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“OS PROFESSORES NÃO FAZEM NADA!

Uma das situações geradas pela falta de conhecimento sobre qualquer tema, é sempre a
incerteza na hora de agir. A incerteza gera a dúvida. Diante da dúvida, algumas pessoas
preferem a reflexão, outras a generalização de juízo. Em relação ao retorno às aulas
presenciais, essas duas posturas, muitas vezes, tem entrado em conflito. A reflexão é, com
certeza, sempre a melhor postura. No entanto, observamos que a generalização de juízo tem se
disseminado quase como uma onda de ódio, principalmente no que se refere à condição do
professor. Da condição de juízo, ao comportamento agressivo, existem discursos que
sustentam que os “professores não fazem nada”.
Nesse sentido, penso que é pertinente refletir sobre.
Os “professores não fazem nada!”, porque ensinam a ler a palavra e o mundo. Se você
está tendo o privilégio dessa leitura, e sobre ela está produzindo suas reflexões, agradeça ao
professor que te ensinou à ler e te provocou à pensar. Sem a presença do professor, a leitura e
a cultura da palavra, bem como a sua interpretação de mundo, seriam limitadas a reprodução
do senso comum.
Os “professores não fazem nada!”, porque estão em casa. Em tempos anteriores à
pandemia, era consenso de que o trabalho do professor não se encerrava na escola. Ao chegar
em casa, o professor tinha provas e trabalhos para corrigir, aulas para planejar, entre outros.
Além disso, os professores sempre foram protagonistas sociais, participando da vida política,
social, religiosa, econômica, etc., de sua comunidade. Essa rotina continua, com um
agravante: todo o trabalho do professor está em sua casa. Como todos que estão trabalhando
em “home office”, o professor precisou adaptar sua casa, sua rotina, sua família e tudo que
está em seu cotidiano ao seu trabalho.
Os “professores não fazem nada!”, porque educar virtualmente não é isolar-se. Segundo
as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde), o distanciamento social é a melhor
forma de evitar o aumento das contaminações do COVID-19. Distanciar-se, não é isolar-se. A
educação virtual nos permite que estejamos presentes mesmo que fisicamente distantes. Os
professores, inseridos ou não em ambientes virtuais educativos, buscaram sempre ser
presença. Essa presença vem de encontro a utilização de diferentes metodologias utilizadas
pelas escolas e redes de ensino.
Os “professores não fazem nada!”, porque consideram o diálogo familiar como valor. A
escola tem o seu valor social - é inegável. Mas, o que seria a escola sem a família como valor?
Desde sempre, os professores buscaram dialogar com a família, porque entendem que nela
estão presentes valores fundamentais que vão orientar ética e moralmente a construção do
sujeito. Portanto, causa estranhamento aos olhos dos professores a exaustão de convivência ou
relacionamento de pais com filhos. Nesse sentido, a escola não pode ser vista como uma
válvula de escape para diminuir o tensionamento das questões famíliares e vice-versa. O
diálogo no grupo familiar, possibilitando a melhoria da cultura organizacional da família
precisa ser intenso. O mesmo serve para a escola. Portanto, que continuem os diálogos
profícuos entre escola e família!
Por fim, “professores não fazem nada!”, pois não estão na mídia, não tem altos salários, são
pessoas simples, constituem um patrimônio intelectual memorável, têm sentimentos, ensinam
a pensar e a fazer, discutem dicotomias...enfim...ensinam e gostam de cheiro de gente! E, tudo
isso, é porque os “professores não fazem nada!”. Amém.

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