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O cinema português

A origem:
No decurso do seculo XIX o cinema português baseava-se em curtas-
metragem. Contudo, o cinema em Portugal surgiu em 1895, quando
Auguste e Louis Lumière realizaram a primeira exibiçã o
cinematográ fica para o pú blico
Aurélio dos Paz dos Reis foi o grande fundador do cinema português do
seculo XIX, produzindo A Saída do Pessoal Operá rio da Fá brica
Confiança, uma obra fortemente inspirada nos filmes dos irmaos
Lumiére
Aurélio dos Reis organizou alguns espetá culos, na tentativa de explorar
o seu cinemató grafo. No entanto, não obteve os resultados que
esperava. Assim, foi ao Brasil na busca pelo seu sucesso.
Mas eram os filmes estrangeiros que dominavam em Portugal durante
os primeiros anos do séc. XX. Até 1918 sã o fundadas vá rias
distribuidoras de cinema em Portugal que actuavam sobretudo em
Lisboa e no Porto. O pú blico era cativado pela emoçã o do espectá culo
que os actores proporcionavam.
Na transiçã o para a década de 1920, o Porto era considerado a capital
do cinema em Portugal (em grande medida devido ao pioneirismo de
Aurélio da Paz dos Reis) e foi aí que surgiram duas publicaçõ es que
marcam o início dos anos 20 surge a Invicta Cine, a produtora mais
marcante da época. A primeira publicaçã o tinha como director, editor e
proprietá rio Alberto Armando Pereira, o pioneiro do jornalismo de
cinema em Portugal.
O cinema como arma de repressã o
Com a subida de Antó nio Salazar ao poder, instaura-se a ditadura em
1933. Como forma de enquadrar os pensamentos civis em prol do
regime, cria-se o Secretariado de Propaganda Nacional (SPN), que se dá
conta do interesse que o cinema tem para o regime. Lopes Ribeiro
torna-se a voz cinéfila da ditadura salazarista. A propaganda ideoló gica
e política faz-se com fundos pú blicos e há que geri-los bem. Nos filmes,
a que o pú blico acorre, seduzido pelas imagens animadas que
desvelam o país, reinam actores de revista: Beatriz
Costa, Antó nio Silva, Maria Matos, Vasco Santana. Os filmes buscam a
aurea da comedia, do romance e do musical, uma vez que é nesta altura
que Portugal conhece os filmes sonoros
Os filmes, embora de romance e musicais, continham sempre dadas
regras aprovadas pelo regime, enfatizando o papel da mulher no lar, os
grandes feitos de Portugal e admirando o regime. Jú lio Leitã o de Barros
é o diretor predileto do regime, onde filmes como Camõ es, filme que
retrata os feitos de Luis de Camõ es e Maria do Mar. Obviamente o Fado
está presente na cimetografia, através do filme Fado, História de uma
Cantadeira, com a Amá lia Rodrigues.
Nos anos 50 começam a aparecer sinais de mudança no cinema O
primeiro sinal de mudança é dado por Manuel Guimarã es que, com veia
neo-realista , opta por dar a ver à s pessoas o lado mais cru das
coisas: Saltimbancos (1951), Nazaré (1952) sã o os filmes que
acentuaram a nota vanguardista no seu assumido neo-realismo, que
nunca o chegará verdadeiramente a ser, pelo menos tanto quanto ele
desejava que tivesse sido. Nazaré foi um filme ferozmente censurado.
Em 1955, a Rádio Televisão Portuguesa (RTP) foi criada. Ela foi
muito importante para a divulgação das obras cinematográ ficas.
O neo-realismo tenta ser implacado novamente na década de 60 por
José Ernesto de Sousa, o qual através dos seus filmes critica e fomenta
o sentimento de revolta contra o regime, no entanto os seus filmes sã o
censurados e ele é preso pela PIDE.

Apó s o Estado-Novo
Em 1974 dá -se finalamente a queda do regime salazarista, o que
proporciona uma forte inovaçã o para o cinema.
Como consequência directa da revoluçã o sã o criadas no IPC (Instituto
Português de Cinema) as Unidades de Produção, que, usando os meios
técnicos de produçã o e pó s-produçã o disponibilizados pelo IPC e
funcionando com um espírito colectivista, têm como objectivo garantir
a actividade dos profissionais de cinema, ilustrar as transformaçõ es
radicais com que o país se confronta, fazê-las chegar a locais onde
nunca chegaram, educar e agitar politicamente as consciências. Um dos
exemplos representativos do movimento é o filme colectivo As Armas e
o Povo, produçã o do Sindicato de Trabalhadores do Cinema e Televisão.
O filme documentá rio e algumas ficçõ es, tocados por esse espírito ou
pelo simples desejo de renovaçã o, marcam o início de uma nova época,
apostada no cinema militante. Além do papel que tiveram na renovaçã o
formal do cinema em Portugal, muito contribuiriam as cooperativas e
alguns produtores independentes para a formaçã o de técnicos de
cinema, que, com qualidade, iriam depois servir outros patrõ es.
Os anos de ouro do cinema português sã o durante os anos 80, onde
surgem enumeros temas para serem abordados, exploram diversos
temas que a durante o regime seriam inaceitáveis. Além disto, esta
época da espaço para diversos diretores jovens atuarem na insdustria
rejuvenescendo-a.
A atualidade:
Com a chegada do século 21, novas tendências começaram a surgir. Em
2005, por exemplo, os filmes comerciais foram criados. Seu pú blico-
alvo era as audiências habituais das telenovelas. Além disso, a mistura
de gêneros e linguagens, assim como vídeo e televisã o, tomaram conta
do cinema português.
Joã o Pedro Rodrigues, cineasta radical, cruel no que exibe (O
Fantasma - 2000), provoca à sua maneira ao abordar a obsessã o e
o fetiche na homossexualidade masculina e o seu filme, em certos dos
nossos meios e nalgumas salas lá de fora, torna-se objecto de culto
Misturam-se géneros e linguagens, o vídeo e a televisã o entram em
força no reino do cinema. A meio de uma década com o país em crise
vê-se o cinema português numa encruzilhada. Tem diante de si
questõ es delicadas que ainda ninguém sabe como resolver. Cria-se
novos modelos de financiamento para o salvar, a par dos que sã o
atribuídos pelo Ministério da Cultura
Nos dias atuais as produçõ es portuguesas ainda sã o bastante
desvalorizadas, contudo no decurso do tempo tem se aprimorado o
cinema português, que apesar de permanecer os temas novelescos, o
drama vem acrescendo e as biografias também.

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