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/2007
Resumo Abstract
Reconhecendo a difícil e complexa Recognizing the hard and complex
problemática da relação teoria-práti- problem about the relation practice-
ca, acentuada ainda mais na Educa- theory, emphasized much more in
ção Física escolar devido às peculia- Physical Education due to its area’s
ridades da área; e considerando que peculiarities, and considering that
a Educação Física, na condição de Physical Education has, in its school
disciplina escolar, tem como finalida- subject condition, “the purpose of
de “formar indivíduos dotados de ca- training critical students with condi-
pacidade crítica em condições de agir tions of being independents in the
autonomamente na esfera da cultura culture body’s movement and in a
corporal de movimento e de forma transformed way as political people”
transformadora como cidadãos políti- (Bracht and González), the authors
cos” (Bracht e González), os autores make a reflection about specifics the-
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Professor da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí.
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Professor da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí.
refletem sobre uma série de temas mes naturally associated, but no only
específicos normalmente associados, part of Physical Education (leisure,
mas não exclusivos da Educação health, physical exercises, sports and
Física (lazer, saúde, exercício físico, dance, etc.) to make the question:
esporte, dança, etc.) para pergunta- What does change in your rela-
rem: o que muda na nossa relação tionship with those themes when we
com eles ao conhecê-los/vivenciá-los meet/have experiences with them as
como conteúdos da EF escolar? school physical education contents?
Palavras-chave: teoria-prática; educa- Keywords: practice-theory, physical
ção física; escola education, school.
afirma Juan Casassus (1995, p. 109), dos totalitarismos (há que tomar
“A noção básica de democracia cuidado com as boas intenções, foi
aparece como a apropriação por em nome delas que se fez todo o
parte dos cidadãos da capacidade mal do mundo).
de analisar e propor ações acerca Ainda em relação à “for-
de assuntos de interesse comum, mação de cidadãos”, lembramos
num espaço público”. que o exercício da cidadania dá-se
Esta subordinação é que no plano político-moral, isso não
sustenta expressões como “formação significa que não possamos “con-
de cidadãos”, algo no mínimo proble- tribuir com a sua formação”, pois
mático, uma vez que pressupõe a ca- há que destacar que na moderni-
pacidade de formar a priori algo que dade conhecimento e cidadania
se afirma no exercício, pois é bom estreitam relações, sendo o acesso
lembrar que o campo da ética e da a ele (em especial em sua versão
política são caracterizados pela ação, científica) objeto de reivindicação
a qual se dá sempre em contexto e
por parte dos segmentos sociais
subordinada às suas contingências,
historicamente excluídos da posse
nunca inteiramente por antecipação.
destes saberes, no entanto, não cabe
Contudo, há que destacar diferenças
torná-la pretensamente uma questão
com outras expressões semelhantes,
epistêmica3.
mas distintas no que se refere à rela-
ção educação escolar e cidadania, O atravessamento desta
tais como: “preparar os sujeitos para problemática nos parece ter sido
o exercício da cidadania”. capturada na formulação de Projeto
O que entendemos ne- Político-Pedagógico desenvolvido
cessário ficar claro é que em uma por Mario Osorio Marques (1995,
sociedade autônoma, democrática, p. 95-96, grifo nosso) na seguinte
as concepções de mundo, de ser passagem:
humano, de sociedade, estão sem-
pre em discussão no plano político, Projeto porque intencionali-
não há deliberação definitiva (“con- dade em que se articulam as
cepção verdadeira”) a ser “ensinada perspectivas de atuação soli-
aos neófitos”. Transformar questões dária dos instituintes da escola,
políticas em dogmas a serem ensi- perspectivas que necessitam de
nados constitui o caldo de cultura definições precisas, sob pena
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O contrário seria pensar em formar cidadãos em série a partir de posições consideradas “certas”,
“verdadeiras”, e não objeto de deliberação política.
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Devemos aqui lembrar a crítica esboçada anteriormente a respeito do que consideramos impossível:
“formar o cidadão”, o que não impede pensarmos em modos de, em particular pelo conhecimento,
contribuir para esse exercício, reconhecendo a “plasticidade” do mundo, dado sua historicidade.
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Nossos argumentos não passavam de generalidades do tipo: “formação integral”; “socialização”;
“interdisciplinaridade” (cabendo a nós a função de “bengala” para as outras disciplinas); “compen-
sação desestressora”, entre outras evasivas.
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Expressão utilizada por Stein (1991) para referir-se ao impasse que vivemos em relação à
modernidade.
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Nesse contexto, entendemos que a ausência de projetos curriculares de EF na maioria das escolas
e, particularmente, a falta que sente deles uma porção importante dos professores, é um claro sinal
dessa transição.
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Cabe destacar o número cada vez mais significativo de professores que têm realizado esforços no
sentido de tratar a EF escolar como um componente curricular articulado com o Projeto Político-
Pedagógico da escola e, inclusive, tomando essas experiências como objeto de reflexão em cursos
de graduação e pós-graduação.