a portadora e uma das bandas laterais, de maneira a
transmitirmos somente uma das bandas laterais, ganharíamos ≅ 380 W na potência transmitida e ao
mesmo tempo reduziríamos a largura da faixa de 10 KHz para 3,4 KHz.
Isto é conseguido pelo processo de modulação em SSB (Single Side Band – Banda Lateral
Única).
Nesse processo, a supressão da portadora é feita em parte pelo modulador e, em parte pelo filtro,
não fazendo nenhuma falta na demodulação.
Temos nas figuras 20A – onda modulada em amplitude – espectro de freqüência, 20B – onda
modulada em DSB/SC e 20C – onda modulada em SSB.
Na figura 20C, temos só a banda lateral superior, sendo que a banda lateral inferior e o resíduo da
portadora foram eliminados por um filtro altamente seletivo. Esse já é o sinal modulado em SSB.
Modulador SSB
1) Modulador em Anel
O tipo básico de modulador usado em SSB é o modulador balanceado. São usados vários tipos,
mas o de uso mais comum é o modulador em anel. Na situação da figura 21A, temos um modulador em
anel formado por dois transformadores T1 e T2, quatro diodos formando uma rede que é cruzada por dois
geradores de tensão alternada, sendo um deles o gerador do sinal modulante (fm) e o outro gerador do
sinal da portadora (fp).
A freqüência fp é injetada no ponto médio (CT) de ambos os transformadores, ao passo que o
sinal fm é aplicado no primário de T1. Para que os diodos operem corretamente é necessário que a
amplitude do sinal da portadora seja maior do que a amplitude do sinal modulante.
A portadora com forma de onda senoidal é aplicada no ponto médio dos secundários dos
transformadores. No instante em que o pólo a do gerador fp estiver positivo, em relação ao ponto b,
acontece o seguinte: os diodos D1 e D2 ficam polarizados diretamente, equivalendo a uma resistência
muito baixa ou um curto-circuito. Os diodos D3 e D4 ficam polarizados inversamente, equivalendo a um
circuito aberto, este acontecimento é mostrado na situação 21B.
Nestas condições, a corrente do gerador fp circula do pólo negativo b para o pólo positivo a,
através do circuito, dividindo-se em duas partes iguais. Uma metade da corrente circula pelas metades
superiores do T1 e T2 e a outra metade da corrente, circula pelas partes inferiores dos transformadores.
Considerando que os enrolamentos dos transformadores são divididos exatamente no meio,as
correntes que circulam nas metades são iguais em amplitude mas em fase oposta, sendo que uma tensão
cancela a outra. Assim não há tensão da portadora induzida no secundário de T2. Isso é mostrado nas
situações A, B e C da figura 21.
Pelo fato dos diodos D1 e D2 estarem conduzindo, forma-se um caminho de baixa resistência para
o sinal modulante e este passa diretamente, para o secundário do T2, aparecendo na saída.
Embora com menor eficiência, o chamado modulador em ponte é também usado para modulação
em SSB. O princípio de funcionamento difere em alguns pontos do modulador em anel. Pelo fato de ser
de fácil construção, o modulador em ponte ainda é bastante usado, principalmente por radioamadores
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que operam em SSB.
Na figura 23, temos o esquema de um modulador em ponte formado por dois transformadores T1
e T2, e por quatro diodos ligados em ponte entre os pontos c e d . Nos pontos a e b, opostos da ponte, é
ligado o gerador da portadora (RF). A freqüência da portadora tem como principal função, comandar o
ponto de condução ou não condução dos diodos.
No semiciclo positivo da portadora, em que o ponto b fica positivo em relação ao ponto a , todos
os diodos conduzem curto-circuito aos pontos c e d. O sinal de áudio presente no secundário de T1 é
curto-circuitado, não aparecendo na saída. O circuito equivalente, nas condições descritas está
apresentado na figura 23B.
Figura 22 – A) A amplitude da portadora tem que ser sempre maior que a da moduladora; B)
Sinal de RF – modulado em SSB
Já, no semiciclo seguinte da portadora, o ponto a fica positivo e o ponto b negativo. Nesta
condição todos os diodos ficam polarizados inversamente, com alta resistência equivalendo a um
circuito aberto. Isto é mostrado na figura 23C. Em conseqüência o sinal de áudio aparece na saída.
Podemos chegar a conclusão de que, se os quatro diodos que formam a ponte forem iguais entre
si, isto é, com as mesmas características, então é formado um curto-circuito perfeito, impedindo assim
que o sinal de RF da portadora apareça na saída, caindo portando toda a tensão do gerador na sua própria
resistência interna Rg. A principal vantagem desse tipo de modulador é muito simples, não precisa usar
transformador com “center tap”. A principal desvantagem é, que a eficiência depende do equilíbrio ou
casamento entre os quatro diodos que formam a ponte.
O sinal de saída só aparece durante o semiciclo da portadora durante o momento em que os
diodos não conduzem. Isto é mostrado na figura 23D.
Resumindo, no processo de modulação SSB, estão envolvidas pelo menos duas freqüências:
1) Freqüência da Portadora: é a onda de alta freqüência (RF) que serve como condutor ou meio
de transporte, para a mensagem através do espaço.
2) Freqüência Modulante: na realidade é a informação ou mensagem que se deseja transmitir.
Está posicionada na faixa de freqüências de voz humana (baixa freqüência).
Assim, por exemplo, se na entrada do modulador na figura 24, aplicarmos uma freqüência de 455
KHz, gerada pelo gerador da portadora e uma freqüência de 5 KHz gerada por um oscilador de áudio, na
saída, teremos três freqüências: a portadora de 455 KHz e as duas bandas laterais. A banda lateral
superior será formada pela soma de fp + fm (455 KHz + 5 KHz = 460 KHz) e a banda lateral inferior será
formada pela diferença de fp – fm, (455 KHz – 5 KHz = 450 KHz). Neste ponto o sinal de RF já está
modulado em DSB e após o filtro, estará modulado em SSB.
Portanto, verificamos que na saída do modulador estarão presentes somente as freqüências de
450 a 460 KHz. O filtro passa-faixa, colocado após o modulador, elimina uma das bandas laterais,
deixando somente, uma delas, normalmente a superior. O diagrama em blocos seria o mostrado na figura
24.
Se no lugar do gerador do sinal modulante FM, ligarmos um canal de voz com freqüência
de 0,3 a 3,4 KHz, na saída teremos também duas faixas laterais, sendo que uma é formada pela soma da
portadora com o canal de voz, ocupando uma faixa de 455,3 e 458,4 KHz formando a banda lateral
superior e a outra formada pela diferença entre a portadora e o canal de voz, passando de 451,6 a 454,7
KHz, formando assim a banda lateral inferior. Este mecanismo observamos na figura 25.
Na entrada do amplificador, ao invés de um oscilador, temos um microfone para captar a
voz. O sinal de voz é amplificado e limitado em freqüência no amplificador e a seguir é aplicado ao
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modulador balanceado através da entrada 1. Na entrada 2 é aplicada a portadora de RF. Na saída 3 temos
um sinal modulado em DSB, com as duas bandas laterais, mas com a portadora já suprimida.
Na saída do modulador temos um filtro mecânico com alta seletividade, onde rejeita umas das
bandas laterais, deixando passar a outra. O sinal, após ter sido filtrado, é amplificado através de uma
série de amplificadores sintonizados na freqüência de FI, com banda passante de 455,3 a 458,4 KHz.
Amplificadores Sintonizados
Examinaremos aqui, os tipos mais comuns de amplificadores de RF. Estes amplificadores têm
ganho numa faixa de freqüência que se estende a ambos os lados de uma freqüência central, chamada
freqüência de sintonia, do amplificador.
Estes amplificadores constituem-se de um elemento ativo (válvula ou transistor), com uma
impedância de carga rapidamente variável com a freqüência. No caso de transmissores, essa impedância
é constituída por um circuito ressonante série, paralelo ou ainda por outro estágio amplificador.
No caso de se necessitar potência de saída muito elevada, na ordem de quilowatts, usam-se
válvulas (normalmente pentodos), onde a entrada e a saída do circuito podem ser consideradas isoladas
com boa aproximação, devido a pequeno valor da capacitância grade/placa.
Em circuitos com transistores essa aproximação nem sempre é válida. Nestes casos teremos que
examinar o problema de estabilização do circuito.
O amplificador sintonizado típico é constituído por um pentodo ou por um transistor operando
na região linear de suas características, tendo um circuito ressonante paralelo como carga de placa ou
coletor, conforme mostra a figura 27.
Circuitos Ressonantes
Os circuitos ressonantes são formados por um indutor L, por um capacitor C e por um resistor
equivalente Rs ou Rp, resistor esse que pode ser ligado ao circuito ou simplesmente ao resistor
equivalente da associação de Rindutor com Rcapacitor.
Podemos ter circuitos ressonantes série ou paralelo, sendo que cada um desses circuitos
apresentam características particulares.
Antes de entrarmos propriamente nos estudos dos circuitos ressonantes em série, vejamos
o comportamento dos circuitos LC em correntes alternadas. Como se sabe, a reatância indutiva (XL) do
indutor varia em função da freqüência, de modo diretamente proporcional, isto é, aumentando-se a
freqüência, aumenta o valor de XL . Esse valor é dado pela fórmula:
XL = 2π fL
onde :
f = freqüência de onda aplicada ao indutor
L = valor da indutância da bobina
XL = reatância indutiva
Por outro lado, a reatância de um capacitor varia de modo inversamente proporcional com a
freqüência e tem seu valor dado pela fórmula:
1
XC = 2π fC
onde:
f = freqüência do sinal que passa por C em Hertz
C = capacitância em Farads
XC = reatância capacitiva em Ohms
As fórmulas das reatâncias indutivas e capacitivas, têm o fator 2π porque a forma de onda
aplicada ao circuito é senoidal e o período de uma senóide possui aquele valor.
Como podemos verificar através da fórmula, o valor da reatância capacitiva (XC) diminui com o
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aumento da freqüência e vice-versa, enquanto que o valor da reatância indutiva (XL) aumenta com a
freqüência. Essas variações de XC e XL estão representadas na figura 30. Notamos que existe um ponto
onde XL é igual a XC. A freqüência f0 que determina esse ponto denomina-se freqüência de ressonância
do circuito LC série.
Como XL e XC têm sinais contrários, na freqüência de ressonância, um valor anulará o outro,
fazendo que somente reste ao circuito o efeito, resistivo do enrolamento da bobina e da corrente de fuga
do capacitor, efeito esse que representaremos por Rs.
Conhecidos os valores de L e C, podemos calcular o valor da freqüência de ressonância. Como
nessa freqüência XL = XC, temos:
1 2 1
2 πf 0. L = de onde teremos f 0 =
2 πf 0. C (2 π) 2 . LC
e a corrente será:
Eg
I=
Z
Resumindo, em freqüências baixas, XL tem pequeno valor, enquanto, que XC tem um valor alto.
Em freqüências altas, XL, tem valor alto e XC valor baixo. Existirá uma freqüência intermediária em que
os valores de XC e XL coincidem, anulando-se. Nesta freqüência, agirá no circuito somente a resistência
equivalente Rs.
Figura 30 – Variações entre a reatância capacitiva em OHMS (XC) e a reatância indutiva (XL)
fo fo 1 L
Q =
X L XC
= ; Q = = ou Q = .
Rs Rs Bp f 2 - f1 Rs C
Como se trata de um decréscimo de tensão, corrente e potência, teremos –3 dB nos pontos f1 e f2.
A banda-passante será determinada por: Bp = f2 – f1.
Fator de Mérito Q
XL XC fo fo 1 L
Q = = ; Q = = ou Q = ⋅
Rs Rs Bp f2 - f1 Rs C
O fator de mérito está relacionado com a qualidade dos componentes. Quanto mais ideais forem,
menor será o Rs e o maior será o valor de Q. Como Q expressa, uma relação entre grandezas da mesma
espécie, então será um número puro.
Seletividade
XL 314
c) Q= = = 12,5
Rs 25,00
1 MHz 1 MHz
d) Bp = f 0 = = 80KHz d) Bp = f 0 = = 80KHz
Q 12,5 Q 12,5
Bp 80 KHz
e) f 2 = f 0 + 2 = 1000 KHz + 2
= 1000 + 40 = 1040 KHz
Bp 80 KHz
f 1 = f 0 − 2 = 1000 KHz − 2
= 1000 − 40 = 960 KHz
O circuito ressonante paralelo é formado por um indutor ideal L, um capacitor ideal C e por um
resistor equivalente Rp. O circuito ressonante paralelo tem as propriedades do circuito ressonante série
com algumas diferenças, assim como a impedância Z, corrente e tensão.
Também no circuito ressonante paralelo temos uma freqüência de ressonância chamada fp ou fo
para a qual XL = XC.
Como a tensão do gerador Eg está aplicada a um circuito paralelo, as tensões no indutor,
capacitor e no resistor Rp serão a própria tensão Eg, ou melhor, EL = EC = ER = E.
A corrente que circula no indutor está defasada de –900 em relação a EL, e a corrente no capacitor
está defasada + 900 em relação a tensão EC. Como podemos notar, IL e IC , estão defasados de 1800 e
como têm o mesmo valor, anulam-se, sobrando apenas IRp que normalmente tem valor muito pequeno
pois Rp é grande.
Considerando os componentes como ideais, não existirá o resistor Rp e toda a tensão do gerador
aparecerá entre os pontos A e B.
Como temos tensão entre aqueles pontos e não circula corrente, a impedância é máxima e tende a
infinito. Assim podemos concluir que a impedância em um circuito ressonante paralelo ideal, na
freqüência de ressonância é máxima, ao passo que a corrente é mínima (figura 32).
Na figura 33 temos o gráfico da impedância Z. Como vemos, em f0, a impedância tende para
infinito. No mesmo gráfico podemos notar que a corrente em f0 é praticamente nula. Acima e abaixo de
f0 a corrente volta a aumentar, ao passo que a impedância Z diminui.
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Figura 33 – Variação da impedância Z, tensão EL e EC e corrente IC e IL em função da freqüência do
gerador
Quando os componentes são ideais, a defasagem entre eles é exatamente de 1800, havendo total
cancelamento das correntes IC e IL. Assim, a impedância total depende da qualidade dos componentes,
que determinam por sua vez o fator do mérito Q.
No circuito paralelo, a impedância será definida pela fórmula:
Z = XL . Q ou Z = XC . Q
As demais fórmulas são válidas tanto para o circuito ressonante série como para o paralelo. Na
figura 34 vemos o gráfico com a curva de resposta do circuito usado no exemplo numérico seguinte.
Exemplo: num circuito LC paralelo são dados:
L = 100 Micro-M
C = 200 pF
Q = 50
Eg = 50 V
Pede-se: a) f0, b) XL e XC, c)Rp, d)EL e EC, e)f1 e f2, f)EC e EL (-3dB) e g) I em f0 e Z0.
1 1 1
a) f0 = = = =
2. π. LC −6
6,28x 100x 10 x200x 10 −12
6,28x 2 x 10−14
7
1 1 10
= = = = 1130 KHz
6,28x1,41x 10−7 8,85x 10−7 8,85
d) EL = EC = Eg . Q = 50 x 50 = 2500 V
f 0 1130 KHz
e) Bp = = = 22,6 KHz
Q 50
Bp 22,6
f2 = f0 + = 1130 + = 1141
. ,3 KHz
2 2
Bp 22,6
f1 = f 0 − = 1130 − = 1118
. ,7 KHz
2 2
f) A tensão no ponto de –3 dB é :
g) Z0 = Q. XL = 50 x 709,6 ≅ 35,5 KΩ
Coeficiente de Acoplamento
Acoplamento Super-Acoplado
É mostrado na curva A da figura 37. Ocorre quando os enrolamentos, estão muito próximos um
do outro, havendo máxima transferência de energia entre os enrolamentos. Neste tipo de acoplamento
existem dois picos de tensão máxima de saída, sendo um acima e outro abaixo de f0.