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CINEMA ARGENTINO:

O GUIA COMPLETO
SOBRE SUA HISTÓRIA

Las Acacias de Pablo Giorgelli / Fonte: https://bit.ly/2ZbsKgy


03  Introdução
06  Como surgiu o Cinema Argentino?
11  
Quais foram suas
primeiras produções?
16  
Como foi o desenvolvimento
do cinema argentino?
22  Conclusão
24  Sobre a AIC
El secreto de sus ojos de Juan José Campanella / Fonte: https://bit.ly/2ZiTg2T

INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO

Não é de hoje que o cinema argentino se destaca entre as


produções latino-americanas. A Argentina sempre teve uma
produção audiovisual intensa, com seus primeiros filmes
originais datando do final do século XIX, logo após a invenção do
cinematógrafo dos Lumière na França.

Mais recentemente, nos últimos 30 anos, o cinema argentino


elevou-se no cenário mundial, sendo reconhecido com diversos
prêmios em festivais internacionais. Além disso, despontaram
nomes na direção, como Juan José Campanella, Damián Szifron
e Lucrécia Martel, e também na atuação, como Ricardo Darín.

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INTRODUÇÃO

Atriz argentina Inés Efron conhecida por seu papel no premiado filme “XXY”,
dirigido por Lucía Puenzo. Crédito: Duda Tavares

Se você se interessa por cinema latino-americano, conhecer


mais sobre a produção argentina é essencial, até mesmo
para tecer comparações com o mercado brasileiro, entender
as diferenças entre os dois principais produtores da região e,
também, o que os une.

Neste e-book vamos tratar da história do cinema argentino,


desde seus primeiros filmes até o que vem sido produzido
atualmente. Também falamos sobre o desenvolvimento
comercial e econômico da indústria, curiosidades, além de
prêmios e participações em festivais. Boa leitura!

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COMO SURGIU
O CINEMA
ARGENTINO?
COMO SURGIU O CINEMA ARGENTINO?

Considerado o marco inicial do cinema, o cinematógrafo foi


inventado pelos irmãos Lumière, na França, em 1895. Não demorou
muito para que a tecnologia chegasse à Argentina, e em 1896 já
estavam acontecendo exibições públicas de curtas-metragens nas
ruas de Buenos Aires. Em poucos anos a novidade se tornou uma
atividade comercial e, na virada do século, foram inauguradas as
primeiras salas de cinema.

É bom lembrar que, até então, o cinema era mudo. Era muito
comum que as salas de cinema exibissem noticiários e registros
documentais da vida cotidiana, todos em formato de curta-
metragem. O cinema sonoro começou a ser testado na primeira
década do novo século: uma fita sonora era acoplada ao filme.
Assim, abriu-se a possibilidade de fazer os primeiros registros
com trilhas sonoras, o que também deu força às histórias
ficcionais que começavam a ser contadas.

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COMO SURGIU O CINEMA ARGENTINO?

A CHEGADA DO SOM

Pode-se dizer que a chegada do som foi o que deu início, de


fato, à indústria do cinema no país. A partir daí, o cinema pôde
incorporar toda uma estrutura que já existia nas rádios, no teatro
de revista e na indústria fonográfica, incluindo seus atores, que
já eram conhecidos do grande público. O povo argentino começa
a frequentar as salas de cinema para colocar rostos nas vozes
que já conheciam (por meio do rádio), e vozes nos rostos que já
conheciam, no caso dos atores de revista.

Com a chegada do sistema Vitaphone, em 1931, que


permitia sincronizar o som com a imagem, o cinema sonoro
passa a ser também falado. É nessa época que surgem os
primeiros estúdios argentinos, como o Argentina Sono Film
que, já trabalhando em uma lógica de indústria, começam
a produzir filmes com apelo comercial, tratando de temas
populares, como a identidade nacional.

Assim, o tango é amplamente introduzido nas histórias, fazendo


com que os filmes fossem exportados para toda a América Latina
e alguns países da Europa.

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COMO SURGIU O CINEMA ARGENTINO?

CRISE NA PRODUÇÃO

Até o início da década de 1940, o cinema argentino produziu


centenas de filmes. Os estúdios perceberam que as mulheres
eram a maior parte do público e, então, se popularizaram as
comédias românticas e os dramas leves. Foi nessa época que
surgiu a Artistas Argentinos Associados, uma cooperativa que
abrigava grande parte dos trabalhadores da indústria.

Fonte: https://bit.ly/2yZZw51
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COMO SURGIU O CINEMA ARGENTINO?

Mas com a chegada da Segunda Guerra Mundial, veio a primeira


grande crise. A importação de matéria-prima foi consideravelmente
prejudicada e a distribuição ficou cada vez mais difícil.

Essa situação levou à primeira lei de financiamento estatal,


a Ley de Cine, sancionada pelo presidente General Perón em
1947, assim como políticas de proteção que determinavam
que os cinemas deveriam exibir pelo menos um filme
argentino por mês. Em 1950, o país atinge um recorde,
produzindo 58 filmes naquele ano.

Porém, com a entrada da Argentina em uma ditadura militar


em 1955, o cinema passa a enfrentar a maior de suas crises
e, como consequência, em 1956 a produção desce a zero. Só a
partir da década de 1960 é que o cinema argentino entraria em
uma nova fase.

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Fonte: https://bit.ly/2ZdV2m4

QUAIS
FORAM SUAS
PRIMEIRAS
PRODUÇÕES?
QUAIS FORAM SUAS
PRIMEIRAS PRODUÇÕES?

Escenas Callejeras de Eugenio Alejandro Cardini / Fonte: https://bit.ly/2N8y2lW

O que hoje é considerado o primeiro filme com argumento do


cinema argentino foi filmado em 1902, pelo diretor pioneiro
Eugenio Alejandro Cardini. Escenas Callejeras, ou Cenas de
Rua em português, mostrava algumas cenas comuns, como
crianças jogando futebol, policiais, um acidente de trânsito e um
engraxate. O filme durava alguns poucos minutos e foi feito com
atores não profissionais, atuando em frente a um telão pintado.

Já com o uso de trilha sonora, em 1908 temos El Fusilamiento


de Dorrego e em 1909, La Revolución de Mayo, os dois filmes de
ficção histórica dirigidos por Mario Gallo. Uma cópia incompleta
deste último está preservada na Cinemateca Argentina, ao
contrário da maior parte dos curtas dessa época, dos quais temos
apenas registro escrito.

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QUAIS FORAM SUAS
PRIMEIRAS PRODUÇÕES?

OS PRIMEIROS LONGA-METRAGENS

Os primeiros longa-metragens surgiram em meados da segunda


década do século XX, muito inspirados pela literatura argentina
e pela história do país. Amalia (1914), de Enrique García Velloso,
primeiro longa produzido na Argentina, é uma adaptação do
romance homônimo de José Mármol. O filme tinha um elenco já
conhecido pelo povo argentino.

Fonte: https://bit.ly/2z2kVdF

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QUAIS FORAM SUAS
PRIMEIRAS PRODUÇÕES?

Nobleza Gaucha de Humberto Cairo, Ernesto Gunche e


Eduardo Martínez de la Pera / Fonte: https://bit.ly/31FcelK

O segundo longa e um dos primeiros sucessos comerciais do


cinema argentino foi Nobleza Gaucha (1915), dirigido por um trio:
Humberto Cairo, Ernesto Gunche e Eduardo Martínez de la Pera.
A produção foi baseada na epopeia El Gaucho Martín Fierro, de
José Hernández. Sugere-se que o filme tenha lucrado 30 vezes
seu valor de custo e passado em ao menos 25 salas de cinema
simultaneamente, tendo chegado a outros países, incluindo o
Brasil e Espanha.

Em 1917, Quirino Cristiani dirigia o que é considerado o primeiro


longa de animação do cinema mundial. El apóstol era uma sátira
política ao presidente da época, Hipólito Yrigoyen, que prometia
limpar Buenos Aires da corrupção e da imoralidade.

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QUAIS FORAM SUAS
PRIMEIRAS PRODUÇÕES?

OS FILMES FALADOS

Com a utilização do sistema Vitaphone, em 1931 foi produzido


Muñequitas porteñas, de José Augustín Ferreyra, o primeiro
longa-metragem falado do cinema argentino. Três dos oito rolos
do filme permanecem conservados; no entanto, os discos que
registravam o som se perderam. Assim, o filme é apresentado
atualmente como um filme mudo.

Um dos primeiros sucessos internacionais do cinema argentino


é o musical ¡Tango!, de 1933, dirigido por Luis José Moglia Barth
e produzido pelo estúdio Argentina Sono Film. Foi a primeira
produção totalmente sonora, usando o sistema Movietone, na
qual a faixa de som era gravada no mesmo filme que as imagens.

Muñequitas porteñas de José Augustín Ferreyra / Fonte: https://bit.ly/2TIyGYz

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Fonte: https://bit.ly/2NaBw7i

COMO FOI O
DESENVOLVIMENTO DO
CINEMA ARGENTINO?
COMO FOI O DESENVOLVIMENTO
DO CINEMA ARGENTINO?

Ainda na ditadura, surge a chamada Geração de 60, um grupo de


diretores independentes que unia novos padrões estéticos com
habilidade técnica. Nomes como Leopoldo Torre Nilsson, Fernando
Ayala, Simón Feldman e Pino Solanas foram os responsáveis pela
renovação do cinema argentino na década de 1960.

O PRIMEIRO NOVO CINEMA ARGENTINO

Os filmes dessa leva ficaram conhecidos como Novo Cinema


Argentino, se juntando a uma corrente mundial que surgia na
França com a Nouvelle Vague, e também aqui no Brasil com o
Cinema Novo, de contestação política e denúncia social.

Em 1973, com o retorno da democracia e o fim da censura


(com o retorno brevíssimo, de apenas um ano, de Perón ao
poder), o cinema argentino decola. O Instituto Nacional de
Cinematografia (INC), que tinha sido criado em 1968, passa
a ser presidido por um diretor, Manuel Antín.

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COMO FOI O DESENVOLVIMENTO
DO CINEMA ARGENTINO?

Fonte: https://bit.ly/2HbaV6r
Na década de 1980, surgem nomes como María Luisa Bemberg,
que concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com Camila
(1984), e Luis Puenzo, que recebeu o primeiro Oscar para a
Argentina com La historia oficial (1985). O filme foi uma sensação
mundial, também ganhando prêmios nos Festivais de Cannes,
Toronto e Berlim.

Em 1985, Pino Solanas, que estava exilado na França, retorna


à Argentina e dirige Tangos, el exilio de Gardel, baseado em sua
própria experiência no exílio. O filme levou prêmios no Festival
de Veneza, no Festival de Cine de La Habana e no César. No
final da década, com a subida de Carlos Saúl Menem ao poder,
uma nova leva de cineastas vê no cinema uma possibilidade de
conscientização política.

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COMO FOI O DESENVOLVIMENTO
DO CINEMA ARGENTINO?

O SEGUNDO NOVO CINEMA ARGENTINO

A Argentina passava por mais uma crise econômica com o


governo de Menem. Com poucos recursos e um financiamento
escasso, surgem diretores independentes, que atuam totalmente
fora do sistema de estúdios. São nomes importantes do
movimento Martín Rejtman, que estreia Rapado no Festival
de Locarno de 1992; Esteban Sapir, com Pecado Fino, de 1996;
Bruno Stagnaro e Israel Adrián Caetano, com Pizza, birra, faso
(1998), que é um grande sucesso internacional; e Pablo Trapero,
com Mundo Grúa (1999) e O bonaerense (2002).

Pizza, birra, faso de Bruno Stagnaro e Israel Adrián Caetano / Fonte: https://bit.ly/2Z8epgi

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COMO FOI O DESENVOLVIMENTO
DO CINEMA ARGENTINO?

Um pouco à margem vão surgindo Lucrecia Martel, Juan José


Campanella e Fabián Bielinsky. Este último dirige o thriller de
assalto Nove Rainhas em 2000, estrelando Ricardo Darín.
O filme foi indicado a 28 prêmios e rodou o mundo em festivais
internacionais. O sucesso estrangeiro foi tanto que Nove Rainhas
ganhou uma versão americana poucos anos depois.

Fonte: https://bit.ly/2OYIMG8

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COMO FOI O DESENVOLVIMENTO
DO CINEMA ARGENTINO?

No mesmo ano, Lucrecia Martel lança seu primeiro longa,


O Pântano, que mostra a vida de uma família burguesa paralisada
pelo tédio. O filme levou uma indicação em Berlim e ganhou
prêmios em Sundance e Havana. Pedro Almodóvar gostou
tanto da obra que passou a produzir os filmes subsequentes da
diretora. A menina santa (2004), A mulher sem cabeça (2008), e
Zama (2017) estrearam em festivais internacionais, sendo que os
dois primeiros concorreram ao Palma de Ouro em Cannes.

Em 2001, Juan José Campanella estreia O Filho da Noiva, com


Darín no papel principal. O filme concorre ao Oscar de Melhor
Filme Estrangeiro mas perde. Em 2010, Campanella volta a
concorrer o prêmio com O Segredo dos Seus Olhos, também
estrelado por Darín e, dessa vez, vence, sendo o segundo filme
latino-americano a ganhar na categoria (o primeiro havia sido La
historia oficial, que mencionamos no tópico anterior).

Mais recentemente, em 2015, a Argentina voltou a ser indicada


ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com Relatos Selvagens,
de Damián Szifron. Conjunto de crônicas sobre personagens
peculiares, a obra concorreu ao Palma em Cannes.

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El secreto de sus ojos de Juan José Campanella / Fonte: https://bit.ly/2OWHonb

CONCLUSÃO
CONCLUSÃO

Fonte: https://bit.ly/2TCenvX

Atualmente, o cinema argentino é bem reconhecido no circuito


de festivais. Nos últimos anos, inúmeros filmes argentinos foram
indicados e receberam prêmios nos festivais mais prestigiados
do mundo, como Cannes, Veneza, Berlim, Toronto e Sundance.
E não é só o reconhecimento da crítica. As obras experimentam
sucesso comercial, principalmente em outros países de língua
hispânica, além do Brasil, onde filmes como o Segredo dos Seus
Olhos e Relatos Selvagens estrearam no circuito comercial e
fizeram grande número de espectadores.

Em torno de 60 filmes são produzidos por ano na Argentina, e


boa parte deles vem de uma produção independente. Com uma
indústria forte e criativa, o cinema argentino é hoje, ao lado de
Brasil e México, um dos principais representantes da América
Latina no cenário cinematográfico internacional.

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A Academia Internacional de Cinema (AIC) é uma escola
de cinema, com sedes em São Paulo e no Rio de Janeiro.
É reconhecida pela excelência, demonstrada pelos mais
de 3200 filmes produzidos por seus alunos ao longo de
15 anos de existência.

A escola oferece cursos livres, de férias, online,


semestrais e profissionalizantes em várias áreas da
produção audiovisual. O curso principal é o Filmworks,
um curso técnico de direção com duração de 2 anos,
que é reconhecido pela Secretaria de Educação do
Rio de Janeiro, assim como pela Secretaria de Educação
de São Paulo.

A metodologia combina teoria e prática,


desenvolvendo nos alunos habilidades para atuar no
mercado profissional de audiovisual. O corpo docente
é formado por professores e cineastas reconhecidos.
A escola também abriga e realiza eventos e palestras
que proporcionam uma série de discussões sobre
o audiovisual.

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