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Unidade II

Unidade II
5 EPIDEMIOLOGIA E MEDIDAS PREVENTIVAS DAS IRAS

As infecções relacionadas à assistência à saúde são consideradas eventos adversos à internação que
acabam aumentando o tempo de internação e, consequentemente, os custos dessa internação, além de
elevar a morbidade e a mortalidade nos serviços de saúde.

Infelizmente são eventos adversos ainda persistentes nos serviços de saúde do Brasil (BRASIL, 2013b).

São consideradas como medidas gerais para o controle e prevenção das Iras:

• o treinamento adequado dos profissionais de saúde, com destaque para higienização das mãos;

• possuir uma área física adequada para realizar as ações de saúde;

• ter o conjunto para a higienização das mãos em número e localização adequadas;

• ter racionalização na utilização de antimicrobianos;

• ter critérios claros para a realização de procedimentos invasivos;

• adotar medidas adequadas de barreira;

• adotar medidas adequadas de prevenção de transmissão de infeção de acordo com o mecanismo


de transmissão das doenças.

Ressalta‑se que essas medidas devem fazer parte de um protocolo de educação permanente em
serviço para todos os profissionais de saúde, visitantes e familiares.

Além dessas medidas gerais, foram levados em consideração os sítios corporais de relevância
epidemiológica, nos quais existe uma maior incidência e prevalência de Iras listadas a seguir:

• Infecções no Trato Urinário (ITU).

• Pneumonias Associadas à Ventilação Mecânica (PAVM).

• Infecções do Sítio Cirúrgico (ISC).

• Infecções na Corrente Sanguínea (ICS).


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PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

Estimativas do CDC em relação às topografias das Iras evidenciaram que 32% correspondem ao trato
urinário; 22% ao sítio cirúrgico, 15% ao trato respiratório/pneumonia, e14% são de corrente sanguínea
(CDC, 2010).

Para cada um desses sítios, foram levantadas as medidas principais para a prevenção e o controle das
Iras, que serão discutidas nos subtítulos a seguir.

Os protocolos que serão detalhados tiveram fundamento na enfermagem e na medicina baseada


em evidência, pautando‑se em várias recomendações, que, a partir de 1996, foram criteriosamente
definidas pelo CDC.

Os quadros a seguir mostram como essas evidências foram classificadas:

Quadro 7 – Nível da recomendação e qualidade da evidência

Categoria/Grau Definição
Nível de recomendação
A Boa evidência para embasar a aplicação de uma recomendação
B Evidência moderada para embasar a aplicação de uma recomendação
C Evidência pobre para embasar uma recomendação
Qualidade da evidência
I Evidência de 1 ensaio randomizado
II Evidência de estudos observacionais de coorte ou caso‑controle
Evidência baseada em opiniões de autoridades respeitadas; baseada em
III experiência clínica, estudos descritivos ou relatórios de comitês de especialistas

Quadro 8 – Esquema de categorização para recomendações do Comitê Consultivo em Práticas


de Controle de Infecçoes (Helthcare Infection Control Pratices Advisory Commitee – HICPAC)

Categoria IA Forte recomendação baseada em alta à moderada qualidade da evidência,


sugerindo benefícios ou danos clínicos

Categoria IB Forte recomendação baseada em evidências de baixa qualidade, sugerindo


benefícios ou danos clínicos ou uma prática aceitável
Categoria IC Forte recomendação exigida pela regulamentação Estadual ou Federal

Categoria II Fraca recomendação baseada por qualquer evidência de qualidade, sugerindo


uma compensação entre os benefícios clínicos e danos
Nenhuma recomendação/ Não resolvida porque há evidência de baixa ou muito baixa qualidade com
questão não resolvida comparações incertas entre benefícios e danos

Fonte: Brasil (2013e, p. 28).

5.1 Infecções no Trato Urinário (ITU)

As infecções do trato urinário (ITU) são responsáveis por 35 a 45% de todas as Iras, e a grande
maioria (80%) está relacionada à cateterização vesical (ALVES; LUPPI; PAKER, 2006).

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O cateter vesical foi introduzido em 1927 por Frederic Foley. Estima‑se que cerca de cinco milhões
de pessoas utilizam diariamente esse tipo de cateter no mundo (BRASIL, 2000).

Mesmo com o emprego de técnica adequada de inserção do cateter vesical e o uso de sistema de
drenagem fechado, a colonização da urina na bexiga ocorrerá em torno de 50% dos pacientes após 10 a
14 dias de cateterização. Destes pacientes, cerca de 1 a 3% terão bacteremia com germes provenientes
do trato urinário (BRASIL, 2000).

Esses dados são no mínimo preocupantes e evidenciam a importância do enfermeiro em estabelecer


protocolos adequados para a inserção, a manutenção e a manipulação desse tipo de cateter como forma
de controle e prevenção das ITU.

Saiba mais

Desde 2013, a inserção de cateter vesical é privativa do enfermeiro


como forma de prevenir a ITU e trauma uretral ou vesical. Leia a Resolução
nº 450/2013:

RONDÔNIA. Conselho Regional de Enfermagem de Rondônia. Resolução


Cofen nº 450/2013. Rondônia, 2013. Disponível em: <http://novo.portalcofen.
gov.br/wp‑content/ploads/2014/01/ANEXO‑PARECER‑NORMATIVO‑PARA‑
ATUACAO‑DA‑EQUIPE‑DE‑ENFERMAGEM‑EM‑SONDAGEM‑VESICAL1.
pdf>. Acesso em: 16 ago. 2016.

Entre os fatores de risco para bacteriúria, destacam‑se (BRASIL, 2000):

• sexo feminino;

• duração da cateterização, especialmente se a permanência do cateter for maior que seis dias;

• Diabetes mellitus;

• erros na indicação e na técnica de inserção e manipulação do cateter.

A E. coli é o principal agente isolado das bacteriúrias hospitalares. Encontram‑se também envolvidas
bactérias como a Pseudomonas aeruginosa, a Klebsiella pneumoniae e o Enterococcus spp. como
agentes etiológicos comuns de ITU em pacientes cateterizados por um curto período de tempo (<7 dias
de cateterização) (BRASIL, 2000).

Nas últimas décadas, espécies de Candida vêm emergindo como importantes agentes de ITU (BRASIL,
2000). Esse tipo de infecção pode causar sintomas como disúria, polaciúria, dor lombar e/ou suprapúbica,
sedimentos na urina e febre.
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Contudo, esse quadro pode não se manifestar nos pacientes com cateterização vesical de demora,
sendo observada neles a presença de sedimentos na urina, dor lombar e/ou suprapúbica e febre como
principais sintomas.

O cateter urinário está associado a um risco de mortalidade três vezes maior nos hospitais e
instituições de longa permanência para idosos. A maioria dos casos é assintomática, principalmente
em idosos, o que demanda nossa atenção, pois esse tipo de infeção nessa população facilmente pode
evoluir para um quadro de sepse com possibilidade até de ocorrer o óbito.

Lembrete

A sepse é um conjunto de manifestações graves em todo o organismo


produzidas por uma infecção. Antigamente era conhecida como septicemia
ou infecção sanguínea. Hoje é conhecida como infecção generalizada.

A figura a seguir ilustra os aspectos mais relevantes que estão envolvidos nas ITU:
%
35,0 %

30,0 %

25,0 %

20,0 %

15,0 %

10,0 %

5,0 %

0,0 %
Duração da Erros na Patologia Contaminação Idade Outros
cateterização manipulação de base da técnica avançada
Aspectos importantes

Figura 27

A infecção cruzada é um dos principais modos de contágios das ITU relacionadas à atenção à saúde.
Assim, as basilares medidas de prevenção para o controle das ITU são:

• a utilização de técnica asséptica na inserção, no manuseio e na manutenção do cateter urinário;

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• o uso do sistema fechado de drenagem;

• o uso criterioso do cateter urinário e a avaliação constante da necessidade de manutenção deste


cateter.

Segundo Gagliardi (2000) apud Alves, Luppi e Paker (2006), um terço dos dias de sondagem são
desnecessários e a remoção pode prevenir até 40% das ITU.

A Anvisa (BRASIL, 2013e) descreve algumas medidas preventivas das ITU relacionadas ao cateter
urinário. São elas:

• inserir cateteres somente para indicações apropriadas e mantê‑los somente o tempo necessário;

• se possível, escolher o cateter urinário intermitente, mais conhecido como sondagem de alívio;

• avaliar a possibilidade de métodos alternativos para a realização da drenagem de urina, tais como:

— estimular a micção espontânea através da emissão do som de água corrente;

— aplicar bolsa com água morna sobre a região suprapúbica;

— realizar pressão suprapúbica de forma delicada;

— fornecer comadres e papagaios;

— utilizar fraldas;

— auxiliar e supervisionar a ida do paciente ao toalete e;

— utilizar sistemas não invasivos tipo condonem homens.

• garantir que a inserção, a manutenção e a remoção do dispositivo seja realizada por pessoas
treinadas e qualificadas através de educação em serviço com controle de técnicas e procedimentos
para cateter urinário e a obediência aos protocolos para:

— a inserção (descrita no quadro a seguir);

— a manutenção – nunca abrir o sistema fechado, e, se necessário, em caso de desconexão,


deve‑se proceder a troca de todo o sistema (cateter e coletor);

— remoção.

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Quadro 9 – Técnica de inserção do cateter urinário

Etapa Ação
Reunir o material para higiene íntima, luvas de procedimento e luvas de procedimento estéril,
1 campo estéril, sonda vesical de calibre adequado, gel lubrificante (de uso único, com ou sem
anestésico), antisséptico, bolsa coletora de urina, seringa, agulha e água destilada;
2 Higienizar as mãos com água e sabonete líquido ou preparação alcoólica para as mãos;
3 Calçar luvas de procedimentos
4 Realizar a higiene íntima do paciente com água e sabonete líquido;
Retirar as luvas de procedimentos, realizar a higiene das mãos com com água e sabonete líquido ou
5 preparação alcoólica para as mãos;
6 Montar o campo estéril (abrir e posicioná‑lo);
7 Organizar material estéril no campo estéril (seringa, agulha, coletor urinário, gaze estéril);
8 Calçar luva de procedimento estéril;
Conectar sonda ao coletor de urina, testando o balonete (sistema fechado com sistema de drenagem
9 com válvula antirrefluxo);
10 Lubrificar a sonda com gel lubrificante estéril (antes de iniciar a antissepsia);
11 Realizar a antissepsia da região perineal com solução padronizada;
12 Introduzir gel lubrificante na uretra em homens;
13 Lubrificar a ponta da sonda com gel lubrificante em mulheres;
14 Seguir técnica asséptica de inserção;
Observar drenagem de urina pelo cateter e/ou sistema coletor, que deverá ficar abaixo do nível da
15 bexiga, sem contato com o chão; observar para manter o fluxo desobstruído;
Fixar corretamente o cateter no hipogástrio no sexo masculino e na raiz da coxa em mulheres
16 (evitando traumas, para cateter permanente); e
Assegurar o registro em prontuário e no dispositivo para monitoramento de tempo de permanência
17 e complicações.

Fonte: Brasil (2013b, p. 27).

• disponibilizar mensalmente às equipes e à alta direção os relatórios de vigilância epidemiológica,


por unidade, contendo as densidades de incidência de ITU.

O quadro a seguir apresenta as principais medidas baseadas nas evidências do CDC para a
prevenção de ITU:

Quadro 10

Medidas fortemente recomendadas para adoção Medidas moderadamente recomendadas para adoção
Educação sobre técnica asséptica adequada de inserção do Educação periódica de pessoas que cuidam de cateteres
cateter urinário e sobre a adequada manutenção urinários
Utilizar cateter de menor calibre possível apropriado para sexo
Enfatizar a importância da lavagem/higienização das mãos e idade, condizente com boa drenagem para minimizar trauma
ureteral
Técnica asséptica de inserção do cateter e equipamentos Evitar irrigação, exceto quando a obstrução do cateter é
estéril (luvas, campo fenestrado, solução antisséptica antecipada (como em cirurgias vesicais e de próstata)
apropriada, geleia lubrificante de uso único)

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Adequada fixação do cateter após inserção, prevenindo Não trocar cateteres urinários arbitrariamente a intervalos
movimentação e tração uretral predeterminados
Manter o sistema continuamente fechado e estéril Não se recomenda monitoramento bacteriológico periódico
Obter amostras urinárias de forma asséptica
Manter fluxo urinário desobstruído

Fonte: Brasil (2006a, p. 35).

De acordo com o CDC (BRASIL, 2006a), o uso de antibióticos tópicos ou em soluções é controverso.
A troca do cateter só deve ser realizada nas seguintes situações:

• presença de grandes quantidades de resíduos visíveis no cateter;

• presença de obstrução;

• diante da quebra do sistema de drenagem fechado;

• mau funcionamento do cateter;

Na presença de febre sem foco conhecido com ITU não foi observada a evidência do benefício da
remoção do cateter, permanecendo controverso esse tema.

Vejamos os cálculos das taxas de incidência em adultos e crianças:

DI de ITU relacionada a CV = nº de ITU sintomática relacionadas a CV x 1000


nº de CV – dias

IA de ITU relacionada a CV = nº de ITU sintomática relacionadas a CV x 100


nº de pacientes com CV

DI de CV = nº de CV – dias x 1000
Nº de pacientes – dias

Observações

Cálculo do número de CV – dias: contar diariamente o número de


pacientes com CV na unidade sob vigilância.

Cálculo do número de pacientes‑dias: contar diariamente o número de


pacientes internados na unidade sob vigilância.

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5.2 Pneumonias Associadas à Ventilação Mecânica (PAVM)

A despeito de todo o progresso da medicina atual, a pneumonia adquirida no hospital, especialmente


quando associada à ventilação mecânica, representa um grande desafio diagnóstico e terapêutico

Essa infecção é um tipo de pneumonia que surge entre 48 e 72 horas após intubação endotraqueal
e instituição da ventilação mecânica invasiva (VMI).

Fatores como a maior longevidade da população, a utilização de fármacos imunossupressores e o


desenvolvimento de novos procedimentos médicos intervencionistas contribuem para o desenvolvimento
desse tipo de infecção.

Como fatores agravantes para as PAVM, temos dois itens: a modificação na interação hospedeiro‑agente
infeccioso, favorecendo a emergência de novos microrganismos, e o desenvolvimento de patógenos resistentes.

A figura a seguir ilustra a patogênese das PAVM e os meios de prevenção:

Uso de Cirurgia Dispositivos Contaminação


Fatores Mãos dos PS
antimicrobianos invasivos de equipamentos
relacionados (transmissão
e outras de terapia
ao paciente cruzada)
medicações respiratória e
anestesia

Água e
soluções
Colonização do trato contaminadas
digestivo e respiratório

Esterilização
ou desinfecção
Aspiração biofeilme inadequada de
em sondas dispositivos
(nasogástrica,
nasoenteral) e tubo Entrada das
traqueal bactérias

Patogênese
Inoculação,
Colonização traqueal, inalação
virulência e número de
micro-organismos

Defesas: mecânica,
celular e humoral Estágio 1: colonização e invasão
do trato respiratório inferior
Estágio 2: interação entre
as defesas do paciente e
Colonização Translocação microrganismo (número de
Bacteremia
traqueobronquite bacteriana
bactérias, virulência versus defesas
mecânica, humoral e celular)

Pneumonia
Estágio 3: evolução (colonização,
traqueobronquite ou pneumonia)

Figura 28 – Patogênese da pneumonia relacionada à assistência à saúde e possíveis alvos para a prevenção

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5.2.1 Classificação

A PAVM pode ser classificada em precoce e tardia. A primeira é a que ocorre até o quarto dia de
intubação e início da VMI, e a outra é a que se inicia após o quinto dia da intubação e VMI.

5.2.2 Epidemiologia

A falta de critérios diagnósticos uniformes e claros dificultam a precisão dos dados epidemiológicos
sobre a pneumonia relacionada à assistência à saúde, porém sabe‑se que a maioria dessas infecções
é associada à ventilação mecânica e há mais dados epidemiológicos sobre esse tipo de pneumonia
adquirida no ambiente hospitalar.

Embora houvesse falta de critérios diagnósticos claros, avalia‑se que a mortalidade das pneumonias
associadas à ventilação mecânica – PAVM aumenta a letalidade em 25%. Ou seja, pacientes com PAVM
possuem 25% a mais de risco de morte.

5.2.3 Fatores de risco

Os fatores de risco da PAVM podem ser classificados em modificáveis e não modificáveis.

Fatores de risco não modificáveis são: idade, escore de gravidade quando da entrada do paciente
na UTI e presença de comorbidades como insuficiência cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica,
diabetes, doenças neurológicas, neoplasias, traumas e pós‑operatório de cirurgias.

Fatores modificáveis: estão relacionados ao ambiente (microbiota) da própria UTI.

A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia classificou os fatores de risco para adquirir PAVM
conforme prevalência epidemiológica demonstradas em estudos internacionais. Podemos visualizar essa
classificação a seguir:

Quadro 11 – Fatores de risco associados à ventilação mecânica

Fatores maiores (OR> 3,0)


• Trauma
• Queimadura
• Doença neurológica
• Tempo de ventilação mecânica (> 10 dias)
• Broncoaspiração presenciada
• Colonização do trato respiratório por bacilos gram‑negativos
• Ausência de antibioticoterapia
• Uso de Peep (≥ 7,5 cmH2O)
Fatores menores (OR 1,5 a 3,0)
• Doença cardiovascular

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• Doença respiratória
• Doença gastrointestinal
• Cirurgia torácica ou abdominal
• Administração de bloqueadores neuromusculares
• Tabagismo (≥ 20 maços‑anos)
• Hipoalbuminemia na admissão (Alb. ≤ 2,2 g/dl)
Outros fatores (análise univariada, não confirmados na regressão logística):
• Idade (> 60a)
• Sexo masculino
• Paciente proveniente da emergência
• Piora do Sofa
• Nutrição nasoenteral
• Nutrição enteral por qualquer via
• Sara
• Insuficiência renal
• Bacteremia
• Dreno de tórax

Fonte: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (2007).

5.2.4 Medidas preventivas das PAVM

As estratégias gerais de medidas de prevenção e controle são a base das medidas preventivas das
PAVM:

• a higienização das mãos;

• o uso de vigilância microbiológica nos pacientes de risco;

• o monitoramento e remoção precoce de dispositivos invasivos;

• o uso de programas para uso racional de antibióticos e;

• as estratégias para redução da resistência aos antimicrobianos.

Essas ainda são as principais ações preventivas e de controle das PAVM, bem como as medidas que
devem ser aplicadas para a prevenção e o controle de todas as Iras.

Para a redução da resistência bacteriana em UTI, é necessário que dois programas sejam implantados
simultaneamente com a colaboração de toda a equipe multiprofissional: o uso prudente e racional de
antimicrobianos e a prevenção da transmissão cruzada de cepas resistentes.

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• Antimicrobianos

As comissões de controle de infecção hospitalar de cada centro médico devem, periodicamente,


informar à chefia da respectiva UTI o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos dos micróbios mais
frequentes, pois se sabe que o tratamento inicial com antibióticos adequados está associado ao maior
sucesso no controle da PAVM e a índices menores de mortalidade.

• Prevenção da intubação e redução do tempo de VM invasiva

O tubo endotraqueal e a VM invasiva aumentam o risco de pneumonia em 6 a 21 vezes. Assim, o


uso da ventilação não invasiva (VNI) está sempre indicado, pois esse procedimento não só pode evitar a
intubação, sobretudo em pacientes com exacerbação da DPOC, edema agudo de pulmão cardiogênico
e pacientes imunossuprimidos com infiltrados pulmonares, como pode facilitar uma extubação mais
precoce quando aplicada em pacientes com DPOC na fase de desmame da VM.

Já a reintubação constitui‑se em fator de risco para PAVM e aumenta a taxa de mortalidade por esse
tipo de IRA.

• Tubos endotraqueais

É altamente recomendado o manejo cuidadoso do tubo com fixação e posicionamento adequados.


Tanto a fixação do tubo como o posicionamento correto e a pressão do balonete (cuff) devem ser
verificados diariamente.

É importante que a pressão do balonete seja mantida entre 20 cm H2O, como forma de prevenção
do excesso de aspiração e, 30 cm H2O, para evitar a isquemia da mucosa traqueal.

É indicado ainda, para os casos de intubação prevista para mais de 24 horas, o uso de tubo traqueal
revestido com prata.

• Acessórios da ventilação mecânica

O circuito do ventilador mecânico pode ser uma fonte de patógenos. Portanto, é recomendada a
troca dos circuitos do ventilador mecânico apenas quando sujos ou danificados, sem a necessidade de
troca programada. Já a troca de umidificadores deve ser realizada a cada sete dias ou quando necessário.

• Ventilação mecânica

Os pacientes com PAVM devem ser ventilados utilizando‑se estratégia de ventilatória protetora (VC=
6ml/kg peso predito), visando manter a PaCO2 entre 35‑45 mmHg e Peep o suficiente para garantir
uma adequada troca gasosa, com modo ventilatório VCV ou PCV. Assim que possível, passar a modos
assistidos ou espontâneos visando adiantar a retirada da VM.

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• Broncoaspiração de secreções pelo paciente

O risco de aspiração encontra‑se multiplicado no paciente hospitalizado, principalmente


naqueles em que ocorre a manipulação das vias aéreas ou do trato digestório, incluindo o uso
de tubos endotraqueais ou nasotraqueais, traqueostomias e sondas gastrointestinais (enterais,
nasogástricas, orogástricas e jejunais).

A colonização das placas gengivais e dentárias, com a subsequente aspiração deste material, tem
sido implicada na gênese das pneumonias adquiridas no hospital. Portanto, a descontaminação da
cavidade oral, com o uso de clorexedine ou clorexedine associado à colistina, reduz substancialmente o
risco de desenvolvimento de PAVM (BERALDO; ANDRADE, 2008).

• Higiene oral

O uso tópico de clorexidina na higiene bucal de pacientes sob ventilação mecânica parece diminuir
a colonização da cavidade bucal, podendo reduzir a incidência da PAVM. Esse procedimento é seguro
e bem tolerável, já que não foram demonstrados efeitos colaterais em nenhum estudo (BERALDO;
ANDRADE, 2008).

• Aspiração de vias aéreas

É importante realizar aspiração de secreções subglóticas (VAS) quando o paciente for permanecer por
mais de 72h em ventilação mecânica, de forma intermitente ou controlada por dispositivo especialmente
desenvolvido para esse fim.

A técnica de aspiração das secreções deve obedecer a algumas recomendações básicas, o que
implica a diminuição na incidência das pneumonias adquiridas no hospital e, consequentemente, na
morbimortalidade:

— deve ser realizada por demanda, ou seja, quando necessário, e não em horários pré‑estabelecidos;

— efetuar a higienização das mãos antes da aspiração dos pacientes;

— não há recomendação para o uso de luvas estéreis para realizar o procedimento;

— quando a opção recai sobre o sistema de aspiração aberto, as sondas utilizadas devem ser
estéreis;

— o líquido utilizado para a remoção das secreções deve ser estéril.

Apesar de o sistema fechado apresentar facilidade de manuseio para a equipe assistencial, não
há evidências de que seu uso diminua a incidência de PAH, quando comparado com o sistema
aberto de aspiração.

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Unidade II

• Posição do paciente

O paciente deve permanecer com a cabeceira elevada de 30 a 45° C, pois a posição supina (0°)
predispõe à aspiração/broncoaspiração e ao desenvolvimento de PAVM.

Em pacientes com pneumonia unilateral e hipoxemia grave, pode‑se praticar a mudança para
decúbitos laterais. No entanto, pelos resultados imprevisíveis, é necessária a vigilância intensa porque
há risco de piora da oxigenação e de contaminação do pulmão contralateral.

• Nutrição enteral

A nutrição enteral deve ser preferida sobre a parenteral, no sentido de reduzir as complicações
relacionadas ao uso de cateteres intravenosos centrais e para prevenir a atrofia vilosa de refluxo da
mucosa intestinal, que aumenta o risco de translocação bacteriana.

Deve‑se evitar a distensão gástrica como forma de reduzir a aspiração e usar preferencialmente a
alimentação com sonda intestinal, pois está associada à menor regurgitação gastresofágica quando
comparada com uso de sonda gástrica.

• Sedação

Deve‑se evitar a sedação profunda e constante, assim como o uso de drogas que deprimem o reflexo
da tosse, recomendando‑se períodos diários de interrupção da sedação.

• Glicemia

Manter os níveis de glicose entre 80 e 110 mg/dl diminui a infecção adquirida no hospital por via
hematogênica, reduz a duração da VM, reduz a permanência na UTI e a morbidade e mortalidade em
pacientes cirúrgicos.

O quadro a seguir apresenta as principais medidas baseadas nas evidências do CDC para a prevenção
de pneumonias:

Quadro 12

Categoria IA Categoria IA
Educação de profissionais e envolvimento multidisciplinar no Quando realizar intubação, preferir a via orotraquel à
controle de infecções nasotraqueal
Não usar antimicrobianos com objetivo de prevenir pneumonias Trocar cânulas de traqueostomia com técnica asséptica
Usar fluido estéril para nebulizadores de pequeno volume Verificar rotineiramente a localização do tubo enteral
Equipamentos semicríticos devem ser submetidos a esterilização Descartar condensados líquidos do circuito respiratório
ou desinfecção de alto nível, de acordo com as características do para não refluir no paciente com uso de luvas
material

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Uso de vacina 23‑valente para prevenção de pneumonia Não esterilizar ou desinfetar o maquinário interno de
pneumocócica nos pacientes de grupos de alto risco equipamentos de anestesia
Usar água estéril para enxágue de artigos semicríticos
Optar por troca de circuitos quando estiverem em mau após desinfecção. Se não for possível, usar água filtrada
funcionamento ou visivelmente sujos ou de torneira para enxágue, seguido do uso de álcool
70% com posterior secagem
Após o uso de nebulizadores de pequeno volume no
mesmo paciente, proceder o enxágue com água estéril,
desinfecção e secagem

Fonte: Brasil (2006a, p. 32).

As tabelas a seguir servem como parâmetro para controlar os indicadores de resultados e processos,
respectivamente relacionados a esse tipo de IRA:

Tabela 1

Mês/Ano:_______ Unidade:________
Número de pacientes com VM na
Dia Número de paciente da unidade unidade
1 13 5
2 12 5
3 16 12
4 10 9
5 9 9
... ... ...
... ... ...
30 7 5
31 8 6
Total 75 42

Nesta planilha, ao fim de cada mês, o denominador será calculado assim: VM – dia. Neste
exemplo temos:

Número de dias de VM = 42 ( 5+5+12+9+9+...+5+6).

Outor importante indicador de resultado que pode ser aplicado é a taxa de utilização de dispositivos
invasivos da unidade. No caso da pneumonia, novamente direcionamos a observação ao uso da
ventilação mecânica.

Este indicador traduz o quanto este fator de risco está presente na população analisada.

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Unidade II

Quadro 13

Planilha de controle de indicadores de processo


Unidade: Data: Avaliador
Leito Decúbito acima de 30º C Sedação descontinuada
Manhã Tarde Noite

Preencher a planilha com SIM (obseração positiva); NÃO (observação negativa); NA (não se aplica).

Observação

Caso as situaçoes encontradas não demonstrem as melhores práticas,


sugere‑se intervenção imediata.

Critérios para avaliação:

• Decúbito acima de 30º C: considerar (Sim) quando no momento da visita a unidade o paciente
estiver no decúbito correto. Registrar NA nos casos em que o paciente tenha contraindicação
deste posicionamento e haja prescrição contrária.

• Sedação descontinuada: considerar (Sim) quando o protocolo de sedação e extubação precoce


estiver sendo seguido pela equipe. Registrar NA nos casos em que haja contraindicação desta
prática.

Quadro 14

Planilha para auditoria de processos respiratórios


Unidade: Data: Avaliador
Troca de materiais
Presença de condensados no respiratórios Decúbito acima de
Leito Troca de filtro umidificador
circuito (inaladores, 30º C
nebulizadores)

Observação: fazer a avaliação e preencher a planilha conforme as siglas– C: conforme, NC: não conforme e NA: não se aplica.

Fonte: Brasil (2013e, p. 64‑7).

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PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

5.3 Infecções do Sítio Cirúrgico (ISC)

No ano de 2008, a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente lançou a campanha destinada
à segurança dos pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos. A OMS estima que ocorra um
procedimento cirúrgico para cada 25 indivíduos por ano. No Brasil, a iniciativa conjunta da Secretaria
de Atenção à Saúde (SAS/MS), Anvisa e da Opas reuniu esforços para a viabilização do projeto Segurança
do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde – Cirurgias Seguras Salvam Vidas” (BRASIL, 2013b).

As infecções do sítio cirúrgico dependem desde a preparação pré‑operatória do paciente, com o


banho de clorohexidine, até os cuidados no pós‑operatório, e envolvem toda a equipe de saúde.

A importância na prevenção e controle das infecções de sítio cirúrgico (ISC) se dá pelo fato de estas,
sozinhas, representarem cerca de 15% do total das infecções adquiridas durante a assistência à saúde e
por serem a terceira complicação infecciosa mais frequente adquirida no ambiente hospitalar.

A figura a seguir ilustra a classificação geral da ISC:

Pele

ISC incisional
superficial
Tecido celular
subcutâneo

Fáscia e músculos
ISC incisional
profunda

Órgão ou cavidade
ISC órgão/
cavidade

Figura 29 - Classificação do infecção do sítio cirúrgico

As cirurgias são classificadas segundo o potencial de contaminação, que também pode ser
considerado um fator relacionado ao desenvolvimento de ISC pelo risco envolvido na manipulação de
tecidos previamente contaminados.

A tabela a seguir ilustra o potencial de contaminação associado ao desenvolvimento de ISC:

77
Unidade II

Tabela 2 – Classificação do potencial de contaminação da ferida cirúrgica,


relacionado ao risco de ISC

Classificação
Potencial de contaminação Risco de ISC
Limpas 1a5%
Contaminadas 3 a 11%
Sujas 10 a 17%
Infectadas 27%

Fonte: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (2007).

A prevenção se dá por meio do controle rigoroso dos fatores de riscos, que se dividem em modificáveis
e não modificáveis e podem ser provenientes do paciente, do procedimento ou do microrganismo.

São considerados fatores de risco advindos do paciente:

• idade;

• obesidade;

• desnutrição;

• estadia pré‑operatória prolongada;

• infecção a distância;

• neoplasia;

• controle glicêmico inapropriado;

• imunossupressão;

• classificação ASA;

• comorbidades.

São considerados fatores de risco advindos do procedimento:

• degermação cirúrgica das mãos realizada de forma inadequada;

• potencial de contaminação da ferida;

• duração da cirurgia;
78
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

• cirurgia de urgência;

• remoção dos pelos de forma inadequada;

• preparo inadequado da pele do paciente;

• profilaxia cirúrgica realizada de forma inadequada;

• contaminação intraoperatória;

• cirurgia prévia;

• hemostasia deficiente;

• cirurgia colorretal;

• preparo inadequado do cólon;

• hipotermia;

• excesso de pessoas na sala;

• ausência ou inadequação do protocolo de curativos;

• oxigenação.

São considerados fatores de risco relacionados ao microrganismo:

• colonização prévia;

• virulência;

• aderência;

• inóculo.

Dessas três categorias de origem, temos fatores de risco modificáveis e não modificáveis. É importante
conhecer esses fatores, principalmente os modificáveis, pois é por meio de seu controle que são executadas
as seguintes ações e treinamentos de toda a equipe de saúde que atua junto ao paciente cirúrgico: a adoção
das boas práticas tanto de preparo do paciente cirúrgico, como do procedimento cirúrgico e a realização dos
cuidados no pós‑operatório. Tais medidas são fundamentais para a prevenção e controle desse tipo de Iras.

O quadro a seguir possui grifo vermelho para todos os fatores de risco que são modificáveis. Após a
análise atenta, discutiremos as principais formas de prevenção e controle relacionadas a esses fatores.
79
Unidade II

Quadro 15 – Distribuição dos fatores de risco para ISC conforme sua relação

Relacionados ao paciente Relacionados ao procedimento Relacionados ao micro‑organismo


Degermação cirúgica das mãos
Idade
Potencial de contaminação da ferida Colonização prévia*
Duração da cirurgia
Obesidade
Cirurgia de urgência
Remoção dos pelos*
Desnutrição Preparo inadequado da pele do Virulência
paciente*
Estadia pré‑operatória prolongada Profilaxia cirúrgica inadequada*
Infecção a distância Contaminação intraoperatória*
Cirurgia prévia Aderência
Neoplasia
Hemostasia deficiente
Cirurgia colorretal*
Imunossupressão (preparo inadequado do cólon;
hipotermia)
Controle glicêmico inapropriado* Excesso de pessoas na sala cirúrgica* Inóculo
Ausência ou inadequação do
Classificação ASA protocolo de curativos*
Comorbidades Oxigenação*
*Fatores de risco modificáveis.

Fonte: Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein (2014, p. 4).

• Recomendação quanto ao preparo da pele do paciente

Utilizar solução antisséptica apropriada no preparo da pele do paciente – clorexidine ou PVPI (a base
de iodo). Ainda não há consenso sobre essa medida, porém ela pode ser usada como medida de controle
de ISC.

O agente antisséptico deve ser aplicado com movimentos concêntricos do centro para a periferia,
englobando toda a área de abordagem amplamente (inclusive o local da colocação de drenos).

A antissepsia da pele deve ser realizada com a solução antisséptica em combinação com o produto
alcoólico, clorexidine ou PVPI. É importante ressaltar que a clorexidina não deve ser utilizado para
mucosas ocular e otológica.

Houve um tempo em que se acreditava que a clorexidina e o iodo possuíam incompatibilidade e que
um inativava o outro. Porém, as novas diretrizes apontam que não há antagonismo entre a clorexidina
e o PVPI por incompatibilidade química e ambos os compostos mantêm atividade antisséptica quando
aplicados na mesma área.

80
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

O banho pré‑operatório com solução antisséptica deve ser realizado pelo menos na noite anterior
à cirurgia com solução de clorexidina degermante a 2% aplicando a solução antisséptica do pescoço
para baixo.

• Recomendação quanto ao preparo da pele da equipe cirúrgica

Remover anéis, relógios e pulseiras antes de iniciar a degermação ou antissepsia cirúrgica das mãos
são medidas recomendadas.

As unhas artificiais são proibidas, pois podem conter sujeira entre elas e as unhas naturais.

É importante higienizar as mãos com água e sabão antes da degermação cirúrgica se as mãos
estiverem visivelmente sujas.

Deve‑se manter as unhas curtas e remover a sujeira presente embaixo das unhas com um limpador
de unhas, preferencialmente com as mãos sob a água corrente.

A degermação cirúrgica das mãos deve incluir os antebraços (até o cotovelo), ser feita com solução
antisséptica e ter a duração de 5 minutos na primeira degermação do dia e 2 minutos nas demais
degermações realizadas durante o dia. Ao término do procedimento de degermação, é necessário manter
as mãos elevadas e afastadas do corpo, de maneira que a água escorra das mãos para o cotovelo. A
secagem das mãos deverá ser feita com toalhas estéreis. É preciso colocar aventais e luvas estéreis.

• Recomendações quanto à remoção adequada dos pelos do paciente

A tricotomia deve ser realizada somente se necessária e imediatamente antes do ato cirúrgico com
tricotomizador. Não usar lâminas de barbear ou lâminas de bisturi, pois elas aumentam a solução de
continuidade na pele favorecendo a proliferação bacteriana.

Destacam-se os seguintes itens:

— o uso de profilaxia antimicrobiana adequada;

— o controle de hipotermia;

— o controle da glicemia;

— o controle dos fatores de risco modificáveis.

• Para a adequação da profilaxia antimicrobiana

— deve‑se envolver os anestesistas, os farmacêuticos e os enfermeiros;

81
Unidade II

— a utilização do antibiótico deve ser compulsória para as cirurgias indicadas;

— esse item deverá ser introduzido no checklist de controle do centro cirúrgico.

A figura a seguir traz o checklist padronizado pela OMS, com o item relacionado ao uso de
antimicrobianos, sendo administrado nos últimos 60 minutos:

Figura 30

Recomenda‑se ainda realizar descontaminação nasal com mupirocina intranasal associado à


descolonização extranasal com clorexidina degermante em pacientes diagnosticados como portador
nasal de S. aureus com a finalidade de minimizar os riscos de contaminação a distância.

• Para o controle glicêmico:

— deve‑se implementar um protocolo para controle da glicemia de todos os pacientes cirúrgicos;

— checar regularmente o nível de glicose no sangue em pacientes com hiperglicemia e,


dependendo do resultado, fazer o tratamento;

— definir responsabilidades quanto ao controle da glicose.


82
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

• Para a manutenção da normotermia:

— deve‑se utilizar cobertores elétricos no pré‑operatório, durante a cirurgia e na recuperação


pós‑anestésica;

— utilizar fluidos endovenosos aquecidos;

— usar mantas sob os pacientes nas mesas cirúrgicas;

— colocar toucas e meias desde o pré‑operatório;

— controlar o ar‑condicionado das salas, a fim de evitar o resfriamento excessivo da sala cirúrgica.

• Para o controle dos demais fatores de risco modificáveis:

— é essencial manter o estado nutricional o mais estabilizado possível, facilitando assim toda a
homeostase corporal no pós‑operatório.

— a padronização dos cuidados prestados ao paciente em todo o processo transoperatório é de


fundamental importância no controle e adequação dos procedimentos e cuidados executados.

5.4 Infecções na Corrente Sanguínea (ICS)

As ICS apresentam fisiopatologia, critérios diagnósticos, implicações terapêuticas, prognósticas e


preventivas distintas. Particularmente para a determinação do tratamento, é vital levar em consideração
(BRASIL, 2013f):

• a presença ou ausência de hemocultura positiva;

• os sinais sistêmicos de infecção;

• a presença ou ausência de foco primário de origem;

• a presença ou ausência de acesso vascular;

• o tipo de acesso vascular, o envolvimento e a possibilidade de remoção do acesso;

• os sinais locais de infecção do cateter.

As bactérias são os agentes etiológicos mais associados com as infecções do acesso vascular, em
especial os cocos gram‑positivos. Os Staphylococos são os responsáveis por 50 a 75% dessas infecções,
sendo que somente os Staphylococos coagulase‑negativos, particularmente S. epidermidis, estão
envolvidos em um terço dos casos (BRASIL, 2000).

83
Unidade II

Isso pode ser explicado porque a pele é seu hábitat natural, o que nos leva à preocupação com as
mãos dos profissionais envolvidos na assistência em saúde e à possibilidade da transmissão de infecção
cruzada. Esses microrganismos também possuem uma grande capacidade de adesão a cateteres plásticos.

Os bacilos gram‑negativos estão associados a 25‑40% das ICS, estando relacionados, principalmente,
à contaminação dos fluidos infundidos devido a sua capacidade de multiplicação em temperatura
ambiente (BRASIL, 2000).

As ICS podem ser classificadas em (BRASIL, 2013f):

• Infecções primárias da corrente sanguínea (IPCS), que são aquelas infecções de consequências
sistêmicas graves, bacteremia ou sepse, sem foco primário identificável. Há dificuldade de se
determinar o envolvimento do cateter central na ocorrência da IPCS. Com finalidade prática, as
IPCS devem ser associadas ao cateter, se este estiver presente ao diagnóstico.

• Infecções relacionadas ao acesso vascular (IAV), que são infecções que ocorrem no sítio de inserção
do cateter, sem repercussões sistêmicas. A maioria dessas infecções estão relacionadas ao acesso
vascular central (IAVC).

Vários são os fatores de risco associados às IAV, alguns deles relacionados ao paciente e outros ao
próprio acesso vascular.

O quadro a seguir lista esses principais fatores:

Quadro 16 – Principais fatores de risco para IAV

Principais fatores de risco para IAV


Associados ao paciente Associados ao acesso vascular/utilização
Idade inferior a 1 ano ou superior a 60 anos *Duração da cateterização
Doenças com perda da integridade epitelial Habilidade técnica na cateterização
Granulocitopenia Local de inserção do cateter (risco maior em membros inferiores/ áreas periorificiais)
Quimioterapia imunossupressora Forma de inserção (risco maior com flebotomias)
Presença de foco infeccioso a distância Periodicidade da troca de cateteres periféricos
Gravidade da doença de base Material, comprimento, calibre e número de lumens do cateter
Alterações da microflora cutânea na região periorificial (resultado da Curativo: tipo, periodicidade de troca, antisséptico utilizado
pressão seletiva exercida pelo uso de antimicrobianos)
Utilização do cateter para coleta de sangue, infusão de lípides ou soluções de nutrição
Tempo de hospitalização prévia parenteral
Contato com cepas epidêmicas de microrganismos veiculadas pelas Características do líquido infundido: pH ácido, alta velocidade de infusão, altas
mãos da equipe concentrações de KCL

*Ressalta‑se que o principal fator de risco das IAV consiste na duração da cateterização, apesar de a troca periódica dos cateteres
vasculares ser considerada como um fator importante na redução das ICS. O valor real dessa prática só está bem estabelecida para
os cateteres periféricos instalados em adultos, que devem ser trocados no máximo a cada 72 horas; não está bem definida ainda a
periodicidade da troca em crianças, embora se preconize as mesmas 72 horas.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (2007).

84
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

Para os cateteres centrais, estudos recentes não demostraram vantagens com o uso dessa prática.

• Infecção de corrente sanguínea secundária, que tem a ocorrência de hemocultura positiva ou


sinais clínicos de sépsis na presença de sinais de infecção em outro sítio. Nesses casos, deverá ser
notificado o foco primário da infecção, por exemplo, pneumonia, infecção do trato urinário ou
sítio cirúrgico.

As infecções primárias de corrente sanguínea – IPCS estão entre as infecções mais comumente
relacionadas à assistência à saúde, elevando tanto os gastos com a internação como a mortalidade e o
maior tempo de internação.

Lembrete

São considerados sinais de infecção de AVP exsudato purulento ou


celulite, com ou sem presença de cordão inflamatório. A cultura de cateter
tem baixa especificidade e não deve ser utilizada para diagnóstico.

São consideradas IAV (BRASIL, 2000):

• celulite periorifício de introdução do cateter através da pele;

• celulite peribolsa dos cateteres implantáveis;

• infecção do túnel subcutâneo;

• infecção do segmento intravascular;

• tromboflebite séptica;

Estima‑se que cerca de 60% das bacteremias nosocomiais sejam associadas a algum dispositivo
intravascular, centrais ou periféricos. A mortalidade varia entre os pacientes, conforme a existência
ou não de outros fatores de risco associados, como as comorbidades, as doenças pré‑existentes e os
extremos de idade (BRASIL, 2013e).

As ICS ocorrem pela colonização da via proximal devido à manipulação inadequada do cateter
venoso ou fluido contaminado. A flora residente na epiderme do paciente também é um importante
fator de risco.

85
Unidade II

A figura a seguir indica os prováveis locais de contaminação dos cateteres:

Mãos de profissionais de saúde

Colonização da via
proximal

Fluido contaminado
Flora da pele do
paciente

Contaminação na Via hematogênica


inserção

Figura 31 - Fisiopatogenia das ICS

Desde 2010, a Anvisa delibera que os indicadores de IPCS sejam notificados, particularmente em
pacientes em uso de CVC, em unidades de terapia intensiva (UTI). “Os cateteres rígidos podem lesar
a camada íntima da veia, contribuindo para a ocorrência de complicações como flebite, formação de
trombos e obstruções” (BRASIL, 2013e).

Ao avaliar as evidências apresentadas em estudos, a Anvisa (BRASIL, 2013e) elaborou diretrizes


acerca do uso de dispositivos venosos, tendo em vista que são a principal porta de entrada para os
microrganismos causadores das ICS. Reconhecendo, portanto, que os dispositivos com cânulas metálicas
não deverão ser utilizados para a administração de medicamentos vesicantes e que os cateteres rígidos
não devem ser inseridos em regiões de articulações, devido ao risco de infiltração e o rompimento do
vaso, além de prejudicar a mobilidade do paciente.

Já os cateteres flexíveis, como os de poliuretano, não devem permanecer no interior de incubadoras,


berços aquecidos durante o processo da escolha da veia e antissepsia da pele, pois a exposição à
temperatura desses ambientes poderá deixá‑los mais flexíveis. De forma geral, os cateteres não devem
ser cortados, com exceção do cateter central de inserção periférica – CCIP.

A Anvisa (BRASIL, 2013f) recomenda a adoção de um formulário contendo cinco componentes:


higiene das mãos, precauções de barreira, seleção do sítio de inserção, preparo da pele e revisão diária
da necessidade de permanência do cateter. A avaliação desses componentes tem como objetivo avaliar
a adesão às boas práticas em utilização de cateter venoso e instituir medidas corretivas antes do início
do procedimento de instalação do cateter.

Esse pacote de medidas, também denominadas blundles, teve orientação na campanha Protecting 5
Million Lives – Campanha 5 milhões de Vida da National Healthcare Safety Network (NHSN). A campanha

86
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

determinou um grupo de intervenções baseadas em evidências científicas para os pacientes em uso de


CVC, visando à prevenção e o controle das ICS.

Esse pacote de medidas adotadas conjuntamente obtém melhores resultados do que quando
aplicadas individualmente.

As ações preconizadas nesse pacote são:

• higiene das mãos;

• precauções de barreira máxima: higiene das mãos, uso de gorro, máscara, avental, luvas estéreis e
campos estéreis grandes para cobrir o paciente;

• preparo da pele com gluconato de clorexidina;

• seleção do sítio de inserção do cateter venoso central: utilização da veia subclávia como sítio
preferencial para cateter venoso central (CVC) não tunelizado;

• revisão diária da necessidade de permanência do CVC, com pronta remoção quando não houver
indicação.

Lembrete

Os CVC estão posicionados nas artérias: pulmonares; aorta ascendente;


coronárias; carótidas primitiva, interna e externa; cerebrais; e tronco
braquiocefálico; e nas veias cardíacas pulmonares, cava superior e inferior.

Outras práticas ou cuidados que podem ser monitorados:

• pacientes com CVC com documentação de avaliação diária;

• pacientes nos quais a inserção do sítio femoral foi evitada;

• desinfecção de conectores antes de serem acessados;

• coberturas do local de inserção do cateter com aspecto adequado;

• troca de sistema de infusão no tempo adequado, de acordo com as normas preconizadas pela CCIH;

• identificação da data de troca do sistema de infusão;

87
Unidade II

• troca correta de curativo;


• higiene das mãos antes e após o manuseio do acesso vascular.

Lembrete
São considerados sinais de infecção em CVC: exsudato purulento ou
hiperemia em pacientes sem diagnóstico de IPCS. A cultura de cateter tem
baixa especificidade e não é necessária para diagnóstico.

O uso das boas práticas em biossegurança pode ser responsável pela prevenção de grande parte
das ICS. Programas que enfoquem a educação continuada, a capacitação dos profissionais de saúde, a
adesão às recomendações durante a inserção e manuseio dos cateteres, a vigilância epidemiológica das
Iras e a avaliação dos seus resultados são medidas muito eficazes que devem ser tomadas rotineiramente,
pois reduzem as taxas de ICS.

A vigilância epidemiológica para o controle e prevenção das ICS deverá ser sistemática, realizada de
forma contínua ou periódica, levando em consideração os seguintes critérios (BRASIL, 2013f):

• em unidades de pacientes imunodeprimidos, a CCIH poderá calcular a densidade de incidência de


IPCS em pacientes com cateteres de longa permanência;
• paciente com cateter central‑dia: unidade de medida que representa a intensidade da exposição
dos pacientes aos cateteres centrais. Esse número é obtido através da soma de pacientes em uso
de cateteres centrais, a cada dia, em um determinado período de tempo;
• quando o paciente tiver mais do que um cateter central, este deverá ser contado apenas uma vez
por dia de permanência na unidade.

O quadro a seguir apresenta as principais medidas baseadas nas evidências do CDC para a prevenção
de ICS em cateteres vasculares periféricos:

Quadro 17

Limpeza local e assepsia


Sítio de inserção
Preferir membros superiores
Material do cateter Teflon ou poliuretano
Lavagem das mãos
Barreiras de precaução
Técnica asséptica na inserção do cateter
Adultos: a cada 48‑72 horas
Troca do cateter
Criança: não há recomendação
A cada 72 horas
Troca de equipe
Após a infusão se utilizado para NPP ou hemoderivados

Fonte: Brasil (2006a, p. 33).

88
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

6 PAPEL DO LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA NA PREVENÇÃO E


CONTROLE DAS IRAS

6.1 A relação entre a resistência bacteriana e a atuação dos laboratórios de


microbiologia

Modelo amputada morre após infecção. A culpa é nossa.

Uma das histórias mais aterradoras produzidas pela imprensa brasileira nesta
semana foi o caso da modelo capixaba Mariana Bridi Costa, de 20 anos. A moça sofreu
uma infecção urinária provocada pela bactéria Psedomonas aeruginosa. O quadro
agravou‑se a ponto de provocar um desfecho trágico e incomum em casos como esse:
a amputação dos pés e das mãos da bela morena que ano passado havia conquistado
o título de corpo mais bonito do mundo no consurso Miss Biquini Internacional,
realizado na China.

Mariana morrreu na madrugada deste sábado (24) no Hospital Estadual Dório Silva,
em Serra, no Epírito Santo. Respirava com a ajuda de aparelhos e fazia hemodiálise.
A família viveu os últimos momentos fazendo pedidos deseperados de doações de
sangue do tipo O negativo. Os sonhos, a carreira e o melhor da juventude de Mariana
foram interrompidos por um inimigo invisível que não pode ser vencido. De quem é a
cula? É de todos nós.

Nosso hábito de tomar antibióticos para qualquer coisa está criando bactérias
invencíveis. Elas resistem à mairoria dos antibióticos ou a todos eles. Sáo as terríveis
superbactérias que vivem soltas por aí, prontas para causar estragos no corpo de
quem esteja com as defesas um pouco enfraquecidas. Quem toma antibióticos por
conta própria assim que surge uma dor de garganta ou uma gripe, está fornecendo
armas de alto calibre ao inimigo. Gripe, por exemplo, é causada por um vírus. O
antibiótivo não mata o vírus, mas pode matar as bactérias benéficas que vivem no
nosso organismo.

Fonte: Bisson (2010, p. 21).

A notícia relatada parece sensacionalista, mas evidencia o cenário desolador que tem
assolado as intituições de saúde: o problema da resistência bacteriana aos antibióticos. A
história dessa modelo é uma entre as tantas outras que tiveram desfechos trágicos relacionados
à resistência bacteriana.

A descoberta dos antibióticos representou um avanço no tratamento das infecções, mas trouxe
consigo o perigo da resistência.

89
Unidade II

Esse problema teve o seu recrusdecimento diante da venda indiscriminada e sem receita médica
dos antibióticos; de prescrições médicas inapropriadas; pelo senso comum da população em achar, em
alguns casos, que o antibiótico deve ser sempre a primeira escolha em caso de doenças.

A partir da constatação desse problema de sáude pública, em junho de 2009, teve início o projeto
Uso Racional de Antibióticos e Combate à Resistência Bacteriana.

Observação

O uso racional de medicamentos é quando o paciente recebe o


medicamento apropriado para suas necessidades, nas doses requeridas
para um adequado período de tempo e a um baixo custo.

Os microorganismos causadores de infecções estão no planeta há muito mais tempo que os seres
humanos e possuem condições de adaptação incomparáveis e dinâmicas, selecionando rapidamente os
exemplares mais competentes para a perpetuação da sua espécie.

Nessa perspectiva é que surge a importância do laboratório de microbiologia na prevenção e controle


das Iras, já que, além de identificar o tipo de agente etiológico causador da IRA, consegue também
indicar, por meio do monitoramento de populações microbianas, qual o perfil dos microrganismos
que está mais interagindo com o organismo do ser humano, de forma a possibilitar a indicação de
tratamentos mais adequados.

Para o desempenho adequado dessa ação, é fundamental que os laboratórios de microbiologia


possuam algumas características como (BRASIL, 2013e):

• uma estrutura capaz de estabelecer informações sobre a melhor amostra biológica;

• a capacidade para reconhecer a microbiota e os seus contaminantes;

• identificar os tipos de microrganismos associados à infecção ou com importâncias epidemiológicas


descritas;

• a capacidade de obter resultados rápidos em casos de emergências;

• realizar o transporte rápido das amostras;

• manter uma educação contínua em relação aos aspectos das Iras.

Em 2006, a Anvisa criou o Projeto Monitoramento e Prevenção da Resistência Microbiana em Serviços


de Saúde, que teve como objetivo implementar medidas para limitar a disseminação da resistência
microbiana nos serviços de saúde por meio da padronização do método para sua identificação e seu
monitoramento, conjuntamente ao uso prudente de antimicrobianos (BRASIL, 2013b).
90
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

Os eixos de ação do projeto baseavam‑se nas seguintes ações (BRASIL, 2013b):

• capacitação dos atores relacionados com o tema;

• produção e distribuição de manuais, vídeos, boletins, documentos e materiais técnicos;

• promoção e apoio a seminários, congressos e eventos para debater o tema;

• realização de pesquisas científicas associadas à resistência microbiana;

• formação de uma rede de instituições e especialistas para coleta e análise dos dados;

• instituição de acordos de cooperação internacional e distribuição de material para suporte às


ações de controle de qualidade.

Como parte desse projeto foi firmada uma parceria com a Opas/OMS e com a Coordenação‑Geral
de Laboratórios em Saúde Pública (CGLAB/SVS‑MS) para criar a Rede Nacional de Monitoramento da
Resistência Microbiana, conhecida por Rede RM, que é constituída por Hospitais Sentinela (Laboratórios
de Microbiologia e Comissões de Controle de Infecção Hospitalar), Laboratórios de Saúde Pública (Lacen),
Vigilâncias Sanitárias e Coordenações de Controle de Infecção Hospitalar nos Estados e Municípios.
Além das comissões atuantes nos hospitais e diversos colaboradores, tinha como objetivo traçar um
perfil da resistência microbiana nos serviços de saúde do País.

Observação

Em 2001, a Anvisa criou a Rede Brasileira de Hospitais Sentinela, que


atuam como observatórios ativos em diversas ações, incluindo o uso
racional de medicamentos.

6.2 Principais ações dos laboratórios de microbiologia junto à CCIH

Recomenda‑se que os laboratórios de microbiologia estabeleçam intercâmbios com a equipe da


CCIH e com o serviço de farmácia para desenvolverem uma lista de antibióticos a ser reportada no laudo
para os diferentes organismos isolados de diferentes locais (BRASIL, 2013d).

Essa lista é baseada nas diretrizes do Clinical and Laboratory Santandards Institute (CLSI), organização
internacional que tem por objetivo promover a excelência nas práticas laboratoriais.

Essa limitação no número de antimicrobianos reportados, chamada de laudo em cascata, significa


não reportar mais do que quatro agentes potenciais aos quais, pelo menos em uma instância, o
microrganismo é susceptível (BRASIL, 2013d).

91
Unidade II

Esse laudo seletivo ajuda a melhorar a relevância clínica e ajuda a minimizar a seleção de cepas
multirresistentes, de forma a evitar o uso abusivo de agentes de amplo espectro.

Com toda a documentação da padronização adotada, o laboratório deve reportar apenas os agentes
antimicrobianos efetivos no local do isolamento. Os laboratórios devem enviar para as CCIH relatórios
cumulativos do perfil de susceptibilidade antimicrobiana pelo menos uma vez ao ano.

Recomenda‑se sempre a verificação da pureza da cultura e, também, proceder a confirmação e a


identificação usando procedimentos alternativos quando estiver diante de resultado com esses padrões
de antibiograma (BRASIL, 2013d):

• Escherichia coli resistente ao imipenem;

• Klebsiella spp. suscetível à ampicilina;

• Proteus mirabilis resistante à ampicilina;

• Staphylococcus aureus resistante à vancomicina.

O quadro a seguir traz os principais locais para coleta de culturas para o diagnósticos de infecções e
os cuidados necessários na coleta dessas culturas:

Quadro 18 – Principais locais para coleta de culturas para o diagnóstico de


infecções e os cuidados necessários na coleta

Principais locais para coleta de culturas


Local Cuidados
A técnica de coleta preferencial deve ser a aspiração e/ou punção, e não o uso do swab.
Abcessos Após a coleta o material deve ser encaminhado para o laboratório, ou deve ser mantido sob
refrigeração.
O melhor período para coleta é pela manhã. Em pacientes com dificuldade de expelir o escarro,
Escarro deve‑se proceder a coleta do lavado broncoalveolar por meio de sonda gástrica.
Deve ser colhido no fundo do saco conjuntival, evitando o contato com a pálpebra.
Esxsudato ocular
Esperar 4 horas após a instilação ocular para a coleta do material.
Bactérias não estão presentes no exsudato purulento (constituído por restos celulares de
bactérias e acúmulo de proutos tóxicos) nem no tecido necrosado.
Esxsudato de feridas Deve‑se introduzir o swab no interior da lesão, sem tocar a pele ao redor.
Em lesões crônicas e bolhosas, após a limpeza, deve‑se proceder a aspiração.
Após a coleta o material deve ser encaminhado para o laboratório.
Para as bacteremias deve‑se colher 3 amostras; no caso de febres de origem indeterminada,
deve‑se colher 4 amostras.
Hemocultura
Evitar coletar no pico febril, pois ele é consequência de fagócitos e anticorpos na circulação
sanguínea, a bacteremia é anterior ao pico febril.
Coletar no mínimo 10 ml/ diálise 50 ml em tubo seco etéril ou em meios líquidos para
Líquidos corporais hemocultura.

92
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

Liquor Deve ser coletado 10 ml, com técnica asséptica, que será mantido em temperatura ambiente.
Ponta de cateter Não tem valor diagnóstico, pois geralmente já está colonizado.
vascular Deve‑se com técnica estéril cortar de 5 a 7 cm da ponta distal e colocá-la em tubo seco estéril.
Colher a primeira urina da manhã, ou após o período de 2 a 3 horas de estase vesical (manter
restrição hídrica nesse intervalo).
Entregar ao laboratório no prazo máximo de uma hora após a coleta, ou manter a amostra
Urocultura refrigerada até o transporte.
A cultura da ponta do cateter vesical não é indicada, deve‑se proceder a urocultura após 24
horas que o cateter tiver sido sacado.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (2007).

7 PAPEL DA COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR (CCIH) NA


GESTÃO DA QUALIDADE

7.1 A preocupação com a qualidade para a prevenção e controle das Iras

A preocupação com a prevenção das Iras surgiu em meados de 1800, quando Florence Nightingale
fez o rastreamento da mortalidade entre os soldados da Guerra da Criméia e, após suas observações,
implementou procedimentos valorizando os cuidados com o paciente e as condições ambientais.

Ignaz Semmelweis, em 1865, demonstrou a importância da higiene das mãos para a prevenção da
sepse puerperal.

Contudo, as medidas mais institucionalizadas sobre o tema começaram a surgir nos EUA somente
em 1960, com o desenvolvimento de programas de prevenção de infecção hospitalar. Mesmo com essas
primeiras ações, a comunidade científica mundial apenas despertou o seu interesse pelo tema de forma
mais séria em 1999, com a publicação do relatório do Instituto de Medicina (Institute of Medicine –
IOM). O relatório Errar é humano: construindo um sistema de saúde mais seguro (To err is human:
building a safer health system) destacou os erros evitáveis provenientes da assistência em saúde e a
importância da adoção de medidas visando à redução desses erros.

Em 2004, ocorreu nos EUA o lançamento da campanha Salvando 100 mil vidas, do Instituto para a
Melhoria do Cuidado à Saúde (Institute for Healthcare Improvement‑IHI), com o objetivo da realização
de intervenções nos ambientes hospitalares que proporcionassem melhorias na segurança e eficácia dos
cuidados à saúde.

Entre essas medidas, a prevenção das Iras obteve destaque, principalmente aquelas relacionadas à
prevenção das infecções da corrente sanguínea, de sítio cirúrgico e da pneumonia associada à ventilação
mecânica. A estratégia para alcançar esse objetivo foi reunir as boas práticas baseadas em evidências,
formando um pacote de medidas que visava à redução do risco e à prevenção dessas infecções que
foram denominadas blundles.

Em 2004 ocorreu outra importante iniciativa: o lançamento da Aliança Mundial para a Segurança
do Paciente, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Como parte dessa aliança, foi lançado, em 2005,
93
Unidade II

pela OMS, o Primeiro Desafio Global: Uma Assistência Limpa é uma Assistência mais Segura, com o
objetivo de prevenir e reduzir as Iras. O foco foi a promoção das melhores práticas de higiene das mãos,
promovendo a segurança dos pacientes, dos profissionais de saúde e dos demais usuários dos serviços
de saúde.

Além dessas iniciativas, várias organizações têm concentrado esforços para o desenvolvimento de
padrões, diretrizes e medidas de prevenção baseadas em evidências científicas como forma de melhorar
a segurança do paciente. Por exemplo, o CDC desenvolveu diretrizes apoiadas em evidências para a
prevenção de Iras; a Comissão Conjunta (The Joint Comission – TJC) estabeleceu metas internacionais
de segurança do paciente, que são atualizadas anualmente pela Comissão Mista e devem ser adotadas
pelas instituições a serem acreditadas – entre elas está a redução do risco de Iras; o Fórum Nacional de
Qualidade (National Quality Forum – NQF) descreveu práticas prioritárias para uma assistência segura,
como o desenvolvimento de diversas medidas para a prevenção de IRA.

No Brasil, a Anvisa tem promovido diversos trabalhos visando à segurança do paciente e à


qualidade da assistência com a publicação de alertas, informes, relatórios, notas técnicas, boletins e
manuais sobre o tema.

Contudo, temos de levar em consideração os desafios para a aplicação prática da assistência em


saúde segura na prevenção das Iras, tais como: os recursos financeiros reduzidos e o aumento do número
de pacientes a serem tratados; a pressão das agências de saúde para a redução de custos; e os problemas
de recursos humanos nos aspectos da quantidade e da qualidade da formação desses profissionais.

Acresce‑se a esse fato que a assistência à saúde na atualidade também é executada fora dos
leitos hospitalares. Ela está presente nos tratamentos ambulatoriais; nas unidades de reabilitação; nas
instituições de longa permanência e na assistência domiciliar. Esses novos espaços de atuação exigem
a busca por novos conhecimentos diferentes sobre a história natural da evolução das doenças para que
sejam instituídas medidas para a prevenção e o controle das Iras.

7.2 A gestão da qualidade na CCIH

A Associação de Profissionais em Prevenção e Controle de Infecção Americana (Association for


Professionals in Infection Control and Epidemiology – Apic) desenvolveu um modelo conceitual de
competências para os profissionais de saúde como parte de uma missão global de comprometimento
com a segurança do paciente e com a prevenção de Iras. Esse modelo pode ser aplicado em todos os
tipos de instituições de saúde e compreende áreas de domínio de atuação que são interligadas: (BRASIL,
2013, p.143)

• liderança;

• prevenção e controle de infecção;

• tecnologia e ciência do desempenho de melhoria e de implementação.

94
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

O gerenciamento da qualidade em saúde pode ser definido como a procura pelos melhores resultados
proporcionados ao cliente por meio da melhoria dos processos do cuidado assistencial. Existem vários
modelos e abordagens de gerenciamento da qualidade; todos têm em comum a busca pela excelência
através da melhoria contínua dos resultados e da satisfação do cliente e pela produção de produtos ou
serviços que sejam consistentes, confiáveis, livres de defeitos, seguros e efetivos (BRASIL, 2013b).

Os profissionais de prevenção e controle de Iras assumem a responsabilidade de desenvolver estudos


de melhoria de qualidade, utilizando programas sistemáticos e ferramentas de qualidade como forma
de determinar seus resultados.

O trabalho em equipe multidisciplinar deve valorizar o conhecimento, as habilidades e a expertise


dos profissionais de saúde e daqueles que trabalham na linha de frente para contar com criatividade,
métodos e abordagens efetivas no aprimoramento dos serviços assistenciais e na garantia da segurança
ao paciente como membros consultores da CCIH (BRASIL, 2013b).

Lembrete

A CCIH é constituída por membros executores, que realizam as ações


de prevenção e controle das Iras, e membros consultores, que auxiliam o
trabalho desenvolvido pelos membros executores.

Como forma de medir o desempenho, determinar a eficiência e a efetividade de um programa da


CCIH e definir se as abordagens proativas ou análises retrospectivas de processos de alto risco podem
melhorar o programa de prevenção de Iras, pode também ser empregada a ferramenta de qualidade
Plan, Do, Check and Act (PDCA).

A figura a seguir apresenta um esquema dessa ferramenta, que pode ser utilizada para mensurar a
qualidade de um programa de controle e prevenção das Iras:

Plan

Act Do

Check

Figura 32

95
Unidade II

Saiba mais

Indicamos a seguinte leitura:

GUTIERRES, B. S. Um protótipo para melhoria da qualidade na


assistência de enfermagem. 2013. 69f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Produção). Universidade Paulista – UNIP, São Paulo,
2013. Disponível em: <http://200.196.224.129/ensino/pos_graduacao/
strictosensu/eng_producao/download/eng_barbaradesouzagutierres.
pdf>. Acesso em: 16 ago. 2016.

O programa de qualidade deve ser iniciado pelo reconhecimento dos problemas e o consequente
estabelecimento das prioridades. É fundamental para se atingir o controle de todo o processo de
prevenção e controle das Iras de uma padronização simplificada, para um fácil entendimento, visando
condutas adequadas. Dessa forma, um programa de prevenção de infecção e controle de Iras deve
envolver alguns elementos prioritários de cuidado: (BRASIL, 2013a, p.143)

• segurança, efetividade e cuidado centrado no paciente, sobretudo no tempo adequado;

• eficiência e equidade ao lidar com surtos de infecção na comunidade;

• desenvolvimento de políticas e procedimentos institucionais para a prevenção das Iras;

• educação dos profissionais da saúde sobre todos os aspectos que envolvem a prevenção das Iras;

• a instituição de barreiras adequadas de precauções e no tempo certo;

• a identificação de microrganismos multirresistentes;

• prover a antibioticoprofilaxia apropriada;

• realizar práticas adequadas de limpeza ambiental.

Uma revisão sistemática e meta‑análise sobre a magnitude das Iras teve como resultado: (BRASIL,
2013a, p. 145)

• em países em desenvolvimento, uma prevalência de 15,5 por 100 pacientes;

• em países desenvolvidos, como os da Europa ou nos EUA, a estimativa é de 7,6 infecções por
100 pacientes.

96
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

Chama atenção a prevalência maior que o dobro das Iras em países em desenvolvimento em
comparação com países desenvolvidos. Esta deve ser uma das razões para que se concentrem os esforços
na ampliação de programas de qualidade para a prevenção e controle de Iras.

Os fatores de risco para as Iras são geralmente categorizados em três áreas: (BRASIL, 2013a, p.145)

• iatrogênicas;

• organizacionais;

• relacionadas a pacientes.

Os fatores de risco iatrogênicos incluem os procedimentos invasivos, por exemplo, a intubação


orotraqueal, o uso de cateteres vasculares e urinários e o uso de antimicrobianos.

Os fatores de risco organizacionais incluem o sistema de ar‑condicionado contaminado, o sistema


de água contaminado, os recursos humanos insuficientes e o desenho físico do serviço.

Temos como fatores de risco relacionados a pacientes: gravidade da doença, a imunossupressão e o


tempo de permanência na instituição de saúde.

Ao analisar esses fatores de risco iatrogênicos e os organizacionais, ficamos diante dos indicadores
de estrutura, resultados e processos.

A figura a seguir ilustra esses indicadores:

Estrutura Processo Resultado


O ambiente é adequado A assistência é efetiva e Os pacientes são ajudados
para o fornecimento adequada? ou prejudicados?
seguro de assistência

Figura 33 – Interação entre estrutura, processo e resultado na assistência à saúde

A estrutura de Donabedian da figura anterior consiste no modelo considerado na atualidade para


mensurar o fornecimento de uma assistência de qualidade em saúde segura. Essa estrutura está baseada
em três tipos indicadores: estrutura, processos e resultados.

Podemos exemplificar esses indicadores como impacto nos resultados da prevenção e controle de Iras.

Os indicadores de estrutura evidenciam os atributos de uma instituição ou serviço em que a


assistência à saúde é realizada. Nesses resultados podemos incluir os recursos materiais (equipamentos
e recursos financeiros); os recursos humanos (quantidade e qualificação do profissional de saúde); e
a estrutura institucional (organização do corpo clínico médico, métodos de avaliação e métodos de
reembolso), meios que causam impacto no cuidado ao paciente.
97
Unidade II

Podemos citar como exemplos de indicadores de estrutura adequados o número de pias ou produto
alcoólico de fácil acesso para a higiene de mãos; como indicadores de estrutura inapropriados, a falta
da infraestrutura para dar suporte ao Programa de Prevenção e Controle de Infecção, como a presença
de uma liderança eficiente, apesar de sua obrigatoriedade legal. Outra situação de inadequação é a
existência do número de profissionais insuficientes em vários níveis nas instituições; o treinamento
insuficiente dos profissionais da saúde sobre as medidas preventivas e de controle para as Iras; e a falta
de materiais e equipamentos adequados para realizar a devida assistência em saúde.

Os indicadores de processo são aqueles que evidenciam o que realmente está sendo aplicado no
cuidado ao prestar ou receber a assistência. Eles medem um aspecto de um serviço e/ou uma série de
passos a serem empregados para alcançar um resultado.

Como indicadores de resultados negativos, podemos exemplificar o uso impróprio de técnica estéril
ou asséptica; a quebra de protocolos na realização das técnicas assépticas; a baixa adesão à higienização
das mãos ou a higienização das mãos feita de forma inadequada pelos profissionais de saúde; a falta de
controle devido dos reprocessamentos dos materiais cirúrgicos.

Como indicadores de resultados negativos, temos: a emergência de microrganismos multirresistentes,


devido ao uso inapropriado de antimicrobianos; as taxas de: Infecção da Corrente Sanguínea associada
a Cateter Vascular Central (CVC); Infecção do Trato Urinário associada a Cateter Vesical de Demora
(CVD); Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC); Pneumonia associada à Ventilação Mecânica (VM) e mortalidade
e letalidade das Iras. Como indicadores de resultados positivos, temos: a diminuição de taxas de infecção
em um determinado período nos setores da instituição.

Saiba mais

Para saber um pouco mais sobre esses indicadores, leia:

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Conselho Regional de Medicina


de São Paulo. O controle da infecção hospitalar no Estado de São Paulo. São
Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, 2010. 164 p.

Esses indicadores devem ser discutidos em todos os níveis da instituição, desde a linha de frente,
junto com os profissionais que executam a assistência direta aos pacientes, até o nível gerencial, pelos
profissionais que planejam as ações em prol dos cuidados que serão prestados aos pacientes.

Os resultados das análises desses indicadores devem ser comparados com as taxas das Iras na
instituição, visando implantar melhorias contínuas no controle e prevenção das Iras, já que esses
indicadores servirão para o aprimoramento da qualidade da assistência prestada ao paciente.

98
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

8 ATUALIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE, ORIENTAÇÕES


FORNECIDAS AOS CLIENTES E FAMILIARES E PERSPECTIVAS DA BIOLOGIA
MOLECULAR NO DIAGNÓSTICO DAS IRAS

8.1 Atualização dos conhecimentos dos profissionais de saúde – uma


estratégia no combate das Iras

Pelos impactos negativos que as Iras proporcionam às instituições de saúde, aos clientes e aos
familiares e por seu quadro epidemiológico atual crescente e alarmante, os profissionais de saúde devem
sempre buscar a atualização científica como forma de obter subsídios teóricos para estarem aptos a
participar de forma ativa, consistente e consciente no controle e na prevenção das Iras.

O enfermeiro deve estar apto a avaliar, a propor e, também, a criticar os assuntos relacionados
ao controle das Iras como forma de aplicar o conhecimento cientifico em medidas para a prevenção,
aprimorando e assistindo o paciente e a família com a qualidade necessária que se espera das ações
em saúde.

O Programa de Controle de Infecção Hospitalar, proposto pelo Ministério da Saúde, coloca a


importância da prática da educação permanente em serviço como um dos fatores que auxiliarão na
prevenção e controle das Iras.

Nesse sentido, a educação permanente deve realizar junto com a equipe da CCIH a elaboração e
o aprimoramento de normas e protocolos, além de racionalizar os procedimentos, como condições
indispensáveis ao controle de Iras.

Posteriormente, deve‑se promover a ampla discussão e o treinamento em serviço, bem como a


divulgação dessas informações como parte de um cronograma fixo e periódico de ações das equipes de
educação permanente em serviço e da CCIH. Alia‑se a essas ações a necessidade de motivar e engajar os
profissionais de saúde envolvidos com esse processo para que as normas sejam de fato desenvolvidas.

Também é importante a realização rotineira da discussão de casos clínicos de Iras que ocorreram na
instituição com todos os profissionais da área da saúde envolvidos com a assistência direta e indireta
aos pacientes. Essas discussões objetivam ampliar a capacidade resolutiva das equipes multiprofissionais
de saúde diante dos casos de IRA. Nessas reuniões rotineiras ocorrerá o estudo minucioso de todos os
fatores envolvidos com as formas de transmissão e de disseminação dessas Iras no serviço, bem como
as medidas mais apropriadas para seu controle e prevenção.

Em um estudo realizado, constatou-se a ausência de cursos de especialização ou treinamento


específico na área de atuação nos profissionais que atuam na CCIH (ALVES; ÉVORA, 2002).

Essa informação é um dado preocupante, pois todas as ações de controle e prevenção das Iras
podem ficar comprometidas sem a devida atualização científica por parte dos profissionais envolvidos
com a CCIH.

99
Unidade II

Nesse contexto, surge a necessidade emergente das ações desenvolvidas pela CCIH, conjuntamente
com a equipe responsável pela educação contínua em serviço, em atualizar os conhecimentos dos
profissionais de saúde referentes às várias transformações tecnológicas e às novas descobertas da
ciência na prevenção e controle das Iras.

Por meio da educação permanente em serviço voltada para a atenção às medidas para o controle e
a prevenção das Iras, será possível atingir a equipe multiprofissional de saúde, atualizando as evidências
científicas em relação à assistência.

Importante destacar nesse cenário que os investimentos necessários na formação dos recursos
humanos pelas instituições de saúde devem ser considerados como imprescindíveis para o controle
e prevenção das Iras. Ressalta‑se também o papel relevante exercido pelas instituições de ensino na
formação dos profissionais de saúde, voltadas à prevenção e controle das Iras. Atuar na formação
dos profissionais de saúde consiste na intervenção em um momento crucial, no qual os alunos estão
desenvolvendo as competências requeridas para exercer o futuro perfil profissional.

Compreendemos que esses discentes estão em um papel privilegiado durante a sua formação, pois
podem aliar todo o seu constructo teórico na realização de suas atividades práticas, sempre apoiados
por seus docentes.

Eles conseguem estabelecer a clara reflexão entre o que estão construindo de conhecimentos na
parte teórica de sua formação com a vivência diária desenvolvida nos campos de estágio.

Dessa forma, poderemos traçar uma trajetória da assistência em saúde de modo a garantir a
segurança dos pacientes e suas famílias no que se refere ao controle e prevenção das Iras.

8.2 Usuários dos serviços de saúde como aliados da equipe


multiprofissional de saúde na prevenção e controle das Iras

Alves e Évora (2002) colocam em evidência os aspectos éticos que envolvem as Iras. Por exemplo,
o profissional deve revelar ao paciente que ele adquiriu uma IRA, considerando os fatores inerentes ao
próprio paciente, aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos, ao ambiente institucional e aos outros
fatores que desencadeiam a causalidade das Iras, que invariavelmente não são totalmente controlados
pelos profissionais de saúde? Ou, ainda, o paciente tem o direito de saber que, durante o período de
hospitalização, foi vítima de uma IRA?

Os enfermeiros de CCIH, ao desenvolverem suas ações na busca ativa das Iras, podem ficar diante
de situações embaraçosas, por exemplo: ao se apresentar como membro da CCIH ao paciente e
questionar sobre a presença de hipertermia, sobre o aspecto do curativo e sobre a presença de dores;
e ao realizar o exame físico para certificar‑se das informações colhidas, pode surgir nesse momento
dúvidas no paciente sobre o motivo de tais ações, e ele pode perguntar ao enfermeiro: estou com
uma infecção hospitalar? Tem algo de errado em meu tratamento? O que está acontecendo comigo?
(ALVES; ÉVORA, 2002).

100
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

Nesse sentido, como forma de ampliar a nossa reflexão sobre o tema e responder a esses questionamentos,
a Anvisa considera importante a criação de uma cultura de segurança institucional para a prevenção das Iras,
o que significa vencer as barreiras institucionais e profissionais para desenvolver um ambiente de trabalho
colaborativo entre todos os membros da equipe assistencial – executivos, administradores, enfermeiros,
médicos, fisioterapeutas, pacientes e seus familiares (BRASIL, 2013b).

Essa proposta preconiza que todos sejam tratados como iguais, independentemente da função de
trabalho que exercer ou do título que tiver. Esse time deve ter o respeito mútuo e a confiança em cada
membro, com o objetivo em comum de garantir a segurança ao paciente e a qualidade da assistência. O
conceito é simples, mas a sua implementação parece estar um pouco distante de nossa realidade atual.

Nesse processo, pacientes e familiares são tratados com respeito e dignidade e devem ser
encorajados a relatar ou perguntar tudo o que se refere à sua segurança. Assim, não devem ser vistos
como sujeitos passivos do processo, que recebem e seguem de forma apática todas as orientações da
equipe multiprofissional de saúde, como as recomendações sobre as precauções de barreira de contato
e as precauções baseadas na forma de transmissão.

O cuidado deve ser centrado no paciente, por exemplo, ele deve solicitar ao profissional de saúde
para que higienize as mãos ou perguntar ao médico se o uso do dispositivo ainda é necessário, como o
uso do CVC ou do cateter vesical de demora (CVD).

Nessa perspectiva, os profissionais devem compreender essas solicitações como parte do processo
de segurança do paciente, desenvolvendo a escuta qualificada e atuando de forma adequada em
cada orientação, sem sentir que suas condutas estão sendo colocadas em dúvida. Esse conceito vai ao
encontro do que se preconiza na atualidade para a segurança nos sistemas de saúde.

Segundo a Anvisa (BRASIL, 2013b), foi realizada uma revisão e uma meta‑análise com o objetivo de
examinar criticamente a literatura e identificar os estudos que apontavam a importância de crenças,
atitudes e comportamentos que fazem parte da cultura de segurança nos hospitais. Foram identificadas
várias propriedades organizadas em sete subculturas:

• liderança;

• trabalho em equipe;

• comunicação;

• aprender com os erros;

• justiça;

• prática baseada em evidência;

• cuidado deve ser centrado no paciente e sua família.


101
Unidade II

Entende‑se que o paciente não deve ser somente um participante ativo de seu próprio cuidado. Ele
deve ser o elo entre a instituição de saúde e a comunidade.

A figura a seguir demonstra a tipologia da cultura de segurança, identificando as propriedades de


cada uma das subculturas. Entre elas está o cuidado centrado no paciente.
Trabalho Prática baseada
em equipe em evidência Liderança

Alinhamento Melhores práticas Responsabilidade Priodade


Hierraquia Resultados dirigidos Mudança de gerenciamento Suporte
horizontalizada Ciência da segurança Relacionamento aberto Vigilância
Multidisciplinaridade Tecnologia Engajamento médico Visibilidade
Respeito mútuo Alta confiança
Flexiblidade

Alta Consciência, notificação Livre de culpa Envolvimento


Clara Celebrar sucesso Divulgado da comunidade
Feedback Analisar dados Relato não Compaixão/
Transparência Aprender com os erros punitivo cuidado
Estruturas tecnológicas Análise da causa/raiz Comportamento Fortalecimento do
- código de barras, Compartilharo aprendizado sem riscos paciente/família
time-out Sistemas não Foco no paciente
indivíduais História do
Verdade paciente

Comunicação Aprender Justiça Cuidado centrado


com erros no paciente

Figura 34 – Tipologia da cultura de segurança

Existem diversas abordagens para conceituar o cuidado centrado no paciente e na família, que
foram descritas pelo Institute for Patient and Family Centered Care, Picker Institute e Planetree, todas
com elementos em comum.

A figura a seguir é o diagrama desenvolvido pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI), com os
itens necessários para aplicar o cuidado centrado no paciente e família.

102
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

Motivadores secundários
Motivadores principais Em palavras e ações, os líderes comunicam que a segurança e bem-estar do paciente são as
considerações críticas que norteiam todas as decisões.

Pacientes e familiares são tratados como parceiros no atendimento em todos os níveis,


Liderança
e recebem cuidados individuais.
Os líderes demonstram que tudo na cultura
organizacional está focado no cuidado
Os cuidados centrados no paciente e família são publicamente verificáveis, recompensados, e
centrado no paciente e família, e é praticada
comemorados com um foco incansável na medição, aprendizagem e melhoria, com feedback
em todos os níveis da organização.
transparente para o paciente.

Funcionários em número suficiente, com materiais/equipamentos e habilidades para oferecer


cuidados aos pacientes quando precisarem.

Funcionários e fornecedores são recrutados por valores e talentos, apoiados para o sucesso, e
Corações e Mentes responsabilizados pelos resultados individuais e coletivos.
Os corações e as mentes dos funcionários e
prestadores estão totalmente envolvidos. Comunicação compassiva e trabalho em equipe são competências essenciais.

Objetivo Pacientes e famílias devem ser parceiros da equipe assistencial,


Parceria respeitosa e as decisões devem ser compartilhadas.
Uma experiência excepcional de paciente e
Cada interação de cuidado está ancorada
familiares durante a internação hospitalar
em uma parceria respeitosa, antecipando e Cuidados prestados para cada paciente são baseados em um plano de cuidados personalizado,
(segura, eficaz, centrada no paciente, oportuna,
respondendo às necessidades do paciente e interdisciplinar e compartilhado com pacientes instruídos, habilitados e confiantes para realizar
eficiente, equitativa), que pode ser medida
da família (por exemplo, o conforto físico, seus planos de cuidados.
pelas recomendações dispostas pela Hospital
emocional, informacional, cultural, espiritual
Consumer Assessment of Healthcare Providers Comunicação ao paciente deve ser por meio de palavras e frases que ele compreenda
e de aprendizagem).
and Systems. e que tenha impacto emocional (sensibilização).

O ambiente físico suporta cuidado e cura.


Cuidados confiáveis
Sistema de prestação de cuidados Pacientes tem acesso a cuidados sem espera ou atrasos.
hospitalares, confiável e de qualidade.
Os pacientes dizem, “Funcionários estavam à disposição para prestar os
cuidados que eu precisava“.

O cuidado é seguro, as preocupações são abordadas, e se as coisas vão mal,


há uma comunicação aberta e um pedido de desculpas
Cuidados baseados em evidências
A equipe assistencial transmite confiança, O cuidado é coordenado e integrado pela utilização de um plano compartilhado, e
fornecendo cuidados colaborativos e todos na equipe, incluindo o paciente, têm as informações que necessitam.
baseados em evidências.
Pacientes recebem cuidados com os resultados que eles esperam.

Figura 35 – Diagrama de IHI: experiência do paciente e família

Além da abordagem do cuidado centrado no pacente e na família, existem outras abordagens


importantes que colocam o paciente no centro do cuidado: o empoderamento do paciente; a literacia
em saúde; a educação de pacientes e familiares; as estratégias de envolvimento do paciente e família; o
Programa Ask Me; e a Campanha Speak Up.

Saiba mais

Para informações sobre cuidado centrado no paciente e famílias, leia o


capítulo 12 – Pacientes pela Segurança dos Pacientes do seguinte documento:
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Assistência segura: uma reflexão teórica aplicada à prática. Brasília: Série
Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde, 2013a.

103
Unidade II

Para a prevenção e controle das Iras, é importante que os pacientes e suas famílias, bem como os
profissionais de saúde, saibam que as ações desenvovidas são responsabilidade de todos.

O quadro a seguir resume as principais medidas para a prevenção e controle das Iras que devem ser
realizadas pelos pacientes e família.

Quadro 19 – Medidas para a prevenção e controle das Iras a serem realizadas pelos
pacientes e família

Medidas para a prevenção e controle das Iras


Tipo de IRA Conduta a ser realizada
Orientar o paciente e a família sobre:
– os riscos da utilização desses dispositivos;
– as boas práticas de inserção e manutenção, para que possam cobrar os cuidados pertinentes.
ICS associada ao CVC Devem ser estimulados a:
– questionar a necessidade dos mesmos.
– cobrar a retirada precoce.
Orientar o paciente e a família sobre:
– os riscos da utilização desses dispositivos;
– as boas práticas de inserção e manutenção, para que possam cobrar os cuidados pertinentes.
ITU associada ao CVD Devem ser estimulados a:
– questionar a necessidade dos mesmos.
– cobrar a retirada precoce.
Orientar o paciente e a família sobre:
PAVM – manter a cabeceira elevada.
– cobrar dos profissionais a manutenção da cabeceira elevada.
Orientar o paciente e a família sobre:
– os riscos e cuidados pré‑operatórios e pós‑operatório (cuidados com a ferida, drenos e
medicamentos).
– para questionar sobre qualquer não conformidade nos cuidados pré‑operatórios e
ISC pós‑operatório.
– para reconhecer os sinais e sintomas de infecção (dor na ferida ou sensibilidade fora do
comum, exsudação da ferida, hiperemia da ferida) durante a internação e especialmente após
alta, comunicando imediatamente o serviço de saúde.
Orientar o paciente e a família sobre:
Precauções-padrão/modo – os cuidados necessários nessas precauções, para que as respeitem e tenham segurança sobre a
de tansmissão prática executada.
– para cobrar do profissional da saúde a utilização do EPI apropriado.

Tosse com etiqueta Orientar o paciente e a família sobre:


(prevenir que – usar um lenço de papel para cobrir a boca e o nariz quando for tossir ou espirrar e higienizar
microrganismos sejam as mãos em seguida.
transmitidos pela da fala,
espirro ou tosse) – para reconhecerem os sintomas como: tosse, espirro, coriza, dor de garganta, manchas pelo
corpo.

Visitas aos pacientes Orientar familiares e visitantes a evitar visitas aos pacientes caso reconheçam os mesmos
sintomas da doença em si ou estejam doentes.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (2007).

104
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

As orientaçõoes aos pacientes e familiares estão de acordo com o que é preconizado pela Cartilha dos
Direitos do Paciente, lançada em janeiro de 1995, pelos representantes das associações de portadores de
patologias, integrando o Conselho Estadual de Saúde, com o apoio de outros órgãos. Consta no item 8
do referido documento que:

O paciente tem direito a informações claras, simples e compreensivas,


adaptadas à sua condição cultural, sobre as ações diagnósticas e terapêuticas,
o que pode decorrer delas, a duração do tratamento, a localização de sua
patologia, se existe necessidade de anestesia, qual o instrumento a ser
utilizado e quais regiões do corpo serão afetadas pelos procedimentos
(ALVES, 2002, p. 272).

O profissional de saúde, em especial o enfermeiro de CCIH, deve ter clara a sua condição privilegiada
de educador em saúde. Dessa forma, todo o contato que estabelecer com os usuários dos serviços
de saúde deve ser encarado como um momento para a orientação sobre as medidas de prevenção e
controle de Iras, por exemplo, o uso das precauções de barreira e de contato e, principalmente, sobre a
importância da higienização das mãos.

Os pacientes e familiares, durante o período de hospitalização, passam por diversos sentimentos


negativos e contraditórios, como a incerteza da cura e as angústias e dúvidas diante do tratamento. As
orientações sobre as medidas de controle e prevenção de Iras podem até certo ponto minimizar esses
sentimentos, na medida em que pacientes e familiares reconhecem que isso faz parte do cuidado.

Especial atenção também deve ser dispensada para as orientações aos visitantes, familiares e
pacientes, quanto à circulação em outras enfermarias e quartos e ao compartilhamento de alimentos
como fatores que estão envolvidos na disseminação das Iras.

8.3 A biologia molecular no diagnóstico das Iras

Na última década, as metodologias moleculares têm sido utilizadas, e a técnica de PCR (Polymerase
Chain Reaction, ou reação em cadeia da polimerase) é a mais utilizada no diagnóstico laboratorial. A
biologia molecular teve um grande desenvolvimento na simplificação e na possibilidade de sua utilização
em laboratórios de rotina, o que a tornou uma ferramenta útil para detectar e monitorizar em tempo
rápido um grande número de doenças.

No caso das doenças infecciosas, as metodologias moleculares permitem um diagnóstico laboratorial


rápido e muito sensível, particularmente importante na pesquisa de vírus e fungos não cultiváveis ou
de crescimento muito lento.

A reação de PCR permite que uma dada sequência de ácido nucléico (geralmente, DNA ou RNA que
deve ser previamente copiado numa molécula de DNA) seja amplificada milhares de vezes por meio do
uso de reagentes adequados (GOLDENBERG, 2002).

105
Unidade II

Após a execução de vários ciclos de expansão a elevadas temperaturas, o produto final obtido é
a molécula-alvo amplificada milhares de vezes, o que permite a sua detecção e caracterização. Essa
metodologia se mostra bem útil na constatação de genes de resistência bacteriana, facultando que se
ataque de maneira mais precisa os casos de IRA.

A compreensão da organização e funcionamento dos diferentes genes poderá mostrar vias


metabólicas específicas que servirão como alvos para o desenvolvimento de drogas específicas. É
provável que existam genes que codificam enzimas e que podem ser alvos potenciais para a criação
de novos antibióticos. Além do mapeamento dos genes, estudos estão sendo realizados para mapear e
caracterizar a totalidade das proteínas dos microrganismos.

De posse desses dados, pode‑se iniciar a farmacogenômica (desenho racional de drogas), o que
poderia solucionar o problema da resistência bacteriana, por exemplo, das cepas bacterianas resistentes
à meticilina.

No caso das ICS relacionadas aos fungos, por exemplo, a Candida, o método de PCR tem se mostrado
muito mais rápido e sensível em comparação com a hemocultura que, nesse caso específico, é um
método lento que apresenta baixa sensibilidade para a liberação de diagnóstico.

Vale destacar que os fungos têm emergido nos últimos anos como agentes importantes das Iras. A
frequência de ICS causada por fungos aumentou significantemente, sendo considerada a quarta causa
de sepse e correspondendo entre 5% a 10% dos casos (SIQUEIRA, 2012).

Além da Candida, outros fungos têm tido destaque nas ICS, como os gêneros Histoplasmae
cryptococcus, Trichosporone e Aspergillus spp., que se aproveitam de um estado susceptível do
hospedeiro para provocar uma infecção sistêmica (SIQUEIRA, 2012).

As alternativas de diagnóstico rápido são essenciais, pois permitem a adoção da terapia antimicrobiana
correta e diminuem o tempo de internação, evitando gastos, a sobrecarga do sistema de saúde e
favorecendo uma melhor qualidade no tratamento das Iras.

Resumo

Foram levados em consideração para o controle e prevenção das Iras os


seguintes sítios corporais de relevância epidemiológica, nos quais existe uma
maior incidência e prevalências de Iras: as Infecções no Trato Urinário (ITU);
as Pneumonias Associadas à Ventilação Mecânica (PAVM); as Infecções do
Sítio Cirúrgico (ISC) e as Infecções na Corrente Sanguínea (ICS).

As Infecções do Trato Urinário (ITU) são responsáveis por 35 a 45% de


todas as Iras e a grande maioria (80%) está relacionada à cateterização
vesical. Mesmo com o emprego de técnica adequada de inserção do cateter
vesical e com o uso de sistema de drenagem fechado, a colonização da
106
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

urina na bexiga ocorrerá em torno de 50% dos pacientes após 10 a 14 dias


de cateterização. Desses pacientes, cerca de 1 a 3% terão bacteremia com
germes provenientes do trato urinário.

A E. coli é o principal agente isolado das bacteriúrias hospitalares.


Encontram‑se também envolvidas as bactérias como a Pseudomonas
aeruginosa, a Klebsiella pneumoniae e o Enterococcus spp., como agentes
etiológicos comuns de ITU em pacientes cateterizados por um curto período
de tempo (<7 dias de cateterização). Nas últimas décadas, as espécies de
Candida vêm emergindo como importantes agentes de ITU.

O cateter urinário está associado a um risco de mortalidade três vezes


maior nos hospitais e instituições de longa permanência para idosos. A
maioria dos casos é assintomática, principalmente em idosos.

A pneumonia adquirida no hospital, especialmente quando associada


à ventilação mecânica, representa um grande desafio diagnóstico e
terapêutico, mesmo com todo o progresso da medicina atual. Essa infecção
é um tipo de pneumonia que surge entre 48 e 72 horas após a intubação
endotraqueal e instituição da ventilação mecânica invasiva (VMI).

Entre as medidas de prevenção e controle das PAVM podemos listar a


higienização das mãos; o uso de vigilância microbiológica nos pacientes
de risco; o monitoramento e a remoção precoce de dispositivos invasivos;
a aplicação de programas para uso racional de antibióticos e as estratégias
para redução da resistência aos antimicrobianos.

A importância na prevenção e controle das Infecções de Sítio Cirúrgico


(ISC) se dá pelo fato de que, estas, sozinhas, representarem cerca de 15% do
total das Iras, e por serem a terceira complicação infecciosa mais frequente
adquirida no ambiente hospitalar.

As medidas de controle e prevenção desse tipo de IRA são: a


recomendação quanto ao preparo da pele do paciente; a indicação quanto
ao preparo da pele da equipe cirúrgica; as orientações quanto à remoção
adequada dos pelos do paciente; o uso de profilaxia antimicrobiana
adequada; o controle de hipotermia; o controle da glicemia e o controle
dos fatores de risco modificáveis.

Estima‑se que cerca de 60% das bacteremias nosocomiais sejam


associadas a algum dispositivo intravascular, sejam eles centrais, sejam
periféricos. A mortalidade varia entre os pacientes conforme a existência
ou não de outros fatores de risco associados, como as comorbidades, as
doenças pré‑existentes e os extremos de idade.
107
Unidade II

As bactérias são os agentes etiológicos mais associados com as infecções


do acesso vascular, em especial os cocos gram‑positivos. Os Staphylococos
são os responsáveis por 50 a 75% dessas infecções, sendo que somente
os Staphylococos coagulase‑negativos, particularmente S. epidermidis,
estão envolvidos em um terço dos casos. Os bacilos gram‑negativos estão
associados a 25 e 40% das ICS, estando relacionados, principalmente,
à contaminação dos fluídos infundidos devido à sua capacidade de
multiplicação em temperatura ambiente.

As ICS podem ser classificadas em: Infecções Primárias da Corrente


Sanguínea (IPCS) e Infecções relacionadas ao Acesso Vascular (IAV). As
principais medidas preconizadas para a prevenção e controle das ICS são:
a higiene das mãos; as precauções de barreira máxima (higiene das mãos,
uso do gorro, máscara, avental, luvas estéreis e campos estéreis grandes
que cubram o paciente), e a inserção dos cateteres centrais; preparo da
pele com gluconato de clorexidina; seleção do sítio de inserção do cateter
venoso central (CVC); a utilização da veia subclávia como sítio preferencial
para CVC não tunelizado e a revisão diária da necessidade de permanência
do CVC, com pronta remoção quando não houver mais a indicação do uso.

Os laboratórios de microbiologia, na prevenção e controle das Iras, têm a


função de identificar o tipo de agente etiológico causador da IRA e qual o
perfil dos microrganismos que estão mais interagindo com o organismo do ser
humano, de forma a possibilitar a indicação de tratamentos mais adequados.

Recomenda‑se que os laboratórios de microbiologia estabeleçam


intercâmbios com a equipe da CCIH e com o serviço de farmácia para
desenvolver uma lista de antibióticos a ser reportada no laudo para os
diferentes microrganismos isolados de diferentes locais.

Como forma de medir o desempenho, determinar a eficiência e a


efetividade de um programa da CCIH e determinar se as abordagens
proativas ou as análises retrospectivas de processos de alto risco podem
melhorar o programa de prevenção de Iras, são utilizados os indicadores de
resultado, estrutura e processo.

Os indicadores de estrutura evidenciam os atributos de uma instituição


em que a assistência à saúde é realizada. Nesses resultados podemos incluir
os recursos materiais e humanos e a estrutura organizacional.

Os indicadores de processo são aqueles que destacam o que realmente


está sendo realizado na assistência. Eles medem um aspecto de um serviço
e/ou uma série de passos a serem aplicados para alcançar um resultado
específico.
108
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE

Os indicadores de resultados são aqueles que denotam o resultado de


um cuidado ou tratamento de um paciente ou população.

Os profissionais de saúde devem sempre buscar a atualização científica


como forma de obter subsídios teóricos para estarem aptos a participar de
forma ativa, consistente e consciente no controle e na prevenção das Iras. A
educação permanente em serviço, a CCIH e as instituições de ensino devem
também propiciar a aquisição de conhecimentos sobre o tema.

O trabalho integrado com as equipes interdisciplinares tendo o paciente


e a família no centro do cuidado é fundamental para o desenvolvimento de
processos com foco na qualidade e o sucesso na solução de problemas. O
uso de soluções integrativas no lugar de imposições aumenta a aceitação
das soluções e alinha os esforços com a visão, a missão e os valores da
organização, identificando os clientes e as suas expectativas com o cuidado.

As metodologias moleculares permitem um diagnóstico laboratorial


rápido e muito sensível, particularmente importante na pesquisa de vírus e
fungos não cultiváveis ou de crescimento muito lento. Permitem também
a identificação dos mecanismos que os microrganismos usam para obter a
resistência bacteriana, o que poderá resultar no desenvolvimento de novos
antibióticos que invalidem esses mecanismos de resistência.

109
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Diagnóstico do controle da


infecção hospitalar no Brasil. Brasília, 2005b. p. 9.

Figura 2

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Diagnóstico do controle da


infecção hospitalar no Brasil. Brasília, 2005b. p. 13.

Figura 3

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Diagnóstico do controle da


infecção hospitalar no Brasil. Brasília, 2005b. p. 15.

Figura 4

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência segura: uma
reflexão teórica aplicada à prática. Brasília: Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de
Saúde, 2013a. p. 107.

Figura 5

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência segura: uma
reflexão teórica aplicada à prática. Brasília: Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de
Saúde, 2013a. p. 108.

Figura 6

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de microbiologia clínica
para o controle de infecção em serviços de saúde. Brasília, 2004b. p. 8.

Figura 7

OLIVEIRA, A. Microbiologia aplicada à prática: limpeza, desinfecção e esterilização. Dinâmica prática de


higienização das mãos. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ESTERILIZAÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO
RELACIONADA À ASSISTÊNCIA À SAÚDE, 9., 2014. Disponível em: <http://itarget.com.br/newclients/
sobecc.org.br/2014/pdfs/palestras‑9‑simposio/17‑5.pdf>. Aceso em: 16 ago. 2016.

110
Figura 8

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resistência microbiana – mecanismos
e impactos clínicos. Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/
cursos/rm_controle/opas_web/modulo3/gramp_entero.htm>. Acesso em: 16 ago. 2016.

Figura 9

OLIVEIRA, A. Microbiologia aplicada à prática: limpeza, desinfecção e esterilização. Dinâmica prática de


higienização das mãos. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ESTERILIZAÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO
RELACIONADA À ASSISTÊNCIA À SAÚDE, 9., 2014. Disponível em: <http://itarget.com.br/newclients/
sobecc.org.br/2014/pdfs/palestras‑9‑simposio/17‑5.pdf>. Aceso em: 16 ago. 2016.

Figura 10

Grupo Unip‑Objetivo.

Figura 11

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resistência microbiana –


mecanismos e impactos clínicos. Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/
controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo3/mec_permeabilidade.htm>. Acesso em: 16
ago. 2016.

Figura 12

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resistência microbiana –


mecanismos e impactos clínicos. Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/
controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo3/mec_animacao.htm>. Acesso em: 16 ago.
2016.

Figura 13

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resistência microbiana –


mecanismos e impactos clínicos. Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/
controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo3/mec_sitio.htm>. Acesso em: 16 ago. 2016.

Figura 14

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resistência microbiana –


mecanismos e impactos clínicos. Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/
controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo3/mec_bomba.htm>. Acesso em: 16 ago. 2016.

111
Figura 15

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resistência microbiana – mecanismos
e impactos clínicos. Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/
cursos/rm_controle/opas_web/modulo3/mec_enzimatico.htm>. Acesso em: 16 ago. 2016.

Figura 16

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resistência microbiana – mecanismos
e impactos clínicos. Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/
cursos/rm_controle/opas_web/modulo3/pop_mecanismo.htm>. Acesso em: 16 ago. 2016.

Figura 17

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guia para implementação: um guia para a implantação da


estratégia multimodal da OMS para a melhoria da higienização das mãos a observadores. Estratégia
multimodal da OMS para a melhoria da higienização das mãos. Tradução de Sátia Marine. Brasília:
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Figura 18

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Figura 19

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente. Brasília,
[s.d.]. Disponível em: <http://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/
folheto‑de‑bolso‑higiene‑das‑maos‑quando‑e‑como‑fazer>. Acesso em: 16 ago. 2016.

figura 20

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência segura: uma
reflexão teórica aplicada à prática. Brasília: Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de
Saúde, 2013a. p. 102.

Figura 21

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência segura: uma
reflexão teórica aplicada à prática. Brasília: Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de
Saúde, 2013a. p. 102.

112
Figura 22

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Cartilha de proteção


respiratória contra agentes biológicos para trabalhadores de saúde. Brasília, 2006a. p. 23. Disponível
em: <http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/cartilha_mascara.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2016.

Figura 23

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Figura 24

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde. Precauções. Brasília, [s.d.]. p. 1.
Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/precaucoes_a3.pdf>. Acesso em: 16
ago. 2016.

Figura 25

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde. Precauções. Brasília, [s.d.]. p. 1.
Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/precaucoes_a3.pdf>. Acesso em: 16
ago. 2016.

Figura 26

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde. Precauções. Brasília, [s.d.]. p. 1.
Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/precaucoes_a3.pdf>. Acesso em: 16
ago. 2016.

Figura 27

ALVES, M. V. F. F.; LUPPI, C. H. B.; PAKER, C. Condutas tomadas pelos enfermeiros relacionadas ao
procedimento de sondagem vesical. Revista Ciência em Extenção, v. 3, n. 1, p. 10‑25, 2006. p. 19.

Figura 28

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção de


infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília, 2013e. p. 14.

Figura 29

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Critérios diagnósticos de infecções relacionadas


à assistência à saúde. Brasília, 2013f. p. 13. Disponível em: <http://www20.anvisa.gov.br/
113
segurancadopaciente/images/documentos/livros/Livro2‑CriteriosDiagnosticosIRASaude.pdf>. Acesso
em: 16 ago. 2016.

Figura 30

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência segura: uma
reflexão teórica aplicada à prática. Brasília: Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de
Saúde, 2013a. p. 103.

Figura 31

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção de


infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília, 2013e. p. 41.

Figura 32

Grupo Unip‑Objetivo

Figura 33

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência segura: uma
reflexão teórica aplicada à prática. Brasília: Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de
Saúde, 2013a. p. 124.

Figura 34

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência segura: uma
reflexão teórica aplicada à prática. Brasília: Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de
Saúde, 2013a. p. 50.

Figura 35

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência segura: uma
reflexão teórica aplicada à prática. Brasília: Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de
Saúde, 2013a. p. 158.

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