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Avaliações Bimestrais – 3º ano do Ensino Médio

Avaliação Diversificada integrada – 3º bimestre

Disciplinas envolvidas
• História – prof. Flávio Neves
• Literatura e Língua Portuguesa – prof. Carol Linhares
• Artes – prof. Aline Menezes
• Sociologia – prof. Andrea Reis

A ERA DE OURO DO RÁDIO


ASPECTOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA NAS
ONDAS DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DA MASSA

APRESENTAÇÃO

"Nós somos as cantoras do rádio


Levamos a vida a cantar
De noite embalamos teu sono
De manhã nós vamos te acordar
Nós somos as cantoras do rádio
Nossas canções cruzando o espaço azul
Vão reunindo num grande abraço
Corações de Norte a Sul"

Gravada pelas irmãs Carmen e Aurora Miranda em 1936, a canção "Cantores do Rádio", de Lamartine
Babo, Braguinha e Alberto Ribeiro, é um dos principais ícones do período em que o rádio começou
a se popularizar no país e alcançar a simpatia e a paixão dos brasileiros.
O rádio teve sua expansão mundial após a Primeira Guerra (1914 – 1918), quando houve grande
desenvolvimento nos meios eletrônicos e de comunicação para fins militares. No Brasil, o rádio
atingiu seu apogeu em 1930, como principal veículo de comunicação em massa, na mesma época
em que o país era governado por Getúlio Vargas.
Nesse período, iniciou-se a chamada “Era de Ouro do Rádio”, quando ele se popularizou e tornou-
se um meio de entretenimento. Antes disso, o rádio não era explorado para publicidade ou
informação como hoje. Na época, o presidente estabeleceu concessões às empresas particulares
para o uso do rádio e, em troca, utilizava o meio como propaganda para divulgar seus feitos e enviar
mensagens políticas aos ouvintes no programa obrigatório “A hora do Brasil”, que mais tarde tornou-
se “A voz do Brasil”.
Todas as rádios disputavam a audiência dos ouvintes caçando e lançando novos artistas em shows
de calouros. Assim surgiram grandes nomes da Música Popular Brasileira, como Ary Barroso, Dalva
de Oliveira e Orlando Silva.
Buscando atrair cada vez mais ouvintes, as rádios que se popularizavam pelo país ofereciam a seu
público uma programação cada vez mais variada em que se destacavam:

• As radionovelas
As novelas no rádio eram o principal produto produzido pelas emissoras. Era uma hora
solene onde todas as pessoas adultas se reuniam na casa para se deliciarem com as
histórias interpretadas de forma imponente.
As radionovelas eram inicialmente transmitidas à tarde e deixavam as ouvintes
emocionadas. O sucesso era tanto que a história passou a ser transmitida três vezes por
semana.
O sucesso era tanto que a programação da Rádio Nacional chegou a ter 16 novelas no ar.
A emissora formou uma equipe de radioatores, diretores, autores, maestro e músicos.
A Rádio Nacional transmitia ao vivo essas novelas. Foi na rádio Nacional, por exemplo,
que a primeira radionovela brasileira foi ao ar: "Em busca da Felicidade".

• Os programas musicais
A programação musical das primeiras estações de rádio era feita a partir de discos, mas
logo a música tocada ao vivo passou a ser o diferencial da nova tecnologia.
A Rádio Nacional do Rio de Janeiro contribuiu fortemente para nacionalizar a escuta
musical através de concursos que privilegiavam a execução de composições e intérpretes
do star system brazuca, na contramão da então muito criticada influência estrangeira na
música brasileira.
Gente que brilha, produzido e apresentado por Paulo Roberto, pseudônimo do médico
José Marques Gomes e Quando os Maestros se Encontram, idealizado e produzido pelo
compositor Paulo Tapajós, foram dois dos mais famosos programas musicais da Rádio
Nacional do Rio de Janeiro.
Neste último, os principais maestros da emissora, entre eles Radamés Gnattali, Lírio
Panicalli e Léo Peracchi, criavam arranjos inéditos para variados estilos de música.
Um dos maiores sucessos da programação musical das rádios foi o concurso para eleger
a Rainha do Rádio, criado na década de 1930, por uma revista chamada Sintonia. A
primeira premiação ocorreu no Iate Laranjeiras, um barco carnavalesco que ficou
ancorado na esplanada do Castelo, no Rio de Janeiro. Linda Batista foi a campeã e ficou
com o título por 12 anos.
O concurso, então realizado pela Associação Brasileira de Rádio, ficou mais competitivo e
acabou criando a rivalidade mais famosa e duradoura do rádio nacional. Com a mudança
nas regras do concurso, os votos passaram a ser comprados, e Marlene foi procurada
pela cervejaria Antarctica que estava lançando o guaraná Caçula. Para promover a marca,
a empresa resolveu patrocinar sua campanha e Marlene foi eleita a Rainha do Rádio com
529.982 votos. Emilinha Borba, que era a franca favorita, ficou em terceiro lugar depois
de Ademilde Fonseca.
A rivalidade entre os fãs de Marlene e
Emilinha contribuiu expressivamente
para a popularidade espantosa de
ambas as cantoras pelo país.
Elas fizeram, inclusive, gravações em
dueto naquele ano, como o samba Eu já
vi tudo, de Amadeu Veloso e Peter Pan.
A Revista do Rádio promoveu também
eleições estaduais e, em 1953,
Isaurinha Garcia foi eleita a Rainha do
Rádio em São Paulo.
No Rio, o primeiro Rei do Rádio foi o
cantor Francisco Carlos, em 1958.
No final da década de 1950, com a chegada da televisão, os concursos de Rei e Rainha
do Rádio já não influenciavam tanto na construção das carreiras de sucesso dos grandes
artistas nacionais.
Mas até hoje eles ecoam as trajetórias de cantoras icônicas, como Linda e Dircinha Batista,
Marlene, Dalva de Oliveira, Emilinha Borba, Ângela Maria e Dóris Monteiro, que
despertavam paixões fervorosas nos corações de seus fãs.

• Os programas de calouros
Com a popularização do rádio, os produtores perceberam que a presença dos ouvintes
nas emissoras trazia mais calor à programação e gerava grande adesão do público.
Surgiam assim, programas de auditório com a participação de calouros da música, cujo
primeiro foi A Hora dos Calouros, criado na Rádio Cruzeiro do Sul, em São Paulo.
Os concursos faziam as audiências aumentarem consideravelmente e, junto com elas,
aumentavam também as verbas publicitárias.
Os programas de calouros, como A Hora do Pato, apresentado por Héber de Bôscoli,
Paulo Gracindo e Jorge Curi, e Calouros em Desfile, com Ary Barroso e Tião Macalé no
gongo, atraíam milhares de ouvintes.
No rádio ou na tv, os concursos de calouros trazem o calor do público para o microfone,
enchendo de alegria e de fantasia os lares brasileiros.

• Os programas de humor
Em seus primórdios, as emissões radiofônicas contaram com poucas iniciativas na área
do humor. A Rádio Kosmos e a Rádio Cultura, em São Paulo, também foram pioneiras
nesta seara, logo após a regulamentação da publicidade no rádio e com a
popularização das audiências.
Um dos mais conhecidos e queridos programas de humor do rádio brasileiro foi o PRK
30 que passou pelas rádios transmissoras Mayrink Veiga e Nacional, no Rio de Janeiro,
onde alcançou enorme sucesso.
Os atores Paulo Gracindo e Brandão Filho protagonizaram durante décadas o quadro
Primo Pobre Primo Rico, grande sucesso do programa Edifício Balança Mas Não Cai, no
rádio e na tv. Os programas de humor refletiam os acontecimentos do cotidiano – do
Brasil e do mundo – e os gostos e as preferências do povo caindo facilmente no gosto
popular.

• O radiojornalismo
Foi na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que entrou no ar em 1923 e é tida como
a primeira emissora oficial do país, que o radiojornalismo teve início. Nela apresentava-se
o noticiário Jornal da Manhã. Nessa época, no entanto, não havia produção própria de
notícias para o rádio: a fonte era o impresso. As reportagens eram lidas no ar como
posteriormente foi feito por outras emissoras na fase dos jornais falados.
Foi durante a Segunda Guerra Mundial que chegaria ao rádio brasileiro um jornal que
mudaria a forma com que as notícias são apresentadas ao público. Um noticiário que,
segundo os estudiosos, é o dono da maior credibilidade já conquistada por um programa
de rádio no país: o Repórter Esso. O programa fez parte de uma política de aproximação
com os Estados Unidos, e era dedicado, em sua primeira fase, a dar notícias da guerra.
Seu formato marcou o radiojornalismo brasileiro e rendeu algumas das melhores histórias
do rádio.
O programa ficou no ar por 27 anos transmitia notícias ligadas a políticas, ideologia e
outros assuntos da época ficando famoso na voz do locutor Roberto Figueredo e com
bordões como “Testemunha Ocular da História” e “O primeiro a dar as últimas”.

• As transmissões esportivas
O jogo amistoso entre as seleções do estado de São Paulo e do Paraná realizado no dia 19
de julho de 1931 cairia, com toda certeza, no esquecimento dos amantes do futebol se
não fosse um detalhe: foi neste dia que a Rádio Educadora Paulista transmitiu, por meio
de Nicolau Tuma, a primeira partida completa de futebol da história do Brasil com a
identidade que conhecemos. "Imagine uma caixinha de fósforo ou um retângulo. Divida
ao meio e teremos os dois lados do campo". Era essa a alusão utilizada pelo Nicolau Tuma
para começar a narrar a partida, que terminou 6 a 4 para os paulistas”.
Com o tempo, as transmissões começaram a cair no gosto das pessoas e o espaço
esportivo passou a atrair anunciantes e, consequentemente, recursos. Em 1938, quando
o esporte já começava a ter espaço cativo na programação do rádio e o futebol também
dava os primeiros passos como atividade profissional, a França sediou a terceira Copa do
Mundo da história e o Brasil conquistou o 3º lugar colocando o país no mapa do futebol
mundial.
A campanha histórica pode, pela primeira vez, ser acompanhada pelos brasileiros via
ondas de rádio e em tempo real. o locutor Gagliano Neto, transmitia as partidas da seleção
brasileira por meio da chamada Rede Verde-Amarela. O locutor descrevia os
acontecimentos e cabia a cada ouvinte imaginar como tudo estava acontecendo.

• O programa obrigatório: A Hora do Brasil


Ciente do potencial do rádio como veículo de comunicação, o presidente Getúlio Vargas
estabeleceu concessões às empresas particulares para o uso do rádio e, em troca,
utilizava o meio como propaganda para divulgar seus feitos e enviar mensagens políticas
aos ouvintes no programa obrigatório “A hora do Brasil”, que mais tarde tornou-se “A voz
do Brasil”.
Na noite de 22 de julho de 1935, no auge da Era Vargas, o locutor alagoano Luiz Jatobá
deu o seu primeiro "muito boa noite" em rede nacional, começando ali o Hora do Brasil,
o mais antigo programa de rádio da nossa História que se tornou obrigatório em 1938.
A princípio, a proposta de A Voz do Brasil era comunicar informações sobre o poder
Executivo (o Legislativo só seria incluso a partir de 1962), bem como incentivar o
patriotismo, a devoção cívica, o gosto pela "boa música" e disseminar as notícias diárias.

• As propagandas comerciais
A partir de 1932, a veiculação de anúncios comerciais passou a ser permitida no rádio.
Com a publicidade liberada, as emissoras foram, aos poucos, se popularizando. Afinal,
quanto mais ouvintes mais anunciantes.
A empresa "The Sidney Ross Company", o grande impulsionador da propaganda
brasileira, o mais importante anunciante de todos os tempos, A Sidney Ross produzia
grande número de medicamentos, como Melhoral, Sonrisal, Leite de Magnésia de Phillips,
Sal de Fruta Andrews, Pílulas de Vida do Dr. Ross e cosméticos famosos como a
brilhantina Glostora e o Talco Ross. Além de ser a primeira patrocinadora de uma novela
no rádio brasileiro, "Em busca da felicidade" de 1941, pela Rádio Nacional do Rio de
Janeiro, foi por décadas o maior anunciante da rádio, a primeira empresa a ter uma
agência de publicidade própria.
As peças publicitárias para rádio eram produzidas a partir de um formato padrão de 30
segundos e dependendo das características assumidas pela mensagem, eram
classificadas de diferentes maneiras:
a. Spot – Caracterizava-se como uma mensagem informativa locutada, acompanhada
ou não por música, original ou adaptada, e por efeitos sonoros quando
necessários. Trata-se de uma peça muito útil para divulgação de informações
diretas e objetivas de um produto ou serviço, contando com o grande poder de
veracidade e credibilidade do locutor.
b. Sketch – Termo apropriado da linguagem teatral, caracterizava-se por mostrar
uma ação. Assim, a mensagem é dialogada ou dramatizada à moda do teatro; à
informação sobre o produto acrescenta-se sua utilidade e benefícios, de maneira
que os ouvintes têm a sensação de experimentar, como se estivesse atuando com
os personagens do sketch.
c. Vinheta – Pequena peça, de 2 a 4 segundos, produzida com intenção de sinalizar
de maneira forte e chamativa o nome do anunciante. Pode ser usada na assinatura
de outras peças ou com uma pequena locução em aberturas, passagens e
encerramentos de programas patrocinados pelo anunciante.
d. Texto Foguete – Peça de no máximo 10 segundos criada para ser veiculada no
rádio através da locução do próprio apresentador do programa em que se insere.
Sua grande força está relacionada à popularidade do locutor, que tende a associar
as características do seu programa à mensagem publicitária dita naquele mesmo
contexto.
e. Jingle – Peça musical cuja função principal era facilitar e estimular a retenção da
mensagem pelo ouvinte. Assim dá-se preferência à estrutura melódica simples,
com harmonia em tons maiores, que imprimem otimismo e alegria à mensagem:
aquela música que uma vez ouvida passa a ser repetida pelo ouvinte.
Os anos 1930 e 1940 marcaram a ascensão e auge do Rádio no Brasil. Até hoje existem gravações
inesquecíveis que nos ajudam a entender o fascínio gerado pelas estrelas do rádio que, mesmo
invisíveis, ditavam a moda e os costumes. Já as décadas de 1950 e 1960 viram surgir a concorrência
“desleal” da televisão. Muitos dos ídolos do rádio não conseguiram viajar de um meio ao outro. O
mundo mudava rápido, e a música acompanhava.

TAREFA:

Divididos em equipes que cinco componentes, os estudantes devem criar uma estação de rádio cuja
programação contemple pelo menos quatro programas. A programação da radio contará com dois
programas obrigatórios e dois de livre escolha da equipe. Os programas obrigatórios serão:
1. O capítulo de uma radionovela inspirada na obra “Torto arado”, leitura obrigatória da disciplina
de literatura;
2. Um programa de radiojornalismo que traga a entrevista com o autor de um livro sobre um
futuro distópico do Brasil do ano de 2020. Este livro, que para a Era Vargas seria distópico,
deve ser construído com dados da realidade atual usando informações sobre a violência que
devem ser citadas na entrevista.
A passagem entre um programa e outro deverá ser preenchida com propagandas comerciais
seguindo os padrões da época.

CRITÉRIOS E AVALIAÇÕES:

• HISTÓRIA:
˃ Pertinência do conteúdo da rádio e de sua programação ao contexto sociopolítico da Era
Vargas (1930 – 1945);
• LITERATURA:
˃ Análise do capítulo da radionovela baseada na leitura obrigatória do livro Torto Arado;
• SOCIOLOGIA:
˃ Análise do programa radio jornalístico com ênfase na entrevista tratando da violência;
• LÍNGUA PORTUGUESA:
˃ Identificação da linguagem de acordo com a norma padrão da língua portuguesa, tendo
como foco a colocação pronominal.
• ARTES
˃ Análise da parte técnica da produção, tais como sonoplastia (recursos sonoros),
caracterização dos personagens e gravação.

INSTRUÇÕES GERAIS:

1. O trabalho deverá ser realizado em equipes de cinco componentes;


2. O tempo médio do produto deve variar entre 15 e 20 minutos;
3. A entrega deverá ser feita através de postagem no drive da turma de arquivo de áudio ou vídeo
ou de seu respectivo link. O link do drive deverá ser compartilhado com todos os professores
envolvidos na atividade.
4. O trabalho valerá 50 pontos para Língua Portuguesa, 100 pontos para Literatura e 80 pontos
para as demais disciplinas envolvidas.
5. A entrega deverá ser feita até o dia 29 de agosto.

Bom trabalho!

FRNguiatur.83

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