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Planejamento e Avaliacao No Ensino Medio Tecnico e Profissional
Planejamento e Avaliacao No Ensino Medio Tecnico e Profissional
Dispensem tempo específico para a leitura deste material, produzido com muita dedicação
pelos Doutores, Mestres e Especialistas que compõem a equipe docente da Universidade
Candido Mendes (UCAM).
Leia com atenção os conteúdos aqui abordados, pois eles nortearão o princípio de suas
ideias, que se iniciam com um intenso processo de reflexão, análise e síntese dos saberes.
Desejamos sucesso nesta caminhada e esperamos, mais uma vez, alcançar o equilíbrio e
contribuição profícua no processo de conhecimento de todos!
Atenciosamente,
Setor Pedagógico
UCAM - PRÓ SABER
PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO
GUIA DE ESTUDO
ATENÇÃO!
Este módulo está disponível apenas como base para estudos deste curso.
Não é permitida qualquer forma de comercialização do mesmo.
Os créditos de autoria dos conteúdos deste material são dados aos seus
respectivos autores citados nas Referências Consultadas.
Caro(a) aluno(a),
Atenciosamente,
Setor Pedagógico
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................4
CONSIDERAÇÕES FINAIS57
REFERÊNCIAS58
APRESENTAÇÃO
Durante muito tempo, a Avaliação Escolar ocupa certo protagonismo nos temas
relacionados à educação, não só pelo seu teor de importância como também pela questão da
polemicidade gerada pela necessidade em alcançar determinada. Estas inquietações
problematizadas pela temática da avaliação geram uma gama de discussões em relação as suas
reais finalidades. Na verdade, o objetivo principal do ato de avaliar se dissipou a partir do
momento que a Escola começou a enfrentar sérios problemas sobre a questão da autonomia.
Dessa forma, tornou-se necessário planejar de acordo com os enfrentamentos que hoje
perpassam a Educação Brasileira.
Segundo Hoffman (2003, p.11), o grande dilema da avaliação é que não há como
ensinar melhores fazeres. Isto acontece porque a Educação se renova a cada dia e com ela cresce
os paradigmas engessados dos processos seletivos ou qualquer prática avaliativa direcionados no
âmbito educacional.
Para esta abordagem é pertinente a ressalva de que se deve discutir sobre as possíveis
soluções para uma prática docente que permita uma visão crítica e ao mesmo tempo construtiva,
pois além dos aspectos avaliativos é necessário envolver os processos de planejamento. À
medida que se estabelece a construção do ensino e da aprendizagem é preciso considerar os
métodos, as etapas, a escolha de estratégias positivas para que o objetivo seja alcançado.
Iniciaremos nossa análise pela descrição fenomenológica dessas três condutas dos
professores. Tal descrição delimita um quadro empírico, que nos permitirá, posteriormente,
abstrair características que nos indicarão se os atos de aferição do aproveitamento escolar,
praticados pelos professores, são de verificação ou de avaliação.
numérica, ou em conceito, ganhando conotação verbal. Neste último caso, o resultado é expresso
ou por símbolos alfabéticos, tais como SS = superior, MS = médio superior, ME = médio, MI =
médio inferior, IN = inferior, SR = sem rendimento, ou por palavras denotativas de qualidade,
tais como Excelente, Muito Bom, Bom, Regular,
Inferior, Péssimo.
A transformação dos resultados medidos em nota ou conceito dá-se através do
estabelecimento de uma equivalência simples entre os acertos ou pontos obtidos pelo educando e
uma escala, previamente definida, de notas ou conceitos.
Um exemplo é suficiente para compreender como se dá esse processo. Para um teste de
dez questões, as correspondências entre acertos e notas são simples: cada questão equivale a um
décimo da nota máxima, que seria dez. Assim, um aluno que acertou oito questões obtém nota
oito. A transformação de acertos em conceitos poderia ser feita por uma escala como a que
segue: SR (sem rendimento) = nenhum acerto; IN (inferior) = um ou dois acertos; MI (médio
inferior) = três ou quatro acertos; ME (médio) = cinco ou seis acertos; MS (médio superior) =
sete ou oito acertos; SS (superior) = nove ou dez acertos. As escalas de conversão poderão ser
mais complexas que estas, mas sem nenhuma grande dificuldade.
Para proceder a essa transformação tem-se estabelecido variadas tabelas de conversão.
Se não há uma tabela oficial na escola, cada professor cria a sua, em função do instrumento de
coleta de dados que constrói ou utiliza.
Notas e conceitos, em princípio, expressam a qualidade que se atribui à aprendizagem
do educando, medida sob a forma de acertos ou pontos.
Caso o professor, por decisão pessoal ou por norma escolar, multiplique as situações e
os momentos de aferição do aproveitamento escolar, para obter o resultado final de um bimestre
ou ano letivo, ele se utiliza da média de notas ou conceitos.
No caso das notas, a média é facilitada pelo fato de se estar operando com números,que
de símbolos qualitativos se transformam indevidamente em quantitativos; no caso dos conceitos,
a média é obtida após a conversão dos conceitos em números. Por exemplo, pode-se estabelecer
a equivalência entre S e a nota dez, entre MS e a nota oito, e assim sucessivamente. A partir daí,
basta fazer uma média simples ou ponderada, conforme a decisão, obtendo-se o que seria a
média da aprendizagem do educando no bimestre ou no semestre letivo. Aqui também ocorre a
transposição indevida de qualidade para quantidade, de tal forma que se torna possível, ainda que
impropriamente, obter uma média de conceitos qualitativos.
Com esse resultado em mãos, o professor tem diversas possibilidades de utilizá-lo, tais
como:
• registrá-lo, simplesmente, no Diário de Classe ou Caderneta de Alunos;
• oferecer ao educando, caso ele tenha obtido uma nota ou conceito inferior, há uma
“oportunidade" de melhorar a nota ou conceito, permitindo que ele faça uma nova
aferição;
• atentar para as dificuldades e desvios da aprendizagem dos educandos e decidir
trabalhar com eles para que, de fato, aprendam aquilo que deveriam aprender,
construam efetivamente os resultados necessários da aprendizagem.
Encaminhamentos
Diante do fato de que, no movimento real da aferição da aprendizagem escolar, nos
deparamos com a prática escolar da verificação e não da avaliação, e tendo ciência de que o
exercício efetivo da avaliação seria mais significativo para a construção dos resultados da
aprendizagem do educando, propomos, neste segmento do texto, algumas indicações que
poderão ser estudadas e discutidas na perspectiva de gerar encaminhamentos para a melhor
forma de condução possível do ensino escolar.
USO DA AVALIAÇÃO
base seus aspectos essenciais e, como objetivo final, uma tomada de decisão que direcione o
aprendizado e, consequentemente, o desenvolvimento do educando.
Com isso, fugiremos ao aspecto classificatório que, sob a forma de verificação, tem
atravessado a aferição do aproveitamento escolar. Nesse sentido, ao avaliar, o professor deverá:
• coletar, analisar e sintetizar, da forma mais objetiva possível, as manifestações das
condutas cognitivas, afetivas, psicomotoras - dos educandos, produzindo uma configuração do
efetivamente aprendido;
• atribuir uma qualidade a essa configuração da aprendizagem, a partir de um padrão
(nível de expectativa) preestabelecido e admitido como válido pela comunidade dos educadores
e especialistas dos conteúdos que estejam sendo trabalhados;
• a partir dessa qualificação, tomar uma decisão sobre as condutas docentes e discentes a
serem seguidas, tendo em vista:
- a reorientação imediata da aprendizagem, caso sua qualidade se mostre insatisfatória e
o conteúdo, habilidade ou hábito, que esteja sendo ensinado e aprendido, seja efetivamente
essencial para a formação do educando;
- o encaminhamento dos educandos para passos subsequentes da aprendizagem, caso se
considere que, qualitativamente, atingiram um nível da satisfatoriedade no que estava sendo
trabalhado.
Assim, o objetivo primeiro da aferição do aproveitamento escolar não será a aprovação
ou reprovação do educando, mas o direcionamento da aprendizagem e seu consequente
desenvolvimento.
1
Sobre padrão mínimo de conhecimento, ver. Adinoel MOTTA, "Como Eu Avalio a
Aprendizagem dos Meus Alunos", revista Tecnologia Educacional, n. 57, ABT/Rio de Janeiro.
Neste contexto, poder-se-ia utilizar a média, desde que não distorcesse tanto o resultado
final da aprendizagem do aluno. Neste caso, o resultado da média estaria sempre acima do
mínimo necessário de conteúdos a serem aprendidos.
Para exemplificar, retomemos o caso anteriormente citado do aluno de Matemática,
supondo, agora, que obteve as seguintes notas: 7, 8, 10 e 9. A média seria 8,5. Observar que essa
média seria feita com resultados sempre superiores ao mínimo necessário, ou seja, 7 em cada um
dos conteúdos. A nota assim obtida, ainda que também tenha seu lado enganoso, por dar-se sobre
pequena quantidade de casos, seria mais verdadeira do ponto de vista da aprendizagem, desde
que expressasse que o aluno aprendeu o mínimo necessário em cada conteúdo.
Para que esta média possa ocorrer, o professor terá de planejar o que é o
mínimonecessário e trabalhar com seus alunos para que todos atinjam esse mínimo.
A avaliação, no caso, seria um mecanismo subsidiário pelo qual o professor iria
detectando os níveis de aprendizagem atingidos pelos alunos e trabalhando para que atingissem a
qualidade ideal mínima necessária. Só passaria para um conteúdo novo, quando os alunos
tivessem atingido esse patamar mínimo.
Alguns alunos, devido às diferenças individuais, culturais e sociais, ultrapassarão,
facilmente ou com certa dose de trabalho, o mínimo necessário; outros, porém, pelo menos
chegarão ao mínimo. Isso garantiria uma equalização entre os alunos, ao menos nas condições
mínimas de aprendizagem dos conteúdos escolares.
2
Escrevi um texto para o V Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, realizado em Belo
Horizonte, em outubro de 1988, que se intitula "Por uma Prática Docente Crítica e Construtiva", onde
trato mais largamente deste princípio.
3
Sobre princípios da ciência pedagógica e da prática docente, ver o texto mencionado na nota anterior ("Por
uma Prática Docente Crítica e Construtiva'), assim como o livro de M. A. DANILOV & M. N. SKATKIN, Didática
de la
Escuela Média, Editorial Pueblo y Educación, Havana.
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UCAM - PRÓ SABER
Avaliação tem a ver com ação e esta, por sua vez, tem a ver com a busca de algum tipo
de resultado, que venha a ser o melhor possível. Nós todos agimos no sentido de encontrar o
melhor caminho para uma qualidade satisfatória de vida. Agimos para satisfazer nossas
necessidades, desde as materiais até as espirituais.
Isso ocorre em relação a tudo o que se processa em nossa vida, desde a coisa mais
simples, tal como sair de casa e à padaria para comprar pão, até experiências complexas, como
pode ser a busca do significado profundo de nossa vida ou as saídas complexas para os
problemas macros da vida social das nações e das relações entre as nações. A avaliação subsidia,
serve a uma ação, tendo em vista, com ela, obter o melhor resultado possível.
Qual é o melhor resultado possível? Este só pode ser compreendido em cada ação. A
avaliação serve à finalidade da ação, a qual ela está vinculada. Se estamos avaliando a
aprendizagem, ela serve à busca do melhor resultado da aprendizagem que está sendo
processada; se estamos avaliando o setor de distribuição de uma empresa, a avaliação estará
subsidiando a busca da melhor solução para os impasses encontrados nesse segmento
organizacional. E, assim por diante. Em síntese, avaliação tem como finalidade servir à ação,
seja ela qual for; são os projetos de ação buscam a construção de determinados resultados, a
avaliação os acompanha, serve-os.
Desde que todo tipo de prática de avaliação está atrelada a uma ação, o mesmo ocorre
com a avaliação da aprendizagem na escola. Ele serve à prática educativa e à prática de ensino,
subsidiando a busca determinados de resultados, que são objetivos seus objetivos específicos.
É nesse contexto que aparece a figura do educador como mediador de prática educativa
e pedagógica. A prática educativa e a prática pedagógica, por si, já fazem mediações: elas são
meios pelos quais a estética (arte e espiritualidade), a ética (cultura axiológica de uma
comunidade) e a ciência (conhecimentos objetivamente constituídos) chegam aos educandos.
Para isso, em primeiro lugar, há necessidade do educador no papel de mediador vivo entre a
experiência cultural em geral e o educando. O educador, servindo-se de diversos instrumentos,
auxilia o educando a assimilar a herança cultural do passado, para, ao mesmo tempo, incorporá-
la e superá-la, reinventando-a. Ao aprender, assimilamos a herança cultural do passado e, ao
mesmo tempo, adquirimos recursos para superá-la e reinventá-la. O educador, em sua ação, serve
a esse processo.
É no seio desse papel de mediador vivo do processo de formação do educando que o
educador pratica atos avaliativos e, então os seus atos são éticos e necessitam de ser regidos por
uma ética; são atos que tem uma finalidade e, por isso, assentam-se em valores, que dão sua
direção.
A meu ver, tendo presentes os conceitos acima explicitados, o pano de fundo do modo
ético de se na prática da avaliação da aprendizagem na escola é a compassividade.
Etimologicamente, o termo compassividade vem de dois termos latinos: do prefixo cum (que
significa “com”) e do verbo patior (que significa “sofrer a ação”, mas também agir). No caso,
compreendo a compassividade como o ato de sentir com o outro e, ao mesmo tempo, com ele
agir. Agir com o educando, na busca de seu desejo de aprender, de desenvolver-se, de tornar-se
adulto; de fazer o seu caminho. O educador não impõe ao educando o que “ele deve ser”, mas,
com ele, busca o caminho para que se torne o que necessita de ser, como anseio de sua essência,
de sua alma (alma aqui não está compreendida como um fenômeno religioso, mas sim como o
âmago de cada um de nós, como o centro de nossos anseios).
Neste contexto, compassividade na avaliação da aprendizagem pode ser traduzida, mais
simplesmente, como solidariedade. O educador necessita de ser solidário com o educando no
seu caminho de desenvolvimento; necessita de estar com o ele, dando-lhe suporte para que
prossiga em sua busca e em seu crescimento, na direção da autonomia, da independência, da vida
adulta. O educador está junto e ao lado do educando em sua tarefa de construir-se dia a dia. A
avaliação subsidia o diagnóstico do caminho e oferece ao educador recursos para reorientá-lo.
Em função disso, há necessidade da solidariedade do educador como avaliador, que oferece
continência ao educando para que possa fazer o seu caminho de aprender e, por isso mesmo,
desenvolver-se.
Ser solidário com o educando no processo de avaliação significa acolhê-lo em sua
situação específica, ou seja, como é e como está nesse momento, para, a seguir, se necessário,
confrontá-lo e reorientá-lo amorosamente, para que possa construir-se a si mesmo como sujeito
que é (ser), o que significa construir-se como sujeito que aprende (aquisição de conhecimentos),
como sujeito que age (o fazer) e como sujeito que vive com outros (tolerância, convivência,
respeito). Confrontar, aqui, não significa desqualificar ou antagonizar com o educando, mas tão
somente, amorosamente, auxiliá-lo a encontrar a melhor solução para a situação que está
vivendo, seja ela cognitiva, afetiva ou espiritual.
Em síntese, a meu ver, o princípio ético que pode e deve nortear a ação avaliativa do
educador é a solidariedade com o educando, a compaixão; o que quer dizer desejar com o
educando o seu desejo e garantir-lhe suporte cognitivo, afetivo e espiritual para que possa fazer o
seu caminho de aprender e, conseqüentemente, de desenvolver-se na direção da autonomia
pessoal, como sujeito que sente, pensa, quer e age em favor de si mesmo e da coletividade na
qual vive e com a qual sobrevive e se realiza.
Solidarizar-se com o educando não é um ato piegas, que considera que tudo vale, mas
sim um ato amoroso, ao mesmo tempo dedicado e exigente, que tem como foco de atenção a
busca do melhor possível.
CREDENCIAIS DO AUTOR:
http://www.luckesi.com.br/artigosavaliacao.htm
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contato@luckesi.com.br
1. O PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO:
REVISANDO CONCEITOS PARA MUDAR CONCEPÇÕES E PRÁTICAS
O ato de planejar faz parte da história do ser humano, pois o desejo de transformar
sonhos em realidade objetiva é uma preocupação marcante de toda pessoa. Em nosso dia-a-dia,
sempre estamos enfrentando situações que necessitam de planejamento, mas nem sempre as
nossas atividades diárias são delineadas em etapas concretas da ação, uma vez que já pertencem
ao contexto de nossa rotina. Entretanto, para a realização de atividades que não estão inseridas
em nosso cotidiano, usamos os processos racionais para alcançar o que desejamos.
As ideias que envolvem o planejamento são amplamente discutidas nos dias atuais, mas
um dos complicadores para o exercício da prática de planejar parece ser a compreensão de
conceitos e o uso adequado dos mesmos. Assim sendo, o objetivo deste texto é procurar
explicitar o significado básico de termos, tais como planejamento, plano, programa, projeto,
plano estratégico plano operacional, e outros, visando a dar espaço para que o leitor possa
estabelecer as relações entre eles, a partir de experiências pessoais e profissionais. Cabe ressaltar
que, neste breve texto, não se pretende abordar todos os níveis de planejamento, mesmo porque,
como aponta Gandin (2001, p.83)
É impossível enumerar todos tipos e níveis de planejamento necessários à atividade
humana. Sobretudo porque, sendo a pessoa humana condenada, por sua racionalidade, a
realizar algum tipo de planejamento, está sempre ensaiando processos de transformar
suas idéias em realidade. Embora não o faça de maneira consciente e eficaz, a pessoa
humana possui uma estrutura básica que a leva a divisar o futuro, a analisar a realidade
a propor ações e atitudes para transformá-la.
PLANEJAMENTO É
3. Planejamento Educacional é "processo contínuo que se preocupa com o 'para onde ir'
e 'quais as maneiras adequadas para chegar lá', tendo em vista a situação presente e
possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades da
sociedade, quanto as do indivíduo" (PARRA apud SANT'ANNA et al, 1995, p. 14).
Para Vasconcellos (1995, p. 53), "o planejamento do Sistema de Educação é o de maior
abrangência (entre os níveis do planejamento na educação escolar), correspondendo ao
planejamento que é feito em nível nacional, estadual e municipal", incorporando as políticas
educacionais.
PLANO É
PROJETO É
3. Projeto Político Pedagógico da escola precisa ser entendido como uma maneira de
situar-se num horizonte de possibilidades, a partir de respostas a perguntas tais como: "que
educação se quer, que tipo de cidadão se deseja e para que projeto de sociedade?" (GADOTTI,
1994, P. 42). Dissociar a tarefa pedagógica do aspecto político é difícil, visto que o "educador é
político enquanto educador, e o político é educador pelo próprio fato de ser político"
(GADOTTI, FREIRE, GUIMARÃES, 2000, pp. 25-26).
Falar da construção do projeto pedagógico é falar de planejamento no contexto de um
processo participativo, onde o passo inicial é a elaboração do marco referencial, sendo este a luz
que deverá iluminar o fazer das demais etapas. Alguns autores que tratam do planejamento,
como, por exemplo, Moacir Gadotti, falam simplesmente em referencial, mas outros, como
Danilo Gandin, distinguem nele três marcos: situacional, doutrinal e operativo.
PROGRAMA É
CREDENCIAIS DA AUTORA
REFERÊNCIAS DO ARTIGO
Com carga horária variando entre 800, 1.000 e 1.200 horas, dependendo da respectiva
habilitação profissional técnica, podem ser estruturados com diferentes arranjos curriculares,
possibilitando a organização de itinerários formativos com saídas intermediárias de qualificação
profissional técnica.
Os Cursos Técnicos podem ser desenvolvidos de forma articulada com o Ensino Médio
ou serem subsequentes a ele. A forma articulada pode ocorrer integrada com o Ensino Médio,
para aqueles estudantes que concluíram o ensino fundamental, ou concomitante com ele, para
estudantes que iniciarão ou estejam cursando o ensino médio. A oferta pode ser tanto na mesma
escola quanto em instituições de ensino distintas. Pode, ainda, ser desenvolvida em regime de
intercomplementaridade, ou seja, concomitante na forma e integrado em projeto pedagógico
conjunto.
A forma subsequente destina-se a quem já concluiu o ensino médio.
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UCAM - PRÓ SABER
Devem propiciar o domínio de novas competências àqueles que já são habilitados e que
desejam especializar-se em um determinado segmento profissional.
Para conhecer as áreas dos cursos da educação profissional técnica de nível médio, e
possibilidades do respectivo perfil de formação, acesse o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos
do Ministério da Educação.
Instituições ofertantes
Os cursos da Educação Profissional Técnica de nível médio são realizados em
instituições devidamente credenciadas pelos sistemas de ensino:
- Instituições de ensino superior devidamente habilitadas para ofertar cursos técnicos, nos termos
do Art. 20-B da Lei nº 12.513/2011, na redação dada pela Lei nº 12.816/2013.
Estágio
A obrigatoriedade ou não da realização do estágio nos cursos de Educação Profissional
Técnica no Ensino Médio atende à legislação específica, como definido na Lei nº 11.788, de 25
de Setembro de 2008 e demais normativas da educação como as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio do Conselho Nacional de
Educação (Resolução CNE nº 06/2012).
Nos casos onde a legislação determina a obrigatoriedade do estágio em função da
natureza da ocupação, deverá contemplar expressamente o estágio obrigatório e sua respectiva
carga horária, a proposta de curso, em consonância com o respectivo Projeto Pedagógico do
Curso aprovado pelo órgão competente. Nos casos onde não há obrigatoriedade, a decisão é da
instituição de ensino.
Diplomas e certificados
Cabe às instituições educacionais expedir e registrar, sob sua responsabilidade, os
diplomas de técnico de nível médio, sempre que seus dados estejam inseridos no Sistema
Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica (SISTEC), a quem caberá
atribuir um código autenticador do referido registro, para fins de validade nacional dos diplomas
emitidos e registrados.
Desta forma, pelo SISTEC também é possível verificar a validade do diploma do curso
técnico em "Consulta autenticidade Nacional dos Diplomas", com a possibilidade de emissão da
“Certidão de Validade Nacional do Diploma”. Vale lembrar que esta certificação cumpre a
determinação da Resolução CNE/CEB nº 6, de 20 de setembro de 2012.
Compete igualmente às instituições de ensino a emissão dos certificados referentes a
conclusão dos cursos de qualificação profissional técnica e de especialização técnica de nível
médio.
PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO
Fonte: www.google.com.br//planejamento-educacional.html
Níveis de planejamento:
Enquanto o planejamento é o ato pelo qual decidimos o que construir, a avaliação é o ato
crítico que nos subsidia na verificação de como estamos construindo o nosso projeto. A
avaliação atravessa o ato de planejar e de executar; por isso contribui em todo o percurso da ação
planificada. A avaliação se faz presente não só na identificação da perspectiva político-social,
como também na seleção de meios alternativos e na execução do projeto, tendo em vista a sua
construção. Ou seja, a avaliação, como crítica de percurso, é uma ferramenta necessária ao ser
humano no processo de construção dos resultados que planificou produzir, assim como o é no
redimensionamento da direção da ação. A avaliação é uma ferramenta da qual o ser humano não
se livra. Ela faz parte de seu modo de agir e, por isso, é necessário que seja usada da melhor
forma possível. Questões, acertos e desacertos em relação a cada um dos componentes que a
constituem. “Isto é, as escolas passaram a ser vistas como fábricas, os alunos como matéria-
prima, e os conceitos pedagógicos, filosóficos e sociológicos foram submetidos a uma razão
técnica”. (CERVI, 2008, p.66).
Na escola como um todo não há critérios definidos, cada um segue um rumo, um método,
ou um palpite. A avaliação é um instrumento criticado por educadores, que mesmo assim, não
abrem mão de utilizá-lo e mais sério ainda, não sugerem uma alternativa a essa prática
contestada. Reduzindo a avaliação a um instrumento de controle, uma simples conferência de
resultados, um simples teste da capacidade do aluno de reproduzir conteúdos.
Segundo Cervi (2008) a avaliação deve ser feita com objetividade, sabendo aonde se quer
chegar em termos de eficiência, eficácia, efetividade, relevância e pertinência, sendo um
processo de coleta de informações confiáveis com o objetivo de formar um juízo de valor sobre o
que foi avaliado.
O planejamento é um conjunto de ações coordenadas entre si, que concorrem para a
obtenção de um certo resultado desejado. Planejar é uma atividade que está dentro da educação,
pois evita a improvisação, prevê o futuro, estabelece caminhos que possam nortear mais
apropriadamente a execução da ação educativa. É um processo de racionalização, organização e
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UCAM - PRÓ SABER
A questão da escola...
os instrumentos avaliativos. Como Turra (1996, p.234) afirma: “Um plano de ensino bem feito
permite a execução das tarefas do professor e dos alunos de maneira metódica, com o sentido
ordenador e estruturado, endereçando a ação com firmeza, na conquista de resultados previstos
[...]”.
Como vimos à avaliação atravessa o ato de planejar e de executar, por isso contribui em
todo o percurso da ação planejada. A avaliação, como crítica de percurso, é uma ferramenta
necessária ao ser humano no processo de construção dos resultados que planejou produzir.
(...)
Dessa forma, para que esse planejamento realmente surta efeitos positivos na escola,
sua organização e execução, tendo em vista os objetivos definidos, precisa ser de caráter
coletivo, uma vez que as transformações escolares incidem sobre todos os envolvidos nela. Nas
palavras de Cervi (2008, p. 56):
Ao definir objetivos que impliquem a transformação do cotidiano escolar, há que se
agilizar a participação e a responsabilidade de todos os integrantes da comunidade
escolar, pois as mudanças não têm um fim em si mesmas, não são gratuitas. As
transformações do cotidiano escolar repercutem sobre tudo e todos.
A definição dos objetivos em um planejamento é algo que precisa ser pensado de forma
responsável, tendo em vista as reais transformações necessárias na instituição, classificando-as
por níveis de prioridades. Esses objetivos é que direcionam os fins do planejamento.
Cervi (2008) afirma que os objetivos proporcionam o senso de direção da instituição,
concentrando os esforços nos planos e decisões, auxiliando também na avaliação do progresso
do planejamento.
Dessa forma, planejar, não se reduz meramente no preenchimento de formulário para
controle pedagógico ou como algo simplesmente burocrático; deve ser uma atividade coletiva,
responsável e consciente de previsão das ações docentes, fundamentadas em opções político-
pedagógicas, e tendo como referência permanente as situações didáticas concretas.
Não menos importante e, entrelaçada e indissociável do planejamento, está a avaliação
educacional. Cervi (2008) afirma que para simplificar a compreensão dessa avaliação, podemos
defini-la como o processo de conhecer e julgar a relação entre as metas estabelecidas, recursos
utilizados, empenhos e resultados obtidos pela administração e por professores e alunos em uma
determinada situação de trabalho numa instituição escolar.
A avaliação educacional em nossa contemporaneidade é tema de muita discussão em
meio aos teóricos da área, que visa entre tantas filosofias educacionais, propor uma avaliação
que supra de maneira integral as necessidades dos educandos e do sistema educativo.
A avaliação surgiu a mais de um século, empregada e dimensionada no contexto do
desenvolvimento industrial, que tinha como proposta uma avaliação classificatória, seletiva e
excludente, com intuito de promoção ou retenção dos educandos, com finalidade de preparar
mão de obra qualificada para o ingresso ao mercado de trabalho. Nesse contexto, Cervi (2008, p.
66) ressalta que "a avaliação foi, então, reduzida a um instrumento de controle, isto é, de
conferência de resultados obtidos frente a objetivos fixos previamente definidos pelo sistema".
A instituição educacional por um longo período desenvolveu uma avaliação que
objetivava a medição da inteligência, analisando o desempenho do aluno através de sua
memorização, seus resultados obtidos em provas e sua atitude comportamental durante sua
permanência no âmbito escolar. Sobre isso, Cervi (2008, p. 70) nos afirma que:
A avaliação como medida responde a função de reprodução da aprendizagem,
averiguando o desempenho discente (memória e réplica comportamental) e o seu
condicionamento cultura, social, biológico etc., de modo a instruir a aprovação
ou reprovação discente, no primeiro caso e as ações compensatórias (a
recuperação, por exemplo) no segundo.
A avaliação por medida trata de uma aprendizagem restrita que testa a capacidade de
reprodução de conteúdos transmitidos pelo professor, que visa identificar os melhores e piores,
premiar e punir quando se achar necessário, refletindo uma avaliação classificatória, sem
respeito à individualidade de cada educando. Luckesi (1996) alerta que a avaliação com função
classificatória não auxilia em nada o avanço e o crescimento do educando e do educador, pois se
constitui num instrumento estático e frenador de todo o processo educativo.
Com a evolução do processo educacional através de várias discussões e reflexões sobre
o apontamento do fracasso escolar dos educandos, decidiu-se rever a prática avaliativa das
instituições escolares, buscando a melhoria da qualidade de ensino. Nessa perspectiva as
instituições escolares propuseram que houvesse a integração do planejamento educacional com o
processo avaliativo, que torna a aprendizagem escolar e o trabalho pedagógico uma só
engrenagem, e faz com que todos os agentes educativos entrem em cooperação. “Dessa forma,
aliou-se o processo avaliativo à organização do ensino, à estrutura, ao regime escolar, ao fluxo
discente, ao calendário, enfim, a toda a vida escolar”. (CERVI, 2008, p. 67).
A integração da função avaliativa ao planejamento educacional que se processa no
interior da escola gerou o paradigma da “avaliação como gestão”, que se distingui da avaliação
como medida em termos de função, objeto e aplicação, sendo que a primeira se caracteriza como
a reprodução da aprendizagem e a segunda é caracterizada por um processo formativo, que tem
como intuito a correção cotidiana de possíveis erros, reforço, neutralização, substituição de
condições e recursos pedagógicos. Segundo Cervi (2008, p. 70):
Em nossa atualidade a avaliação pode assumir várias características como quanto a sua
funcionalidade: avaliação diagnostica preditiva, de regulação, formativa, prospectiva, de controle
de qualidade, descritiva, de verificação, de desenvolvimento (CERVI, 2008).
A avaliação diagnostica é uma das formas avaliativas indispensável à atividade
pedagógica, que é utilizada para averiguar os conhecimentos já construídos pelos educandos no
início da apresentação de qualquer tema e atividade a serem trabalhadas, como também
possibilita a identificação das dificuldades apresentadas por estes, sendo assim o educador
poderá supostamente sanar as necessidades refletidas por seus alunos, a fim de ultrapassar os
obstáculos que podem impedir que o trabalho pedagógico se realize.
A avaliação também pode ser caracterizada quanto ao tempo: avaliação inicial,
processual e final; e quanto à atitude valorativa: avaliação normativa, que classifica o objeto
avaliado, e avaliação criterial que relativiza o resultado. A avaliação também pode ser
Quem quer que seja que avalie revela o seu projeto ou o que lhe impuseram os seus
preconceitos, as preocupações, a sua intuição. Ao avaliar o que vejo, digo o que procuro e, se
não estiver consciente disso, não posso pretender ser aquilo que hoje se chama de ator social e
que antigamente se chamava de homem livre. (PhelippeMeirieu)
A avaliação da aprendizagem deve ser entendida como um dos aspectos do ensino pelo
qual o professor estuda e interpreta os dados da aprendizagem e de seu próprio trabalho, logo,
um instrumento de acompanhamento e aperfeiçoamento do processo de aprendizagem do aluno
e, bem como diagnosticar seus resultados e atribuir-lhe o valor. A avaliação da aprendizagem
deve está relacionada a uma concepção de formação de homem reflexivo, crítico e compostura
cidadã. Buscamos com este texto contribuir para uma análise reflexiva levando-os à
compreensão e à superação da discrepância entre a teoria e a prática observada no contexto
escolar. Nossos propósitos visam uma perspectiva de avaliação da aprendizagem “[...] a serviço
de uma pedagogia que entenda e esteja preocupada com a educação como mecanismo de
transformação social”. (LUCKESI, 2002, p.28), contribuindo para o aperfeiçoamento e a tomada
de consciência do professor como agente histórico social transformador da realidade social.
A principal função da forma de avaliação é verificar o que o aluno aprendeu e tomar
uma base de decisão para aperfeiçoar subsequentemente o processo ensino-aprendizagem na
busca de melhores resultados. A avaliação do processo ensino-aprendizagem apresenta três tipos
de funções: diagnóstica (analítica), formativa (controladora) e somativa (classificatória).
A avaliação diagnóstica geralmente é realizada inicialmente pelo educador para
diagnosticar os pontos fracos e fortes do aluno na área de conhecimento em que se desenvolverá
o processo de ensino-aprendizagem. O processo de ensino é um processo de construção de
conhecimento e diagnosticar no início é como verificar se a fundação da casa está boa para se
iniciar a construção, ou seja, se o aluno domina todos os pré-requisitos. Por exemplo, antes de
ensinar as operações de multiplicação, é interessante saber se aluno domina bem o processo de
soma. Assim, o resultado da avaliação diagnóstica pode apontar uma necessidade de revisão de
um assunto que servirá de base para os seguintes, que poderá ser trabalhada individualmente ou
coletivamente. Função da avaliação diagnóstica: A avaliação diagnóstica possui uma importância
elevada no processo de ensino-aprendizagem.
Luckesi argumenta que a avaliação deve ser diagnóstica, voltada para autocompreensão
e participação do aluno. Luckesi defende que a avaliação deva ser um instrumento auxiliar de
aprendizagem (mais diagnóstica) e não para aprovação/reprovação de alunos (menos somativa):
"...que (a avaliação) ela seja um instrumento auxiliar da aprendizagem e não um instrumento de
aprovação ou reprovação dos alunos... Este é o princípio básico e fundamental para que ela
venha a ser diagnóstica. Assim como é constitutivo do diagnóstico médico estar preocupado com
a melhoria de saúde do cliente, também é constitutivo da avaliação da aprendizagem estar
atentamente preocupada com o crescimento do educando. Caso contrário, nunca será
diagnóstica" .Outro aspecto interessante é sobre a ideia de Luckesi da função da avaliação, como
instrumento de autocompreensão do professor, aluno e sistema de ensino, permitindo descobrir
os desvios: No que se refere à proposição da avaliação e suas funções, há que se pensar na
avaliação como um instrumento de diagnóstico para o avanço e, para tanto, ele terá as funções de
autocompreensão do sistema de ensino, de autocompreensão do professor e autocompreensão do
aluno.
O professor, na medida em que está atento ao andamento dos seus alunos, poderá,
através da avaliação da aprendizagem, verificar o quanto o seu trabalho está sendo eficiente, e
que desvios está tendo. O aluno, por sua vez, poderá estar permanentemente descobrindo em que
nível de aprendizagem se encontra, dentro de sua atividade escolar, adquirindo consciência do
seu limite e das necessidades de avanço. Para Luckesi a avaliação funciona como ferramenta de
autocompreensão, deve ter um caráter participativo: "Para que a avaliação funcione para os
alunos como um meio de autocompreensão, importa que tenha, também, o caráter de uma
avaliação participativa. Por participativo, aqui, não estamos entendendo o espontaneísmo de
certas condutas auto-avaliativas, mas sim a conduta segundo a qual o professor, a partir dos
instrumentos adequados de avaliação, discute com os alunos o estado de aprendizagem que
atingiram."Concluindo, Luckesi defende que a avaliação diagnóstica possui elevado valor
didático, uma vez que permite uma correção de rumos do sistema de ensino, do professor e do
aluno, durante o processo de ensino-aprendizagem por meio da autocompreensão, e que para que
esta ocorra, deve ser participativa, através de diálogo adequado com os alunos.
A avaliação formativa é aquela com a função controladora sendo realizada durante todo
o decorrer do período letivo, com o intuito de verificar se os alunos estão atingindo os objetivos
previstos. Logo, a avaliação formativa visa, basicamente, avaliar se o aluno domina
gradativamente e hierarquicamente cada etapa da aprendizagem, antes de prosseguir para outra
etapa subsequente de ensino-aprendizagem, os objetivos em questão. É através da avaliação
formativa que o aluno toma conhecimento dos seus erros e acertos e encontra estímulo para um
estudo sistemático. Essa modalidade de avaliação é orientadora, porque orienta o estudo do aluno
ao trabalho do professor. É motivadora porque evita as tensões causadas pelas avaliações.
A avaliação somativa tem por função básica a classificação dos alunos, sendo realizada
ao final de um curso ou unidade de ensino, classificando os alunos de acordo com os níveis de
aproveitamento previamente estabelecidos. No momento atual a classificação do aluno se
processa segundo o rendimento alcançado, tendo por parâmetro os objetivos previstos. A
avaliação somativa “objetiva avaliar de maneira geral o grau em que os resultados mais amplos
têm sido alcançados ao longo e final de um curso”. Essas três formas de avaliação devem ser
vinculadas ou conjugadas para se garantir a eficiência do sistema de avaliação e a excelência do
processo ensino-aprendizagem.
Apesar de Luckesi defender de forma convincente a avaliação diagnóstica, na prática
vemos uma tendência elevada pela utilização de avaliações somativas, em detrimento das
avaliações diagnósticas e formativas. A percepção de tal tendência é nítida no predomínio do
"modelo vestibular" amplamente utilizado no Brasil e o "modelo prova" na maioria de escolas
que seguem um modelo tradicional de ensino. Mas qual seriam os motivos para esta preferência?
O produto esperado da avaliação diagnóstica é a detecção de problemas, procurando identificar
causas e apontar soluções. Este processo deve ser realizado antes e durante todo o processo de
ensino-aprendizagem, não no final, onde já não há mais tempo hábil para que se apliquem as
devidas correções. Logo, percebe-se que a avaliação diagnóstica ou formativa gera um esforço
maior do professor; este precisa conhecer a deficiência específica de cada aluno, de forma
individualizada, autocompreensiva e participativa. E assim, quando não há preocupação real com
o desenvolvimento do aluno, o professor opta por priorizar a aplicação de avaliações somativas.
Para agravar o problema, alguns professores jogam a sujeira para baixo do tapete, afrouxando as
exigências da avaliação para que notas baixas não reflitam a realidade. É então necessário
reavaliar o processo de avaliação, aplicando avaliações diagnósticas em momentos estratégicos,
e a partir da detecção de doenças aplicar o remédio, mesmo que amargo. Somente assim é que
podemos saudavelmente desenvolver um bom nível de educação. A importância de cada tipo de
avaliação.
Os tipos de avaliações não são excludentes entre si. Uma avaliação pode ter
características diagnósticas, formativas e/ou somativas ao mesmo tempo, servindo para dois
objetivos simultaneamente. Um bom processo de ensino-aprendizagem consiste em um ciclo
iterativo em que se diagnostica forma, classifica e diagnostica novamente. Um educador que
negligencia um ou outro tipo de avaliação geralmente provavelmente não deve colher bom
resultados.
Caso o professor não tenha diagnosticado no início, pode cometer o erro de tentar
ensinar algo que o aluno não é capaz de aprender, por falta de conhecimentos básicos para
construir seu conhecimento. O aluno que não teve avaliações formativas ao longo do curso pode
não ter um bom desempenho na avaliação somativa, por falta de autocompreensão dos assuntos e
negligenciar um estudo mais aprofundado.
“Antes de se avaliar é necessário conhecer a realidade dos alunos, a comunidade que
estão inseridos, os problemas sociais locais, entre outras informações. (Turra et al.- 1996), porém
nas palavras de Vasconcellos (2006), “enquanto o professor não mudar a forma de trabalhar em
sala de aula, dificilmente conseguirá mudar a avaliação formal, decorativa, autoritária, repetitiva
e sem sentido” (p. 67). Este é o nosso grande desafio.E ele precisa acontecer o mais breve
possível, portanto, não pergunte de quem é a vez, esta é a sua vez de refletir sobre a prática
docente. E por meio da reflexão crítica e coletiva buscar subsídios para saber como atuar no
sentido de sua transformação. O importante é estabelecer um diagnóstico adequado para cada
aluno e identificar as possíveis causas de seus fracassos ou dificuldades, visando uma maior
qualificação e não somente uma quantificação da aprendizagem.
A avaliação deve contribuir para o desenvolvimento das capacidades dos alunos, pode-
se dizer que ela se converte em uma ferramenta pedagógica, em um elemento que melhora a
aprendizagem do aluno e a qualidade do ensino. Em minha experiência como educadora, percebo
que o cumprimento mecânico da atividade docente serve muito pouco para uma efetiva
aprendizagem e para o desenvolvimento do aluno, que segundo Luckesi (2005) significa a
formação de suas convicções afetivas, sociais e políticas. Significa o desenvolvimento de suas
capacidades cognitivas e habilidades psicomotoras, enfim, amplia sua capacidade e seu modo de
viver.
Portanto, o planejamento da ação docente, necessita ser precedido de um Projeto
Político Pedagógico que definirá os objetivos políticos da ação com as linhas mestras a serem
seguidas e de um Planejamento Curricular Institucional, que dimensionará os conteúdos
socioculturais que serão transmitidos e assimilados pelos alunos de forma que possibilitem
atingir os objetivos pedagógicos que se tenha estabelecido. Insisto na importância da mudança da
prática do professor não por considerá-lo o grande responsável pelo fracasso escolar. O fato de
apontar para as responsabilidades dos educadores significa que temos um grande poder em mãos,
limitado, mas real que pode levara uma transformação da prática educacional na direção de um
ensino de qualidade e democrático.
O planejamento é indissociável à prática da avaliação, mesmo que não
sistematicamente, todo professor faz uma avaliação do processo. Neste processo de planejar e
avaliar, os primeiros elementos sobre os quais se deve buscar uma explicitação são os objetivos
da prática docente, em termos de competências, habilidades e atitudes a se desenvolver e de
conceitos e procedimentos a se construir. Planejar exige a explicitação prévia dos objetivos de
ensino, com subsequente reflexão quanto às expectativas das atividades para o desenvolvimento
desejado.
A análise da produção do aluno, também, é um momento essencial para o processo de
planejar e avaliar. É estreita e indivisível a relação existente entre a avaliação e os demais
elementos do planejamento no processo de ensinar e aprender, porque da mesma forma que se
avalia o que se ensinou, ou o que se aprendeu, avalia-se para ensinar e aprender melhor. Assim,
não há como dissociar a avaliação dos demais elementos que constituem o planejamento no
intuito de alcançar uma prática significativa em sala de aula.
Libâneo (1994, p.119) explicita essa correspondência quando, falando sobre a relação
dos conteúdos com os objetivos, naturalmente antecipa a questão da avaliação e da metodologia:
“Os objetivos antecipam os resultados e os processos esperados do trabalho conjunto do
conteúdo escolhido quase que aleatoriamente. São, sim, aqueles definidos a partir da análise da
realidade social, econômica, cultural, que estão pautados na visão de sociedade, acima já
colocada, que naturalmente tem relação com o para que ensina, para quem e o que ensinar.
Estes que são a linha diretiva do trabalho do professor, deverão estar muito bem
definidos para ele, a fim de que possa transmiti-los aos alunos e ambos possam, juntos, diminuir
a distância entre o onde se está e o aonde se quer chegar.Quanto á significação dos objetivos,
Libâneo (1994, p.122) deixa-as claros e explicitados d maneira simples, porém contundente,
quando a eles se refere: Os objetivos são o ponto de partida, as premissas gerais do processo
pedagógico. Representam as exigências da sociedade em relação à escola, ao ensino, aos alunos
e, ao mesmo tempo, refletem as opções políticas e pedagógicas dos agentes educativos em face
das contradições sociais existentes na sociedade. Da mesma maneira, os conteúdos e a
metodologia a serem adotados, serão coerentes com os objetivos, isto é, se o aonde ir está
definido, naturalmente se encontram os melhores caminhos para chegar lá. Isso se refere ao
como ensinar. E, consequentemente, se avalia o percurso feito a partir do que se tinha em mente
realizar. Se tudo estiver evidente para o professor em sala de aula, este esclarecerá aos alunos o
sentido do para quer, o que, e o como aprender. Além disso, mostrará o significado da avaliação
diagnóstica a fim de que adquiram, para toda vida, a autonomia para continuar aprendendo a
aprender.
No seu livro Projeto Esperança, Roger GARAUDY nos lembra que, para construir o
futuro, não basta estarmos atentos aos meios educativos; temos de estar atentos aos fins. Diz ele:
"A função primordial da educação já não pode ser adaptar a criança a uma ordem existente,
fazendo com que assimile os conhecimentos e o saber destinados a inseri-la em tal ordem, como
procederam gerações anteriores, mas, ao contrário, ajudá-la a viver num mundo que se
transforma em ritmo sem precedente histórico, tornando-a, assim, capaz de criar o futuro e de
inventar possibilidades inéditas. Que nossos sistemas escolares e universitários atuais não
correspondem em absoluto a esse nova necessidade, é uma evidência que as experiências de
maio de 1968, nas universidades do mundo inteiro, e nas manifestações de contestação dos
estudantes no curso dos anos que se seguiram, foram sintomas brutalmente reveladores.
O problema em questão não pode mais ser resolvido simplesmente por uma reforma do
ensino, isto é, por uma modificação dos meios que permita atingir melhor os fins até aqui
visados, mas por uma verdadeira revolução cultural; que ponha novamente em questão esses
fins, e se “oriente para a pesquisa e a descoberta de um novo projeto de civilização”.
(GARAUDY,1976. p. 10)
Já não basta - e nunca bastou - pensar nos meios, nas técnicas e na sofisticação dos
recursos tecnológicos. Eles são necessários, mas como meios. Toma-se premente aprendera
meditar sobre os fins e os valores que devem orientar a Educação. E, então, os meios serão
selecionados tendo em vista os fins. Necessitamos de eficiência; não eficiência para qualquer
finalidade, mas eficiência que nos auxilie a dar conta das perspectivas de vida sadia para os seres
humanos.Importa que a prática de planejar em todos os níveis: educacional, curricular e de
ensino, ganhe a dimensão de uma decisão política, científica e técnica. É preciso que ultrapasse a
dimensão técnica, integrando-a numa dimensão político-social. O ato de planejar, assim
assumido, deixará de ser um simples estruturar de meios e recursos, para tornar-se o momento de
decidir sobre a construção de um futuro. Será o momento de dimensionar a nossa mística de
trabalho e de vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Referências
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