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INTRODUÇÃO
Acompanhar novelas é um dos hábitos mais tradicionais da cultura brasileira. Sua origem
remonta ao folhetim, que surgiu no século XIX, na França, para fidelizar os leitores de jornais.
E a criação dos ganchos dramáticos despertando o interesse do público para o próximo capítulo
é um marco dos folhetins. As primeiras telenovelas, até o final da década de 60, elas ainda
tinham um apelo muito forte das radionovelas”, diz Nilson Xavier, crítico de televisão e autor
do Almanaque da Telenovela Brasileira. “No final dos anos 60 a TV Tupi estreou a novela
Beto Rockfeller, que foi um divisor de águas na produção de teledramaturgia brasileira. Ela foi
a primeira novela a quebrar definitivamente com o processo radiofônico de telenovelas”,
completa Esther Hamburger, professora da Escola de Comunicação e Artes da USP.
As novelas brasileiras são os programas mais vistos por todos os segmentos de sexo e faixas
etárias. Ranking feito pelo Ibope, mostra que o gênero mais visto por homens na televisão
aberta, são as telenovelas. A audiência das novelas entre mulheres, no entanto, é quase o dobro
do que entre homens. Entre as crianças, os folhetins têm mais do que o dobro da audiência dos
programas infantis. Uma pesquisa feita pelo Kantar Ibope publicada em outubro de 2015,
apontou que as telenovelas ainda são as atrações preferidas dos latinos na televisão. O estudo
mostra o gênero é o preferido entre o público no Brasil, Panamá, Uruguai e Paraguai, o instituto
tomou como base para a pesquisa, seus dados de audiência aferidos em 11 países da América
Latina, com um universo de 135,5 milhões de espectadores.
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O sucesso da telenovela brasileira está relacionado à proximidade do cotidiano e da
“linguagem comum”. Percebe-se que os roteiros tratam de falar a todas as camadas da
sociedade, pois que, se viesse a privilegiar um ou outro apenas, por certo estaria perdendo
audiência. (MARIA ATAIDE MALCHER, 2003). As Telenovelas são consideradas um dos
principais produtos televisivos e, sobre este aspecto, a mesma autora cita Anamaria Fadul,
quando afirma que: [...] “a telenovela sofreu uma série de mudanças tanto do ponto de vista da
temática como da audiência e da produção. À medida que as telenovelas se aproximavam cada
vez mais da vida real, o seu sucesso junto ao público se fortalecia”. (MALCHER, 2003, p. 17).
1º período
Em dezembro de 1951, pouco mais de um ano após a televisão ser inaugurada no Brasil, a TV
Tupi colocou no ar a primeira novela: Sua Vida me Pertence. Como ainda não existia o
videoteipe, tudo era feito ao vivo. Os 15 capítulos da trama foram exibidos às terças e quintas-
feiras. O que se produzia na época eram histórias parceladas em duas ou três apresentações por
semana. Descobriu-se então que, para segurar o público, era necessário criar o hábito de mantê-
lo diante do aparelho de TV todas as noites, no mesmo horário.
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Em 1964, Ivani Ribeiro escreveu dois sucessos: A Moça Que Veio de Longe, para a Excelsior,
adaptada do original argentino; e Alma Cigana, para a Tupi, do original cubano. Estes primeiros
títulos eram baseados em dramalhões latinos. O estilo continuou o mesmo das novelas
radiofônicas, tão características, e bem aceitas, na América Latina e no Brasil.
O primeiro grande sucesso veio em 1965, pela TV Tupi: O Direito de Nascer, adaptação de
Talma de Oliveira e Teixeira Filho do original cubano de Félix Caignet. No mesmo ano Ivani
Ribeiro escreveu outro êxito: A Deusa Vencida, para a Excelsior.
2º período
A partir da segunda metade dos anos 1960, todas as emissoras passaram a investir
decisivamente no gênero: Excelsior, Tupi, Record e Globo. Entretanto, a telenovela brasileira,
mesmo dominando a programação, ainda não havia se libertado das origens radiofônicas e do
estilo dramalhão herdado dos mexicanos, cubanos e argentinos.
É nesse cenário que ganha força a figura da cubana Glória Magadan, conhecedora dos mistérios
que transformavam uma novela em sucesso, mas sem comprometimento algum com a realidade
brasileira. Suas histórias se passavam na corte francesa, no Marrocos, no Japão, na Espanha,
com condes, duques, ciganos, vilões cruéis, mocinhas ingênuas e galãs virtuosos e corajosos.
São exemplos: Eu Compro Esta Mulher, O Sheik de Agadir, A Rainha Louca, O Homem
Proibido – todas produzidas pela TV Globo, recém-inaugurada. Em 1967, a emissora carioca
contratou Janete Clair para auxiliar Magadan. Ela roteirIzou Anastácia, a Mulher Sem Destino
e, em 1968, Sangue e Areia.
Nessa fase, Ivani Ribeiro despontava com suas novelas produzidas pela TV Excelsior – entre
outras Almas de Pedra, Anjo Marcado, As Minas de Prata, Os Fantoches. Destaque também
para Redenção, escrita por Raimundo Lopes, entre 1966 e 1968 – famosa por ter sido a mais
longa novela da teledramaturgia nacional: 596 capítulos.
3º período
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No final dos anos 1960, o gênero já estava solidamente implantado, graças às inúmeras
produções dos últimos cinco anos. Houve então a necessidade de uma mudança no estilo. O
essencial era transformar a telenovela EM uma arte genuinamente brasileira. Foi na Tupi que
novas fórmulas em linguagem foram introduzidas. O primeiro passo foi dado com Antônio
Maria, sucesso escrito por Geraldo Vietri entre 1968 e 1969. Todavia, o rompimento total deu-
se em 1969, com Beto Rockfeller, idealizada por Cassiano Gabus Mendes e escrita por Bráulio
Pedroso. As fantasias dos dramalhões foram substituídas pela realidade, pelo cotidiano. A
novela seguinte também foi um grande êxito: Nino, o Italianinho, de Vietri.
Na Excelsior, destacaram-se três títulos de sucesso entre 1968 e 1970: A Pequena Órfã, de
Teixeira Filho; A Muralha, adaptação de Ivani Ribeiro do romance de Dinah Silveira de
Queiróz; e Sangue do Meu Sangue, de Vicente Sesso.
Na Globo, os dramalhões de Glória Magadan estavam com os dias contados. Janete Clair ainda
escreveu, sob a supervisão dela, Passo dos Ventos e Rosa Rebelde, entre 1968 e 1969. O
rompimento foi total a partir de Véu de Noiva, que estreou no final de 1969, marcando o início
do quarto período.
4º período
A partir de 1970, a telenovela brasileira não era mais a mesma. Já não havia mais espaço para
os dramalhões latinos e todas as emissoras aderiram à nacionalização do gênero. A Globo
radicalizou ao demitir Glória Magadan e mudar os títulos em seus três horários de novelas. Às
sete horas, saiu A Cabana do Pai Tomás e entrou Pigmalião 70; às oito, saiu Rosa Rebelde e
entrou Véu de Noiva; e, às dez da noite, saiu A Ponte dos Suspiros e entrou Verão Vermelho.
Todas as três, sucessos daquele início dos anos 1970.
Esse foi o primeiro passo da Globo para tornar-se líder na teledramaturgia brasileira, criando
um padrão próprio, aplaudido aqui e lá fora. Depois da década de 1970, as telenovelas sofreram
influências do avanço dos tempos, mas sem grandes variações de estilo. Pode-se então fazer
uma análise nas cinco décadas subsequentes.
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história das telenovelas (e da Globo, em especial) não seria mais a mesma depois de “A Escrava
Isaura”. A trama, exibida em 1976, abriu espaço para que a dramaturgia brasileira conquistasse
o mundo. E fez de Lucélia Santos e Rubens de Falco estrelas internacionais.
Foi uma história curta, se comparada às atuais: 100 capítulos. Até hoje, 79 países já assistiram
à saga da escrava branca que sofre nas mãos do malvado Leôncio. É o quarto folhetim mais
vendido da Globo em todos os tempos. Além do sucesso no Brasil, onde foi exibida às 18 horas,
a trama teve influência em todo o mundo.
A novela teve o poder de parar a guerra da Croácia quando ia ao ar, de fazer os exércitos da
Bósnia e da Sérvia decretarem cessar-fogo para assistir aos capítulos, levou Cuba a cancelar o
racionamento de energia elétrica durante o horário da trama, e incorporou a palavra hacienda
(fazenda em espanhol) ao vocabulário russo.
Retomando sua produção de dramaturgia, a Record escolheu a história para fazer um remake
– e, sabiamente, conquistar a audiência e abrir o mercado internacional para suas produções
posteriores. Em 2004, 28 anos depois da estréia na Globo, Isaura voltava às telas com a mesma
direção, de Herval Rossano. Coube a Bianca Rinaldi ser a nova Isaura e Leopoldo Pacheco, o
vilão Leôncio. Patrícia França arrasou como Rosa, vivida por Léa Garcia nos anos 70.
Novos personagens e desfechos foram criados pelo novo autor, Tiago Santiago, que a esticou
em 67 capítulos e criou o suspense do “Quem matou Leôncio?”, tão explorado por Gilberto
Braga e Sílvio de Abreu. Rubens de Falco e Norma Blum foram os únicos atores da primeira
versão a participar do remake.
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As mídias sócias tem impactos no cotidiano em diversas esferas, principalmente no consumo
e na linguagem, porém a cultura definida pelo o Stuary Hall (estudos culturais), tem um grau
de importância na interpretação da realidade e dos comportamentos, a TV enquanto produto
cultural tem como função adaptar as interpretações e as novas linguagens que surgem através
das mídias, e do consumo. antes a TV acreditava na teoria que o consumidor era passivo,
recebendo as informações sem questionar, ao compreender o papel do consumidor e o processo
cultural que acontecer no século 21, a criação de serviços de streaming e o famoso
“cancelamento” virtual fez com que o domínio dos carnais continuasse na mão dos mesmos,
porém os emissores/ informações passou a receber influencias direta e indireta da massa, a
prova disso é os remakes que passaram por mudanças, em diálogos, raça e gênero.
Pantanal é apenas um dos vários sucessos no currículo de Benedito Ruy Barbosa e o sucesso
do remake mais recente fez o pessoal pedir por outro grande clássico do autor: O Rei do Gado.
A história de Bruno Mezenga é lembrada pelo público até hoje e, mesmo depois de 26 anos de
sua exibição original, segue sendo cultuada por gerações de noveleiros.
O remake de Pantanal passou por um processo de adaptação para as novas linguagens, debate
que excluir termos pejorativos sobre diversas minorias, Exemplo: mudança no diálogo Guta,
interpretada pela atriz Julia Davila. Na primeira versão, a jovem vivida por Luciana Adami tem
sua sexualidade questionada pela mãe. Para provocar a dona de casa, ela diz ser “sapatão”,
termo usado na época para designar mulheres homossexuais. Já na versão de Bruno Luperi, a
expressão é substituída por “lésbica”, ou do Jove após chegar na fazenda de seu pai questiona
a suas sexualidades após optar por comer com garfo, faca e prato, na adaptação o jovem é posto
como vegetariano, o que ilustra o debate sobre consumo consciente de carne e a importância
de cuidar do meio ambiente.
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Perto de completar 70 anos, a TV brasileira tem as novelas como principal produto para
exportação, e agregar valor no turismo e na divulgação da cultura, algum desses produtos de
audiovisual debates diversos assuntos sérios que assolam a sociedade, em salve Jorge por
exemplo a trama, que abordou o tema do tráfico de mulheres para servir à prostituição e a
formar como suas vítimas ficam pressa nesse círculo obrigado suas vítimas a consumir drogas
assim como acontece em verdades secretas o ideal de beleza que só é atingido pelo como
consumo de drogas, a prostituição e pedófila de menores de idade no mercado da moda, essas
duas novelas teve sua exportação para diversos países, os produtos de audiovisual produzidos
no Brasil é importante para disseminação da cultura popular. A cultura pode ser definida como
aquilo que caracteriza o humano (GOMES, 2007) (cotidiano). Com a globalização e o
desenvolvimento dos meios tecnológicos, culturas são intensamente difundidas através do
cinema, das telenovelas, do rádio e também da internet. Através do seu grande poder de
manipulação, esses meios de comunicação facilitam a criação de comportamentos cada vez
mais homogeneizados no mundo, criando novos hábitos de consumo, ligados à ostentação, ao
egocentrismo e ao sonho de consumo televisual. Essa situação possui ligação direta com as
relações internacionais, já que, aqueles países que conseguem difundir sua cultura e seu modo
de vida na maior parte do mundo, consequentemente se sobressaem no mercado mundial. Essa
influência é chamada por Delgado (1994) de “Contaminação Cultural” onde a educação, os
meios científicos e tecnológicos, as tendências das elites, a arte, e a própria cultura de um povo
são, cada vez mais, influenciadas pelas potencias mundiais.
Não é surpresa que os cenários dessas narrativas despertam no público o desejo de conhecer
esses lugares, maneiras de denunciar os abusos e diálogos diversos sobre as novas linguagens.
As novelas influenciam o turismo através da imagem, dos lugares, da paisagem em que a cena
foi gravada, como em caminho das índias que teve impacto de brasileiros no turismo indiano
naquela época. A exportação de grandes novelas atraí turistas internacionais a solo brasileiro
em busca da cultura e paisagismos brasileiros.
As denúncias de desaparecidos por exemplo após a exibição de Salve Jorge cresceram 1.547%,
o impacto dessa novela na questão sociocultural.
IMPACTOS
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A autora Glória Perez marcou gerações com a campanha por pessoas desaparecidas divulgada
em Explode Coração (1995) e com o debate sobre doação de órgãos em De Corpo e Alma
(1992). Mais tarde, destacou-se com a abordagem do tráfico humano, em Salve Jorge (2013),
o que serviu de alerta para evitar novas vítimas e para chamar a atenção para locais que
praticavam esse crime. Conforme dados da Secretaria Estadual da Justiça e da Defesa da
Cidadania, o número de vítimas de tráfico de pessoas atendidas em São Paulo aumentou 44%
no primeiro trimestre de 2013 em relação a 2012. A espectadora assídua de novelas, Maria
Vitória Faria, diz que Salve Jorge foi a narrativa com merchandising social que mais a marcou.
A pandemia de Covid-19 também foi inserida no contexto das telenovelas. Amor de Mãe
(2019-2021) por se tratar de uma trama contemporânea e ter suas gravações interrompidas e
retomadas durante o período pandêmico, trouxe às telas a representação da sociedade sob o
novo coronavírus. Maria Vitória também pontua que a forma com a qual a autora Manuela Dias
tratou da adoção, do protagonismo de mulheres negras e dos diferentes tipos de maternidade
foi importante. A novela é um marco para a construção de narrativas com maior
representatividade para mulheres, pessoas negras e para os múltiplos modelos familiares.
Primeiramente, rendem milhões de reais para as emissoras, que faturam com comerciais e
patrocinadores. Porém, além disso, o comércio em geral e o turismo também são movimentados
quando um personagem ou uma história caem no gosto popular. Muitos personagens, por
exemplo, já fizeram a cabeça do público ao ditarem a moda dos cortes de cabelo e penteados.
Entre os mais copiados nos salões de beleza estão os de Helô (Salve Jorge), Du (Império) e
Clara (O Outro Lado do Paraíso).
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REFERÊNCIAS
EDITORES, G1. G1, Globo. Mãe de Prostituta na Espanha Ajuda a Acabar com Tráfico de
Mulheres. 03 de fevereiro de 2013.
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