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“A inflação, junto com o desemprego, compõe os problemas ditos fundamentais

da macroeconomia” (GREMAUD, 2007, p. 54). Dessa forma, iremos abordar


um pouco sobre a inflação, mecanismo da economia que costuma assustar o
mercado consumidor em todo o mundo.
O termo inflação, é definido pelo cientista econômico Amaury Gremaud
(2007), como um aumento constante e generalizado dos preços. Caso
contrário, com diminuição de custos, é chamada de deflação. Dessa maneira, é
interessante analisar-se o caso de um país em que está atualmente em um
período de deflação, este que é o caso grego e que entre os anos de 2013 e
parte do ano de 2016 e também recentemente no ano de 2020 sofre deflação e
que pode ser visto pelo gráfico disposto pelo Serviço Nacional de Estatística
Greco, vale ressaltar que muitos dos países que sofrem de uma deflação forte
como a vivida na Grécia, podem vivenciar crises por culpa da deflação pois a
população decide poupar dinheiro ao invés de gastar promovendo com que as
empresas diminuam os preços de seus produtos visando se adequar as
necessidades do mercado e por consequência, enfraquecem a economia do
país.

Gráfico 1: Taxa de inflação grega dos últimos 10 anos


(Fonte: https://pt.tradingeconomics.com/greece/inflation-cpi)

Com isso, percebe-se que para se obter inflação não basta apenas um
produto ou grupo pequeno sofrerem aumento de seus preços, mas sim um
grande grupo de bens e serviços se tornarem mais caros. Consequentemente,
esse aumento dos preços provoca uma perda do poder aquisitivo da
população, ou seja, o que antes era comprado por uma quantidade de dinheiro
não será mais adquirido.
Dentro dos conceitos que envolvem a inflação, está a aceleração
inflacionária, que se trata de um aumento escalado dos preços. Assim, quando
se tem apenas a inflação de 20% durante o mês 1 e ela se mantenha assim
pelos próximos meses, ela é uma inflação estabilizada. Contudo, caso durante
o mês 1 ela esteja em 20% e no próximo mês avance para 25% e nos
conseguintes meses continue aumentando, se tem uma aceleração
inflacionária. Sendo assim, segundo o Instituto de Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o Brasil se encontra no momento em aceleração
inflacionária desde o início do ano de 2020 com pode ser analisado no gráfico a
seguir:

Gráfico 2: Taxa de Inflação do Brasil dos últimos 10 anos


(Fonte: https://pt.tradingeconomics.com/brazil/inflation-cpi)

Além disso, dentro do campo de estudo da inflação possuem duas


denominações para o tamanho de uma inflação, ela pode ser considerada
rastejante ou hiperinflação. É chamada de moderada ou rastejante aquela em
que o aumento dos valores de serviços e bens de consumo é pequeno, já a
hiperinflação não se existe um parâmetro para determina-la, contudo, existem
pessoas que consideram que há hiperinflação a partir de uma inflação de 50%
ao mês, um exemplo atual de hiperinflação seria o caso venezuelano em que
2020 acumulou uma inflação próxima de 2.959,8% segundo o Banco Central
Venezuelano (BCV), vale ressaltar que tendo em vista o governo tendo controle
sobre tal órgão os dados promulgados podem ter sidos alterados. Além disso, a
hiperinflação gera uma perda tão grande para a moeda do país e para o poder
de consumo, que a população começa a abandonar aquela moeda.
Gráfico 3: Exemplificação de conceitos ligados a inflação
(Fonte: GREMAUD, Amaury, 2007)
Tendo em vista os conceitos relacionados à inflação, é importante
também entender como se dá a inflação, o por que ela existe, com isso, se dão
duas formas básicas da inflação: inflação de demanda e inflação de custos.
A primeira, inflação de demanda surge a partir do momento em que
existe um alto índice de demanda no mercado, assim, essa inflação ocorre
devido ao crescimento de demanda não acompanhado pela oferta, o caso
típico que provoca a inflação de demanda é a expansão monetária e, um
exemplo disso é que durante a década de 1950 e 1960, no Brasil a situação
econômica estava desfavorável e o governo não poderia aumentar mais ainda
a inflação e com isso preferiu realizar a inserção de dinheiro em circulação o
que promoveu um aumento do saldo da população e incentivou o consumo,
porém o mercado não estava preparado para aumentar sua oferta e assim, por
consequência foi promovida a inflação de demanda. Para seu combate,
aparecem duas correntes, monetarista, tendo Milton Friedman como seu
mentor e, a fiscalista, com Paul A. Samuelson e James Tobin. Segundo os
monetaristas a solução para a inflação de demanda acontece a partir de
políticas que propõe o combate do déficit público e promovem um controle da
emissão da moeda já, os fiscalistas acreditam que a melhor forma de combater
a inflação de demanda é por meio de políticas fiscais e de renda.
A outra forma de inflação é chamada de inflação de custos, ela é
considerada uma inflação de oferta, ou seja, a demanda mantém a mesma,
contudo, o preço dos insumos aumenta e isso abala o preço final dos produtos.
Além disso, ela pode se dar a partir do aumento salarial desacompanhado pelo
aumento da produção dos trabalhadores e também pelo aumento nas taxas de
juros. Dentro dos conceitos de inflação de custos está presente a concepção
estruturalista, a princípio nascida na América Latina, defende a ideia de que a
inflação de custos na região acontece por conta principalmente devido a
industrialização latino-americana que não ter sido acompanhada pela
agricultura. Ou seja, a produção industrial pressionou a agricultura que não
conseguiu ceder a demanda e isso promoveu aos choques de oferta que são o
aumento do preço dos insumos primários que são acumulados no produto final.
A maior ameaça para que os aumentos de inflação se sustentem, são os
mecanismos de propagação, “instrumentos que permitem que choques de
oferta decorrentes dos pontos de estrangulamento se transformem em
processo inflacionário, isto é, permitem que os choques de ofertas sejam
repassados para os preços, fazendo com que a inflação se perpetue”
(GREMAUD, 2007 p. 120).
Outrossim, existe também a inflação inercial, que se trata de uma
inflação que está sem aceleração inflacionária e que sucede dos mecanismos
de indexação, que são meios de se reajustar valores de salários e alugueis a
partir de índices de variação de preço, em situações de inflação, os
mecanismos de indexação promovem o reajuste dos preços de acordo com o
passado. Quando os mecanismos de indexação são determinados por um
contrato são chamados de mecanismos formais de indexação, além deles
também existem os mecanismos informais de indexação, este que se dá a
partir de pessoas que aumentam ou diminuem seus preços porque outros
estão o fazendo. Vale ressaltar que assim que os meios de indexação se
tornam comuns na economia de um governo, a inflação tende a ser mantida
constante.
Por ser considerada um problema na economia, as altas taxas de
inflação consequentemente trazem danos as pessoas. Assim, vale ressaltar
que um dos grandes males proporcionados por ela é o fato de que ela distorce
os preços relativos de bens e serviços e assim promove com que a população
não consiga discernir entre os preços altos e baixos. Além disso, é um grande
inimigo para investimentos em geral pois, se torna imprevisível saber se haverá
um retorno positivo ou negativo tendo em vista a instabilidade dos preços.
Outrossim, o crescimento exacerbado da inflação promove para a economia
uma desvalorização da moeda e que pode acarretar na busca de moedas
estrangeiras para substituir a moeda nacional. Tendo em vista o que foi dito, no
ano de 1994 foi criado o Plano Real no Brasil com o intuito de realizar o
controle da inflação no país a partir da criação de uma nova moeda, o real, e
no ano de 2020 foi comemorado os 26 anos desde a criação da política
monetária e com isso é possível analisar a partir de dados do Índice de Preços
ao Consumidor que desde a instauração da nova moeda ela já sofreu uma
desvalorização de 84%. Outra consequência gerada pelo processo
inflacionário são os problemas na distribuição de renda, a partir do momento
em que os preços sobem de forma distinta, algumas pessoas também acabam
recebendo aumentos ou não de seus salários o que contribui para uma
concentração de renda e também uma perda da qualidade de vida de muitos
cidadãos. Por fim, entende-se que a inflação de certa forma atrasa as
transações econômicas porque a população gasta mais tempo para realizar
uma compra durante um período em que há processos inflacionários pois
tendem a procurar o melhor preço, isso é conhecido como custos de transação.
Dito isso, sabe-se que o cálculo da inflação é realizado por diferentes
instituições e consequentemente de diferentes formas como pode-se notar na
tabela abaixo:
Tabela 1: Institutos que calculam índices de preços e seus métodos
(Fonte: GREMAUD, Amaury, 2007)

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