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1- Conhecer a história da evolução do rádio e televisão no Brasil.

O rádio, primeiro veículo de telecomunicações sem fio, foi um instrumento revolucionário na


humanidade. Teve seu auge quando começou a ganhar um padrão na forma de execução
dos programas. Logo deixou de ser o centro das atenções, já que outros novos veículos
estavam surgindo com maior poder tecnológico. Dessa forma, o rádio precisa passar então
por um processo de evolução e transformação constante para que continue vivo no
mercado.
Em 1922 ocorreu a primeira emissão radiofônica no dia da comemoração da independência
da república. A transmissão foi feita do alto do Corcovado e pôde ser ouvida também em
Niterói e em Petrópolis.
Em 1923 foi criada a “Rádio Sociedade do Rio de Janeiro”, a primeira emissora de rádio do
Brasil, por conta do imenso sucesso que fizeram as primeiras transmissões radiofônicas. As
primeiras rádios, por serem financiadas por seus associados, eram sociedades ou clubes
que tinham como objetivo difundir a cultura e promover a integração nacional.
O rádio foi tratado como experimento até 1930 e tinha programação direcionada para a
burguesia. Caminhou a passos lentos e demorou a ter as primeiras propagandas comerciais
inseridas na sua programação, já que a sua preocupação no início era apenas levar cultura
e educação aos ouvintes. A principal causa pela qual o rádio demorou a se desenvolver foi
a falta de investimento, já que o veículo foi tratado por muitas autoridades, principalmente
pelos militares, como algo perigoso por conta do poder estabelecido.
No final dos anos 1920 e início dos anos 1930, chegaram ao Brasil as primeiras empresas
norte-americanas de publicidade: Thompson e a McCann-Erickson. O comercial surgiu no
Brasil em 1932, após o decreto nº 21.111 que permitiu a inserção publicitária na rádio, no
governo de Getúlio Vargas.
Com isso, gradativamente, vão sendo incluídas publicidades, bem como as radionovelas,
esportes, radiojornalismo e canções, mudando o rumo das programações das rádios no
Brasil, que tecnicamente estavam mais desenvolvidas. É neste período que nasce, mais
precisamente em 22 de julho de 1935, o programa A Voz do Brasil, um noticiário radiofônico
público que está no ar até os dias atuais trazendo informações, principalmente, do governo
e da política brasileira. Sua veiculação é obrigatória por determinação do Código Brasileiro
de Telecomunicações.
Em 1936 os aparelhos de rádio já podiam ser comprados em lojas do ramo. Na mesma
década, mais precisamente em 1938, surge a Rádio Globo do Rio de Janeiro, que mais
tarde se tornaria a rádio AM mais popular do país, renovando o fôlego do rádio que havia
sido abalado com o surgimento da televisão.
A década de 40 é conhecida como a “época de ouro do rádio”. A programação mais popular
e a criação da contagem de índices de audiência, o chamado Ibope, instaura um período de
brilhantismo para o rádio. No radiojornalismo surge o Repórter Esso, patrocinado pela
Companhia Norte Americana de Combustíveis, que lhe emprestou o nome. Era a principal
fonte de informação sobre os fatos internacionais, sobretudo com notícias sobre a Segunda
Grande Guerra Mundial, a Guerra do Vietnam e a Copa do Mundo. Na radionovela os
artistas brilham em interpretações que marcaram época. A primeira radionovela que se tem
notícia é “Em Busca da Felicidadade”, que foi ao ar em 1941 pela PRE-8, Rádio Nacional do
Rio de Janeiro. O rádio esportivo brilha com as emocionantes narrativas esportivas.
A década de 50 é marcada por transformações que mexem com as estruturas do rádio: a
chegada da televisão. Artistas, técnicos e outros profissionais migram para a TV, em busca
de novas oportunidades profissionais. Na tentativa de compor o espaço que havia ficado
vazio, as rádios incluem em suas programações músicas, programas de humor, entre
outros.
Já no final da década de 50 e começo da década de 60 surgem as primeiras
experimentações de rádio FM no Brasil, fato esse que culmina para a segmentação do
rádio, ou seja, as emissoras voltadas para determinado público.
Em 1962 é criada a Associação Brasileira de Rádio e Televisão, a ABERT, ano em que
também é realizada a primeira transmissão via satélite. Já em 1967 é criado o Ministério
das Comunicações, propondo uma regulamentação para os meios de comunicação. O duro
momento passado pelo Brasil com a ditadura militar e seus Atos Inconstitucionais interferem
nas programações: o rádio AM é incluído entre as instituições que fazem parte, segundo o
governo, de um grande esquema de censura e manipulação ideológica, sendo considerada
subversiva e passível de punições.
Em contrapartida, o Ato Inconstitucional número 5 do Governo Costa e Silva investiu no
surgimento da rádio FM, que em regiões mais desenvolvidas seguia o formato musical e,
assim, não era uma ameaça iminente de ataques contra o governo.
O rádio FM foi o único meio de massa a abrir espaço para as canções de protesto, dando
início ao chamado underground radio. Apesar da política de distensão assumida pelos
governos militares, a programação da rádio e da televisão continuou submetida à censura
federal durante a segunda metade da década de 70.
O rádio AM consolidava-se como rádio falado e o FM como rádio musical, o rádio FM
ganhava força na segunda metade dos anos 70.
Para o rádio brasileiro os anos 80 representaram uma etapa de sedimentação do modelo
americano de música e promoções para os ouvintes, assumido pela grande maioria das
FMs nacionais.
Os anos 90 são marcados por fatos importantes para o rádio brasileiro. Em 1990 a Rádio
Bandeirantes se torna a primeira emissora no Brasil a transmitir via satélite com 70
emissoras FM e 60 em AM, em mais de 80 regiões do país. Em 1991 é a vez do sistema
Globo de rádio inaugurar a CBN – Central Brasileira de Notícias, emissora especializada em
jornalismo, que a partir de 1996 inicia suas transmissões simultâneas em FM. As rádios FM
ganham mais investimentos e superam, em número de ouvintes, as rádios AM.
Já por volta dos anos 2000 a tecnologia digital entra no cenário das rádios, possibilitando
um som mais potente e claro. A digitalização do rádio e a parceria com novas mídias –
como a internet – oferecem também uso mais eficiente do espectro, interatividade, menor
consumo de energia, possibilidades de novos modelos de negócios e maior participação no
mercado publicitário.
A internet, aliás, foi uma nova possibilidade do qual o rádio se apropriou para operar de
modo mais claro e direto ao seu ouvinte. As programações via internet seguem,
basicamente, os mesmos modelos do rádio convencional, ainda que operem nos modelos
offline – rádios institucionais, cujo objetivo é a divulgação de uma marca ou produto – online
– rádios que disponibilizam as programações radiofônicas na internet – e NetRadios –
emissoras criadas para operar exclusivamente na internet, não necessitando de autorização
pública para seu funcionamento.

Outra época revolucionária no país foi a chegada da televisão, que logo de cara conquistou
a todos. Porém a TV ainda não tinha uma linguagem própria e muitos profissionais que
iniciaram nela partiram do rádio fazendo os programas com a linguagem do mesmo. Outro
fator determinante para que a TV não alavancasse de imediato foi a distância de
propagação do sinal que era muito curta, fazendo a televisão ser um veículo com conteúdos
de âmbito local.
O ano era 1950 e Chateaubriand era o dono de um verdadeiro império de comunicação no
país: Diários e Emissoras Associadas. Nessa época, o rádio era um dos principais meios de
comunicação no Brasil e atingia milhares de ouvintes. Baseado nesse sucesso,
Chateaubriand resolveu trazer a TV para o país.
O dia 18 de setembro de 1950 entrou para a história como a data de inauguração da
primeira emissora de TV brasileira, a PRF-3 TV Difusora, que mais tarde passaria a se
chamar TV Tupi de São Paulo. No final dos anos 50, havia no eixo Rio – São Paulo, seis
emissoras: TV Tupi do Rio e de São Paulo, TV Paulista, TV Record, TV Continental e TV
Rio.
Vale destacar que no ano de 1951 foi iniciada no País a fabricação de televisores da marca
Invictus, fato este que veio facilitar o acompanhamento, ainda no mesmo ano, dos capítulos
da primeira telenovela brasileira.
Ao final da década de 50 já existiam 10 emissoras de televisão em funcionamento e, em
1962, o Código Brasileiro de Telecomunicações foi promulgado pela Lei No. 4.117/62,
constituindo-se num grande avanço para o setor, pois, além de amenizar as sanções, dava
maiores garantias às concessionárias.
No início da década de 60 a televisão sofreu um grande impulso com a chegada do
videoteipe. Foi o uso do VT na televisão brasileira que possibilitou não somente as novelas
diárias como também a implantação de uma estratégia de programação horizontal. A
veiculação de um mesmo programa em vários dias da semana possibilitou a criação do
hábito de assistir televisão, rotineiramente prendendo a atenção do telespectador e
substituindo o tipo de programação em voga até então, de caráter vertical, com programas
diferentes todos os dias.
Ainda em 1963 foi promulgado decreto que regulamentou a programação ao vivo. No ano
seguinte, 1964, que marca o início da Segunda fase do desenvolvimento da televisão, o
Brasil presenciou o golpe militar.
No Brasil, durante os 21 anos de regime militar (1964-1985), o financiamento dos "mass
media" foi um poderoso veículo de controle estatal, em razão da vinculação entre os bancos
e o governo. Foi durante esta fase que o Estado exerceu um papel decisivo no
desenvolvimento e na regulamentação dos meios de comunicação de massa, criando,
inclusive, várias agências reguladoras, destacando-se o Ministério das Comunicações.
Durante o período compreendido entre 1968 e 1979, os veículos de comunicação operaram
sob as restrições do Ato Institucional No. 5, o qual concedia ao poder executivo federal o
direito de censurar os veículos, além de estimular a prática da autocensura, evitando assim
qualquer publicação ou transmissão que pudesse levá-los a ser enquadrados e
processados na Lei de Segurança Nacional.
O período de 1964 a 1975, caracteriza-se como sendo a fase em que a televisão, deixando
de lado o clima de improvisação dos anos 50, torna-se cada vez mais profissional.
No dia 31 de março de 1972 ocorreu a primeira transmissão oficial a cores no País, quando
foi transmitida a Festa da Uva, em Caxias do Sul.
Com uma estrutura administrativa e financeira mais sólida, adaptada à etapa da expansão
do capitalismo brasileiro com uma concentração de capital, sem os percalços que o
pioneirismo colocou no caminho da Rede Tupi, e com uma industrialização firmemente
assentada no Brasil, voltada para o consumo, a Rede Globo começou a ganhar a guerra da
audiência.
Depois de solidificada a expansão no mercado interno, a conquista do mercado
internacional intensificou-se. Em agosto de 1980, a direção da Rede Globo decidiu
organizar uma Divisão Internacional que culminou com a compra da TV Monte Carlo. * A
Rede Globo passou a investir no telejornalismo, lançando o "TV Mulher" e o "Bom Dia
Brasil", lançado pouco tempo depois nos mesmos moldes do programa norteamericano
"Good Morning America".
Com base em sua audiência potencial, a mídia televisão tem absorvido 60% do total dos
investimentos publicitários realizados no país. E devido a sua capacidade de atingir quase
toda a população brasileira e à fragilidade do cinema e teatro brasileiros, a televisão detém
a capacidade de definir "quem é quem" no mundo das estrelas, constituindo-se como pólo
central deste processo.
Em 1982 começa um verdadeiro "boom" do videocassete doméstico e a expansão da
produção independente de vídeo.Ocorre, também, a suspensão da censura prévia aos
noticiários e à programação da televisão, terminando o período em que os meios de
comunicação de massa operam sob a rigidez do Ato Institucional No. 5. Assim, constata-se
a existência de quatro redes comerciais operando em escala nacional (Bandeirantes, Globo,
Manchete e SBT), duas regionais (Record, em São Paulo, e Brasil Sul, no Rio Grande do
Sul) e uma rede estatal (Educativa).
Em 1983 o "Jornal Nacional", da Rede Globo, já era o programa de maior audiência da
televisão brasileira.
No mês de agosto de 1990, o Governo Collor modificou também o Decreto No.52.795, de
1963, permitindo, a partir daí, que as emissoras de rádio e televisão possam transmitir
programas em idiomas estrangeiros. Baseando-se na tendência de desenvolvimento, já se
pode prever: o surgimento estruturado da televisão por cabo, nos moldes americanos; um
crescimento, ainda maior, do setor de videocassetes, o que em conseqüência, poderá
estimular o aumento das produtoras de televisão independentes; uma maior regionalização
e utilização de canais de televisão alternativos.
Atualmente, a televisão é um dos principais meios de comunicação e de entretenimento da
população brasileira, e uma pesquisa de 2018 apontou que somente 2,8% dos domicílios no
país não tinham uma.
FONTE: artigo, ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA DO RÁDIO NO
BRASIL; artigo, A EVOLUÇÃO DO RÁDIO E A SUA SOBREVIVÊNCIA; artigo, Um Perfil da
TV Brasileira, (40 anos de história: 1950-1990); artigo, A Televisão Brasileira

2- Compreender as diferenças entre o uso da voz no rádio e na TV.


Enquanto o rádio supervaloriza a voz, transformando-a em uma representação concreta do
indivíduo, a televisão é uma mídia mais complexa, que inclui, também, formação específica
em comunicação visual.
O sindicato dos radialistas classifica os profissionais da voz falada que atuam no rádio
como: locutor apresentador, locutor comercial, locutor noticiarista, narrador esportivo e
repórter.
O locutor apresentador participa de um programa ou tem o seu próprio. Alguns apresentam
uma marca individual e outros têm que desenvolver a marca vocal da emissora ou do
programa que trabalha. Emissoras que atingem um público jovem optam por locutores com
vozes mais agudas, emissões ascendentes e maior modulação vocal; já as direcionadas a
um público adulto preferem locutores com qualidade vocal fluida, frequência grave e
extensão reduzida.
O locutor comercial trabalha em diversas agências e grava mensagens comerciais em
estúdios especializados. Possui uma tendência à utilização de qualidade vocal fluida ou
crepitante, com frequência fundamental grave, articulação precisa e velocidade de fala
elevada.
O locutor noticiarista apresenta notícias, enquanto o narrador esportivo comenta os eventos
esportivos, o repórter busca as notícias na rua. Muitos locutores noticiaristas, narradores
esportivos e repórteres atuam tanto no rádio quanto na televisão, o que requer uma maior
modulação vocal no rádio e uma menor gesticulação na televisão.
O desempenho do locutor é importante para a ampliação da emissora de rádio, tanto para a
audiência quanto para a aceitação dos patrocinadores. Dessa forma, os locutores precisam
desenvolver uma qualidade vocal particular, articulação precisa, modulação específica e uso
matemático das pausas.
O grande desafio dos repórteres e apresentadores de TV é transmitir a mensagem com
credibilidade, isto é, o telespectador precisa acreditar na informação.
Durante muito tempo, a televisão usava os padrões vocais herdados do rádio. Com a
evolução do veículo e as transformações sociais e políticas, houve também uma
modificação no padrão estético vocal do apresentador e repórter. Atualmente valoriza-se
uma comunicação mais direta, até mesmo informal, com a manutenção das características
pessoais, como por exemplo, o sotaque, que quando suave é até valorizado. Hoje, a
preocupação com a comunicação verbal e não-verbal é para que não existam outros
problemas vocais, articulatórios e vícios de linguagem.
A narração deve apresentar variação de frequência e intensidade, com ênfases adequadas
e sem repetição de modulação. Os repórteres usam frequências mais graves durante a
narração, quando comparados com a fala habitual, e também maior modulação, precisão
articulatória, ênfases, pausas e prolongamento de vogais. Quando a intenção é transmitir
nota esportiva, a frequência fundamental é mais aguda e com maior extensão fonatória.
Alguns aspectos ambientais e inerentes à função de repórter ou apresentador de televisão
devem ser considerados, como: exposição diária que tornam perceptíveis mudanças físicas,
articulatórias e vocais, jornadas de trabalho exaustivas, ambiente de trabalho inadequado,
irritação da retina pelos equipamentos de iluminação, estresse e uso contínuo de
maquiagem, maior predisposição de alterações da qualidade vocal e hemorragia de pregas
vocais em apresentadoras no período pré-menstrual.
Os repórteres têm uma grande demanda de uso da voz. Em geral este tipo de profissional
não tem treinamento prévio e inicia seu trabalho muitas vezes imitando um repórter de
sucesso. Desconhecem noções básicas de higiene vocal e de recursos de interpretação
que são necessários para o tipo de programa e de reportagem.
Para os apresentadores, além da preocupação com a própria voz, articulação e narração,
dar atenção à comunicação gestual.

3- Identificar os tipos de locuções em rádio AM e FM.


A qualidade do sinal transmitido em FM’s é superior ao transmitido em AM. Mas em
compensação, a amplitude modulada tem maior potencial de alcance.
Enquanto as emissoras FM direcionaram sua programação para o entretenimento, quase
totalmente para a música, as emissoras AM investem em programas noticiosos e
esportivos, modelo que permanece até hoje.
O padrão vocal de transmissão da rádio FM é completamente diferente da AM. Na rádio AM
são utilizados traços preferidos de qualidade vocal próximo ao uso da voz habitual,
frequência vocal média, intensidade vocal de média a elevada, velocidade e articulações
normais, presença de regionalismo, modulação expressiva, qualidade vocal fluida e grave
Os locutores de rádio FM, possuem padrão vocal típico do estilo da emissora, com voz de
forte intensidade, praticamente gritada e padrão de velocidade e modulação repetitivo.
Por outro lado, o padrão de voz na rádio FM exige uma qualidade vocal fluida ou adaptada,
intensidade vocal normal ou elevada, velocidade de fala normal ou aumentada
(dependentes do horário de veiculação do programa e do público-alvo), articulação precisa
e tendência à atenuação de regionalismo.
Neste estilo vocal deve ter também a psicodinâmica vocal de informalidade, alegria,
credibilidade e envolvimento com o ouvinte. Portanto, o uso de voz padrão AM em uma
rádio FM pode implicar em um maior desgaste vocal para o locutor de rádio, bem como
ocasionar problemas econômicos a emissora que pode ter uma queda de audiência.

4- Discutir o trabalho fonoaudiológico no rádio e no telejornalismo (avaliação, terapia


e expressão vocal).
Para o locutor não basta ter uma voz equilibrada, ele precisa de uma maior precisão
articulatória, com controle exato dos aspectos temporais da emissão, além de habilidades
de improvisação.
Durante a entrevista, a escuta crítica do fonoaudiólogo e sua experiência em conduzir
anamnese revelam-se fatores fundamentais. Além de serem levantadas informações
básicas sobre a pessoa como sua identificação, nível de escolaridade, modalidade de
atuação que tem ou aspira ter no rádio, o fonoaudiólogo pode perceber dados de voz, fala,
fluência e linguagem por meio de uma emissão espontânea, o que revela muito do domínio
de linguagem da pessoa, entre outros aspectos. Um trecho dessa entrevista pode ser
gravado, como, por exemplo, sua apresentação. Essa amostra é um registro inicial que
também poderá ser usado para comparação com futuras gravações ao longo da evolução
do trabalho.
No caso de locutores profissionais que relatam dificuldades pontuais, além de uma emissão
que demonstre a queixa, é interessante que se registrem amostras de sua locução
radiofônica para análises perceptivo-auditivas de voz e fala, envolvendo locutor e
fonoaudiólogo, como também para arquivo e posterior comparação. Sempre é interessante
solicitar ao profissional que traga uma gravação em que ele julgue seu desempenho como
tendo sido satisfatório.
ga uma gravação em que ele julgue seu desempenho como tendo sido satisfatório. É
importante se conhecer a demanda vocal e as necessidades particulares inerentes a cada
locutor. É essencial ter informação sobre o tempo de uso da voz dentro e fora da emissora,
no caso de outros trabalhos que exijam da voz; a distribuição ao longo da semana de
trabalho; as circunstâncias ambientais; as necessidades quanto ao emprego de volume de
voz; e, principalmente no caso do locutor esportivo, se há maior tendência à perda de
líquido durante o trabalho e como é feita a reposição hídrica. O conhecimento de dados
sobre saúde geral é muito importante, com destaque àqueles relacionados com alergias,
refluxo gastroesofágico e problemas respiratórios. Ainda é preciso conhecer os hábitos do
locutor. Estes podem ser deletérios à saúde da voz como: alimentação inadequada, horas
de sono insuficientes, tabagismo, excesso de uso de cafeína e álcool, uso de drogas ilícitas,
medicação sem orientação médica e os famosos gargarejos com receitas que passam de
um locutor para outro e que, no entanto, são inadequados.
A avaliação propriamente dita da voz deve ser realizada, porém, para os locutores também
deve-se avaliar: postura corporal, respiração e coordenação pneumofônica; frequência,
intensidade, ressonância e projeção da voz; articulação e velocidade de fala.
A postura é fundamental para uma emissão equilibrada, sem tensões. Ao fazer a locução e
manipular, simultaneamente, os recursos técnicos que tem à disposição, o locutor deve
manter o alinhamento do eixo cabeça-tronco sempre que possível, sem perder a livre
movimentação do seu corpo, dentro das possibilidades do espaço em que se encontra. Os
gestos e os movimentos corporais contribuem de maneira indireta para a efetividade da
comunicação, pois o locutor que se expressa livremente com o corpo dá mais veracidade à
emissão.
Ao gravar comerciais, narrar partidas esportivas, transmitir notícias e comentar as
informações, o locutor passa horas seguidas falando, com alguns intervalos entre as
emissões. Portanto, o cuidado com a respiração e principalmente com o emprego das
pausas durante a fala é essencial para a saúde vocal, estabilidade e controle da
regularidade da voz durante o tempo que durar sua locução. A coordenação respiratória
também é utilizada como um importante recurso expressivo em diferentes atividades desse
profissional.
Nos dias de hoje, não há um padrão de frequência que se busque atingir para o locutor,
como no passado. Há algumas décadas esperava-se que o locutor tivesse uma voz grave e
“impostada” como se dizia; a ressonância tinha um foco mais oral. Atualmente, o que conta
é a clareza da mensagem e a forma do emprego da voz e da fala de forma contextualizada.
Da mesma maneira, o locutor deve ter controle e flexibilidade vocal para variar a
intensidade da voz de acordo com a necessidade. Se for uma narração esportiva requer
forte intensidade de acordo com a emoção do discurso, já um comercial clássico deve ser
emitido com fraca intensidade dependendo da interpretação do texto.
O uso diversificado de frequência e intensidade vocal, associado à variação da modulação,
garante uma das características fundamentais da locução radiofônica: a naturalidade. O uso
equilibrado das cavidades de ressonância também vai possibilitar a projeção vocal do
locutor em diferentes situações em que ocorre aumento da intensidade sem esforço ou
tensões associadas.
A utilização de um padrão articulatório bem definido torna-se fundamental para que a
locução seja clara e precisa. Além dos demais recursos vocais de que dispõe, o radialista
deve garantir movimentos amplos de abertura de boca sem perder o dinamismo e a fluência
da fala. Uma situação comumente observada é a redução da amplitude de abertura de boca
quando o radialista usa velocidade rápida de fala. Nessas situações, além de uma
articulação bem definida, o locutor também deve ter agilidade articulatória, pronunciando
cada som com exatidão.
Assim como no teatro, o locutor radialista deve ter autoconhecimento corporal geral como
também consciência e controle de seu aparelho fonador. Ele deve ainda desenvolver de
modo refinado suas habilidades de observação, para que seja possível a transposição
daquilo que ele apreende e deseja manifestar na sua composição vocal, conseguindo,
assim, os ajustes do trato vocal e dos órgãos fonoarticulatórios necessários à tarefa. O
fonoaudiólogo acompanha o radialista em sua exploração vocal e participa de forma ativa
da criação de diferentes vozes. Segundo Viola et al.10, o fonoaudiólogo trabalha a
expressividade vocal do locutor sem deixar de lado as orientações sobre saúde vocal, para
que tais ajustes não ocorram de modo a agredir as pregas vocais.
Em relação à atuação fonoaudiológica, deve-se realizar um trabalho terapêutico,
contribuindo para o desenvolvimento de marcadores vocais específicos, com o objetivo de
desenvolver uma voz mais estável e resistente. O principal fator desencadeante de disfonia
nesse grupo é a falta de orientação e higiene vocal e a grande incidência de tabagismo.
O trabalho de desenvolvimento vocal pode envolver a duração de uma determinada
qualidade vocal, selecionando diferentes ajustes laríngeos e de ressonância. Além do tipo
de voz, a articulação é bastante trabalhada, principalmente em profissionais do rádio, com o
objetivo de melhorar a precisão motora e a flexibilidade dos aspectos temporais necessários
para não prejudicar a inteligibilidade do enunciado.
As vozes amplificadas tendem a produzir um pitch mais agudo, sendo necessário agravar a
frequência. O treino para o uso do microfone inclui observar os pontos básicos, a distância
entre a boca do falante e o microfone , os sons plosivo e os grupos consonantais devem ser
produzidos com pressão intra oral moderada para não ter distorção dos sons fricativos, a
modulação excessiva, para não distorcer a mensagem, e controlar a intensidade excessiva.
O fonoaudiólogo trabalha com a linguagem do locutor em sua forma mais abrangente e,
para isso, utiliza-se de estratégias específicas para o treinamento vocal desse profissional
como, por exemplo, atividades de improvisação e exercícios de leitura em voz alta.

A anamnese é necessária para se realizar um diagnóstico confiável e para se traçar os


objetivos terapêuticos da assessoria fonoaudiológica. Retrata a queixa ou o histórico de
problemas de fala, voz e do desempenho comunicativo no vídeo, bem como o histórico
sobre o tempo e a trajetória profissional e possibilita estabelecer um contato mais próximo
com o telejornalista.
A atuação fonoaudiológica para apresentadores e repórteres inicia-se com uma avaliação
detalhada, observando-se além dos parâmetros de uma avaliação de voz, aspectos
relacionados à atuação específica, incluindo avaliação de recursos verbais em vídeo e
recursos não-verbais.
Realizar a avaliação perceptivo-auditiva da voz e da prosódia e avaliação perceptivo-visual
dos recursos corporais por meio do protocolo proposto por Cotes e Kyrillos. Esse modelo de
avaliação é dividido em quatro partes. A primeira parte incluiu uma impressão geral da
expressividade e seu impacto na comunicação. A segunda parte da avaliação envolve os
aspectos de fala, no qual são abordados o uso da curva melódica e aspectos prosódicos
específicos, como o uso da ênfase com descrição para o local de escolha, a forma da
ênfase e a acentuação dentro na palavra. Podem ser, ainda, avaliados os aspectos de
pausa, ritmo e velocidade, além da combinação dos sons em palavras. A terceira parte
aborda a avaliação específica da voz. O quarto item refere-se à avaliação do corpo,
expressão facial e uso dos gestos na comunicação.
A autopercepção do corpo,voz e fala ao vídeo. Este aspecto avaliativo contempla como o
repórter percebe sua narração e sua apresentação no vídeo, qual o seu gosto, sua
autocrítica e seus anseios profissionais e emocionais. Os dados desse discurso devem ser
analisados com atenção. Isso porque estes perpassam muito da personalidade e
expectativa do telejornalista e auxiliarão na construção de uma assessoria fonoaudiológica
customizada, priorizando-se a personalidade e a real motivação do telejornalista.
Para a análise acústica do sinal sonoro, o fonoaudiólogo pode utilizar vários programas
como o PRAAT ou Fono Tools e Voxmetria (CTS), que auxiliam não só na avaliação, mas
podem ser amplamente utilizados na reabilitação como uma ferramenta terapêutica. Ela
possibilita comparações posteriores e é um ótimo recurso de acompanhamento terapêutico,
permitindo a melhor compreensão dos ajustes trabalhados e seu monitoramento mais
efetivo.
Por meio da avaliação inloco, verifica-se como o profissional interage com o ruído ambiente,
com fatores de estresse na fala ao vivo ou mesmo como ele se organiza para a leitura no
teleprompter, ou em situação de entrevistas.
Inicialmente o enfoque da atuação Fonoaudiologia era voltado para a reabilitação vocal,
depois para a prevenção. Hoje, tal atuação transcende e se amplia para uma assessoria
comunicativa, cujo objetivo é auxiliar no desempenho expressivo do telejornalista, buscar
eficiência e evitar ruídos comunicativos que comprometam a informação transmitida.
A assessoria fonoaudiológica vai auxiliar o telejornalista a potencializar a sua voz e sua
expressividade e, dessa maneira, o especialista em voz atuará como um assessor
específico, especialista para a comunicação dos repórteres. Os dois grandes eixos da
assessoria fonoaudiológica se dividem em saúde vocal e a expressividade.
A saúde vocal compreende a utilização da voz e seu comportamento. O fonoaudiólogo
aperfeiçoará ou fará a adequação dos ajustes utilizados na produção da fala, buscando a
instalação de ajustes que possibilitem a máxima eficiência, sem esforço. Os hábitos
adequados e inadequados continuam a ser orientados como preconizados pela literatura.
Emergências Vocais: Problemas que atingem o aparelho respiratório (resfriados, gripes,
rinites e amigdalites) e o aparelho digestório (refluxo gastroesofágico) ou grandes abusos
vocais interferem na voz. O mecanismo é bastante semelhante nos diferentes quadros:
produção aumentada de muco e secreções, edema e alterações ressonantais. Os
procedimentos recomendados se resumem a dois grandes grupos:
- Hidratoterapia: tanto para a fluidificação das secreções quanto para maior sensação
de conforto ao falar, a hidratação é necessária e considerada uma intervenção
eficaz. Sugere-se a ingestão de maior quantidade de água, água de coco e bebidas
quentes (chás). Orienta-se também a ingestão de pequenos goles de água durante a
atuação profissional. Além da hidratação sistêmica, que produz resposta em nível
corporal global, sugere-se a hidratação direta, com um efeito mais direcionado ao
aparelho respiratório.
- Procedimentos de adequação da voz: a presença de edema nas pregas vocais
dificulta sua movimentação, agrava o tom da voz e produz emissão mais abafada.
Recomenda-se a realização de exercícios de curta duração e grande número de
repetições: sons de apoio vibrantes, nasais, em emissão natural e modulada. A
orientação é repetir a sequência a cada meia hora, até o momento próximo ao uso
profissional da voz, quando então entram os procedimentos de aquecimento vocal.
A expressividade configura hoje a grande demanda fonoaudiológica junto aos vários tipos
de profissionais da voz. Seu foco na atuação junto aos telejornalistas busca a conjunção e a
coerência de três grupos de recursos: verbais, não verbais e vocais.
Os recursos verbais dizem respeito à seleção dos vocábulos e à construção das frases para
a transmissão das mensagens.
Os recursos não verbais relacionam-se com todo o entorno da comunicação: o cenário, o
enquadramento da câmera, a iluminação, o vestuário, a maquiagem e os acessórios. Assim,
consideraremos e abordamos neste grupo os aspectos do corpo: postura, gestos e
expressão facial. A base precisa estar estável, a coluna ereta com o corpo confortável.
Quanto aos gestos, eles devem acompanhar a linha da cintura, sem comprometimento e
sem competição com a fala. O microfone, quando de mão, deve ser seguro com firmeza, na
altura do peito, sem esconder o rosto. O repórter não deve movimentar a mão que segura o
microfone enquanto fala e apenas a outra mão deve se movimentar.
A expressão facial deve modificar-se de acordo com o conteúdo, com movimentação
acentuada dos lábios, dando mais clareza à articulação.
Recursos vocais têm a ver com o modo como utilizamos a fala. Compreende o impacto de
todos os parâmetros da qualidade vocal, como tipo de voz, ressonância, pitch, loudness,
articulação, ataque vocal, coordenação respiração-fala e os recursos de ênfase, pausa,
duração de vogais, variações de velocidade, de intensidade e curva melódica. Trabalha-se
aqui com a adequação desses aspectos, além do uso consciente dos recursos e do
treinamento em textos, leituras, poesias, etc.
Para tanto, é importante buscar a voz preferida para este profissional. Os traços preferidos
são: voz grave, intensidade média, ressonância difusa, articulação precisa, regionalismos
minimizados, velocidade média, modulação dependente do conteúdo semântico da
reportagem, do perfil, do programa e da emissora, com uso de pausas expressivas,
harmonia entre voz, expressão facial e gestos. A psicodinâmica dessa voz preferida é de
credibilidade, verdade e competência, traços sempre buscados junto a esse grupo.
Segundo o mesmo estudo, o grau de risco vocal é discreto.
A terapia deve ter como objetivo a orientação e higiene vocal e deve priorizar o
desenvolvimento de recursos de narração e interpretação adequados ao tipo de trabalho
desenvolvido. Cabe ao fonoaudiólogo desenvolver a capacidade de intervir de acordo com o
estilo de cada repórter e apresentador, ajudando através de exercícios que trabalhem
ênfase, pausas e modulação.
O trabalho segue o mesmo dos locutores e narradores, acrescentando o trabalho com a
comunicação gestual. Os gestos devem ser suaves e coerentes com a mensagem passada.
FONTE: Voz, o livro do especialista; Tratado das Especialidades em Fonoaudiologia.

5- Conhecer a respeito do sotaque e regionalismo.


Sotaque é a pronúncia ou modo de falar que caracteriza territorialmente um determinado
povo, diferenciando culturas de diversos países, estados, cidades. Segundo a literatura da
Linguística, está relacionado apenas com a pronúncia, sendo distinto de dialeto, que faz
referência à gramática e vocabulário.
Assim, entende-se por sotaque os aspectos articulatórios que caracterizam as diferentes
pronúncias em uma determinada língua. Nesse sentido, pronúncia é a maneira pela qual os
sons da fala são articulados por cada indivíduo. Enquanto que, o dialeto compreende
diferenças gramaticais, de vocabulário e pronúncia em relação a outras variedades. Um
dialeto é uma variação linguística distinta regional e socialmente, e, apesar dos diferentes
dialetos estarem, normalmente, associados com diferentes sotaques, apenas uma variação
de sotaque não constitui uma variação dialetal.
Toda língua possui diferentes sotaques, sem que isso interfira no processo de comunicação
dos falantes de uma mesma língua, tornando-os incomunicáveis. Sotaques regionais estão
relacionados a diferentes localidades, dentro de um país, bem como grupos nacionais de
falantes de uma mesma língua, além da impressão sobre outras línguas. Sotaques sociais
relacionam-se com a experiência cultural e social do falante.
Segundo o dicionário, regionalismo são: características culturais e linguísticas próprias de
uma dada região; Expressões, sotaques, provérbios, culinária e costumes típicos de uma
região específica; Especificidade de diferentes partes de um país.

O regionalismo é apresentado como a expressão de uma região, expressão esta que se


manifesta na fala, na forma da diversidade de sotaques, sendo o regionalismo uma
expressão cultural de cada região.
FONTE: Dissertação, REPRESENTAÇÕES DE COMUNICADORES DE MÍDIA
NORDESTINOS SOBRE SOTAQUE; artigo, Assim Fala a Notícia: Sotaques e
Regionalismos no Telejornalismo Paraibano

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