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A Cabalá e a Comida

Em todas as partes do mundo, os povos mantêm suas tradições, apresentadas em suas


variadas manifestações culturais. O povo judeu, repleto de tradições, apresenta suas
raízes de múltiplas formas, com especial destaque para duas delas, que chamaremos
de tradições orais.
Por tradições orais destacamos as milenares relações entre homens e textos, e com a
alimentação.
A longa história do povo judeu, marcada por constantes perseguições, fez com que
deixassem suas terras inúmeras vezes, tendo que se reestabelecer em praticamente
todas as partes do mundo. Seguindo os mandamentos da lei judaica de observância
dos alimentos, souberam adaptar sua culinária às particularidades de cada novo lar.
Desta forma, a culinária judaica se diferencia das demais existentes pela sua
pluralidade; existe a cozinha judaica marroquina, polonesa, francesa, africana,
japonesa, chinesa, brasileira, americana, entre outras.
No entanto, independentemente do país em que se encontram, a relação com a
comida é a mesma.
Cabalisticamente, a relação entre homens e livros, assim como a de homens e a
comida é a de troca, onde há o compartilhar e o receber, estabelecendo-se, assim, um
fluxo de trocas.
Talvez pareça óbvio, mas é sempre importante frisar que em uma troca, todas as
partes envolvidas precisam estar em uma frequência proativa, para que se revele a
Luz. Isso significa que, se por um lado, uma parte tem o real desejo de compartilhar, a
outra deverá nutrir um sincero desejo de receber. Quando falamos que cozinhar é um
ato de amor, a Cabalá mostra o porquê. Compartilhar é o amor incondicional em ação.

Dois mares

Para ilustrar a importância das trocas, segue uma pequena reflexão:


Ao norte do território israelense estão as Colinas de Golã, que abastecem de água o
Rio Jordão, que atravessa boa parte do país e chega ao Mar Morto.
Ao longo do Jordão, as águas que formam o rio correm, possibilitando trocas de
nutrientes, alimentando o solo dos povoados e cidades ribeirinhas. Por onde o Jordão
passa, florescea vida.
O Jordão deságua no Mar da Galiléia, famoso por sua importância bíblica, atraindo
todos os anos milhares de turistas de todo o mundo. Ali, Jesus manifestou os milagres
de acalmar uma tempestade, o de andar sobre as águas e o da multiplicação dos
peixes. A região é muito procurada para descanso e prática de esportes aquáticos, o
que viabilizou e fortaleceu a atividade econômica, com hotéis, restaurantes e lojas
(nutrindo a região com vida).
O famoso rio continua seu trajeto e deságua no Mar Morto, conhecido pela sua alta
concentração de sal (de acordo com a Cabalá, o sal representa o Desejo de Receber),
onde as formas de vida se resumem a algumas espécies de bactérias e algas.
Desta vez, as águas não escoam, dando prosseguimento ao Jordão ou outro rio.
À luz dos ensinamentos cabalísticos, o Mar Morto não compartilha as águas que
recebe, por isso, a vida nele é escassa.
O que esta pequena reflexão nos ensina? Que podemos escolher entre vivermos
fazendo trocas, nutrindo a vida, como o Mar da Galiléia, ou adotando um
comportamento de Mar Morto, onde não compartilhamos, apenas recebemos.
Aquele que não compartilha, ou seja, que não realiza trocas, se distancia da natureza
da Luz do Criador. Se afasta da fonte da vida.
Convido você a uma breve, mas profunda reflexão através de uma simples afirmação;
as conexões e desconexões na vida de uma pessoa são um reflexo da qualidade de
nossas trocas e relacionamentos.

A relação entre os homens e o alimento

Nos primórdios da história humana, os alimentos disponíveis eram o resultado das


caçadas dos animais que habitavam as regiões habitadas. Quando se tornavam
escassos, os grupos humanos buscavam novos lugares para se estabelecer.
Com o passar do tempo, o homem, que era nômade, começa a desenvolver a
agricultura e a domesticar animais, tecnologias estas que permitirão que se torne
sedentário.
Nos dias de hoje, graças à tecnologia, podemos experimentar comida de praticamente
qualquer parte do mundo sem precisarmos para isso viajar. Podemos pedir um prato
de comida japonesa ou italiana pelo telefone ou internet, que será entregue em alguns
minutos.
Já não nos alimentamos baseados em nossos instintos, mas em nosso raciocínio e de
acordo aos nossos caprichos (desejos).
A importância das trocas

Muitas vezes, ao estudarmos Cabalá, damos mais importância à prática do


compartilhar, mas tão importante quanto, é a do receber.
Com relação à conexão entre homem e alimentos, saber receber significa observar e
estabelecer equilíbrio daquilo que ingerimos, nem mais, nem menos.
O mau recebimento pode acarretar, no nível físico, dores, feridas, manchas e odores.
No nível emocional, pode provocar distúrbios do sono e do sistema nervoso.
No nível espiritual, esse desequilíbrio pode se manifestar como negativismo e impulsos
destrutivos.
Cada pensamento, palavra ou ação reativa cria um véu que encobre nossa luz
espiritual, e é chamada em hebraico de “klipá”, ou casca (“klipót”, ou cascas, no
plural). É interessante notar que, ao mesmo tempo que essas cascas nos impedem de
revelar a Luz que habita em nosso interior, forma-se uma “proteção”, com o objetivo
de preservar sua conexão coma energia original, mas que também constitui um
impedimento da entrega total.
Todos esses tipos de manifestações ou sintomas devem ser entendidas como as
consequências desse desequilíbrio.

Os cinco mundos e as naturezas físicas e espirituais dos frutos

Considerando que cada fragmento do Vaso Receptor contém uma centelha divina, e
que não apenas a Humanidade, mas toda a natureza leva consigo uma preciosa
centelha em cada um de seus integrantes, podemos afirmar que todos os alimentos
carregam a fagulha divina em seu interior.
O ato de nos alimentarmos vai muito além de simplesmente ingerirmos nutrientes e
elementos químicos. A Cabalá ensina que ao comermos algum alimento, sua centelha
divina se une à nossa, como um pequeno passo na jornada da reconstrução do Vaso.
Os cabalistas dividem (e muitas vezes analisam) a realidade nos chamados cinco
mundos, a seguir:
Atzilut (o mundo das emanações) – Como sua tradução explica, trata-se da parte mais
elevada do âmbito espiritual, de onde a Luz emana.
Por tratar-se do mundo mais sutil, por isso mais distante em frequência ao nosso
mundo físico, poderíamos assumir que, se tivéssemos que exemplificar através de
frutos, nenhum fruto conhecido pelo homem atenderia à natureza de Atzilut. O fruto
de Atzilut está além da representação física, e por esse motivo, para representar esse
mundo, teríamos a ideia do jejum, a total falta de necessidade de alimentos
materializados.
O jejum, energeticamente, representa a fé, o nível de total entrega da centelha divina
em uma troca espiritual.

Briá (o mundo da criação) – O princípio criativo vibra em Briá; é de onde se originam as


ideias e os insights, também é parte integrante dos 99%.
Está relacionado ao inconsciente coletivo, uma vez que as ideias fluem em um primeiro
momento, do 99% ao 1% através do inconsciente.
Como exemplo de alimento de Briá, temos a Matzá, o pão ázimo da Páscoa judaica, o
chamado “pão sem ego”, por não levar fermento.
Por sua estrutura e facilidade em ingerí-la, a Matzá pode ser classificado como um
alimento pouco defendido.
Energeticamente, frutos pouco protegidos são aqueles que praticamente não
carregam “klipot”, cargas de reatividade, nem cascas. Entre os frutos, podemos citar os
morangos, figos e amoras.

Yetzirá (o mundo da formação) – Ambos pertencem ao mundo espiritual, mas, se Briá


é o mundo da criação, é em Yetzirá que evoluirá do “status de ideia” para ganhar o de
“projeto”.
O simbolismo é a linguagem para a compreensão de Yetzirá, e seus “alimentos
representantes” são claros exemplos simbólicos, não só para os judeus, como para os
cristãos, como por exemplo, o maná que caía dos céus para alimentar o povo durante
a vida no deserto; a “challá”, o pão trançado consumido no sábado, de profunda
simbologia, e o “charosset”, mistura de maçã, nozes e vinho que representa a
argamassa utilizada pelos escravos nas construções do Egito, enquanto os hebreus lá
viveram como escravos. O “charosset” é consumido na noite de Pessach, a Páscoa
judaica. Pela sua carga de simbologia (que apenas faz sentido para uma parcela da
Humanidade), podemos dizer que se trata de frutos ou alimentos defendidos.
Frutas e frutos relacionados energeticamente a Yetzirá apresentam proteção ao redor
de seus corações (de suas essências, de suas centelhas divinas), como por exemplo, os
pêssegos, tâmaras, ameixas e azeitonas.

Assiá (mundo estrutural e mundo funcional) – é através de Assiá que os projetos


ganham função, para depois, virem à fisicalidade do mundo do 1%.
Sendo assim, para que faça sentido a necessidade de ingerirmos alimentos e nos
nutrirmos de suas centelhas divinas, em Assiá surge a fome e o apetite.
Fisicamente, apresentam-se como frutos super defendidos, com cascas e caroços, por
exemplo, como as nozes, o coco e o abacaxi. Todos eles apresentam maior proteção de
seu coração, por isso, é menor a possibilidade de entrega.

A alimentação e as três atitudes ou posturas


De acordo com observações feitas ao longo dos tempos, verificou-se que há, de
maneira geral, três posturas ou atitudes com relação à alimentação.

A postura ascética – para os que compartilham desse modo de pensar, a abstinência é


uma virtude, onde o homem deve buscar consumir apenas o necessário para sua suas
necessidades físicas, e onde o jejum é entendido como o melhor caminho para
alcançar um estado desantidade.
A postura puritana – de acordo com esse posicionamento, o prazer físico é rejeitado, e
sendo assim, o apetite, uma necessidade vital a ser saciada, é encarado como “um mal
necessário”.
A postura da aceitação com gratidão – representantes dessa opinião são os
“chassídicos” (lê-se “rrassídicos”), que acreditam que o apetite é uma dádiva divina, e
que mesmo não sendo o objetivo final do homem, é muito bem vindo. Como buscam o
sagrado em todas as partes, entendem que a alimentação pode abrir caminhos para a
espiritualidade.
Segundo os mestres do chassidismo, toda a matéria do universo contém partículas da
Luz, ou centelhas de Luz, e o ato de nos alimentarmos, cabalisticamente representa a
absorção das centelhas presentes nos alimentos pelos seres humanos, reconectando
mais partículas do Vaso Receptor.
Através da meditação direcionada, elevamos as energias espirituais neles presentes,
ao passo que agradecemos a oportunidade de não apenas ter acesso a determinados
alimentos, como à de poder elevar espiritualmente as centelhas neles presentes.

As brachót (lê-se “brarrót”), ou bênçãos sobre os alimentos


A fim de elevar as centelhas divinas presentes nos diversos alimentos, os cabalistas
utilizam fórmulas distintas, segundo a natureza de cada tipo de comida, como veremos
a seguir, em suas formas originais em hebraico, transliteradas e traduzidas.
Cada uma dessas bênçãos devem ser proferidas imediatamente antes de ingerir os
alimentos.
A bênção do pão.
Antes de comer pão,“Matzáh” (o pão ázimo de Pessach, a Páscoa judaica), pão pita ou
pizza (feitos à base de um dos cinco cereais – trigo, cevada, centeio, aveia ou espelta)
recitamos a bênção abaixo.
No entanto, se a base da massa tiver sido feita com algum outro líquido que não água,
usa-se a bênção “BORÊ MINÊI MEZONÓT”, como veremos adiante.
Alimentos ingeridos com pão (sanduíches, canapés, etc...)

A bênção do pão isenta a pessoa de recitar todas as outras bênçãos anteriores a


alimentos (exceto as de vinho, frutas e sobremesas).

“BARÚRR ATÁ ADONAI, ELOHÊINU MÉLERR HAOLÁM, HAMOTZÍ LÉRREM MIN-AÁRETZ.


BENDITO SEJAS, NOSSO DEUS, REI DO UNIVERSO, QUE RETIRA O PÃO DA TERRA.”

A bênção do vinho.

“BARÚRR ATÁ ADONAI, ELOHÊINU MÉLERR HAOLÁM, BORÊ PRÍ HAGÁFEN.


BENDITO SEJAS, NOSSO DEUS, REI DO UNIVERSO, QUE CRIA O FRUTO DA VIDEIRA.”

A bênção das frutas que crescem em árvores.

“BARÚRR ATÁ ADONAI, ELOHÊINU MÉLERR HAOLÁM, BORÊ PRÍ HAÊTZ.


BENDITO SEJAS, NOSSO DEUS, REI DO UNIVERSO, QUE CRIA O FRUTO DA ÁRVORE.”
A bênção dos alimentos retirados do solo.
Antes de ingerir frutas que nascem em árvores que não renovam seus galhos (caso da
banana) ou que crescem muito próximas ao solo (casos do morango e melão), assim
como legumes, hortaliças e verduras, recita-se:

“BARÚRR ATÁ ADONAI, ELOHÊINU MÉLERR HAOLÁM, BORÊ PRÍ ADAMÁ.


BENDITO SEJAS, NOSSO DEUS, REI DO UNIVERSO, QUE CRIA O FRUTO DA TERRA.”

A bênção dos alimentos de origens diversas.


Antes de ingerir produtos à base de um dos cereais mas que não seja pão, (bolos,
tortas, macarrão, biscoitos etc.), recita-se:

BARÚRR ATÁ ADONAI, ELOHÊINU MÉLERR HAOLÁM, BORÊ MINÊI MEZONÓT.


“BENDITO SEJAS, NOSSO DEUS, REI DO UNIVERSO, QUE CRIA DIVERSAS FORMAS DE
ALIMENTOS.”

A bênção dos demais alimentos.


Antes de ingerir um alimento não incluído nas categorias acima, como chocolate, bala,
pipoca, sorvete, cogumelo, queijos, ovos, peixes, carnes etc. ou antes de beber
qualquer líquido (exceto o vinho ou suco de uva), recita-se:

BARÚRR ATÁ ADONAI, ELOHÊINU MÉLERR HAOLÁM, BORÊ MINÊI MEZONÓT.


“BENDITO SEJAS, NOSSO DEUS, REI DO UNIVERSO, QUE TUDO VEM A EXISTIR POR SEU
VERBO”.
A bênção “Shehecheyanu”.
Ela é recitada, além da bênção regular, sempre que se faz algo pela primeira vez no
ano, como cumprir preceitos religiosos, o primeiro acendimento das velas de
“Chanucá”, a leitura da “Meguilá” (leitura ritual) em Purim, e segurar o “lulav” e
“etrog” (respectivamente, uma folha de palma específica e uma espécie de limão
durante as festas de “Sucot” (Cabanas). Além disso na primeira vez a cada ano que
alguém come uma fruta que é sazonal, ou seja, que cresce somente numa
determinada época do ano, o fruto é considerado “um novo fruto” e essa bênção
especial é recitada.
Usa-se essa bênção também cada vez que voltamos a fazer algo depois de muito
tempo, como voltar de um longo exílio, por exemplo.

Deveria preferivelmente ser dita antes da bênção regular sobre o fruto, embora alguns tenham

o costume de dizê-la depois. A bênção é recitada somente se o fruto estiver maduro (não

seco). Exemplos de frutos sazonais sobre os quais se pode dizer essa bênção: uvas, figos ou

tâmaras frescos, romãs, kiwi, cerejas, tangerinas, cantalupos e morangos.

“BARUCH ATÁ ADONÁI, ELOHÊINU MÉLERR HAOLÁM, SHEHERREIÁNU

VEKIÍMMÁNU VEIGUIÁNU LA ZMÁN AZÉ”

“BENDITO SEJAS, NOSSO DEUS, REI DO UNIVESO, QUE NOS CONCEDEU A VIDA, NOS

SUSTENTOU E NOS PERMITIU CHEGAR ATÉ ESTE MOMENTO.”

A “KASHRUT” (AS LEIS DE OBSERVÂNCIA ALIMENTAR JUDAICA)

Vimos no início destee texto que os judeus se disseminaram por praticamente todas as
partes do mundo, levando sua cultura, muitas vezes adaptando-a aos seus novos lares,
como é o caso das variadas gastronomias judaicas presentes no planeta.
Por mais diversas que sejam, todos os judeus observantes da religião obedecem às leis
da “kashrut”, um conjunto de leis existentes na “Torá”, o texto sagrado do judaísmo,
que define os tipos de alimentos próprios para o consumo dos judeus pelo mundo.
A comida “kasher” (o termo significa algo como “de acordo”, ou “correspondente”)
classifica os vários tipos de alimentos que os judeus podem ou não comer.
Para simplificar essa classificação, podemos dividir os alimentos “kasher” em três
categorias básicas: carnes, laticínios e “parve”.
Um dos princípios básicos da “kashrut” é a total separação entre carne e laticínios; não
podem ser preparados ou ingeridos juntos. Para garantir que isso não ocorra, a
cozinha “kasher” contém conjuntos separados de louças, utensílios, panelas e áreas
separadas para o preparo de carne e laticínios.
Sob a ótica da Cabalá, não se deve misturar derivados de carne com derivados de leite
em uma mesma refeição, conforme está nas Escrituras, porque a carne lembra a
energia da morte, e o leite, simboliza o início da vida, sendo portanto, uma
combinação não recomendável.
Além disso, a cor do sangue, o vermelho, tem a frequência do desejo de receber para
si mesmo, enquanto o branco, do leite, tem a frequência do desejo de compartilhar
(no caso, a vida, transferido da mãe para o filho).
A terceira categoria, a “parve”, é composta por alimentos que não são carne nem leite,
e portanto podem ser consumidos com qualquer um dos dois. Costuma-se ter
utensílios separados também para os alimentos “parve”.

Carne
A categoria inclui carne, aves e seus sub-produtos, como ossos, sopa ou molho.
Qualquer comida preparada a partir desses alimentos é considerada “carne”. Uma só
gota de molho derivado de carne ou derivados em contato com alimentos derivados
de latícinios (ou vice-versa), tornam o alimento não “kasher”.

Todos esses ingredientes devem vir de um animal “kasher”, adequadamente abatido e


preparado segundo as leis judaicas. A forma de abate é muito importante, já que o
responsável não deve (e estuda muito para) não trazer sofrimento ao animal.

Como saber quais são os animais considerados “kasher” ?


• Os cascos devem ser completamente fendidos, isto é, visualmente divididos em
duas partes.
Do ponto de vista da Cabalá, ter os cascos fendidos materializa no corpo do
animal as três colunas de energia que movem o Universo, sendo elas a energia
de Receber (coluna da esquerda), a energia de Compartilhar (coluna da direita)
e a energia de Receber para Compartilhar, também associada ao livre-arbítrio
(coluna do meio, que no caso do casco fendido, é a fenda em si).
• O animal deve ser ruminante, ou seja, seu sistema digestivo se caracteriza por
“devolver” a comida do estômago para a boca para uma segunda mastigação.

Cabalisticamente, entende-se que o animal, ao ruminar, faz algo análogo a


fazer a restrição (quando o homem repensa uma situação antes de
simplesmente reagir).

Um animal é considerado “kasher” apenas se possuir os dois sinais: ter os cascos


completamente fendidos e ser ruminante. Os seguintes animais têm apenas um destes
sinais:
• O camelo é ruminante, mas seus cascos são fendidos apenas parcialmente; os
cascos voltam a unir-se na base novamente.
• O texugo também é ruminante, mas seus cascos não são fendidos.
• O coelho é ruminante, mas seus cascos não são fendidos.
• O porco tem cascos fendidos, mas não é ruminante.

Peixes
Dentre os peixes, um judeu pode comer apenas os tipos que têm tanto barbatanas
como escamas. Exemplos de peixe “kasher”: atum, salmão, carpa, arenque, pescada e
truta. Exemplos de peixes não “kasher” são: o bagre, enguia e tubarões.

Metafisicamente, as escamas são um elemento do corpo dos peixes que lhes


permitem “compartilhar” a luz debaixo da água.
Quando um judeu vai a uma peixaria cujo dono não é um judeu observante, não pode
adquirir peixe do qual as escamas e barbatanas foram retiradas antes que ele
chegasse, mesmo se o dono disser que o peixe é “kasher”.

Moluscos e crustáceos não podem ser consumidos. No caso dos crustáceos, por terem
uma espécie de “armadura” externa (lagostas, camarões, etc…), o que
metafisicamente representa “cascas” para sua proteção do mundo exterior (como as
camadas de negatividade causadas pelo ego no homem).

Aves
De acordo com as leis da “kashrut”, existe uma lista de 24 aves proibidas. São aves de
rapina que seguram a presa com suas garras. Dentre elas estão a águia, o corvo e a
cegonha.

Gafanhotos, Animais Rastejantes e Insetos


Pela lei da “kashrut”, estão permitidos para consumo quatro tipos de gafanhotos.
Apesar disso, atualmente isto nos é proibido pois perdemos a tradição que nos
possibilitaria saber quais gafanhotos são casher e quais não o são.

Insetos são proibidos, também, assim como animais rastejantes como cobras,
escorpiões e vermes. Algumas frutas e vegetais podem ter insetos ou vermes dentro
deles. Devemos verificar cada um cuidadosamente, e comê-los apenas depois de ter
certeza de que estão livres de vermes e insetos.

Assim como a carne de animais não “kasher” é proibida, também não podemos beber
seu leite. Podemos beber leite apenas se for de animal “kasher”, como vaca ou cabra.
O leite “kasher” deve ser observado desde o início da ordenha até seu
engarrafamento. Apenas desta maneira podemos ter certeza de que nenhum leite de
animal não “kasher” foi misturado a ele.
Mel é feito por abelhas, que não são “kasher”, mas de acordo com a “Torá”, podemos
ingerir seu mel.
Laticínios
Todos os alimentos contendo leite ou derivados são considerados laticínios. Isso inclui
leite, manteiga, iogurte e todos os tipos de queijo, seja ele duro, macio ou cremoso.
Até uma pequena quantidade de laticínio num alimento faz a comida ser considerada
laticínio.
Nota: Alguns cremes “não-lácteos”, doces, cereais e margarina podem conter leite ou
seus derivados, bem como alguns adoçantes de baixa caloria.

“Parve”
Alimentos que não são nem carne nem leite são considerados “parve”. Isso significa
que não contêm derivados de carne ou laticínios, e não foram cozidos ou misturados
com leite ou carne.
Ovos, peixe, frutas, legumes, cereais e sucos são alimentos “parve” comuns. Outros
incluem macarrão, refrigerantes, café e chá, e muitos tipos de doces e salgadinhos.
Todos os produtos – carne, leite ou “parve” – que foram processados devem ser
adquiridos somente se tiverem um certificado “kasher”, isto é, que passam por uma
severa fiscalização rabínica.

Podemos notar que a categoria “parve” permite o vegetarianismo de forma ampla,


uma vez que não há proibições sobre o consumo desses tipos de alimentos.

O banquete celestial

A relação espiritual do ser humano com os alimentos é de troca, como vimos


anteriormente, pois no ato do consumo, a centelha divina presente no alimento pode
ser elevada ao unir-se à centelha divina daquele que o consome.
Esta é apenas uma das formas de elevarmos essas centelhas presentes na Criação, com
o único objetivo de reconstruirmos o Vaso Receptor, para que possamos assim,
receber a Luz do Criador de forma plena e infinita novamente.
A Cabalá menciona o “Banquete Celestial”, o momento em que todos nós estaremos
no plano dos 99%, brindando a reconstituição do Vaso, por muitos conhecido também
como a “volta do Messias”.
Diz-se que há duas datas importantes em nossas vidas: o dia em que nascemos e o dia
em que descobrimos nosso propósito na Terra.
A partir desse segundo momento, deveríamos nos preparar espiritualmente com
alegria, humildade e serenidade para a chegada do Banquete Celestial.

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