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Clarisse de Mendonça e
Almeida
As origens do
telejornalismo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar os principais marcos da história da te-
levisão no país e no mundo, focando em como esse veículo de comu-
nicação surgiu até o momento da consolidação como principal veículo
de comunicação de massa. Você vai verificar seus primeiros momentos,
ainda nos Estados Unidos, na Alemanha, na Rússia e na França, e vai
compreender de que forma a televisão chegou ao Brasil, nas mãos do
empresário e magnata Assis Chateaubriand.
Você vai verificar de que forma aconteceram as primeiras transmis-
sões televisivas no Brasil — ainda de forma amadora e precária, com
técnicos oriundos do rádio — e vai perceber como a TV se inspirou na
programação radiofônica até encontrar seu próprio caminho — com
uma linguagem mais neutra, simples e direta, que se mantém até hoje.
Por fim, você vai estudar a evolução dos telejornais — do Repórter
Esso ao Jornal Nacional —, verificando de que forma esses programas
estiveram presentes em diversos momentos históricos relevantes no
país e também como as programações e as emissoras se expandiram,
ao ponto de a Rede Globo se tornar a maior potência televisiva do país.
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A evolução da televisão
O Brasil assistiu à sua primeira transmissão televisiva em 18 de setembro de
1950. Na verdade, poucos brasileiros assistiram a esse momento. Isso porque,
na época, ter um aparelho de televisão era algo restrito a uma parcela bem pe-
quena da sociedade com poder aquisitivo mais alto ou com influências políticas.
Grande parte da população brasileira — ainda sem acesso a televisores — se
mantinha fiel aos programas de notícias e entretenimento transmitidos pelas
rádios — estas, sim, bastante populares e de alcance massivo entre as famílias
brasileiras. As maiores audiências vinham das chamadas radionovelas — com
artistas famosos e idolatrados em todo o país —, dos programas de auditório
e de programas com narração de notícias — o chamado radiojornalismo.
Francisco de Assis Chateaubriand (Figura 1), também conhecido como Chatô, nascido
na Paraíba, foi um magnata brasileiro do ramo das comunicações e chegou a ser
classificado como um dos homens mais influentes do Brasil entre os anos de 1940 e
1950. Proprietário de mais de 100 rádios, revistas e jornais, foi o homem responsável
por trazer a televisão ao país. Seu espírito empreendedor levou-o a ser o dono do
maior conglomerado de mídias da América Latina, os Diários Associados.
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Consolidação da televisão
Em 1951, começou, no Brasil, a fabricação dos primeiros televisores, visando
ao maior acesso das famílias aos aparelhos. Simultaneamente, Assis Chate-
aubriand lançava a primeira campanha publicitária estimulando a compra de
aparelhos. Eram dados os primeiros rumos à consolidação da televisão entre
as massas.
O primeiro telejornal foi ao ar. O programa Imagens do Dia ia ao ar sempre
que havia notícias e sem horário fixo. A captação de imagens era feita por
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Linguagem televisiva
A linguagem televisiva nunca foi estática e passou — e ainda passa — por
diversas adaptações ao longo do tempo, diante de influências externas e de
inovações tecnológicas. O amadorismo, que predominava nas primeiras trans-
missões televisivas, levou os primeiros produtores a verem o rádio como fonte
de inspiração — especialmente na narração de notícias. Afinal, os apresenta-
dores e artistas vinham de uma trajetória já consolidada no rádio e abusavam
muito mais da entonação do que dos movimentos. Nesse período, de acordo
com Paternostro (2013), ainda se focava muito na oralidade e na formalidade,
e pouco na imagem e no seu entrelaçamento com o texto. Demorou um pouco
para que os produtores percebessem e dominassem a técnica de conciliar as
linguagens verbais, sonoras e visuais próprias da televisão.
Muito também se absorveu do cinema, como nos primeiros melodramas gra-
vados e transmitidos pela televisão. A valorização da imagem e da capacidade
de transmitir uma mensagem, sem necessidade de textos complementando-a,
é um dos aspectos herdados do cinema — é claro que adaptado a um ritmo
mais frenético e dinâmico, típico dos telejornais.
O fascínio que a imagem começava a exercer nos espectadores ficou claro
também na área do entretenimento, na medida em que revistas da época
passaram a enaltecer a beleza dos artistas e as notícias sobre a vida íntima
das celebridades da TV. Foi quando os anunciantes começaram a buscar esses
artistas para estamparem suas campanhas publicitárias. Em 1951, a TV Tupi
transmitiu a primeira telenovela, Sua vida me pertence, escrita por Walter
Foster, e o primeiro beijo na boca em uma telenovela, protagonizado por Walter
Foster e Vida Alves (Figura 3), com patrocínio de uma empresa de cosméticos.
Começava, ali, o fascínio dos brasileiros pelas telenovelas nacionais.
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Figura 3. Vida Alves e Walter Foster na novela Sua Vida me Pertence, de 1951.
Fonte: Vida… (2017, documento on-line).
A década de 1960 foi marcada por um movimento mundial de intelectuais que viam
na televisão uma fonte de alienação e de transmissão de ideais capitalistas. Theodor
Adorno foi um desses intelectuais que associavam a televisão a um instrumento de
alienação do povo. Ao contrário do cinema, visto como arte, a TV trazia, segundo esses
intelectuais, um caráter de entretenimento vazio e de não pertencimento ao campo
da cultura. Aqueles que se propunham a trabalhar nas emissoras eram vistos como
profissionais corrompidos pelo viés comercial. Assim, a televisão se distanciou mais
ainda do cinema, construindo uma linguagem e uma estética próprias e apostando
na diversificação da programação com shows de auditório, novelas, telejornais, etc.
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