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FORMAS DE
INFORMAR NO
TELEJORNALISMO
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar os fatos mais relevantes do início do
telejornalismo no Brasil, verificando quais eram os principais programas
de informação televisiva na década de 1950 e compreendendo como
o telejornal passou de uma prática experimental para um minucioso
processo de planejamento e roteirização. Você vai compreender o que é
considerado híbrido no telejornalismo e como a convergência de mídias
tem cada vez mais introduzido novas maneiras de criar o telejornal. Além
disso, você vai conferir as noções de factual e real e vai compreender
como o telejornalismo adapta a linguagem da dramaturgia com o objetivo
de tornar as notícias inteligíveis. Por fim, você vai verificar os principais
recursos técnicos do telejornal, a partir da estrutura tradicional do telejor-
nalismo, que conta com vinhetas de abertura, escalada, videoteipe (VT),
cenários virtuais, entre outros elementos. Você vai poder refletir sobre as
inovações técnicas que se sobrepõem à linguagem telejornalística e as
consequências da convergência de mídias para a identidade do telejornal.
Figura 1. Na década de 1950, os aparelhos televisores eram de alto custo e seu visual ainda
trazia elementos do rádio.
Fonte: Guilherme (2010, documento on-line).
Características do telejornal
Na contemporaneidade, é possível perceber a televisão em diálogo com as
novas tecnologias, não apenas se mesclando às plataformas da internet, mas
também abrindo diálogo com as chamadas novas mídias. Por mais que um
telejornal mantenha sua estrutura de blocos e reportagens, é possível observar
a mudança em seu conteúdo e, principalmente, em seu consumo. O telejornal,
assim como a televisão, tem a capacidade de absorver outras mídias, ou seja,
ele toma para si a maneira como outros meios operam, mas conserva, também,
seus fundamentos. Segundo Cabral (2012, documento on-line), “[…] a televisão
sempre atuará com uma programação de massa, feita para o público genérico
e continuará sendo a catalisadora de outras mídias”.
Refletir sobre a hibridez de um meio de comunicação é pensar as suas mar-
gens e limites. O hibridismo, em seu sentido morfológico, consiste naquilo que
é composto por elementos diferentes, ou, ainda, que contém uma combinação
de elementos. A televisão, nesse sentido, estaria atualmente criando narrativas
e produtos que se mesclam a meios diferentes de comunicação. Cabral (2012,
documento on-line, grifo nosso) auxilia nesse debate:
No link a seguir, é possível visualizar de maneira prática alguns recursos não televisivos
incorporados ao telejornal da TV Cultura. Observe a convergência de mídias nos
tempos indicados abaixo.
48:52 — A apresentadora Ana Paula Couto convida os(as) telespectadores(as) a
observarem no telão as mensagens enviadas a partir da hashtag #jornaldacultura.
No cenário virtual, aparece a foto, o nome completo e o endereço eletrônico de
cada participante. São escolhidas três mensagens enviadas. A âncora faz a leitura
de cada uma delas.
49:30 — O convidado debate as questões propostas pelos participantes a partir
da hashtag do telejornal.
53:47 — A âncora Karyn Bravo acrescenta: “e não se esqueça de acessar nosso canal
no YouTube, www.youtube.com.br/jornalismotvcultura”.
https://qrgo.page.link/VFqW5
Recursos técnicos
No telejornalismo, existem técnicas próprias para transmitir a informação e
apresentar os produtos produzidos a partir dela — são os chamados recursos
técnicos. As notícias no telejornal são transmitidas com ritmo, que se dá a
partir do uso de recursos técnicos para proporcionar equilíbrio e eficácia à
transmissão. Para chamar a atenção dos(as) telespectadores(as), cada editor-
-chefe e equipe de jornalismo vai criar estratégias para aproximar os produtos
informativos de sua audiência. Além disso, o horário de exibição trará iden-
tidade ao programa, assim como seus apresentadores.
Logo no começo do telejornal, a vinheta de abertura anuncia o início
do programa. A vinheta pode ser considerada um recurso de orientação,
pois marca a abertura, os intervalos (também conhecidos como breaks) e o
encerramento. Produzida com áudio e vídeo, ela exibe a logomarca e a trilha
musical, criada especificamente para o programa. Esse recurso é utilizado
também para marcar eventos especiais — por exemplo, nas eleições, uma
vinheta específica é exibida antes das notícias relacionadas à votação, conforme
aponta Paternostro (1999).
A montagem do telejornal 7
A técnica precisa andar lado a lado com a informação. Somma Neto (2018) aponta para
o fato de que o telejornalismo é um instrumento para a cidadania, mesmo quando
esse não é o seu principal objetivo. Com o alto investimento na produção técnica e
em profissionais altamente qualificados, os recursos visuais não podem se contrapor
à informação; ainda, destaca-se que o telejornalista não é um cineasta nem um ator.
O autor seleciona os seguintes pontos que, na sua visão, são prejudiciais às práticas
telejornalísticas:
perda da identidade telejornalística em prol da internet;
emocionalismo fácil;
espetacularização da notícia;
incessante busca por alto índice de audiência;
abordagens desumanizadas;
exposição exagerada dos(as) apresentadores(as).
A montagem do telejornal 9
Leituras recomendadas
CURADO, O. A notícia na TV: o dia-a-dia de quem faz telejornalismo. São Paulo: Alegro,
2002.
JORNAL da Cultura. São Paulo: TV Cultura, 2019. 1 vídeo (53 min). Publicado pelo canal Jor-
nalismo TV Cultura. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=i26W7KoLOBs.
Acesso em: 30 out. 2019.