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Dentro da história da comunicação piauiense, um setor que se destaca e manteve-se ao longo

do tempo, é o Rádio. Não necessariamente o aparelho que emite o som, mas a forma de
comunicação em massa, ali estabelecida.

Estima-se que a primeira transmissão de rádio no Brasil ocorreu em 1922, para celebrar o
centenário da proclamação da república, e foi protagonizada pelo pronunciamento do
presidente da época, Epitácio Pessoa. Desde então o meio de comunicação ganhou o país,
sendo construído de formas diferentes por todo território.

No Piauí, essa tecnologia passou a ser difundida no final da década de 1930, e


especificamente em Teresina, iniciou a partir das amplificadoras; que eram um sistema de
transmissão sonora, constituído por uma corneta de som e uma vitrola, que podiam ser fixos,
ou circular pela cidade, geralmente o locutor da amplificadora também era o responsável por
selecionar e irradiar as músicas.

Duas das rádio-amplificadoras destacáveis são: a Rádio Propaganda Sonora Rianil, que
surgiu para publicizar a marca Rianil, originalmente carioca, mas possuía uma filial em
Teresina; e a Rádio Amplificadora Teresinense, cujo arro chefe era a retransmissão de
partidas de futebol que aconteciam em outros estados, os dois veículos eram concorrentes e já
chegaram a ter equipamentos de difusão no mesmo espaço, o que acirrava a ‘competição’.

As amplificadoras por muito tempo foram o principal meio de comunicação em massa da


capital piauiense, seguiu invicta por pelo menos duas décadas, e de fato espalhou-se pela
cidade, até que em dado momento passou a gerar incômodo. Em uma crônica publicada no
jornal O Dia, em 1951, o jornalista demonstrou-se indignado com a quantidade e frequência
frenética dos alto falantes:

Nas praças Pedro II, Rio Branco e Saraiva não se experimenta sequer 10 minutos de
silêncio, porque as amplificadoras, azucrinam os ouvidos do povo, de 7 às 22 horas do dia
(O DIA, 1951, p. 4)

De fato o primeiro impulso à rádio com princípios jornalísticos, ocorreu em Parnaíba, que
também é pioneira na difusão de outros meios de comunicação, como o impresso. A presença
de investidores interessados aprimorou a capacidade técnica e informacional dessa tecnologia
em outras cidades do estado, incluindo Teresina.

Tratando-se da experiência da capital, em 1948 surgia a reconhecida como primeira emissora


de rádio teresinense é a Rádio Difusora de Tersina (RDT), que possuía estrutura maior à uma
amplificadora, porém ínfima diante de emissoras na região sul/sudeste do país. Dentre os
elementos de sua programação, destaca-se a transmissão e retransmissão de radionovelas, que
na época eram muito apreciadas pelo público, em âmbito nacional, e apesar da pouca
experiência, dos equipamentos simples, e do enredo podado pela moral religiosa do setor
católico da cidade, as radionovelas da RDT fizeram sucesso, sendo ouvidas até mesmo em
outras regiões do estado.
Como veículo mantenedor e difusor de cultura, sobressaem na programação das rádios: a
presença de programas de auditório, sendo que em Teresina, os primeiros programas nesse
estilo aconteceram na Rádio Amplificadora Teresinense, em 1939, e na década de 1950,
passou a acontecer de forma evoluída na RDT, por meio de competições de calouros, jogos e
bastante dinamismo entre apresentadores e plateia, o que atraía principalmente o público
jovem; a transmissão de shows e músicas de grandes artistas locais, movimentando
ativamente o cenário cultural e artístico da capital.

No que tange o papel informativo da rádio, podemos citar o Grande Jornal Q-3, produto da
Rádio Difusora, como fundamental na construção do radiojornalismo piauiense. Apesar de
outros grandes radiojornais alcançarem a frequência da região, ninguém melhor do que
nativos para comunicar as notícias do seu território. Esse programa especificamente
permaneceu como um dos mais ouvidos até o início da década de 1960, valendo-se
estrategicamente da proximidade do ouvinte ao aparelho de rádio, o programa era transmitido
logo após o jornal “Hora do Brasil” de relevância nacional.

Desde o início da propagação da radiofonia no estado, a transmissão de jogos,


principalmente de futebol, teve sucesso, visto que a população tem grande conexão com esse
esporte, portanto a difusão de programas esportivos foi uma escolha inevitável e assertiva,
tanto das amplificadoras e posteriormente das emissoras de rádio. Para quem não podia estar
presente nas partidas, a transcrição do jogo em narração dos locutores, transportava uma
grande quantidade de pessoas, que se aglomeravam diante dos alto falantes para acompanhar
a modalidade. Na RDT, o departamento esportivo chegou a ser comandado por Carlos Said, e
a emissora contava com um horário determinado para a programação esportiva.

Além da RDT, outro veículo radiofônico que se destaca na história teresinense, é a Rádio
Pioneira, que tem o pioneirismo no nome por se voltar a um foco essencialmente educacional
e cultural. Por ser uma emissora ligada diretamente à igreja católica e ter acesso à
investidores, ela já iniciou seus trabalhos com equipamentos de boa qualidade, sendo
inclusive importados da Alemanha. Dentre outros elementos que compunham o
profissionalismo da Pioneira, estava a prática da radioescuta, que se comprometia em ouvir o
espectador, e conectá-lo às instituições e autoridades, e não apenas noticiar os fatos, mas
fiscalizava e cobrava solução deles. A participação dos ouvintes também se deu de outras
formas, como através do Clube dos Ouvintes, em que eles participavam da montagem dos
programas. Na Pioneira também marcava-se também a presença de programas de variedades,
música, radiojornalismo, esporte, e obviamente, programas religiosos, visto que a emissora
tem viés e vínculo religioso.

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