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ESTUDOS AVANÇADOS

EM TELEJORNALISMO E
AUDIOVISUAL

Tércio Saccol
Gêneros televisivos e
formatos de telejornalismo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Apresentar os diferentes gêneros jornalísticos no telejornalismo atual.


 Identificar o gênero informativo no telejornalismo atual.
 Classificar os gêneros entretenimento e educativo no telejornalismo
atual.

Introdução
É comum encontrar sistemas de categorização para entender as espe-
cificidades e características de programas em diferentes plataformas. Os
gêneros de televisão comumente se relacionam com espécies de rótulos
que ajudam a identificar um programa.
Historicamente, o estudo de gênero dos programas demanda com-
preender a televisão sob diferentes aspectos, inclusive o tecnológico.
Identificar os recursos para produzir um gênero permite reconhecer a
tecnologia de áudio, o uso de equipamentos e as técnicas de diferentes
produções. Programas televisivos, como diferentes autores elencam,
devem entreter e informar, podendo surpreender, chocar, estimular ou
desafiar a audiência.
Neste capítulo, você vai estudar os gêneros televisivos com base em
diferentes perspectivas, além de ler sobre o espaço da informação, do
entretenimento e da educação no telejornalismo.

1 Gêneros televisivos
Os gêneros televisuais são como unidades da programação que compartilham
certas particularidades relacionadas à maneira como o programa é produzido,
a quem se dirige, à sua estrutura e ao seu papel na grade de programação
2 Gêneros televisivos e formatos de telejornalismo

de uma emissora. Esses gêneros estão ligados a discursos que se replicam


e se renovam; por isso, muitas categorias são possíveis. Segundo Aronchi
de Souza (2015, p. 22) “[…] é preciso conhecer os gêneros da televisão para
depois subvertê-los. A subversão dos gêneros é o caminho para descobrir
formatos inéditos”.
O público orienta sua relação com o veículo de comunicação diante das
expectativas pelo próprio reconhecimento do gênero, porque são formas reco-
nhecidas pela sociedade. Gomes explica que “No caso da recepção televisiva,
por exemplo, os gêneros permitem relacionar as formas televisivas com a
elaboração cultural e discursiva do sentido” (GOMES, 2007, p. 19).
Uma das perspectivas nos estudos televisivos considera que há gêneros e
formatos. Gêneros seriam os modelos com propostas amplas, ideias gerais de
programas e suas maneiras de transmissão. Os formatos estão relacionados à
maneira concreta como é realizado um programa, considerando propriedades
mais específicas. Por exemplo, ao vivo e videoclipe são formatos. Rosário
(2007) observa que os formatos acabam sendo legitimados com a repetição.
Isso quer dizer que, conforme o discurso televisivo veicula formatos com
uma organização específica, ele confirma os sentidos já esperados pelo te-
lespectador. Como explicado anteriormente, o público espera encontrar as
características determinadas de cada formato nos programas que assiste:

O formato, dessa maneira, atende à necessidade de uniformização de padrões,


buscando constâncias de linguagem e de discurso e, ao mesmo tempo, per-
mitindo a exclusão da diversidade. Consequentemente, esses usos facilitam
a interpretação (ROSÁRIO, 2007, p. 187).

José Carlos Aronchi de Souza (2015) propõe a classificação de gêneros


televisivos em quatro categorias, relacionadas no Quadro 1.
Gêneros televisivos e formatos de telejornalismo 3

Quadro 1. Classificação de gêneros televisivos segundo Souza (2013)

Categoria Exemplos

Entretenimento Auditório, colunismo social, culinário, calouros, desenho,


docudrama, especial, evento, ficção, filme, game show,
humorístico, infantil, interativo, musical, minissérie,
novela, quiz show, reality show, religioso, pegadinha,
revista, série, sitcom, talk show, teledramaturgia,
teleteatro, variedades, videopoema, webvideo, western.

Informação Científico, debate, documentário, entrevista,


especializado, esportivo, notícia/edição
extra, telejornal/telejornalismo.

Educação Educativo, ensino complementar, instrutivo.

Propaganda Chancela/apoio, filme comercial, institucional,


interprograma (chamada da programação), político,
prestação de serviço, sorteio, televendas.

Fonte: Adaptado de Souza (2015).

O autor destaca como formatos: ao vivo, animação, auditório, câmera


oculta, capítulo, competição, debate, depoimento, documentário, dublado,
entrevista, episódio, esquete, game show, instrucional, interativo, legendado,
mesa redonda, musical, narração em off, noticiário, quadros, reportagem,
revista, seriado, talk show, teleaula, telejornal, teletexto, testemunhal, video-
clipe, vinheta, voice-over, entre outros.
Conforme Souza (2015), em uma tentativa de unir perfis de conteúdo,
organizando a classificação e as experiências com conteúdos audiovisuais,
surgiu a roda de gêneros televisivos. Com ela, é possível desvendar elementos
que formam a base para criar e produzir conteúdos multiplataforma sejam ana-
lógicos, sejam digitais, passivos ou interativos, tradicionais ou experimentais,
com tela única ou transmídia. A roda é composta por oito círculos, quatro
categorias, 51 gêneros, 33 formatos. Estão incluídas também as formas de
gravação, exibição e transmissão, com periodicidade, dia da semana, horário
e classificação da faixa etária. Confira na Figura 1.
4 Gêneros televisivos e formatos de telejornalismo

Figura 1. Roda dos gêneros televisivos.


Fonte: Roda dos gêneros da televisão (c2012, documento on-line).

Alguns autores, como Fechine (2001), no entanto, atentam para o fato de


que os programas não devem ser encaixados em gêneros institucionalizados,
porque o importante é como os formatos se organizam. Veja no Quadro 2
quais são esses formatos e seus pilares segundo a autora.
Gêneros televisivos e formatos de telejornalismo 5

Quadro 2. Classificação de formatos televisivos conforme Fechine (2001)

Formatos Características

Diálogo Explora a conversação, como


debates e entrevistas.

Folhetim Baseia-se nas narrativas ficcionais,


como novelas, seriados, etc.

Filme Consiste na narrativa cinematográfica,


como a exibição de filmes.

Performance Foca no entretenimento, com atrações musicais,


programas de auditório, entre outros.

Jogo Objetiva a disputa de prêmios, como em sorteios.

Apelo pedagógico Tem como intuito principal ensinar.

Propaganda/publicidade Explora a proposta de venda de algo, como


uma ideologia, um credo, um produto.

Paródia Apresenta apelo humorístico.

Jornalismo Inclui programas voltados à divulgação


de fatos cotidianos, seguindo modelos
narrativos informativos.

Transmissão direta Engloba eventos transmitidos ao mesmo


tempo em que acontecem, como a
transmissão de partidas esportivas,
funerais de pessoas importantes, etc.

História em quadrinhos Tem como foco narrativas baseadas


em animação, como os desenhos.

Voyeurismo Explora câmera escondida, como as pegadinhas.

Fonte: Adaptado de Fechine (2001).

2 Gênero informativo na televisão


Em uma sociedade democrática, a mídia, sobretudo o jornalismo, tem o
compromisso de garantir ao público acesso às informações de caráter de
interesse público. O gênero informativo, nesse contexto, surge para suprir
esse compromisso, considerando também as tecnologias que influenciaram a
área nos últimos tempos.
6 Gêneros televisivos e formatos de telejornalismo

Nos telejornais brasileiros, formatos e gêneros passaram a incorporar


e dinamizar relações com a internet. Atualmente, a linguagem vem sendo
explorada em telejornais, como durante a pandemia de Covid-19 em 2020. Em
razão do isolamento social necessário, passou a ser mais comum a participação
de jornalistas pela internet em plataformas de videochamada, por exemplo.
Além disso, a interatividade ganhou protagonismo, com a participação cada
vez mais frequente do espectador de diferentes formas.
No entanto, o telejornal é um gênero estratégico com características bem-
-definidas. O apresentador, normalmente em estúdio, apresenta notícias,
informando sobre os fatos mais recentes do País e do mundo. São produzidos
nos departamentos de jornalismo das emissoras com uma boa estrutura.
O gênero teve origem, no Brasil, com o Repórter Esso em 1952 na TV Tupi.
Depois disso, projetou-se ao longo dos anos, passando a ocupar diferentes
segmentos das programações. Aronchi de Souza (2015, p. 110), conta que:

A conquista de importância na grade horária da programação fez as redes de


televisão investirem no telejornalismo tanto quanto em outros gêneros. As
grades podem deixar de apresentar um ou outro gênero, mas o telejornalismo
ocupa espaço e visibilidade fundamentais para o conceito de rede de televisão.

O formato pioneiro no gênero telejornal foi o noticiário, e a essência se


mantém. Os principais telejornais ainda contam com textos e reportagens
chamadas por um apresentador. No Brasil, muitos são transmitidos ao vivo,
porque esse formato transmite atualidade, embora existam também os gravados
para exibição posterior, principalmente os da madrugada.
Rezende (2000) cita José Marques de Melo ao lembrar que dois gêneros
jornalísticos são peculiares do telejornalismo: o informativo e o opinativo. O
informativo conta com cinco formatos de transmissão da notícia: nota (simples
ou coberta com imagens), notícia (por meio de links ou boletins), reportagens,
entrevistas e indicador. Já os gêneros opinativos contariam com formatos
como editorial, comentário e crônica. O autor ainda considera dois gêneros
de outras modalidades de programas jornalísticos da televisão: interpretativo
e diversional. O interpretativo estaria relacionado a programas de grandes
reportagens, e o diversional, aos documentários.
Aronchi de Souza (2015) ilustra como um gênero da categoria informação,
o debate. Em um único programa, é possível debater um ou vários temas.
Emissoras afiliadas costumam utilizar o debate de forma recorrente para pro-
gramas locais, por demandarem menos recursos e funcionarem para atender à
demanda por conteúdo local. O gênero, de fato, demanda pouco investimento,
Gêneros televisivos e formatos de telejornalismo 7

que inclui apenas o cenário e o transporte dos convidados e ainda pode ocupar
um bom tempo da grade de programação. Na maioria dos programas, há um
apresentador. O formato mais comum é o mesa-redonda, ainda que incluam
também reportagens ou entrevistas para ilustrar um tema.
Outro gênero na categoria informativa é o documentário, muito bem-concei-
tuado no telejornalismo. Isso porque, segundo Aronchi de Souza (2015, p. 108):

O documentário é a antítese da ficção, da fabricação de fantasia. Os temas


abordados pelos documentários apresentam certa importância histórica,
social, política, científica ou econômica e também aprofundam assuntos do
cotidiano, vistos de uma perspectiva crítica.

O autor explica que o documentário pode apresentar muitos formatos no


próprio gênero, “[…] como videoclipes, entrevistas, debates, narração em off,
com o objetivo de não torná-lo cansativo e apresentar de forma variada as
informações colhidas de várias fontes” (SOUZA, 2015, p. 108).
No entanto, por demandar muitos recursos, o gênero é escasso no telejor-
nalismo atual. A despeito do grande impacto e da relevância, em cenário de
recursos escassos e sem financiamento, nem todas emissoras podem bancar
a produção. Além disso, ainda que haja alguns programas de documentário,
muitos flertam com a grande reportagem, pelo tempo disponível.
A entrevista também é um gênero da categoria informativa. Pessoas de
diferentes áreas são convidadas para falar com um apresentador, normalmente,
um jornalista. Quanto ao formato, os programas de entrevista geralmente são
realizados em estúdio, ao vivo ou gravados. Quando há descontração, o gênero
pode se tornar um talk show. A diferença entre os dois está normatizada no foco,
na condução e na roteirização. O talk show é mais aberto, permite humor, sem
a necessidade de extrair um ponto específico do convidado. Já o programa de
entrevista está focado na construção da informação e interpretação de fatos,
contextos e realidades. Um programa como o do apresentador Jô Soares é um
talk show, e um programa como o Canal Livre, do grupo Bandeirantes, é um
espaço de entrevista.
Gomes (2007) considera que o programa jornalístico televisivo é um gênero
impregnado de regras do campo jornalístico e da TV. Para a autora, existem
variações a partir dele, que podem ser chamadas de subgêneros, como os
telejornais, os programas de entrevistas e os documentários televisivos. A
configuração de um gênero ou subgênero na programação, nessa abordagem,
está relacionada à articulação entre a linguagem, o fazer do jornalismo e a
cultura.
8 Gêneros televisivos e formatos de telejornalismo

Ainda que o gênero informativo seja predominante, muitas vezes ele é


acompanhado do opinativo. Este último pode representar interesses e visões
de uma pessoa ou de uma instituição. Já na esfera do informativo, podemos
pensar em gêneros ou modalidades como o editorial, o comentário, o artigo,
a resenha ou a crítica, a coluna, a crônica e a caricatura. No meio televisivo,
predominam o editorial, a crônica e o comentário (REZENDE, 2000).

No telejornalismo, há formatos que se firmam como gêneros em virtude de sua impor-


tância, como os programas de debate e entrevista. Nos telejornais, especificamente,
Aronchi de Souza (2015) considera a nota, a reportagem, a entrevista, os indicadores
econômicos, o editorial, o comentário e a crônica.

3 Entretenimento e educação como gêneros


televisivos
Na sociedade atual, a informação é uma mercadoria de grande valor. O en-
tretenimento, nesse contexto, cumpre um papel importante, já que ele reúne
diversos objetos de consumo, como esportes, notícias, arte, lazer, turismo.
Como explica Trigo (2003, p. 21), embora sejam categorias diferentes, elas
se relacionam no entretenimento, como “[…] mercadorias destinadas a um
consumo específico caracterizado pelo prazer”, que “[…] perpassa todas essas
atividades e possibilita transformar tudo, literalmente tudo, em mercadoria
para consumo, das mais ordinárias e baratas até as pretensiosamente mais
exclusivas, sofisticadas e caras”.
Watts (1990, p. 20), por sua vez, considera que o entretenimento é essencial
em todas as produções televisivas. Na visão do autor, o entretenimento está
longe de ser algo acessório:

Todo programa deve entreter, senão não haverá audiência. Entreter não signi-
fica somente vamos sorrir e cantar. Pode ser interessar, surpreender, divertir,
chorar, estimular ou desafiar a audiência, mas despertando sua vontade de
assistir. Isso é entretenimento.
Gêneros televisivos e formatos de telejornalismo 9

Para Aronchi de Souza (2015), o auditório é um gênero da categoria entre-


tenimento, que permite um público nos estúdios, convidado a participar do
programa. Os primeiros programas de sucesso, no Brasil, foram os de auditório.
Transpostas do rádio para a TV, as produções tiveram adição de imagem.
O formato do programa é com palco e plateia, permitindo apresentação e
interação. Os programas podem ter único tema ou, por vezes, a plateia apenas
contempla a gravação. O autor explica e exemplifica o gênero:

Todos os programas de auditório estão sempre ligados a um nome, o do


apresentador ou apresentadora, que fazem o sucesso do gênero. Chacrinha,
J. Silvestre, Flávio Cavalcanti, Silvio Santos deram origem a outros que per-
maneceram no ar em várias redes, utilizando-se das mesmas técnicas usadas
pelos antecessores. Raul Gil (Record), Gugu Liberato (SBT) e Fausto Silva
(Globo) são alguns apresentadores que mantêm a fórmula vamos sorrir e cantar
presente na grade de programação da TV Brasileira, já com a denominação
atual de programa de variedades (SOUZA, 2015, p. 67).

Outros gêneros que fazem parte do entretenimento, segundo Aronchi de


Souza (2015), estão listados a seguir.

 Colunismo social: tem compromisso com personalidades, celebridades,


marcas e eventos para dar voz à divulgação de determinada fonte,
sem o enfrentamento do jornalismo, com uma conexão direta com o
entretenimento. Tenta seguir o caminho do jornalismo, mas “[…] não
encontra fôlego para gerar credibilidade” (SOUZA, 2015, p. 69). Um
exemplo é o programa do apresentador Amaury Jr., que circulava entre
eventos e festas para entrevistar celebridades. Emissoras como a Globo
restringem essa prática, não contam com colunistas sociais.
 Culinário: apresentado em diferentes redes e considerado um gênero
multifuncional, porque informa e entretém.
 Desenho: iniciou focado no público infantil, mas adaptou linguagens.
Algumas emissoras também classificam desenhos como série. Os de-
senhos passaram a fazer gêneros jornalísticos na televisão ao assumir
o formato de charge animada.
 Docudrama: aplicado a crimes, desastres e ações policiais de sucesso.
Ocorre:

[…] quando o documentário se associa ao gênero teledramaturgia, da categoria


entretenimento, para justificar um argumento ou ilustrar uma história real
[…]. Em suma, é um documentário dramatizado, com personagens encenando
10 Gêneros televisivos e formatos de telejornalismo

histórias reais, reconstituindo crimes, interpretando ações de personalidades


ou protagonizando um assunto (SOUZA, 2015, p. 75).

 Esportivo: influenciado pela categoria jornalismo ou entretenimento. De


fato, o futebol ocupa a maior parte desses programas. Os profissionais
contratados pelas emissoras podem ser uma atração específica, mas
programas esportivos variam de acordo com a emissora. No gênero
esportivo, podem ser usados diversos formatos, como documentário,
entrevistas, debate.
 Game show: pressupõem dinâmicas, como jogos, competições e gin-
canas com regras fáceis de compreender.
 Humorístico: há diferentes formatos, como auditórios, quadros e es-
quetes ou formatos internos.
 Infantil: atende a crianças em diferentes formatos, como quadros, game
shows e musicais.
 Interativo: permitia ligações por telefone para definir rumos ou pro-
postas no espaço de um programa. Atualmente, sofreu alterações em
virtude da internet.
 Musical: envolve apresentações musicais, festivais ou shows.
 Novela: as raízes remontam ao século XIX, com o romance-folhetim,
mas a televisão baseia grande parte de sua fórmula nas radionovelas,
que vieram antes. Aronchi de Souza (2015, p. 88) explica que:

[…] o sistema de produção de telenovelas apresenta inúmeros elementos orga-


nizados para motivar a resposta desejada do telespectador: melodrama, tipos
humanos, atores, diálogos, locações, cenários, música, figurino, maquiagem,
planos de câmera, horário, edição e muito mais.

 Reality show: muito popular, mistura a ideia de game show. A vida das
pessoas é vigiada em diferentes contextos, como o Big Brother.
 Revista: como o Fantástico, da Rede Globo, que permanece até os dias
atuais. Ele mistura diferentes formatos e quadros visando entreter e
informar, tal qual as revistas impressas.
 Série: de caráter multinacional, com exibição não factual, como as
minisséries brasileiras, que são subprodutos das novelas.
 Sitcom: mistura humor, teledramaturgia e talk show e representa “[…] o
triunfo da personalidade do apresentador, que tem a tarefa de manter
o clima do programa em alta, qualquer que seja o assunto” (SOUZA,
2015, p. 102).
Gêneros televisivos e formatos de telejornalismo 11

Filmes também são gêneros do entretenimento já consolidados, comprados prontos


por emissoras.

Já a categoria educação é, geralmente, lembrada apenas em canais edu-


cativos ou em horários menos nobres das emissoras comerciais. Aronchi de
Souza (2015) entende que essa categoria está partilhada em dois gêneros:
educativo e instrutivo. Existe o formato instrucional, que qualifica para uma
atividade ou para o ensino regular e também programas que acrescentam
conhecimento específico para o telespectador, com grande segmentação dos
gêneros educativos por faixa etária.
A primeira emissão de um programa educativo no Brasil aconteceu pela
TV Rio em 1950. Em 1960, foi exibido Telecurso 2000, de formato instrucio-
nal, criado pela TV Cultura e pela Secretaria de Educação de São Paulo para
preparar alunos na admissão ao ginásio. Em 1967, chegou a TVE/RJ, com
programas educativos, entendidos como cursos, debates e conferências. Em
1978, criou-se a Fundação Roberto Marinho com a produção dos programas
de Telecurso 2º grau.
No gênero educativo, há diferentes formatos, como entrevistas, minisséries,
documentários e reportagens. Segundo Aronchi de Souza (2015, p. 114):

Na análise do caráter dos programas do gênero educativo, encontraram-se


aulas com linguagem televisiva e programas produzidos para a audiência em
geral, como os telecursos e infantis. No Brasil, a maioria das produções desse
gênero concentra-se nas emissoras educativas. Em uma ou duas emissoras
comerciais, há programas como os de telecurso em horário classificado pelas
próprias redes como pouco lucrativo. Por isso, aproveitam o horário matutino
para transmitir tais programas, financiados pela iniciativa privada e pelo
governo, os quais auxiliam o sistema de ensino regular e capacitam mão de
obra em determinadas profissões.

A categoria educação não encontra um conjunto exclusivo de características,


como percebemos em outras, já que pode haver, por exemplo, entrevistas e
debates com caráter educativo ou, até mesmo, telejornais segmentados. Os
programas também podem ser divididos por faixa etária. O que mais define
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essa categoria é o objetivo em si, de formar, educar, instruir e dialogar com o


espectador, visando a objetivos de caráter educativo.
Recentemente, o papel educativo das televisões ganhou protagonismo
nacional. Diante da pandemia de Covid-19 em 2020, diferentes estados do
Brasil passaram a usar as televisões regionais e educativas para preparar
alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e para ministrar
aulas. Governos como o paranaense e o gaúcho optaram por transmissões
televisivas, por exemplo, para reforçar ou adicionar conteúdo aos já disponi-
bilizados em alguma escala ou oferecer materiais inéditos. Em São Paulo, o
governo anunciou uma parceria com a Fundação Padre Anchieta para oferecer
conteúdos educativos para educação básica e, em Uberlândia, a prefeitura
criou o programa Escola em Casa, juntamente à TV Universitária da cidade.

FECHINE, Y. Gêneros televisuais: a dinâmica dos formatos. SymposiuM, ano 5, n. 1, 2001.


Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/3195/3195.PDF. Acesso em: 23
jul. 2020.
GOMES, I. M. M. Gênero televisivo como categoria cultural: um lugar no centro do
mapa das mediações de Jesús Martín-Barbero. Rev FAMECOS, v. 18, n. 1, p. 111-130, 2007.
Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/
article/view/8801. Acesso em: 23 jul. 2020.
REZENDE, G. J. Telejornalismo no Brasil: um perfil editorial. São Paulo: Summus, 2000.
RODA dos gêneros da televisão. [S. l.], c2012. Disponível em: http://www.rodadosge-
nerostv.com.br/. Acesso em: 23 jul. 2020.
ROSÁRIO, N. M. Formatos e gêneros em corpos eletrônicos. In: DUARTE, E. B.; CASTRO,
M. L. D. (org.). Comunicação audiovidual: gêneros e formatos. Porto Alegre: Sulina, 2007.
SOUZA, J. C. A. Gêneros e formatos na televisão brasileira. 2. ed. São Paulo: Summus, 2015.
TRIGO, L. G. G. Entretenimento: uma crítica aberta. São Paulo: Senac, 2003.
WATTS, H. On camera: o curso de produção de filme e vídeo da BBC. São Paulo: Sum-
mus, 1990.

Leitura recomendada
POLISTCHUK, I.; TRINTA, A. R. Teorias da comunicação: o pensamento e a prática da
comunicação social. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
Gêneros televisivos e formatos de telejornalismo 13

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