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Conteúdo
2 Considerações finais
3.2 Avaliação
3.3 Recuperação
4 Estudos complementares
Referências
BACHARELADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO – EaD UAB/UFSCar
Tópicos Especiais em Sistema de Informação I
Prof. Dr. Roniberto Morato do Amaral
Embora a forma seja um fator decisivo, o desenho da rede não é suficiente para
explicá-la ou caracterizá-la como um sistema com propriedades e com um modo de
um funcionamento específico. Como já vimos, se bastasse identificarmos a existência
de ligações entre vários elementos, tudo seria efetivamente rede. Entre as perguntas
importantes para elucidar essa estão:
i) "Como estão ligados os pontos na rede?"
ii) "Para que servem tais ligações?"
iii) "Como os pontos funcionam de forma interligada?" e
iv) "De que maneira esse conjunto de pontos e linhas opera como
conjunto?"
Em outras palavras: quais as propriedades e as dinâmicas produzidas por um
sistema desse tipo?
Auto-organização;
Ausência de hierarquia;
Isonomia;
Conectividade;
As redes são sistemas abertos;
Descentralização;
Multidimensionalidade;
Transitividade;
Multiplicidade de caminhos;
Fenômenos coletivos
Auto-organização
Diz respeito à capacidade de coordenação da rede. As redes de comunicação
podem gerar laços de realimentação e adquirir a capacidade de regular a si mesmas.
Por exemplo, uma comunidade que mantém uma rede ativa de comunicação
aprenderá com seus erros, pois as consequências de um erro se espalharão por toda a
rede e retornarão para a fonte ao longo de laços de realimentação. Desse modo, a
comunidade pode corrigir seus erros, regular e organizar a si mesma. O conceito de
auto-organização está intimamente ligado a realimentação e auto-regulação.
Para ilustrar como funciona a auto-organização em rede, vou contar um caso a
você. Em uma disciplina pedi aos alunos que se organizassem em grupos para a
execução de uma atividade: de “Elaborar um projeto sobre melhorias em uma unidade
de informação”. Alguns grupos apresentaram projetos de excelência, atendendo a
todos os requisitos solicitados. Porém, outros grupos não alcançaram a média, devido
ao baixo desenpenho. Quando foi solicitada aos alunos uma nova atividade em grupo,
percebi que a formação dos grupos havia sido alterada porque os próprios alunos
identificaram os melhores parceiros de trabalho para a nova atividade em grupo.
Acredito que o resultado das avaliações (médias baixas), somado ao desempenho e a
experiência individual dos alunos na atividade, forneceu informações (feedback -
realimentação) aos alunos e consequentemente proporcionou o processo de auto-
organização dos grupos de trabalho. A figura 3 ilustra o processo de realimentação de
um determinado processo.
Elemento 1 Elemento 2
Elemento 3
Figura 3 – Auto-organização.
rede não conseguem demonstrar: o conjunto de “nós e linhas” da rede que produz
organização; é, na verdade, uma forma de organização.
Ausência de hierarquia
A capacidade de operar sem hierarquia é uma das mais importantes
propriedades distintivas da rede. Segundo Capra (2002) os sistemas vivos, em todos os
níveis, são redes. Devemos visualizar a teia da vida como sistemas vivos (redes)
interagindo à maneira de redes com outros sistemas (redes). Em outras palavras, a teia
da vida consiste de redes dentro de redes. Em cada escala, sob estreito e minucioso
exame, os nós (elementos) da rede se revelam como redes menores. Porém temos a
tendência de arranjar esses sistemas, todos eles, aninhados dentro de sistemas
maiores, num sistema hierárquico, colocando os maiores acima dos menores, à
maneira de uma pirâmide.
A hierarquia se expressa de forma bem evidentena estrutura vertical da
pirâmide. Da mesma maneira, a não-hierarquia pode ser exatamente representada
pela arquitetura da rede. A rede, assim, teria como propriedade organizacional mais
característica a horizontalidade. Rede seria um conjunto de pontos interligados de
forma horizontal, o que quer dizer, em outras palavras, um conjunto de nós e linhas
organizado de forma não-hierárquica. Esse é um aspecto decisivo quando
consideramos a rede como um padrão organizativo. Na Figura 4 é possivel visualizar
gráficamente as diferenças entre a estrutura hierarquica (pirâmide) e horizontal (rede).
A isonomia
É a característica que mais distingue uma organização horizontal de uma
hierarquia. Há isonomia quando todos são iguais perante um mesmo conjunto de
normas; quando todos são iguais politicamente, isto é, quando têm direito ao mesmo
tratamento e compartilham os mesmos direitos e deveres. Por exemplo, a nossa
disciplina esta organizada de forma hierárquica. Eu (Roniberto) sou o professor da
disciplina e elaboro o conteúdo e a forma de participação de vocês, alunos, na
disciplina. Ainda, trasnfiro para a Luciane (tutora da disciplina) algumas
responsabilidades sobre como desenvolver a disciplina e acompanhar o seu
desempenho. Neste exemplo é possível visualizar a hierarquia da disciplina, existente
entre professor, tutora e alunos.
A conectividade
Fenômeno de produção das conexões, a conectividade é que constitui a
dinâmica de rede. A rede se constitui por meio da realização contínua das conexões,
existindo apenas na medida em que houver ligações (sendo) estabelecidas.
A existência de conexão é condição para o pertencimento de um elemento ao
conjunto. Um ponto não-ligado não pode compor a rede. Ele se situa fora do sistema.
Para realizar a integração desse ponto perdido ao conjunto será necessário conectá-lo,
isto é, estabelecer com ele uma ligação (Figura 5). Sem ligação não há rede.
Por exemplo, eu e a tutora Luciane entramos na sua rede social no momento
em que estabelecemos uma conexão através do desenvolvimento da disciplina. Nossa
conexão se dará principalmente pelo ambiente moodle. Antes da disciplina não
fazíamos parte da sua rede. Agora, além de fazermos parte da sua rede, você faz parte
da nossa também, ou seja, fazemos parte de uma mesma rede social.
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Cada conexão representa sempre um par de pontos, pois uma ligação só pode
se estabelecer na medida da existência de dois elementos a serem ligados. Nesse
sentido, podemos afirmar que uma linha (conexão) vale por dois pontos. Em
compensação, cada ponto pode manter uma infinidade de linhas que se projetam
dele; pode possuir tantas linhas quantos forem os demais pontos pertencentes à rede
a que ele estiver ligado (Figura 6). Os pontos que se destacam quanto ao número de
conexões são denominados de hiperconectores. Veremos mais adiante que eles
proporcionam ligação e atalhos aos elementos da rede e à própria rede no acesso a
outros elementos e redes.
Uma linha representa sempre um par de pontos; um ponto pode ser ligado por uma infinidade de linhas
Ainda a pouco citei, como exemplo, o fato de fazer parte da sua rede social ao
Quando dois pontos acabam por construir uma ponte (conexão) entre ambos
os sistemas (rede de que fazem parte) (Figura 12), a partir desse momento, pela
iniciativa de uma conexão apenas, os dois mundos tornam-se ligados; eu e a Luciane
passamos a participar da sua rede e você torna-se integrante da rede do professor
(minha rede), bem como potencialmente todos os nós integrantes da sua rede
(colegas, amigos, familiares entre outros) passam também a tomar parte da (minha)
rede do professor e vice-versa. As duas terras estranhas uma à outra recebem, dessa
forma, uma via de passagem entre ambas. Cria-se um caminho para a possibilidade de
outras configurações de rede. A esse processo dá-se o nome de
Você
Professor
Figura 12 – Transitividade.
Fonte: Adaptado de WWF-Brasil (2003).
turma que o apresente à sua bela prima, A está usando o recurso da transitividade das
conexões para construir uma via de acesso ao objeto de seu interesse. O amigo
conhece a prima e conhece A. Logo, ele torna-se o caminho entre o colega A e a sua
prima. Nessa situação, o colega de turma funciona como a ponte que pode conduzir A
a vislumbrar a terra nova e estranha que lhe parece prometida (ou seja, a prima do
colega). Toda essa manobra pra conhecer a prima pode ser visualizada na Figura 13.
outras palavras, à existência do caminho mais curto entre um ponto e qualquer outro
no âmbito da rede, mesmo que estes estejam situados aparentemente distantes entre
si. Esse número será tanto menor quanto maior for a densidade da rede. Ou seja:
quanto mais conexões a rede (como um conjunto finito de pontos) tiver, menor será o
caminho (o número de pontos intermediários) entre qualquer ponto e menor será a
extensão característica de caminho na rede. Nas redes mais densas, os caminhos são
curtos e há muitos atalhos. O mundo, para elas, torna-se, desse modo, "menor".
Garanto que ficou surpreso com a facilidade de que você dispõe para falar com
o Presidente Lula. A pequenez do mundo tem a ver com outro atributo da arquitetura
das redes, que podemos chamar de " horizonte crítico " (ou "limite crítico
de horizonte"). O conceito de horizonte é tomado emprestado de Gene Kan, um jovem
programador de computadores, criador da rede peer-to-peer Gnutella na Internet. O
horizonte crítico refere-se à incapacidade de um determinado ponto (uma pessoa, por
exemplo) de enxergar ou conhecer a extensão completa da rede. No caso das redes
pessoais, cada indivíduo só tem a capacidade de ver a rede formada pelos pontos aos
quais está diretamente conectado ou, no máximo, um ou dois círculos de conexões
adiante. Recuero (2009) afirma que conseguimos manter em média 150 conexões
ativas em nossa rede de relacionamentos.
Todo mundo tem sempre mais conexões do que imagina e muito menos do que
poderia ter. Nosso aluno A do exemplo pode não saber, numa situação hipotética, que
sua própria irmã conhece alguém que conhece a prima de seu colega de turma. Seu
horizonte de rede é limitado (Figura 13). O próprio dinamismo organizacional da rede
impede, de todo modo, de se ver o mundo das conexões além de um certo horizonte.
Essa inapreensibilidade da rede não se deve só à sua extensão imensa, mas à sua
inquietante plasticidade.
Gene Kan lança mão de uma interessante analogia entre esse limite crítico de
horizonte e a situação de alguém numa multidão. Kan refere-se a uma propriedade
específica da rede Gnutella, na qual usuários de computadores trocam pacotes de
informação entre si, de maneira totalmente descentralizada, sem recurso a qualquer
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tipo de servidor central (como na Web). Mas a imagem que ele usa parece ser
adequada a qualquer tipo de rede (WWWF-BRASIL, 2003):
A maior parte da rede estará sempre para além do horizonte de visão. Quanto
mais conectado for um ponto – isto é, quanto mais conexões diretas ele tiver – e mais
rede à sua volta ele puder enxergar, mais extensa será a rede oculta por trás do
horizonte (Figura 14).
Figura 15 – Hiperconectores.
Fonte: Adaptado de WWF-Brasil (2003).
Figura 16 – Descentralização.
Fonte: Adaptado de WWF-Brasil (2003).
Uma rede não comporta centro porque cada ponto conectado pelo
emaranhado de linhas pode vir a ser o centro da rede num determinado instante. Se
redes não têm centro, não têm também "periferias".
Figura 16 – Rizoma.
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Você tem lugar cativo nas muitas redes de que participa (tantas quantas forem
as pessoas que conheça e mais um número indeterminado de redes de pessoas que
você – ainda – não conhece e talvez nunca venha a conhecer). Seguindo adiante a
trilha de nosso exemplo, o sistema de conexões da turma da sala de aulas é apenas
uma dessas redes. No mínimo, se você tiver 29 colegas na disciplina, você pertencerá a
pelo menos outras 29 redes de relacionamentos sociais, sem contar a minha e a da
Luciane.
De modo geral, as pessoas só vêem a rede quando precisam dela, pois como já
abordamos, somos incapazes de saber a extensão da rede para além de certo ponto
(horizonte). Na prática social, possuimos muitos círculos de relacionamento, mas não
sabemos quantos eles são ou como identificá-los.
A rede aparece quando é acionada. Acionar a rede significa colocar em ação
deliberada as comunidades das quais o indivíduo faz parte. Esse aspecto é muito
importante para a compreensão de uma característica específica das redes sociais (e
2 Considerações finais
3.2 Avaliação
Envolve a entrega do desenho da sua rede de relacionamentos, conforme as
instruções da AA 2.1 – Mapear a própria rede.
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3.3 Recuperação
4 Estudos complementares
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CAPRA, F. As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. [The hidden connections].
Marcelo Brandão Cipolla (Trad.). São Paulo: Cultrix, 2002. 296 p.