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CENTRO UNIVERSITÁRIO JORGE AMADO

BACHARELADO EM CINEMA E AUDIOVISUAL


DISCIPLINA: PRODUÇÃO EM RADIO, TELEVISÃO E CINEMA

ANNA BEATRIZ LACERDA BARRETO DA SILVA


FERNANDA SILVA SOUZA RODRIGUES
RAFAEL NORMANDIA VIEIRA DOS SANTOS
SYDNEI HAFNER

HISTÓRIA DA TELEVISÃO BRASILEIRA: DA DECADA DE


1980 AO INICIO DO SECULO XXI

Salvador
2019
ANNA BEATRIZ LACERDA BARRETO DA SILVA
FERNANDA SILVA SOUZA RODRIGUES
RAFAEL NORMANDIA VIEIRA DOS SANTOS
SYDNEI HAFNER

HISTÓRIA DA TELEVISÃO BRASILEIRA: DA DECADA DE


1980 AO INICIO DO SECULO XXI

Trabalho apresentado como requisito


parcial da avaliação da disciplina Produção
em rádio, cinema e televisão do Curso de
Bacharelado em Cinema e Audiovisual do
Centro Universitário Jorge Amado.
Professor: Leonardo Assunção Bião Almeida

Salvador
2019
INTRODUÇÃO

A televisão é inserida no Brasil a partir da década de 1950, pelo


empreendedor Assis Chateaubriand, tendo como primeira emissora a TV Tupi. Os
primeiros anos foram marcados por improvisações e grandes investimentos na área.
Os teleteatros, derivados das radionovelas, começam a surgir, com um formato de
teatro na televisão, com um único capitulo, e trazendo consigo uma ideia de “alta
cultura”. Começam a surgir também as novelas que iam ao ar duas vezes por
semana em capítulos pequenos, durando poucos meses. Vale ressaltar, que nesse
período todos os programas iam ao ar, ao vivo, sem ter a possibilidade de serem
gravados para uma pós edição, então se tratando de teleteatros e novelas, a
quantidade de atores era reduzida e o cenário era o mais simples possível.
Na década de 1960, o cenário televisivo brasileiro já é diferente daquele da
década passada. Tendo um maior número de televisões no país, começou a ter
avanços na área, sendo possível encontrar especialistas em diversos conteúdos. O
surgimento da emissora TV Excelsior em 1960, mudou o aspecto da televisão,
incutindo no telespectador o habito de assistir, por exemplo, todos os dias as 20hrs a
novela. E com o surgimento dos videoteipes em 1962 permitindo a gravação e a
edição dos programas, foi possível essa organização se fincar tornando-se um
padrão para as outras emissoras existentes. Essa década foi marcada pela
influência musical na população, através de festivais ou programas, exibidos
primeiramente pela TV Record, que lançaram novos artistas. No final dessa década,
esse tipo de programação começou a cair, pois a indústria musical já tinha dinheiro
suficiente para decidir o consumo.
Entrando na década de 1970, encontramos uma televisão passando por
grandes mudanças em sua programação. Com a ditadura militar, programas como
Chacrinha, Hebe Camargo, Flavio Cavalcanti, Dercy Gonçalves, passam a ser
gravados para atender a censura prévia determinada pelo AI-5, que justificava a
necessidade de censura para atender seu objetivo de integrar o Brasil e dar ao
“homem brasileiro” uma nova cultura. Esses programas foram tidos como contra o
movimento de renovação cultural, resultando com seus apresentadores demitidos ou
seus programas cancelados. É fundada a Embratel, disponibilizando às emissoras a
tecnologia de micro-ondas para transmissão de sua programação, o que permitia a
transmissão para locais mais distantes. Isso torna o cenário propício para os
telejornais, a TV Globo passa então a transmitir programas como o ‘Jornal Nacional’,
primeiro telejornal exibido em âmbito nacional e posteriormente programas como
‘Fantástico’ e ‘Globo Repórter’. As novelas começam a ganhar mais
profissionalismo, surgindo novelas com grande audiência nacional como ‘O Bem-
Amado’ e ‘Irmãos Coragem’.

Televisão Brasileira

A década de 1980 se inicia na televisão por meio da força de construção


cultural que a envolve, o que é possível perceber na grade de programação, que
traz uma nova linguagem a partir da ideia de reformulação da cidadania nacional,
refletindo sobre o comportamento juvenil, o papel da televisão na sociedade, traz
também um direcionamento de consumo refletindo a política neoliberal vivida pelo
Brasil na época. Destaca-se telenovelas como “Armação Ilimitada” e o programa “TV
Pirata” com uma proposta de aproximação com os jovens da época, reconstruindo o
identitário da TV por meio das parodias.
Silvio Santos, originário da TV Globo, onde em 1960, iniciou com sucesso os
programas de auditório nas tardes de domingo. Na década de 1970 era
concessionário do horário do seu programa e teve seu contrato renovado na TV
Globo, mesmo não fazendo parte do novo “padrão de qualidade Globo”, seu
programa tinha grande prestigio, sendo considerado o programa mais assistido em
São Paulo, ultrapassando as telenovelas. Quando seu contrato com a TV Globo
encerra no final desta década, ele passa a exibir o seu programa em São Paulo pela
TV Record e no Rio de Janeiro pela TVS.
Na década de 1980, houve uma nova popularização da TV, buscando atender
as classes sociais que passaram a ter acesso as televisões em suas residências.
Nesse sentido, programas tidos como populares, a exemplo os de auditório, passam
a ser comuns na programação. Nesta década, surge em 1981 o SBT- Sistema
Brasileiro de Televisão, fundada por Silvio Santos, exibindo em rede, de forma
inédita, a cerimônia de outorga da sua concessão pelo Governo Federal e passa a
televisionar os programas censurados no fim da década de 1960, trazendo a
imagem de popularização da TV e ao mesmo tempo o sentimento de retrocesso
quanto a seus avanços na última década.
Buscando conquistar as empresas financiadoras, o SBT remodela programas
com vista a serem aceitos pela classe média em ascensão. Com isso, programas
como “A Praça é Nossa” e “Hebe”, voltaram a compor a programação. Mesmo
assim, o SBT trazia consigo um “mundo cão”, com o programa sensacionalista “O
Povo na TV”, derivado do “Aqui e Agora” da TV Tupi, com a proposta de solucionar
os problemas das pessoas, geralmente com finais dramáticos. Foi remodelado,
trazendo como apresentadores Wilton Franco, Roberto Jefferson, Sérgio Mallandro,
Christina Rocha, Roberto Lengruber. Sofreu muitas críticas por abuso do
charlatanismo e sensacionalismo, chegando até a transmitir ao vivo a morte de um
bebê no colo da mãe. Em 1983, Lengruber e Wilton Franco foram presos sob
acusações de charlatanismo, iniciando-se um debate sobre o caráter dos programas
de auditório. Apesar da alta audiência, superando inclusive a TV Globo, em 1984 o
programa acaba por falta de publicidade.
Em 1982 surge o programa “Viva a Noite” apresentado por Augusto Liberato
(Gugu), mantendo a forma clássica dos programas de auditório apresentados pela
SBT, com uma mistura de games shows, humor, música e muito sensacionalismo.
Era considerado brega por apresentar muita cor, luz, brilho e efeitos especiais.
Mesmo assim conseguia atingir altos níveis de audiência, o que fez a TV Globo
trazer de volta programas como Chacrinha, “Os Trapalhões”, “Balança mais não
Cai”, “Caso Verdade”, produzidos de forma mais leve e melhorada, visando
combater a ascensão do SBT. Em 1989 é lançado o “Domingão do Faustão”, dirigido
por Deto Costa que vinha da equipe do “Programa Silvio Santos”, investindo na
relação animador, público e convidado e utilizando pouca pós edição, permitindo ir
ao ar um programa praticamente da mesma maneira que foi produzido, utilizando a
mesma estética que o SBT fazia.
Na década de 1990 o processo de redemocratização já estava avançado e o
país passaria em 1994 por uma restruturação econômica, com o plano Real, que
permitiu a população ter um maior poder aquisitivo. Nessa mesma década, entrava
no cenário televisivo brasileiro a TV fechada por assinatura, permitindo que aqueles
que pagassem, tivesse acesso a diversos canais, antes não existentes no Brasil,
como a HBO, Telecine, Disney Channel, Cartoon Network, entre outros.
A maioria das operadoras da TV paga, traziam pacotes com enormes
quantidades de canais internacionais, que disponibilizaram na sua programação um
espaço para as produções nacionais por um preço acessível. Essas produções eram
garantidas através da Lei do Cabo, o que proporcionou investimento das emissoras
nacionais no regionalismo. Conforme pode ser verificada na referida Lei:

Art. 23. A operadora de TV a Cabo, na sua área de prestação do serviço, deverá tornar
disponíveis canais para as seguintes destinações:

I - CANAIS BÁSICOS DE UTILIZAÇÃO GRATUITA:

a) canais destinados à distribuição obrigatória, integral e simultânea, sem inserção


de qualquer informação, da programação das emissoras geradoras locais de
radiodifusão de sons e imagens, em VHF ou UHF, abertos e não codificados,
cujo sinal alcance a área do serviço de TV a Cabo e apresente nível técnico
adequado, conforme padrões estabelecidos pelo Poder Executivo;
b) um canal legislativo municipal/estadual, reservado para o uso compartilhado
entre as Câmaras de Vereadores localizadas nos municípios da área de
prestação do serviço e a Assembleia Legislativa do respectivo Estado, sendo o
canal voltado para a documentação dos trabalhos parlamentares, especialmente
a transmissão ao vivo das sessões;
c) um canal reservado para a Câmara dos Deputados, para a documentação dos
seus trabalhos, especialmente a transmissão ao vivo das sessões;
d) um canal reservado para o Senado Federal, para a documentação dos seus
trabalhos, especialmente a transmissão ao vivo das sessões;
e) um canal universitário, reservado para o uso compartilhado entre as
universidades localizadas no município ou municípios da área de prestação do
serviço;
f) um canal educativo-cultural, reservado para utilização pelos órgãos que tratam
de educação e cultura no governo federal e nos governos estadual e municipal
com jurisdição sobre a área de prestação do serviço;
g) um canal comunitário aberto para utilização livre por entidades não
governamentais e sem fins lucrativos;
h) um canal reservado ao Supremo Tribunal Federal, para a divulgação dos atos
do Poder Judiciário e dos serviços essenciais à Justiça;(Alínea incluída pela Lei
nº 10.461, de 17.5.2002)
(BRASIL, 1995)

Com a TV paga, foi possível dividir o mercado televisivo em programas e


propagandas direcionados para um consumidor de poder aquisitivo maior, enquanto
na TV aberta, era popularizado a programação para atingir um público com um
poder aquisitivo mais baixo, surgindo assim, programas banalizando sentimentos,
situações, tragédias e apresentando abuso de nudez e jogos sexuais, a exemplo do
“Domingo Legal”, “Programa do Ratinho”, “Domingão do Faustão”. Essa forma de
produzir os programas, principalmente os de auditórios, se deu através de uma
disputa por audiência. Afinal, com a chegada da TV paga e o surgimentos de novas
emissoras no país a audiência dividiu sua atenção para diversos canais, deixando
de se concentrar entre a Rede Globo, SBT e TV Record. Outro gênero que sofreu
com o impacto dessas disputas foram as telenovelas, que com a chegada, das
novelas mexicanas, as brasileiras passaram a incluir mais drama nas suas histórias,
mantendo padrão de cortes rápidos, ritmo eletrizante, com conflitos e dramas
ambientados na cidade grande. No entanto, foi a novela “Pantanal” da TV Manchete
que conseguiu bater a audiência, quebrando o padrão já estipulado, inovando com
apresentação de planos longos e abertos, com tempo para a “contemplação” da
cena, tendo como cenário o pantanal brasileiro.
Entre as diferentes estratégias utilizadas pela Rede Globo para superar a
audiência da TV Manchete, destacam-se os investimentos em telejornais como
“Jornal Nacional”, “Globo Repórter” e “Fantástico”. Foi observado que alguns
telejornais superavam em audiências programas em outras emissoras inclusive
telenovelas, o que revelou a abrangência e importância desses programas. Inicia
assim uma busca por um “modelo perfeito” de telejornais para manter a atenção do
público durante toda a sua duração. Resultando em remodelação no jornal em
diversos aspectos incluindo vinhetas, cenários, reportagens, relação entre o âncora
e o público, surge assim, telejornais como “TJ Brasil” e “Aqui Agora” no SBT e “Linha
Direta” na Rede Globo.
Seguimos para a década de 2000 com um marco muito importante para a
televisão brasileira, a digitalização. Essa transformação decorreu por conta do
desenvolvimento acelerado das tecnologias digitais e da intensificação dos fluxos
midiáticos transnacionais, que por consequência de tanta informação e mudança
constante, tiveram que pensar e investir em diferentes estratégias de produção.
No mesmo período as emissoras começaram a apostar também na
convergência de meios (televisão e internet) que provocou transformações nos
formatos já existentes, estimulada pela implantação do novo sistema de transmissão
digital. Lançaram portais que integram sua programação com conteúdo exclusivo
direto para a web, um exemplo é o Globo.com, lançado em março de 2000 e que
ainda hoje é muito utilizado. Com o crescimento efetivo dessas novas técnicas, os
telespectadores foram se aproximando mais. A ligação e interatividade da TV com a
internet fizeram com que os sites passassem a ser mais respeitados por terem
ligação com programas e emissoras já tidas como confiáveis.
Com a parceria TV-Cinema, foi obtido um retorno financeiro grande. O público
total dos filmes brasileiros no primeiro ano de atuação da Globo passou de cinco
milhões de espectadores. A partir disso, foi decidido que os filmes se beneficiariam
do merchandising televisivo e continuaria a parceria para haver um crescimento
maior de ambos. E com liderança, a TV Globo acabou servindo de estímulo para as
demais emissoras brasileiras de TV aberta se aventurarem na produção de filmes.
Em 2005 chegaram ao cinema os primeiros longas-metragens com selo do SBT,
Record e Band que conseguiram parcerias com grandes nomes no cinema como a
Fox.
Nessa mesma época surgiram os famosos reality shows, que traziam consigo
um novo modelo de programa, onde é possível o telespectador ter um controle direto
sobre o que vai acontecer durante sua exibição, a exemplos temos “Big Brother
Brasil”, “Casa dos Artistas” e “A Fazenda”. Os grandes eventos internacionais
esportivos, como “Olimpíadas” e “Copa do Mundo”, começaram a ter maior
representatividade e audiência, sendo mais frequentemente transmitidos pela TV
aberta, ganhando maior atenção do público televisivo brasileiro.
Ao final da década de 2000, a internet estava em franco crescimento, com a
popularização de sites como “YouTube”, “Google”, “Facebook” e “Twitter”, permitindo
uma maior conexão entre as pessoas, e consequentemente, entre os produtores de
programas e seus respectivos expectadores. Com isso, a televisão começou a
passar por uma nova mudança, que trazia, de maneira mais prática e visível, essa
facilidade de comunicação entre os emissores e receptores.
A partir da década de 2010 começa a existir uma convergência midiática,
onde uma coexiste e depende da outra. Nasce assim as plataformas “Streaming”
como “Netflix” e mais tarde “Amazon Prime”, “Hulu”, “Telecine Play”, “Globo Play”,
entre várias outras. Esses tipos de plataformas revolucionaram a história da
televisão, que finalmente passou a ser um eletrodoméstico, sendo propriamente uma
tela, onde atualmente a maior utilidade é sua capacidade de conectar com a internet,
permitindo o acesso a todas essas novas formas midiáticas.
As publicidades também foram influenciadas por essas novas mídias,
passaram a utilizar as diversas formas midiáticas para propagandear um produto,
como por exemplo o trailer de um filme que pode ser encontrado no YouTube,
Facebook, Twitter, Instagram, nas propagandas televisivas e no próprio cinema onde
ele é veiculado. Entretanto, um dos principais problemas encontrados pela facilidade
ao acesso e divulgações de informações, são as “Fake News”, que nada mais são
do que informações alteradas ou inventadas a respeito de algo ou alguém, na sua
maioria das vezes é utilizada para “sujar” a imagem de determinada pessoa. Esse
tipo de notícia acaba prejudicando e colocando as demais em uma posição de
dúvida sobre sua veracidade. Tendo como grandes exemplos do uso das fakes
news, pode-se citar a eleição de Donald Trump no EUA e a de Bolsonaro no Brasil,
em ambas foram utilizados para induzir a população a desacreditar dos outros
candidatos.
Com isso, é possível concluir de forma preliminar que a história da televisão
caminha cada vez mais para um futuro onde passará a ser utilizada de maneira mais
frequente como uma tela, e as emissoras, uma vez tendo a utilizado para seu
crescimento e domínio do publico de forma cada vez mais assertiva, tende a usufruir
das comodidades da internet para expandir ainda mais o seu público, principalmente
entre os jovens que se encontram cada vez mais conectados.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei nº 8.977 de 06 de janeiro de 1995. Dispõe sobre o Serviço de TV a


Cabo e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 1995.

CAMPANELLA, B. TV in Brazil: six decades and many histories. MATRIZes, v. 4,


n. 2, p. 253-259, 15 dez. 2011.

GARCIA, Santiago Naliato. A nossa telinha: a TV brasileira e seu


desenvolvimento, do preto e branco ao digital, a partir de políticas públicas e
comercias. Disponível em: https://celacom.fclar.unesp.br/pdfs/80.pdf. Acesso em
25 de março de 2019.

JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. 2ª ed. São Paulo: Aleph, 2009. 428
pp. ISBN 978-85-7657-084-4

PEREIRA, Verena Carla. A produção de documentários através do DOCTV.


Rumores, São Paulo, v. 4, n. 2, jan./abr. 2009. Disponível em:
<http://www3.usp.br/rumores/artigos2. asp?cod_atual=102>. Acesso em: 01 de
Abril de 2019.

RIBEIRO, Ana Paula Goulart; SACRAMENTO, Igor; Roxo, Marco (org.) (2010).
História da Televisão no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 352 p.

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