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AS PRIMEIRAS RADIONOVELAS

Seus avós ou talvez bisavós já ouviram telenovelas e se encantaram com elas. Esse
foi um formato muito popular no início do século passado, que tem relação com o
surgimento do rádio no País.

As primeiras emissoras de rádio surgiram no Brasil no início da década de 1920.


Elas logo ficaram muito populares porque 65% dos brasileiros eram analfabetos
naquela época segundo dados do IPEA (hoje são menos de 7%). Se não podiam ler
jornais, nada melhor que ouvir rádio para se informarem e terem um pouco de
diversão em tempos em que nem sequer a televisão existia ainda.

No início, o rádio brasileiro ficou muito forte tocando música, apresentando


noticiário e levando ao público outros programas comuns naquela época no mundo
todo. Acontece que, durante a década de 1930, o fenômeno das radionovelas se
espalhava pelos países da América Latina, com destaque para Cuba. Todos faziam
novelas em áudio contando histórias dramáticas.

A ideia de contar um pedacinho da história por dia e guardar a continuação para o


dia seguinte não era nova. Ela tinha surgido muito antes nos folhetins. Esse era o
nome dado a histórias curtas que os jornais franceses publicavam no rodapé das
páginas por volta de 1840. Nos anos seguintes, muitos jornais brasileiros — como
Jornal do Comércio, Correio Mercantil, Diário de Pernambuco e Correio
Paulistano — importaram a ideia, publicando folhetins por aqui também.

Os folhetins são, então, os avós da radionovela. Foram eles que inspiraram os


artistas a criar esse tipo de drama que conta a história a conta-gotas. Tanto que as
radionovelas surgiram em outros lugares do mundo sem nem saber que elas
estavam crescendo na América Latina.

Por exemplo, nos Estados Unidos, as radionovelas começaram em 1932 de uma


forma completamente diferente. Elas eram patrocinadas por marcas de detergentes
da P&G. Por causa do patrocínio, foram chamadas de “soap opera” (algo como
“ópera do sabão” em português). Curiosamente, até hoje a tradução de “novela”
para o inglês é “soap opera” por causa dessa iniciativa de marketing.

INÍCIO DAS TELENOVELAS NO BRASIL


A primeira radionovela foi ao ar no Brasil em 5 de junho de 1941. Era uma história
cubana adaptada por Gilberto Martins chamada “Em Busca da Felicidade”. Ia ao ar
pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro às segundas, quartas e sextas-feiras, às
10h30 da manhã. Durou 284 capítulos e ficou no ar até maio de 1943.

Essa primeira experiência em território nacional teve o patrocínio da


Colgate-Palmolive. Segundo uma pesquisa acadêmica de Glenda Rose Gonçalves
Chaves, da UFMG, o sucesso de audiência foi tão grande que elevou a publicidade
a um outro patamar, iniciando os “anos de ouro” da propaganda em rádio no Brasil.

Uma curiosidade: a radionovela brasileira adotou o jeito latino-americano de


contar histórias. São dramas com várias histórias acontecendo paralelamente (hoje
chamadas de “núcleos”), sempre carregadas de emoção e com um final muito
aguardado. Essa é a chamada narrativa folhetinesca, citada no começo do post.
Tem esse nome porque remete aos folhetins franceses.

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