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DOI: 10.1590/1413-81232015205.

00502014 1475

Resiliência e velhice: revisão de literatura

revisão review
Resilience in aging: literature review

Arlete Portella Fontes 1


Anita Liberalesso Neri 1

Abstract Psychological resilience is comprised of Resumo Resiliência é compreendida como um


an adaptive functioning standard before the cur- padrão de funcionamento adaptativo frente aos
rent and accumulated risks of life. Furthermore, riscos atuais e acumulados ao longo da vida.
it has a comprehensive range of psychological re- Engloba uma variedade de recursos psicológi-
sources which are essential to overcome adversi- cos, essenciais para a superação de adversidades,
ties, such as personal competences, self-beliefs and como as competências pessoais, as autocrenças e o
interpersonal control which interact with the so- controle interpessoal em interação com os apoios
cial networks support. The objectives are to show sociais. Os objetivos são apresentar conceitos de
the concepts of psychological resilience in elderly, resiliência psicológica em idosos, associados aos
relative to dominant theoretical models and the modelos teóricos dominantes e descrever os prin-
main data about psychological resilience in aging, cipais dados encontrados em revisão de literatura
found in an international and Brazilian review internacional e brasileira, no período 2007 – 2013.
from 2007 to 2013. The descriptors “resilience, Foram utilizadas as bases de dados PubMed, Psy-
psychological resilience and aging”, “resiliência choInfo, SciELO e Pepsic, como descritores os
e envelhecimento, velhice e velho”, were used in termos resilience, psychological resilience e aging
PubMed, PsychInfo, SciELO and Pepsic databas- e resiliência e envelhecimento, velhice e velho. Fo-
es. Fifty three international and eleven national ram selecionados e analisados 53 artigos interna-
articles were selected. The international articles cionais e onze nacionais. Os artigos internacionais
were classified in four categories: psychological foram classificados em quatro categorias: recursos
and social coping resources, emotional regulation psicológicos e sociais de enfrentamento, regulação
before stressing experiences, successful resilience emocional frente a experiências estressantes, resi-
and aging and correlates, and resilience measures. liência e envelhecimento bem-sucedido e correla-
The Brazilian articles were grouped in three: psy- tos, e medidas de resiliência. Os artigos brasileiros
1
Programa de Pós- chological and social resources, resilience in carers foram agrupados nas categorias recursos psicoló-
Graduação em and theory review. Articles on psychological re- gicos e sociais de enfrentamento, resiliência em
Gerontologia, Faculdade sources and on emotional regulation prevailed as cuidadores e revisão teórica. Predominam artigos
de Ciências Médicas.
Universidade Estadual de key factors associated with psychological resilience sobre recursos psicológicos e sociais e sobre regu-
Campinas. Av. Tessalia in aging. lação emocional como fatores-chave associados à
Vieira de Camargo 126, Key words Resilience, Coping, Emotional regu- resiliência psicológica na velhice.
Cidade Universitária. 13083-
887 Campinas SP Brasil. lation, Elderly Palavras-chave Resiliência, Enfrentamento, Re-
arletepfontes@gmail.com gulação emocional, Idoso
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Fontes AP, Neri AL

Introdução Laranjeira9, utilizando como descritores os


termos adaptação, vulnerabilidade, modelo de
Na Física, o termo resiliência é referente à “pro- resiliência, idoso e eventos de vida, em pesquisa
priedade pela qual a energia armazenada em um realizada nas bases Medline, Lilacs e PsycINFO
corpo deformado é devolvida quando cessa a (base de dados na área de Psicologia, desenvolvi-
tensão causadora de uma deformação elástica”1. da pela APA), encontrou 44 artigos, de cuja aná-
Outras áreas passaram a utilizar o termo, dentre lise derivou quatro núcleos temáticos: precurso-
elas a psicopatologia, por fazer referência à he- res da resiliência; resiliência e envelhecimento;
terogeneidade de padrões de respostas frente a relatividade dos fatores de proteção; e resiliência
estressores associados a doenças, dificuldades so- e velhice bem-sucedida. Neste último núcleo, a
cioeconômicas, psicopatologias parentais e rup- resiliência foi associada à baixa probabilidade
turas na unidade familiar em crianças, algumas de doença, preservação da funcionalidade física
delas sucumbindo a tais experiências, enquanto e cognitiva e engajamento com a vida, descritos
que outras escapavam ilesas ou se tornavam mais por Rowe e Kahn10 como indicadores capitais de
fortes2. Na Psicologia, o estudo da resiliência co- velhice bem-sucedida.
meçou há cerca de 30 anos, quando psicólogos Fazendo referência a recursos psicológicos
do desenvolvimento começaram a observar dife- essenciais para a superação de adversidades e
rentes possibilidades para o desenvolvimento de para a recuperação dos níveis normais de fun-
crianças consideradas como de risco, pelo fato de cionamento e desenvolvimento em situações de
viverem expostas a adversidades3. A considera- estresse, o construto resiliência é definido como
ção da resiliência na vida adulta e na velhice foi um padrão de funcionamento adaptativo diante
influenciada pelo movimento conhecido como de riscos biológicos, socioeconômicos e psico-
Psicologia Positiva4, pelas noções de plasticida- lógicos6-9,11-14. Na velhice, esses riscos incluem a
de intraindividual5 e de reserva de capacidade morte de entes queridos; acidentes, doenças e in-
cognitiva6. capacidades atingindo o próprio idoso; pobreza;
Atualmente, o termo resiliência tem sido uti- abandono; conflitos familiares; violência domés-
lizado em diferentes contextos, tais como o aca- tica e urbana; tensão crônica de papéis sociais e
dêmico; o do paradigma de desenvolvimento ao ansiedade e depressão em virtude da exposição a
longo do curso de vida; o das teorias e fases do eventos críticos.
desenvolvimento, com destaque para a adoles- Nesse contexto este artigo representa uma
cência, a vida adulta e a velhice; o da recuperação atualização das revisões publicadas no Brasil, e
do indivíduo após situações traumáticas e o do internacionalmente sobre resiliência, assumin-
desempenho nas organizações7. do-se os idosos como foco. Tem um duplo ob-
Uma revisão bibliográfica apresentada por jetivo: um é apresentar conceitos associados aos
Souza e Ceverny8 no período de 1986 a 2004, nos modelos teóricos dominantes no campo; o outro
periódicos Medline (Medical Literature Analysis é analisar os resultados da busca bibliográfica de
and Retrieval System Online), Lilacs (Literatura artigos publicados no Brasil e em periódicos in-
latino-americana e do Caribe em ciências da saú- ternacionais entre 2007 e 2013, com relação ao
de) e APA (American Psychologic Association), uti- tema.
lizando a palavra-chave resiliência, mostrou que
as publicações vêm triplicando a cada período de Variações do construto resiliência
cinco anos, abordando crianças e adultos (maior na velhice
crescimento nos últimos anos) e idosos (a partir
de 1999). Na base de dados APA, a partir de 1999, Buscando identificar os modelos teóricos
são incluídas temáticas sobre religião, racismo, dominantes para a compreensão do construto
violência familiar, homossexualidade, sobrevi- de resiliência, constata-se uma discussão clássica
vência ao terrorismo8. No Brasil, nas bases Capes sobre o conceito de resiliência ser visto como um
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal traço de personalidade ou como um processo15.
de Nível Superior), SciELO (Scientific Eletronic Como um traço, a resiliência é considerada um
Library Online) e Universia (portal de informa- recurso estável que permite uma perfomance es-
ções sobre conhecimentos e pesquisa aplicada e tável sob estresse. Assim, a resiliência refere-se a
colaboração institucional entre universidades e uma tendência de, sob estresse, responder com
empresas), os temas mais pesquisados são famí- flexibilidade, e não com rigidez. Dentro des-
lia, adolescentes e crianças, sendo que há cinco sa visão, o construto hardiness16 refere-se a um
publicações envolvendo adultos e cinco idosos8. conjunto de traços como comprometimento,
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controle e abertura à mudança que podem ser res de risco e das características de personalida-
vistos como uma disposição global da personali- de. Enquanto variável moderadora, sua função é
dade para resistir ao estresse. Atente-se que, essa mitigar os efeitos negativos do estresse associado
abordagem centrada no indivíduo corre o risco aos riscos e adversidades sobre a adaptação do
de subestimar o papel de fatores externos e va- indivíduo18.
riáveis de contexto, não oferecendo uma descri- O paradigma de desenvolvimento ao longo
ção do que e como tem acontecido. Em sua outra da vida adota os conceitos de plasticidade e de
interpretação, quando resiliência é analisada sob capacidade de reserva para fazer referência à re-
a ótica do processo, fala-se em enfrentamento, siliência como manutenção do desenvolvimento
podendo ser ela interpretada como uma ponte normal, apesar dos riscos, e como recuperação
entre os processos de enfrentamento e o desen- após situações traumáticas5,6.
volvimento15. O grau de resiliência de um indiví- A plasticidade envolve padrões de mudança
duo é considerado, assim, como função de fato- adaptativa, incluindo aumento, diminuição ou
res protetores (internos e externos), que podem manutenção das capacidades. Na infância, esse
alterar as respostas da pessoa, sob determinadas conceito traduz-se em maturação e em aprendi-
circunstâncias ambientais6. zagem, que são forças propulsoras de mudanças
Subjacentes ao conceito geral de resiliência orgânicas e comportamentais. Na vida adulta e
como um padrão de funcionamento adaptati- na velhice, traduz-se em flexibilidade diante dos
vo no contexto de risco ou adversidade há duas estressores. Os limites da plasticidade biológica e
condições básicas: 1. a exposição a um risco sig- comportamental naturalmente se estreitam com
nificativo; e 2. a evidência de adaptação positiva o envelhecimento.
às ameaças ao desenvolvimento11. A adaptação A capacidade de reserva diz respeito ao po-
positiva pressupõe bom desenvolvimento apesar tencial de manutenção e de recuperação dos ní-
dos riscos; competência para lidar com o estresse, veis de adaptação normal, por meio da ativação
incluindo a capacidade de minimizar os efeitos de recursos latentes. As respostas adaptativas po-
do evento estressante; capacidade de recuperação dem variar conforme o contexto, o tempo, a ida-
rápida após o trauma; e, em longo prazo, conten- de, o gênero e a cultura, e segundo a autoestima e
ção de respostas negativas e capacidade de prover o senso de autoeficácia19. Na velhice, a resiliência
consequências positivas a comportamentos que é função das reservas afetivas e cognitivas e mani-
impliquem em superação da adversidade17. festa-se por meio dos recursos de enfrentamento
Assim, são considerados como psicologica- e de regulação afetiva, da motivação, das metas
mente resilientes os idosos que não sucumbem e das autocrenças de capacidade. Um dos pres-
às adversidades, mas, ao contrário, na presença supostos do modelo de desenvolvimento ao lon-
delas, exibem um padrão adaptativo positivo ca- go da vida é que a resiliência não só não declina,
racterizado pelo manejo dos eventos que amea- como tende a aumentar, funcionando como me-
çam a adaptação, ou que, depois de serem afe- diador para o alcance de bons padrões de adap-
tados por adversidades, logram recuperar seus tação, reconhecidos como velhice bem-sucedida5.
níveis anteriores ou basais de bem-estar objetivo Resiliência é também definida como força
e subjetivo. Diante de adversidades, o idoso pode interna, crescimento interno e poder ou força
alterar o significado a elas atribuído, reduzir cog- pessoal20, que se relacionam com o senso de coe-
nitivamente o nível de perigo dos eventos estres- rência, as metas de vida (ou propósito) e a auto-
sores, reduzir sua exposição a eles, diminuir as transcendência (capacidade de projetar-se além
próprias reações negativas, manter a autoestima de si mesmo, em direção ao altruísmo, a uma
e a autoeficácia e criar oportunidades para rever- obra a qual a pessoa se dedica, a uma pessoa que
ter os efeitos do estresse16. Tais ações opõem-se ama ou a Deus21). Nesse enfoque, a resiliência
à vulnerabilidade, entendida como carência de abrange conteúdos, como: sentir-se competente
recursos psicológicos para enfrentamento. Elas mesmo aceitando a ajuda dos outros; olhar para
envolvem manejo dos efeitos deletérios dos riscos o lado luminoso da vida, sem esconder o lado
e das ameaças à adaptação. Isso significa que, se sombrio; ser ativo, mas também relaxado; ser o
puder contar com recursos de resiliência, o idoso mesmo, ainda que com nova aparência; e viver
não sucumbe a fatores de risco biológico, socioe- conectado ao presente, mas também ao passado
conômico e psicossocial. e ao futuro20.
Enquanto variável dependente, a resiliência A resiliência aparece ainda associada à regu-
é entendida como produto da interação entre a lação emocional para enfrentamento de adver-
natureza, a quantidade e a intensidade dos fato- sidades. Segundo esse enfoque, as vantagens do
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aumento da capacidade de regulação emocional, medidas foram assumidas como indicadoras de


vinculado ao envelhecimento, refletem-se em resiliência. A validade fatorial das medidas foi
maior adaptação dos sistemas cardiovascular e testada, utilizando-se a técnica de análise fatorial
imune; em mais recursos cognitivos, incluindo confirmatória. De acordo com esse modelo, a re-
senso de autoeficácia; em maior habilidade de siliência pode ser comparada a um amplo guar-
buscar suporte social; em maior capacidade de da-chuva, que abriga recursos psicológicos essen-
adaptar-se à intensidade dos eventos estressan- ciais para a superação de adversidades, tais como
tes; em maior integração cognitiva e afetiva; em competências pessoais, autoestima, autoeficácia e
mecanismos de defesa mais maduros; em menos controle interpessoal26. Com exceção da dimen-
neuroticismo (traço de personalidade relaciona- são sociopolítica, que apresentou baixas correla-
do a sintomas depressivos, ansiedade e infelici- ções com os indicadores de resiliência, foram ob-
dade); em maior consciência; no uso preferencial servadas correlações médias entre os indicadores
de estratégias proativas de enfrentamento; e em de resiliência e as demais medidas, sugerindo que
mais satisfação com a vida22,23. representam um constructo comum26.
Recursos individuais e sociais de enfrenta- A literatura teórica sobre resiliência na velhi-
mento auxiliam os idosos a lidarem com eventos ce converge no que diz respeito à importância de
críticos por meio da atribuição de significados à elementos do self, tais como autoconceito, auto-
luz da experiência passada, da busca e da manu- estima e regulação emocional, e dos recursos do
tenção de atividades prazerosas, do desempenho meio representados pelo suporte social e familiar
de papéis sociais relevantes, da adoção de estra- e pelos relacionamentos com a comunidade. Essa
tégias de enfrentamento adaptativas e do acio- interpretação de resiliência vem ao encontro da
namento de suporte social. Tais mecanismos de perspectiva de considerá-la como um processo,
enfrentamento promovem resiliência por meio onde interagem determinantes do meio e con-
da atenuação, da transformação ou da negação dicionantes individuais. Ainda, nessa literatura,
do impacto das adversidades24. há também ampla aceitação da importância da
Outro aspecto a considerar sob a ótica da resiliência para a manutenção da funcionalidade,
regulação emocional é a intensidade do estresse. do bem-estar subjetivo, do senso de ajustamento,
Quando os idosos vivenciam altos níveis de es- da motivação para a atividade e do envolvimento
tresse, observa-se acentuação e prolongamento vital, elementos que têm como papel central pro-
de experiências emocionais negativas e redução teger o idoso da influência das perdas, dos riscos
da flexibilidade cognitiva25. Apesar de o idoso e das ameaças sobre a adaptação.
apresentar um funcionamento socioemocional Tendo esses conceitos em mente, procedeu-se
igual ou superior ao de adultos jovens, em al- à revisão bibliográfica que ora se apresenta.
gumas situações ele pode ficar impossibilitado
de empregar estratégias eficazes, por exemplo,
quando diante de comprometimento cognitivo, Método
de doenças crônicas, como artrite reumatoide,
osteoartrite, fribromialgia22 e de experiências de Foram realizadas duas buscas, sendo uma delas
perda de familiares e amigos, que frequentemente em periódicos internacionais e a outra em na-
associam-se à depressão. Um idoso pode registrar cionais. A busca internacional nas bases de da-
o mesmo nível de afeto negativo que um adulto dos PubMed e PsycINFO abrangeu o período de
jovem sem doenças crônicas, porém essa vanta- janeiro de 2007 a agosto de 2013, usando como
gem desaparece diante de altos níveis de estresse25. descritores os termos resilience, psychological resi-
Alguns estudos refletem a multiplicidade de lience and aging. De um total de 67 artigos encon-
fatores de proteção e de processos adaptativos trados, foram selecionados para análise 53 arti-
englobados pelo conceito de resiliência3. Nessa gos referentes à pesquisa sobre resiliência, sendo
visão de análise dos múltiplos fatores compo- excluídos aqueles que incluíam apenas adultos
nentes do construto, Windle et al.26 examinaram jovens, não fazendo referência a adultos mais ve-
o conceito de resiliência psicológica na velhice, lhos; os que exploravam temas específicos dentro
apoiando-se nos dados de uma amostra repre- da resiliência como transtorno de estresse pós-
sentativa de 1847 pessoas com idade variando traumático e suicídio; e um estudo sobre resili-
entre 50-90 anos, provenientes da Inglaterra, do ência em animais. Os 53 artigos restantes foram
País de Gales e da Escócia, as quais foram sub- submetidos à análise, buscando-se identificar as
metidas à avaliação de autoestima, do controle principais variáveis investigadas, a amostra e os
interpessoal e das competências pessoais. As três principais resultados.
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A busca em periódicos brasileiros foi feita va regularidade nos próximos anos. Nos últimos
nas bases de dados SciELO e PePSIC – Periódicos seis anos, foi produzida uma média de 7,57 arti-
Eletrônicos em Psicologia, abrangendo idêntico gos por ano, sendo que a maior produção se deu
período de seis anos. Foram utilizados como des- nos anos de 2009 a 2011. A categoria com menor
critores os termos resiliência e envelhecimento, re- frequência de artigos publicados foi a medidas de
siliência e velho, e resiliência e idoso, e foram ana- resiliência (dados não apresentados em tabela).
lisados os mesmos aspectos considerados com Em 23 dos 53 artigos encontrados na litera-
relação à literatura internacional. tura internacional, o termo resiliência apareceu
Foram derivados elementos organizadores no título. Nos demais, apareceu no resumo ou no
conceituais comuns, ou seja, categorias de análise corpo do texto. Foram encontrados 22 artigos na
relativas aos temas focalizados pelos artigos. Os Categoria 1. Recursos psicológicos e sociais de en-
artigos internacionais foram agrupados em qua- frentamento; 17 artigos na Categoria 2. Regulação
tro categorias, listadas a seguir: emocional; 10 artigos na Categoria 3. Envelheci-
Categoria 1. Recursos psicológicos e sociais de mento bem-sucedido e correlatos; e 04 artigos na
enfrentamento: artigos relativos ao controle dos Categoria 4. Medidas de resiliência. A seguir, são
estressores externos e internos, mediante a uti- apresentados os Quadros 1, 2, 3 e 4, referindo-se
lização de recursos do self e da cognição e de aos artigos encontrados em cada uma das cate-
apoios sociais informais pelo idoso. gorias de análise, contendo para cada um deles a
Categoria 2. Regulação emocional diante de identificação dos autores e uma breve descrição
experiências estressantes: artigos relativos ao de seus objetivos, amostra e resultados.
processo de manejo dos correlatos fisiológicos, Nos artigos da Categoria 1. Recursos psicológi-
emocionais e comportamentais do estresse e à cos e sociais de enfrentamento (Quadro1), maior
atribuição de valência positiva ou negativa às resiliência associou-se à boa qualidade dos re-
pressões internas e externas . lacionamentos, integração à comunidade, alto
Categoria 3. Resiliência e envelhecimento bem- uso de enfrentamento adaptativo (voltado para
sucedido e correlatos (bem-estar, satisfação com a solução de problemas) e ao enfrentamento di-
a vida, qualidade de vida): artigos sobre saúde, recionado ao desenvolvimento (por exemplo,
atividade, produtividade, satisfação e bem-estar lidar com a adversidade de modo positivo)24. O
como variáveis promotoras de resiliência e sobre engajamento criativo em redes sociais pode ter
comparações entre os paradigmas de envelheci- um efeito neuroprotetor para os idosos, inclusi-
mento bem-sucedido e resiliência. ve demenciados27. Em estudo qualitativo, envol-
Categoria 4. Medidas de resiliência: artigos vendo idosas da zona rural de uma comunidade
metodológicos sobre validação de medidas des- norte-americana, a resiliência é descrita como
tinadas a adultos e idosos. uma condição associada a ter um modo frugal de
Os artigos nacionais foram agrupados em vida, suporte social e aceitação28. O suporte so-
três categorias: cial também é associado à resiliência em idosos
Categoria 1. Recursos psicológicos e sociais de en- urbanos, recrutados em igrejas, organizações de
frentamento (definição idêntica aos internacionais). aposentados e centros de orientação nutricional.
Categoria 2. Resiliência em cuidadores de ido- Por meio de análise de regressão multivariada foi
sos: artigos relativos a função/processo de cuidar encontrada relação entre resiliência e o desejo de
de idosos. buscar ajuda para sintomas depressivos29.
Categoria 3. Revisão teórica: artigos contendo As relações entre resiliência e o impacto de re-
revisões bibliográficas. cursos pessoais e sociais são ainda evidenciadas em
estudos de anos mais recentes, como no de Mertens
et al.30, no qual se associa um alto grau de resiliência
Resultados (avaliada como maestria pessoal) ao funcionamen-
to físico, mental e social em 361 idosos holandeses,
Periódicos internacionais de idade ≥ 60 anos, sendo que, dentre aqueles com
diabetes, altos níveis de suporte social e rendimen-
Foram publicados as médias de 3,14 e 2,43 ar- tos contribuem para o envelhecimento bem-suce-
tigos, relativos às categorias recursos psicológicos dido. No estudo de Gooding et al.31, os mais velhos
e sociais de enfrentamento e regulação emocio- mostram-se mais resilientes sobretudo em relação
nal, respectivamente, no período de 2007-2013. à resolução de problemas e à capacidade de regular
A produção de artigos aumentou de 2007 para suas emoções, enquanto nos mais jovens a resiliên-
2008 (acréscimo de 07 artigos), mantendo relati- cia é associada ao suporte social disponível.
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Fontes AP, Neri AL

Quadro 1. Categoria 1. Recursos psicológicos e sociais de enfrentamento. Revisão de literatura internacional


sobre resiliência em idosos (2007-2013).
Autores/Ano Objetivos Participantes Resultados

Forstmeir e Maercker Investigar associação entre 147 idosos, Reserva motivacional adquirida ao
(2008)32 habilidades motivacionais 60-94 anos, sem longo da vida funciona como fator de
e status cognitivo e bem- demência. proteção para danos cognitivos.
estar em idosos.

Hildon et al. (2008)24 Estudar relações entre 32 idosos, Manutenção de papéis sociais e suporte
resiliência e adversidades. 70-80 anos, social funcionam como recursos frente
que viveram às adversidades. Resiliência depende
uma ou mais também do grau e do impacto da
adversidades. experiência adversa.

Beutel et al. (2009)33 Avaliar a relação entre 2.540 mulheres Satisfação com a vida fortemente
satisfação com a vida, alemãs, 18-70 associada com resiliência, presença de
desordens mentais e anos. companheiro, ausência de ansiedade
envelhecimento e recursos e depressão, emprego, autoestima
pessoais e sociais, sob positiva, afiliação religiosa e menos
estresse. idade.

Black e Rubistein Investigar experiências de Afroamericanos, Sofrimento e generatividade


(2009)34 racismo em histórias de homens, +80 manifesta-se em: enraizamento
sofrimento. anos. da generatividade, redenção do
sofrimento e crenças religiosas que
atenuam o sofrimento.

Costanzo et al. Investigar se sobreviventes 398 Sobreviventes mostram prejuízo em


(2009)35 de câncer mostram sobreviventes saúde mental, humor e aspectos do
déficits, resiliência ou de câncer e 796 bem-estar, contudo exibem resiliência,
respostas de crescimento. com história bem-estar social, espiritualidade e
negativa de crescimento pessoal. Idosos mais
câncer. resilientes do que os mais jovens.

Dorfman et al. Identificar estressores 25 idosas Resiliência fortalecida pela frugalidade,


(2009)28 associados a eventos americanas da suporte social e aceitação.
históricos e estratégias de zona rural.
enfrentamento.

Smith (2009)29 Investigar relações entre 121 mulheres Resiliência relacionada à disposição
resiliência e busca de ajuda e 37 homens para buscar ajuda entre idosos com
para cuidar de sintomas africanos. sintomas depressivos.
depressivos.

Washington et al. Investigar a relevância 84 mulheres Elementos da religiosidade são úteis


(2009)36 da fé e da espiritualidade afroamericanas. ao enfrentamento da falta de moradia
em situações de falta de (crenças, envolvimento, etc).
moradia.

Wells (2009)37 Investigar relações entre 105 voluntários, Resiliência relacionou-se com saúde
resiliência e fatores 65 anos e +, física preservada; status mental como
sociodemográficos, redes zona rural, Nova preditor mais robusto.
sociais e status de saúde. Iorque.

continua
1481

Ciência & Saúde Coletiva, 20(5):1475-1495, 2015


Quadro 1. continuação
Autores/Ano Objetivos Participantes Resultados

Beutel et al. (2010)38 Avaliar impacto de fatores 2.144 homens Satisfação com a vida fortemente
de vulnerabilidade, alemães. associada à resiliência, emprego,
recursos pessoais e sociais presença de companheiro, autoestima
sobre satisfação com a positiva, ausência de ansiedade e
vida e estresse. depressão e viver nos estados do leste
alemão.

Hildon et al. (2010)39 Investigar relações 174 idosos Resiliência associada à qualidade dos
entre qualidade de vida, ingleses, 68-82 relacionamentos, integração com a
resiliência e exposição a anos. comunidade e estilos adaptativos de
eventos adversos. enfrentamento.

McFadden e Basting Analisar relações entre Idosos com e Efeito protetor da participação em
(2010)27 engajamento criativo em sem demência. redes sociais, por meio de atividades
redes sociais e resiliência. criativas.

Krause e Bastida Investigar crenças 1.005 idosos Melhores resultados em saúde


(2011)40 religiosas sobre sofrimento mexicanos. associados à fé.
e saúde.

Fankhauser et al. Investigar o impacto de 121 adultos, Variáveis motivacionais mediaram a


(2010)41 recursos interpessoais e idade 65-97 relação entre o reconhecimento social
sociais sobre os sintomas anos. como vítima e sintomas de transtorno
de transtornos de de ajustamento, porém, não mediaram
ajustamento (intrusões, a relação entre relutância à exposição
esquiva, falha em e sintomas.
adaptação após evento
crítico).

Vahia et al. (2011)42 Investigar a associação 1.973 idosas. Espiritualidade associou-se à alta
entre espiritualidade e resiliência, baixos níveis de renda e
otimismo, resiliência, educação e estar casada.
saúde, depressão, saúde e
qualidade de vida.

Shrira et al. (2011)43 Comparar aspectos 364 adultos Os descendentes (especialmente


de resiliência e (meia-idade, aqueles com ambos os pais
vulnerabilidade entre os descendentes de sobreviventes) registraram maior senso
descendentes de meia- sobreviventes de bem-estar, porém, mais problemas
idade, sobreviventes do do holocausto de saúde física quando comparados
holocausto e demais e um grupo de aos demais.
indivíduos. israelitas).

Sargent-Cox et al. Examinar o impacto de 1.569 idosos, 65 Autoestima e expectativas de


(2012)44 recursos psicológicos anos e mais. controle pessoal podem atenuar os
sobre as autopercepções efeitos do declínio em atividades da
positivas do vida diária sobre as percepções do
envelhecimento, frente ao envelhecimento.
declínio da saúde (estudo
longitudinal)

continua
1482
Fontes AP, Neri AL

Quadro 1. continuação

Autores/Ano Objetivos Participantes Resultados

Lou e Ng (2012)45 Investigar fatores de 13 idosos da Temas: resiliência, competência


resiliência que ajudam comunidade que cognitiva, self, personalidade
idosos chineses a viviam sozinhos. e resiliência, orientação para a
viverem sozinhos família, enfrentamento.
(estudo qualitativo).

Tomás et al. (2012)46 Investigar os efeitos 225 idosos não Resiliência mostrou-se importante
de estratégias de institucionalizados preditor da variância em bem-
enfrentamento e do (Valência – Espanha). estar, sem incluir estratégias de
enfrentamento resiliente enfrentamento.
sobre o bem-estar
(modelo estrutural).

Mertens et al. (2012)30 Avaliar o impacto 361 homens e Alto grau de resiliência associou-
do suporte social, mulheres holandeses se significativamente ao
rendimentos e maestria ≥ 60 anos. funcionamento físico, mental e
pessoal (resiliência) social. Altos níveis de suporte
sobre o funcionamento social e rendimentos contribuem
físico, social e mental. significativamente para o
envelhecimento bem-sucedido.

Gooding et al. Investigar os efeitos da 60 idosos da Mais velhos eram mais resilientes,
(2012)31 resiliência psicológica comunidade, idade especialmente quanto à regulação
sobre depressão, ≥ 65, e 60 jovens, emocional e resolução de
desesperança e saúde estudantes, idade problemas. Mais jovens mais
geral. 18-25 anos. resilientes em relação ao suporte
social.

Tummala-Narra et al. Examinar 8 homens e 10 Quatro categorias de análise: 1.


(2013)47 vulnerabilidade mulheres idosos, Mudanças trazidas pela vida nos
e resiliência em indianos asiáticos. EUA. 2. Dar e receber cuidado
idosos. (entrevistas na família. 3. Refletindo sobre as
semiestruturadas). circunstâncias presentes e futuras.
4. Enfrentamento.

A religiosidade e espiritualidade aparecem Um estudo comparando 398 sobreviventes


em cinco dos artigos (quatro na categoria 1 e um de câncer em relação a 796 com história de não
na categoria 2). Nesse conjunto de artigos, espi- câncer, os pacientes sobreviventes de câncer mos-
ritualidade em mulheres relaciona-se significati- traram bem-estar social resiliente, espiritualida-
vamente com alta resiliência, baixa renda, baixo de e senso de crescimento pessoal, sendo que os
nível educacional e ser casada42. Crenças espiritu- sobreviventes mais velhos mostravam-se mais re-
ais e religiosas são utilizadas como forma de en- silientes em relação aos mais jovens, apresentan-
frentamento diante do sofrimento e associam-se do um funcionamento psicossocial equivalente
à melhor saúde percebida40. Em estudo qualita- aos seus pares41.
tivo com 84 mulheres negras residentes nos Es- A variável satisfação com a vida associada a
tados Unidos, as dimensões fé e espiritualidade recursos pessoais e sociais de enfrentamento apa-
são identificadas como recursos protetores para o rece em dois dos estudos. Num deles, um estu-
enfrentamento da adversidade falta de moradia, do com 2.144 homens alemães, satisfação com a
sendo elas: identidade e crenças, afiliação, envol- vida foi fortemente associada à resiliência, pre-
vimento, práticas e benefícios36. sença de companheira, autoestima positiva, bons
1483

Ciência & Saúde Coletiva, 20(5):1475-1495, 2015


rendimentos, ausência de depressão e residência aumento de afetos positivos, ao contrário, houve
em estados do Leste38. Para 2.540 mulheres ale- diminuição, provavelmente, porque os idosos es-
mãs com idade de 18 a 70 anos e mais, satisfação tavam engajados em poucas experiências e en-
com a vida associou-se à resiliência, à presença volvidos na evitação de situações imprevisíveis48.
de um companheiro, à ausência de ansiedade e Além disso, os eventos positivos não atenuaram a
depressão, a ter emprego, à autoestima positiva, à reatividade aos estressores diários, contrariando
afiliação religiosa e a ter menor idade33. a literatura corrente, segundo a qual os eventos
A regulação emocional, objeto de investiga- positivos atenuam o estresse. Segundo os autores,
ção em 17 dos artigos (Quadro 2), permanece isso ocorreu porque os benefícios dos eventos po-
como temática de investigação ao longo dos seis sitivos exercem forte influência sobre indivíduos
anos. Os artigos abordam investigações sobre es- que estão experimentando estresse crônico, o que
tressores diários, presença de emoções e afetos não aconteceu com esta amostra, constituída de
(positivos e negativos) na velhice, atitudes dian- indivíduos saudáveis e não submetidos a tais con-
te da adversidade e a complexidade da resposta dições; por outro lado, doenças e más condições
emocional. A velhice é associada à exposição re- de saúde, em especial, nas fases iniciais e finais da
duzida aos estressores diários e à menor presença velhice, podem fazer com que os idosos percam a
de afetos negativos48,49, maior regulação emocio- vantagem da maior presença de afetos48.
nal: poucos traços de ansiedade e menos sinto- Dentro da Categoria envelhecimento bem-suce-
mas depressivos50, com as reações emocionais dido e seus correlatos (Quadro 3), as narrativas de
aos estressores não muito diferentes dos mais idosos sobre o envelhecimento descrevem-no em
jovens49,51. termos de declínios e enfrentamentos52. A resili-
As diferenças individuais quanto à capaci- ência é associada à aceitação pragmática da rea-
dade de regular as emoções são evidenciadas em lidade em idosas da zona rural53 e ao bem-estar
estudo50 em que menos ansiedade e menor fre- geral e diário, em estudo envolvendo 125 idosas,
quência de sintomas depressivos, assim como após a viuvez54; e, às habilidades motivacionais ad-
maior otimismo, foram encontrados em idosos quiridas ao longo da vida, como fator protetor em
capazes de regular suas emoções, em compara- relação à manifestação de déficits cognitivos e ao
ção com idosos menos autorregulados. Ainda, no bem-estar psicológico, em estudo envolvendo 174
tocante às diferenças individuais, aqueles mais idosos (idade de 60 a 94 anos), sem demência32.
jovens e aqueles com autoconceito incoerente No Quadro 4 são descritas três medidas de
(maior evidência de discrepância entre medidas resiliência: a Connor-Davidson – CD Risk19; a es-
de autorepresentações em diferentes papéis e si- cala de resiliência de Wagnild e Young55 e a escala
tuações) apresentaram médias mais altas de afeto breve de resiliência56.
negativo em estudo envolvendo 239 indivíduos
de 18 a 89 anos, em que foi avaliada a associa- Periódicos nacionais
ção entre estressores diários e afeto negativo,
considerando-se como indicadores de resiliência A pesquisa de artigos publicados no Brasil
as variáveis coerência do autoconceito, idade e resultou em onze estudos, sendo dois deles de re-
controle percebido51. Os indivíduos registravam visão, correspondentes aos descritores resiliência
níveis mais altos de afeto negativo na presença de e idosos, resiliência e envelhecimento e resiliência e
menos controle percebido, especialmente os mais velho. Na base de dados PePSIC com os mesmos
jovens. No entanto, a reatividade ao estresse não descritores, não foi encontrado nenhum artigo.
diferiu entre as idades e entre os níveis de coerên- Porém, quando se utiliza apenas o descritor resi-
cia do autoconceito51. liência, quatro artigos são identificados: um deles
A diminuição do afeto negativo na velhice é já constante na busca Scielo, dois deles, que não
parcialmente atribuída à menor frequência de es- deixam claro se a investigação se referia a idosos,
tressores diários. É o que mostra estudo no qual envelhecimento ou velho, e um deles que se refe-
foram examinadas durante uma semana as rela- re a uma revisão teórica no período 2000-2006,
ções entre os estressores diários e a experiência sendo este último mantido para efeito de análise.
emocional de 101 mulheres (63 a 93 anos), rela- Os artigos nacionais de pesquisa foram atri-
tivamente saudáveis, quando se observou que as buídos a três categorias, já definidas na seção Mé-
mais velhas registraram menor frequência de es- todo: Categoria 1. Recursos psicológicos e sociais
tressores e de afeto negativo em comparação com de enfrentamento, Categoria 2. Resiliência em
as mais jovens48. Nesse mesmo estudo, no entan- cuidadores de idosos e Categoria 3. Revisão teó-
to, o aumento da idade não se correlacionou com rica (Ver resumos no Quadro 5).
1484
Fontes AP, Neri AL

Quadro 2. Categoria 2. Regulação emocional diante de experiências estressantes. Revisão de literatura


internacional sobre resiliência em idosos (2007-2013).
Autores/Ano Objetivos Participantes Resultados

Chow et al. Examinar a relação entre 63 jovens e 52 Idosos manifestam significativa


(2007)57 emoções positivas e mais velhos unidirecionalidade da emoção negativa
negativas e cognição no para o desempenho cognitivo e para a
desempenho de uma tarefa emoção positiva. Mais jovens manifestam
cognitiva complexa. unidirecionalidade do desempenho cognitivo
para as emoções positiva e negativa.

Ostir et al. Investigar resiliência 856 indivíduos Um terço dos pacientes registrou alta
(2008)58 emocional após AVC com 55 anos e frequência de emoções positivas nos três
(acidente vascular mais. meses pós-AVC (resiliência emocional).
cerebral), durante
reabilitação médica.

Examinar diferenças 67 jovens (idade A exposição aos estressores diários foi


Stawiski et al. quanto à percepção global média de 20 reduzida na velhice, porém a reatividade
(2008)49 e exposição ao estresse e à anos); 116 emocional não diferiu dos mais jovens. Nos
reatividade aos estressores idosos (idade idosos, o estresse global percebido associou-
diários. média de 80 se à maior exposição aos estressores diários.
anos) Nos mais jovens, maior afeto negativo
associou-se a estressores diários.

Kessler e Investigar relações entre 277 A regulação do afeto, diante das dificuldades
Staudinger regulação do afeto e participantes, associadas à idade, emerge como
(2009)59 resiliência em diferentes idade 20-80 componente central da resiliência em idosos.
grupos de idade. anos.

Diehl e Hay Investigar associações 239 jovens, Associação entre estressores diários e
(2010)51 entre estressores meia-idade e afeto negativo foi maior nos dias em que
diários, afeto negativo, idosos. Idade os adultos registraram menor controle. A
autoconceito incoerente e média: 49,6. reatividade aos estressores não diferiu entre
resiliência. diferentes idades ou níveis de autoconceito
incoerente.

Charles et al. Examinar as diferenças 101 idosas, Velhice associada a poucos estressores e à
(2010)48 de idade com relação idade 63-93 menor presença de afetos negativos. Não
aos estressores diários, anos. associada a afetos positivos. Eventos positivos
eventos positivos e sua foram menos frequentemente relacionados
relação com a experiência com a idade.
emocional.

Montpetit et al. Investigar relações entre 42 idosos Indivíduos mais resilientes relataram ter
(2010)60 estressores diários e afetos. homens, idade menos estresse e menor reatividade a ele,
média: 78,8 recuperação mais rápida.
anos.

Ong et al. Examinar a extensão na Adultos do Viúvos apresentam declínio na emoção


(2010)61 qual a emoção positiva, National Survey positiva nos três anos seguintes à
seguinte à perda da esposa, of Midlife perda, quando comparados com os não
varia com base na força Development viúvos. Não foram observados declínios
das relações conjugais (MIDUS). significativos entre viúvos com forte traço
anteriores e nos traços de de personalidade ou forte relacionamento
resiliência relativos à perdas conjugal.
anteriores à da esposa.

continua
1485

Ciência & Saúde Coletiva, 20(5):1475-1495, 2015


Quadro 2. continuação
Autores/Ano Objetivos Participantes Resultados

Ong et al. Examinar o papel da 95 homens e Independente dos níveis de neuroticismo,


(2010)62 resiliência psicológica e mulheres com emoções negativas, intensidade da dor,
das emoções positivas na dor crônica. rendimentos e idade, indivíduos com elevada
experiência do dia-a-dia resiliência registraram maior frequência
de dor crônica durante de emoções positivas e exibiram baixa
14 dias. intensidade de dor, comparados com os
pouco resilientes.

Vahia et al. Analisar o impacto da 1.979 idosas da A depressão subavaliada apresentou:


(2011)42 depressão subavaliada comunidade pior envelhecimento autorrelatado, pior
sobre medidas de (Women´s saúde física e funcionamento emocional,
funcionamento Health Initiative mais atitudes negativas em relação ao
psicológico positivo Study). envelhecimento, maior ansiedade.
(otimismo e resiliência),
funcionamento cognitivo
e queixas e qualidade do
bem-estar.

Emlet et al. Examinar as experiências 25 adultos, com Temas emergentes: autoaceitação para
(2011)63 de vida de idosos com 50 anos e mais, viver os efeitos negativos da doença e a
HIV/AIDS e a relação vivendo com complexidade do envelhecimento; otimismo
com a resiliência ao lidar AIDS. para enfrentar a adversidade; o desejo de
com a doença (estudo viver, apesar do curso debilitante da doença;
qualitativo). a generatividade (ações educacionais,
aconselhamento com mais jovens).

Jackson e Avaliar os efeitos 529 adultos, O controle percebido tem efeitos


Bergeman mediadores do controle idade 31-88 moderadores sobre a espiritualidade e o
(2011)64 percebido sobre a anos. enfrentamento religioso em toda amostra e
relação religiosidade/ sobre as práticas religiosas nos mais velhos.
espiritualidade e bem-
estar.

Brassen et al. Investigar, através de um 3 grupos: 21 O envelhecimento emocional saudável


(2012)65 modelo psicofisiológico jovens (idade está relacionado à redução de respostas de
(medidas de ressonância média: 25,4), arrependimento, envolvendo maior ativação
e uma tarefa com risco 20 idosos de estruturas implicadas na regulação
de ganho ou perda), emocionalmente emocional (córtex angular anterior).
quais efeitos feedbacks saudáveis (idade
de insucesso/sucesso têm média: 65,8) e
sobre o comportamento 20 idosos com
de arrependimento em depressão (idade
jovens e idosos saudáveis e média: 65, 6).
com depressão.

Ó’Hara et al. Investigar se o alelo 99 adultos Não foram encontradas associações entre
(2012)66 5-HTTLPR está associado mais velhos da o alelo HTTLPR e a resiliência emocional.
à pobre resiliência comunidade. Os portadores desse genótipo tinham pior
emocional, através de cognição e relatos de envelhecimento
medidas de resiliência, bem-sucedido.
envelhecimento bem-
sucedido, cognição e
saúde.

continua
1486
Fontes AP, Neri AL

Quadro 2. continuação
Autores/Ano Objetivos Participantes Resultados

Rosado-Medina Investigar quais fatores 23 centenários Fatores associados ao envelhecimento


et al. (2012)67 internos de resiliência de Porto Rico: centenário: estabilidade emocional,
estão associados 15 homens e 8 otimismo, fatores comportamentais e
ao envelhecimento mulheres. habilidades emocionais e comportamentais.
centenário.

Deboeck e Descrever a regulação Idosos do Notre À semelhança de um reservatório de água,


Bergman emocional através de Dame Study on no qual seu nível depende da quantidade
(2013)68 um modelo de equação Aging. de líquido que entra e sai, a quantidade de
diferencial, baseado no líquido corresponde aos estressores que se
conceito de reservatório acumulam ao longo da vida, enquanto que as
de água. ações de enfrentamento dissipam seu efeito.

Randall (2013)69 Descrever o valor Artigo teórico Engajar-se em uma reflexão sobre as
das narrativas que se narrativas (reminiscências integrativas,
constituem “fortes e revisão de vida) pode contribuir para o
boas histórias” sobre o enfrentamento das mudanças de vida na
envelhecimento resiliente. velhice.

Discussão cursos psicológicos e sociais de enfrentamento e


a regulação emocional, como componentes cen-
Do ponto de vista conceitual, os estudos cha- trais dos processos de adaptação.
mam atenção para a multidimensionalidade do Com relação à Categoria 2 – Regulação emo-
conceito de resiliência, refletindo uma complexa cional diante de experiências estressantes, desta-
interação entre o indivíduo e o meio, em que es- ca-se o papel das diferenças individuais na ca-
tão presentes os fatores de risco (individuais, do pacidade de regular as emoções, aspecto teórico
meio e cumulativos); de proteção (atributos in- importante dentro do construto resiliência, uma
dividuais, relacionamento interpessoal e suportes vez que resiliência envolve a complexa interação
ambientais); e na combinação possível entre eles, entre indivíduo e seus recursos disposicionais e
resultando numa forma resiliente de vida, que se os suportes oferecidos pelo meio. Assim recursos
traduz em desenvolvimento e sua manutenção, como o otimismo, o controle percebido, o auto-
bem-estar psicológico, evitação de transtornos e conceito, a capacidade de regular as emoções50,51
recuperação3,70-72. podem explicar algumas diferenças entre os mais
No âmbito da gerontologia, uma análise do e menos resilientes.
conjunto de artigos evidencia a predominância A literatura específica sobre a velhice, re-
de construtos associados ao modelo life-span, ferente aos processos de regulação emocional
compreendendo resiliência como relacionada como vantagem relacionada à idade, descreve
ao desenvolvimento, à noção de plasticidade uma pequena diminuição do bem-estar depois
individual, ao potencial de mudança do indiví- dos 60 anos, provavelmente devido a um aumen-
duo, à flexibilidade e resistência para lidar com to de doenças, porém, diante de tensões interpes-
os limitadores e perdas que recaem sobre as tra- soais inevitáveis e de situações estressantes, os
jetórias de vida5,6. Há predominância de concei- idosos assumem posturas mais acomodativas59,
tos investigados ao longo do percurso teórico da apresentando uma resposta emocional comple-
Gerontologia, entre eles, o envelhecimento bem- xa que valoriza aspectos positivos e negativos
sucedido, o bem-estar psicológico, o suporte so- da experiência11. Tal capacidade de regulação
cial, a satisfação com a vida, a religiosidade e a emocional pode estar associada aos processos
espiritualidade, entre outros, como associados ao de seleção adaptativos que permitem aos idosos
de resiliência. A revisão feita sinaliza para os re- poupar recursos psicológicos, fisiológicos, sociais
1487

Ciência & Saúde Coletiva, 20(5):1475-1495, 2015


Quadro 3. Categoria 3. Resiliência e envelhecimento bem-sucedidos e correlatos: bem-estar, satisfação com o
envelhecimento e qualidade de vida. Revisão de literatura internacional sobre resiliência em idosos (2007-2013).
Autores/Ano Objetivos Participantes Resultados

Harris (2008)70 Discussão teórica sobre Dois idosos com Autores propõem a substituição do conceito
resiliência e demência demência em de envelhecimento bem-sucedido pelo de
(dois estudos de caso). estágios iniciais. resiliência.

Kleinspehn- Examinar as mudanças Idosos do A idade contribui para um grande declínio


Ammerlahn et percebidas na idade “Berlin Aging na satisfação com o envelhecimento.
al. (2008)73 cronológica e na satisfação Study”, 70-104 Observa-se um aumento na discrepância
com o envelhecimento. anos. entre a idade percebida e a idade
cronológica (em média 13 anos abaixo da
idade cronológica), sendo que um alto nº
de doenças na linha de base atenuam a
discrepância.

Rothrauff et al. Avaliar a associação entre 1.995 adultos Maior bem-estar psicológico associado
(2009)74 os estilos parentais e o americanos de às lembranças de estilos parentais com
bem-estar psicológico, os meia-idade e autoridade, comparados às lembranças de
sintomas depressivos e o idosos. autoritarismo e de pais sem vinculação.
uso de droga. Estilos parentais podem estar associados à
resiliência, flexibilidade e maleabilidade.

Leipold e Greve Propor um modelo Estudo teórico. Indivíduos que se adaptam às condições
(2009)15 explicativo no qual a adversas apoiam-se em processos de
resiliência constitui-se enfrentamento (assimilação e acomodação)
em uma ponte entre influenciados por condições pessoais e
o enfrentamento e situacionais.
o desenvolvimento,
na perspectiva do
envelhecimento
bem-sucedido.

Chu e Leasure Investigar a qualidade de 33 idosas. Temas mais frequentes: segurança e


(2010)72 vida em idosas vietnamitas resiliência. Qualidade de vida relaciona-se à
imigrantes (estudo saúde, suporte social e status funcional.
etnográfico).

continua

e cognitivos, diminuindo o número de vínculos e idosos, idade 31-88 anos64. É importante salien-
cultivando apenas aqueles que significam proxi- tar que o fenômeno resiliência está associado a
midade afetiva, aumento do conforto e melhoria recursos individuais como os aqui apontados,
do bem-estar subjetivo25. porém, sua conceitualização exige abordagem in-
Nos últimos anos (2011 a 2013), os artigos tegradora em que resiliência aparece como uma
referentes à regulação emocional enfatizam as constelação que combina recursos individuais
emoções positivas no envelhecimento, como oti- (capacidades, competências, atributos), condi-
mismo relacionado ao envelhecimento centená- ções sociais (suporte social, por exemplo) e pro-
rio67; autoaceitação, desejo de viver, autocontrole blemas ou mudanças de desenvolvimento (por
e vida relacional, relacionados ao enfrentamento exemplo, obstáculos, perdas)4.
de doenças, como a AIDS63. Também o controle Atentando ao fato de que a resiliência englo-
percebido é compreendido como tendo um efei- ba além dos recursos do self aqueles relacionados
to mediador sobre a relação religiosidade/espiri- aos apoios sociais, alguns estudos24,27,28,39 apontam
tualidade e bem-estar, em estudo envolvendo 529 para a relevância dos recursos sociais ou do “ca-
1488
Fontes AP, Neri AL

Quadro 3. continuação
Autores/Ano Objetivos Participantes Resultados

Lacruz et al. Investigar preditores Subamostra Descrição do protocolo de estudo utilizado


(2010)75 psicossociais, somáticos de 1.079 para investigar resiliência e fragilidade,
e comportamentais de participantes em que são realizadas avaliações de saúde
envelhecimento bem- (integrantes do mental, resiliência, perfis neuroendócrinos,
sucedido, apesar de kora-Coort). relacionados à adaptação bem-sucedida.
experiências adversas.

Terril e Gullifer Investigar experiência Oito mulheres Temas: liberdade para escolher atividades,
(2010)53 de envelhecimento em anglo- aceitação pragmática do envelhecimento
mulheres (entrevistas). australianas, (resiliência) e narrativas de crescimento e
zona rural, estagnação.
65-75 anos.

Hahn et al. Investigar o bem-estar e 125 mulheres Viúvas mostraram-se resilientes em


(2011)54 a utilização do tempo em casadas e 75 atividades da vida diária. Não se
viúvas. viúvas. diferenciaram das casadas quanto ao bem-
estar geral e diário. Pequenas diferenças
quanto à utilização do tempo.

Phoenix e Analisar narrativas 13 idosos Descrições do envelhecimento como


Smith (2012)52 de idosos sobre o praticantes de “natural”, não estereotipadas quanto
declínio associado ao musculação, 50- ao declínio e à deterioração. Diferenças
envelhecimento. 73 anos. individuais sobre como e em que nível
resistem ao declínio.

Jeste et al. Avaliar aspectos 1.006 idosos da 30% da variância em envelhecimento bem-
(2013)76 físicos, cognitivos e comunidade, sucedido autorrelatado relaciona-se com
psicológicos em relação idade 50-99. resiliência, depressão, funcionamento físico e
ao envelhecimento bem- idade (nessa ordem).
sucedido autorrelatado.

pital social”, assim nomeado por Hildon et al.24,39 colaridade foi apontado como preditora de baixos
como, por exemplo, o suporte social recebido, a níveis de IL-6 (interleucina-6), um marcador de
qualidade dos relacionamentos e a integração à processos inflamatórios77. A relevância do fun-
comunidade. cionamento psicológico positivo ou do bem-estar
Embora nem sempre focalizem resiliência, os para os processos de adaptação psicossocial é tam-
estudos sobre o envelhecimento bem-sucedido e bém apontada por Harris70 quando propõe a subs-
seus correlatos mostram o bem-estar psicológico tituição do construto envelhecimento bem-suce-
e a manutenção das funções afetivas e cognitivas dido pelo de resiliência, a partir de dois estudos de
como importantes indicadores de adaptação fren- caso, de pacientes com diagnóstico de Alzheimer,
te à adversidade. O funcionamento psicológico em estágio inicial, levando em consideração suas
positivo produz melhor regulação neuroendócri- trajetórias de envelhecimento.
na e funciona como um fator protetor em relação Com relação à literatura brasileira, um as-
à adversidade, seja ela física (doença ou incapaci- pecto a destacar é que a maioria dos artigos (sete
dade), econômica ou educacional. Altos níveis de deles, num total de onze) versa sobre recursos
propósito de vida, crescimento pessoal e relações psicológicos e sociais de enfrentamento, refle-
positivas com os outros, associam-se a baixo risco tindo uma tendência da literatura internacional.
cardiovascular, bom colesterol e baixos níveis de Também, no Brasil, seis dos artigos utilizam para
cortisol, melhor controle glicêmico71. A associação avaliação de resiliência a escala de resiliência78,
de altos níveis de bem-estar psicológico e de es- adaptação da escala de Wagnild e Young55.
1489

Ciência & Saúde Coletiva, 20(5):1475-1495, 2015


Quadro 4. Categoria 4. Medidas de resiliência. Revisão de literatura internacional sobre resiliência em idosos
(2007-2013).
Autores/Ano Objetivos Participantes Resultados

Lamond et al. Investigar a habilidade de 1.359 idosas da Escala com boa consistência interna.
(2008)79 adaptação às adversidades comunidade, Preditores de resiliência: bem-estar
em idosas (escala de + 60 anos. emocional alto, otimismo, autorrelato
resiliência Connors- de envelhecimento bem-sucedido,
Davidson -CD-RISK). engajamento social e poucas queixas
cognitivas.

Windle et al. Mediante análise fatorial 1.847 idosos, 50-90 Autoestima, competência pessoal e
(2008)26 identificar recursos anos, Inglaterra, País controle identificados como elementos
psicológicos comuns ao de Gales e Escócia. comuns às diferentes perspectivas
conceito de resiliência. teóricas sobre resiliência.

Resnick Investigar propriedades Idosos, 80-90 anos, A escala permite identificar idosos
e Inguito psicométricas e clínicas maioria mulheres, com baixa resiliência. Recomendam-se
(2011)80 da escala de resiliência de média de 3 revisões.
Wagnild (1993). comorbidades médicas.

Tomás et al. Examinar a validade 133 idosos espanhóis A escala apresenta consistência interna
(2012)56 da Escala Breve de de uma associação de e validade de critério. Uso clínico.
Resiliência. aposentados.

Quadro 5. Revisão de literatura brasileira sobre resiliência em idosos (2007-2013).


Categoria 1. Resiliência em cuidadores de idosos
Autores/Ano Objetivos Participantes Resultados

Gaioli et al. Descrever variáveis 101 cuidadores, A maioria dos cuidadores era de mulheres,
(2012)81 sociodemográficas e de +18 anos, sem depressão, que recebiam ajuda de outras
saúde em cuidadores de acompanhantes pessoas e que tinham alta pontuação em
idosos com Alzheimer, de idosos em escala de resiliência.Associações significativas
associando os cuidados à unidade básica de resiliência com: grau de parentesco;
resiliência. e em hospital utilização de medicamentos; cansaço,
público, ano 2009. esgotamento e desânimo; tratamento médico.

Oliveira e Identificar, através de Casal de idosos Categorias identificadas: esquizofrenia como


Furegato entrevistas, características e 4 filhos sentido de limitações; cansaço e sobrecarga
(2012)82 da convivência diária e esquizofrênicos com prejuízo da qualidade de vida; incerteza
do cuidado recebido do em relação ao futuro e resiliência fortalecida
sistema de saúde de um pela fé em Deus. Satisfação com o cuidado
casal de idosos com filhos recebido.
esquizofrênicos.

continua

Os artigos nacionais constantes da Categoria desses artigos mostra associações significativas


2. Resiliência e cuidadores de idosos evidenciam de resiliência com: grau de parentesco (filhos e
interesse pela relação de cuidado, como uma das cônjuges apresentam médio e alto grau de resi-
novas temáticas na investigação sobre idoso. Um liência, quando comparados a irmãos e cunha-
1490
Fontes AP, Neri AL

Quadro 5. continuação
Categoria 2.Recursos psicológicos e sociais de enfrentamento
Autores/Ano Objetivos Participantes Resultados

Fortes et al. Investigar a resiliência 86 idosos, idade: Não foram encontradas relações entre
(2009)83 do idoso e relação 60-90 anos. resiliência e variáveis sociodemográficas.
com variáveis Maior freqüência de queixas subjetivas de
sociodemográficas e memória associadas à baixa resiliência.
funções cognitivas. Correlações significativas entre resiliência e
cognição (MEEM).

Resende e Investigar as relações entre 90 pessoas, ambos Índices de ajustamento pessoal moderados
Neri (2009)84 o senso de ajustamento os sexos, idade: e altos, mulheres pontuaram mais baixo.
psicológico e a perspectiva 25-84 anos. Aqueles com deficiência congênita e os mais
de velhice em adultos ajustados psicologicamente mostraram
jovens e em idosos com perspectivas mais positivas da velhice.
deficiência física.

Resende et al. Investigar as relações 12 participantes Relatos de bem-estar subjetivo, resiliência


(2010)85 entre bem-estar subjetivo, de um grupo de frente a eventos de vida e percepção do
resiliência e a percepção de teatro. suporte social disponível (emocional e
suporte social. prático). Quanto maior a idade maior a
resiliência.

Ferreira et al. Avaliar a resiliência, a 65 idosos da rede Níveis satisfatórios de características


(2012)86 autoestima e o apoio pública de saúde resilientes, autoestima positiva e apoio social
social em idosos (estudo (Natal, RN) , percebido. Correlações moderadas e positivas
exploratório). idade média: 71 entre resiliência e autoestima.
anos.

Rodrigues e Investigar relações 688 idosos Variáveis relacionadas à variabilidade:


Neri (2012)87 entre vulnerabilidades Campinas, SP, acesso e uso de serviços de saúde, índices
social(gênero, idade e Brasil (FIBRA). de SUS-dependência e de vulnerabilidade
rendimentos); individual social, e renda familiar. Condições sociais e
(comorbidades, sinais e renda familiar covariam com vulnerabilidade
sintomas, incapacidade individual na velhice.
funcional, suporte social
percebido e saúde) e
programática (acesso aos
serviços de saúde, por ex).

Andrade et al. Descrever perfil 264 sobreviventes Predomínio do sexo feminino (67,8%),
(2013)88 sociodemográfico de câncer, idosos (47,4%), casados (52,6%), raça
e econômico de avaliação médica branca (83,3%), aposentadoria como renda
sobreviventes de câncer, de março a junho principal (75,4%). O grau de resiliência
segundo o grau de de 2010, em um foi maior entre os homens (47,1%), idosos
resiliência. hospital escola. (44,8%), solteiros (47,9%), não brancos
(52,3%), com emprego (55,6%).

Ribeiro et al. Caracterizar idosos com 61 pacientes Escore médio na GDS (Geriatric Depression
(2009)89 insuficiência renal crônica, de um hospital Scale): 10,43. Correlações entre renda e
submetidos à hemodiálise; escola. escolaridade, escore GDS e analfabetismo
identificar níveis de sugerindo menor resiliência em relação à
depressão. doença entre analfabetos.

continua
1491

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Quadro 5. continuação
Categoria 3. Revisão teórica
Autores/Ano Objetivos Participantes Resultados

Laranjeira Investigar produção 44 artigos Núcleos temáticos: resiliência e


(2007)9 científica sobre resiliência em envelhecimento, relatividade dos fatores
periódicos indexados, período de proteção e resiliência e velhice bem-
1994-2004. Descritores: sucedida. Ainda é escassa a literatura relativa
adaptação, vulnerabilidade, à resiliência e ao envelhecimento.
modelo de resiliência, idoso e
eventos de vida.

Oliveira et al. Realizar levantamento 43 artigos Prevalência da população de adultos (42,8%)


(2008)90 bibliográfico de pesquisas em um total de 21 pesquisas empíricas.
relacionadas à resiliência, Trata-se de conceito em construção, que tem
período de 2000-2006. relação direta com fatores de proteção e de
riscos.

dos); utilização de medicamentos (porcentagem za métodos quantitativos, refletindo a tendência


maior de uso por aqueles que apresentam baixa internacional.
pontuação em resiliência, em relação aos de- A revisão de literatura aqui realizada apre-
mais); cansaço, esgotamento e desânimo (maior sentou limites com relação ao escopo de análise
porcentagem daqueles com baixo e médio grau dos artigos, detendo-se apenas em seus objetivos,
de resiliência em relação aos demais), tratamento amostra e principais resultados. Os resultados
médico (maior porcentagem daqueles com baixa poderiam ser incrementados com outras infor-
resiliência referem estar em tratamento, em rela- mações, como, por exemplo, a metodologia de
ção aos demais)81. estudo predominante, o país de origem, o mode-
Não foram encontrados artigos investigan- lo operacional utilizado, a identificação de resi­
do aspectos relativos à intervenção na prática liência como variável dependente ou indepen-
clínica. No entanto, sabe-se que aumentar a ca- dente, entre outros.
pacidade de enfrentamento das condições ad-
versas é um dos objetivos primeiros da prática
clínica. Desse modo, métodos que aumentem a Conclusões
resiliência emocional, tais como o biofeedback, o
relaxamento, a reestruturação cognitiva e a dis- A revisão da literatura sobre resiliência na velhi-
tração são tidos como efetivos para aumentar as ce, no período 2007-2013, permite apontar um
habilidades para lidar com a dor crônica e pro- pequeno conjunto de ideias centrais e relevantes.
mover o bem-estar22. Práticas como a explora- A primeira delas é que a resiliência mantém-se
ção da história de vida, do desenvolvimento ou na velhice, propiciando a continuidade do fun-
das circunstâncias individuais podem contribuir cionamento e do desenvolvimento por meio de
para aumentar a resiliência, quando identificam processos de enfrentamento dos efeitos deletérios
experiências de relações bem-sucedidas, cujos dos riscos e das adversidades típicas dessa fase e
comportamentos possam ser utilizados em uma daqueles decorrentes da história de vida. Trata-
experiência adversa91. se de um dos princípios ou pressupostos do pa-
Do ponto de vista metodológico, os delinea- radigma life-span em Psicologia, que vem sendo
mentos estatísticos estão mais presentes na litera- sistematicamente confirmado por pesquisas.
tura internacional no período analisado, em re- A segunda ideia é a do enfrentamento enten-
lação aos estudos qualitativos28,34,36,45,47,52,53. Os es- dido como manejo, resistência e recuperação dos
tudos de Hildon et al.24 e Rosado-Medina et al.67 efeitos negativos dos estressores. Na velhice, as
utilizam ambos os métodos quali e quantitativo. adversidades ou os riscos são representados, por
No Brasil, a maioria dos estudos analisados utili- exemplo, por experiências de morte e doença de
1492
Fontes AP, Neri AL

entes queridos, por doenças e acidentes sofridos palpáveis nas clínicas e nas famílias. A pesquisa
pelo próprio idoso, pela perda de prestígio e de brasileira apontou ainda para a importância de
recursos necessários à sobrevivência e por even- pesquisas de base populacional, abrangendo con-
tos incontroláveis que afetam os descendentes. dições socioculturais e econômicas em interação
A terceira noção importante é que, para o en- com processos biológicos e individuais ao longo
frentamento de riscos e adversidades, concorrem da vida, determinando vulnerabilidade ou resili-
recursos pessoais tais como boa saúde, manu- ência na velhice.
tenção da atividade, funcionalidade, otimismo, No entanto, apesar dos progressos numéri-
afetos positivos, autoestima elevada, flexibili- cos e teórico-metodológicos e da relativa sobre-
dade, propósito, senso de significado, controle posição aos temas da pesquisa internacional, a
interpessoal e religiosidade/espiritualidade, em pesquisa nacional sobre resiliência em idosos
interação com recursos sociais, entre eles a inte- ainda é relativamente escassa, por exemplo, em
gração à comunidade, a manutenção dos papéis comparação com a investigação sobre saúde e
sociais, o envolvimento social e os recursos so- funcionalidade. Ela se ressente da escassez de ins-
ciais oferecidos pelas redes de relações. Ainda, a trumentos de medida, de embasamento teórico
saúde, o envolvimento vital, a participação social e da estruturação de linhas de pesquisa robustas
e o bem-estar psicológico são apontados como e que se mantenham no tempo. Replica, assim,
variáveis dependentes e como variáveis indepen- tendências da pesquisa em Gerontologia no País,
dentes em relação à resiliência. um campo novo e com pouco investimento das
No Brasil, a produção de artigos de pesqui- universidades e das agências de fomento, mas
sa sobre resiliência em idosos tem crescido nos que tende a crescer acompanhando as tendências
dois últimos anos. A resiliência de cuidadores populacionais e sociais.
familiares de idosos doentes e dependentes é A pesquisa brasileira tem sinalizado ainda
assunto que aparece como nova vertente de pes- para a importância de pesquisas de base popula-
quisa, possivelmente em virtude da visibilidade cional, que venham abranger condições sociocul-
que o fenômeno vem ganhando nos anos mais turais e econômicas em interação com processos
recentes, em que o aumento da longevidade e a biológicos e individuais ao longo da vida, con-
necessidade de cuidados tornaram-se fatos mais tribuindo para determinar vulnerabilidade ou
resiliência. Longo é o caminho a ser percorrido.

Colaboradores

AP Fontes realizou a pesquisa bibliográfica e a


análise do material dela resultante. Com a cola-
boração de AL Neri, redigiu o presente texto.
1493

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