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e Tolerâncias
GeoméTricas
Uma abordagem prática sobre o que é e como medir.
1. Sobre o autor.
2. Objetivos e estratégias.
3. GD&T: De onde veio? Para que serve?
4. Referências, graus de liberdade e a medição no espaço.
5. Como entender e medir os erros previstos pelo GD&T?
I. Erros de forma:
a) Retilineidade;
b) Planicidade;
c) Circularidade;
d) Cilindricidade;
II. Erros de orientação:
a) Angularidade;
b) Perpendicularidade;
c) Paralelismo;
III. Erros de localização:
a) Posição real;
b) Concentricidade;
GeoméTricas
(11) 9.8151-0337 laraujo.consultorias@hotmail.com
Olá, meu nome é Lucas Araújo, sou nascido em Bragança Paulista, interior de São Paulo em
agosto de 1992.
Estudei mecatrônica durante o período entre 2011 e 2014, atualmente, estudo gestão da
qualidade.
Sobre o Autor Gostaria de lhe agradecer por dedicar uma parcela de seu tempo acompanhando este
material, e para retribuir sua atenção e dedicação, farei todo o possível para trazer o máximo
GD&T: de conteúdo pertinente para lhe ajudar em seu desenvolvimento em GD&T, tornemo-nos
fluentes neste idioma tão rico e importante para o mundo industrial.
DimensionamenTo Coloco-me a disposição para discutir qualquer material exposto neste documento, ou ainda,
e Tolerâncias qualquer outro assinto do qual precise de suporte, ou queira trocar conhecimentos.
Meus contatos estão disponíveis neste material, por isso, sinta-se livre
para me contatar caso tenha qualquer comentário, dúvida adicional, ou
mesmo o desejo de participar de um treinamento mais completo quanto
ao assunto apresentado ou qualquer outro assunto relacionado a
Metrologia.
Objetivos e Estratégias
GD&T:
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Antes de sair falando sobre normas, simbologias, erros, cálculos, ou
qualquer outra coisa, é importante entender qual o propósito do GD&T,
isso facilitará nossa conversa no decorrer de nosso tempo juntos.
Durante a segunda guerra mundial, Stanley Parker, engenheiro britânico que trabalhava na marinha inglesa, responsável pela
produção de torpedos, se deparava com um grave problema nas mãos. Naquela época, sua produção não era capaz de atender a
demanda que recebia.
Enquanto avaliava a situação, Parker percebeu que o problema não era realmente a produção, os componentes dos torpedos era
produzidos com velocidade adequada, no entanto, aproximadamente dois terços do que era produzido era rejeitado
(corretamente) durante o controle de qualidade.
Intrigado com esta situação, Stanley realizou testes de montagem com o material rejeitado, e ficou muito surpreso ao perceber
que mais de 50% do volume reprovado atendeu perfeitamente as necessidades de montagem.
Visto que o controle de qualidade estava sendo executado corretamente, mas o índice de falso alarme (reprova de produtos
bons, vide: Manual de MSA 4ª Edição da AIAG), era altíssimo, ficou claro para Stanley que havia algo de errado no projeto dos
componentes.
O GD&T nasceu para trazer os conceitos de montabilidade e aplicação para os projetos e laboratórios de metrologia.
Por isso...:
O GD&T traz um sistema de tolerâncias mais adequado, portanto, pode baratear os processos produtivos e ainda evitar
o refugo de produtos bons (como no caso de Parker)
Então, agora que o gelo foi quebrado, e nossos motores estão funcionando, é hora de aprendermos efetivamente, como é que o
GD&T funciona!!!
Mas pode ficar tranquilo e guardar seu traje espacial, este é um conceito
muito mais simples do que pode parecer, se você já mediu algo em sua
vida, então você já o utilizou.
Medição no Espaço
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GD&T: DimensionamenTo e Tolerâncias
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Pense na medição de um diâmetro, podemos resolver isso com a simples distância entre dois pontos alinhados à 180° que tocam
a tangente de um circulo:
Caso a intensão seja avaliar o diâmetro médio deste circulo, basta repetir a medição de distância diversas vezes e calcular sua
média:
∑ 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑖
𝑛
Para avaliar o menor circulo sobrescrito ou o maior circulo inscrito deste diâmetro, devemos comparar a distância de cada
ponto avaliado contra um ponto de centro comum. E assim por diante, o seja, não importa qual característica estejamos
interessados em avaliar, enquanto falamos de GD&T ou CD&T estaremos falando sobre distâncias.
Porque isso facilita muito o entendimento de visão espacial, ou tridimensional que utilizaremos daqui para frente.
Existe uma regra muito importante quando falamos sobre distâncias: Distâncias são a medida entre um ponto e uma
referência (guarde este conceito).
Por exemplo: não faz sentido perguntar qual a distância para a cidade de Campinas no estado de São Paulo, se não foi dado um
ponto de partida (referência). A mesma coisa acontece quando falamos de medição. As referências de medição – “DATUMS” –
são tão importantes.
Placa A
Placa A
Entendendo o GD&T
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GD&T: DimensionamenTo e Tolerâncias
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Quadro de tolerâncias:
Para facilitar o entendimento dos assuntos tratados a seguir, é importante entender como os erros previstos pelo GD&T serão
apresentados, por isso, vamos resolver qualquer dúvida com a imagem a seguir:
Aqui serão indicadas todas as
Aqui será indicada a
informações pertinentes a
simbologia da
tolerância das características
característica
medidas.
medida.
• Todos os erros de forma não possuem referências, isso acontece por que nestes casos as superfícies serão avaliadas contra
um padrão perfeito (logo você entenderá melhor como isso funciona);
• Todos os erros de forma avaliam superfícies geométricas;
• Retitude ou Retilíneidade;
• Planeza ou Planicidade;
• Circularidade;
• Cilindricidade.
Consiste na comparação de uma linha medida sobre uma superfície ou um eixo contra uma linha perfeita, ou seja, o objetivo
aqui é mensurar o desvio de uma linha. Este erro pode ser exibido das seguintes formas:
Consiste na comparação de um plano medido sobre uma superfície ou um plano simétrico contra um plano perfeito, ou seja, o
objetivo aqui é mensurar o desvio de um plano. Este erro pode ser exibido das seguintes formas:
Desta vez, será realizada a avaliação do quão perfeito é um circulo medido, para este caso não faz sentido a apresentação da
tolerância é a seguinte:
A circularidade é representada A coleta de pontos de medição deve ser feita A tolerância neste caso é apresentada
pelo símbolo apresentado no em uma única secção da superfície medida, por dois círculos concêntricos alinhados
primeiro campo do exemplo formando uma fatia do cilindro indicado com o ponto central do circulo médio
acima (zona de simbologia). (circulo). calculado a partir do dados coletados. A
diferença entre os raios destes círculos
Neste caso, a linha de chamada do É comum a utilização de instrumentos de será igual a tolerância informada no
quadro de tolerância geométrica medição como: Relógio Comparador; segundo campo do quadro de
indica a superfície do elemento. Relógio Apalpador; Máquina tolerâncias geométricas (zona de
Tridimensional; Circularímetro; Projetor de tolerâncias).
Para a circularidade, não é Perfil; Tridimensional Ótica, entre outros.
utilizado bônus de tolerância.
A cilindricidade é muito semelhante a circularidade abordada anteriormente, a diferença é que neste caso, será adicionada um
profundidade, ou seja, será formado um cilindro medido, e não apenas um circulo:
A cilindricidade é representada A coleta de pontos de medição deve ser feita A tolerância neste caso é apresentada
pelo símbolo apresentado no ao longo de toda superfície medida, por dois cilindros concêntricos
primeiro campo do exemplo formando um cilindro. alinhados com o ponto central do
acima (zona de simbologia). cilindro médio calculado a partir do
É comum a utilização de instrumentos de dados coletados. A diferença entre os
Neste caso, a linha de chamada do medição como: Relógio Comparador; raios destes cilindros será igual a
quadro de tolerância geométrica Relógio Apalpador; Máquina tolerância informada no segundo campo
indica a superfície do elemento. Tridimensional; Circularímetro, entre do quadro de tolerâncias geométricas
outros. (zona de tolerâncias).
Para a cilindricidade, não é
utilizado bônus de tolerância
• Angularidade;
• Paralelismo;
• Perpendicularidade.
A angularidade avalia o impacto de um desvio angular entre duas superfícies, contra um padrão definido.
Para a definição deste padrão deve ser utilizada uma cota básica, a qual será indicada dentro de um retângulo.
As cotas básicas demonstram qual a condição de uma peça perfeita, elas nunca são medidas diretamente, mas serão base de
informação para outras características previstas pelo GD&T.
Existe apenas uma diferença quando comparamos o Paralelismo com a Angularidade, o ângulo de referência, enquanto a
Angularidade depende de uma cota básica indicando qual o ângulo ideal entre a face de referência (Datum) e a face medida, no
caso do paralelismo o ângulo de básico será igual a 0º (ou 180°).
Outra definição aceita, é que o paralelismo é a variação observada em diversas distâncias entre pontos medidos na superfície
avaliada contra a referência (Datum).
Este também é um conceito muito parecido com os demais erros de orientação. Neste caso o ângulo de referência também é
fixo (assim como no caso do paralelismo), desta vez utilizaremos como básico 90°.
Outra particularidade da perpendicularidade, é que ela também pode ser aplicada em eixos.
Até a revisão de 2009 da ASME Y14,5, o Paralelismo também podia ser aplicado em eixos. Apesar de não abordarmos
diretamente este tema neste documento, os conceitos desta aplicação é muito parecida com o que será apresentado para a
perpendicularidade nas páginas seguintes.
Aqui, a indicação de Será necessário identificar o centro do Neste caso, a tolerância será
perpendicularidade acontece elemento avaliado, para isso devem ser apresentada como um cilindro,
como uma característica medidos círculos em diferentes alturas do centralizado com relação ao eixo médio
complementar ao diâmetro do furo. do cilindro medido. O diâmetro deste
furo. cilindro de tolerância é igual a
Normalmente são utilizados equipamentos, tolerância indicada no quadro de
Neste caso o elemento avaliado como: Máquina Tridimensional; tolerâncias.
será o eixo central do furo. Circularímetro; entre outros equipamentos
com capacidade de medição tridimensional. Abordaremos o conceito de bônus de
Aqui é aconselhável o uso de tolerância futuramente.
bônus de tolerância, indicado pelo
símbolo
NOTA: Os erros de Concentricidade e Simetria já não são mais válidos, ambos atualmente são controlados como posição real,
isso aconteceu porque estes dois erros poderiam ser entendidos como casos específicos de posição real. De qualquer forma,
apresentaremos estes conceitos para garantir seu entendimento.
Este é o conceito mais antigo do GD&T, ele serve para avaliar o quão deslocado um elemento está de sua posição ideal, para
isso é importante conhecer quais são as coordenadas Básicas deste elemento. Para entender melhor este conceito e seus
benefícios, observe a figura abaixo:
Se o centro do furo
estiver em qualquer
lugar dentro deste
quadrado, esta será
uma peça funcional.
𝐷𝑖𝑎𝑔𝑜𝑛𝑎𝑙 = 1 + 1 = 1,41𝑚𝑚
Este foi o aspecto percebido por Stanley Parker enquanto avaliava,
porque peças reprovadas por seu controle de qualidade ainda eram
funcionais.
Área do Quadrado:
𝐿𝑎𝑟𝑔𝑢𝑟𝑎 ∴ 1 = 1𝑚𝑚²
Área do Circulo:
𝜋 𝑟 ∴ 𝜋 1,41 = 𝜋 0,5 = 1,57𝑚𝑚²
Diferença entre as tolerâncias:
Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜 − Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑄𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑑𝑜
100
Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑄𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑑𝑜
1,57 − 1 0,57
100 = 100 = 57%
1 1
A área do circulo de tolerância trazido pelo GD&T é 57% maior do que
a área do quadro de tolerância do CD&T.
O elemento
está aqui
Desvio em Y
O elemento
deveria
estar aqui.
𝑃𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑅𝑒𝑎𝑙 = 2 𝐶𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎 𝑋 𝐵á𝑠𝑖𝑐𝑎 − 𝐶𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎 𝑋 𝐴𝑡𝑢𝑎𝑙 + 𝐶𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎 𝑌 𝐵á𝑠𝑖𝑐𝑎 − 𝐶𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎 𝑌 𝐴𝑡𝑢𝑎𝑙
Trazendo para o nosso exemplo:
𝑃𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑅𝑒𝑎𝑙 = 2 30,000 − 29,985 + 25,000 − 25,024
𝑃𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑅𝑒𝑎𝑙 = 2 0,015 + −0,024
𝑃𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑅𝑒𝑎𝑙 = 2 0,000225 + 0,000576
𝑃𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑅𝑒𝑎𝑙 = 2 0,000801
𝑃𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑅𝑒𝑎𝑙 = 2 0,0283
𝑃𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑅𝑒𝑎𝑙 = 𝟎, 𝟎𝟓𝟔𝟔𝒎𝒎
Quando falamos sobre concentricidade todas as regras e conceitos abordados na posição real ainda são válidos, no entanto,
visto que a concentricidade trata do desvio entre centros de dois elementos (concêntricos), não são utilizadas cotas básicas
como referência para coordenadas.
Com a revisão da ASME Y14,5:2018, a concentricidade deixou de existir, agora, para controlar este desvio também é utilizada
a posição real.
A simetria é muito semelhante a concentricidade, no entanto, desta vez avalia-se a posição de um elemento simétrico com
relação a outros dois elementos, veja o exemplo:
Com a revisão da ASME Y14,5:2018, a simetria deixou de existir, agora, para controlar este desvio também é utilizada a
posição real.
Características gerais: Estas são tolerâncias compostas, ou seja, seus resultados serão afetados por erros de forma, orientação
e locação do elemento medido.
Isso quer dizer que o medidor (equipamento de medição) realizará a coleta de dados em um único circulo, neste caso a
indicação em desenho será a seguinte:
Isso quer dizer que o medidor (equipamento de medição) realizará a coleta de dados durante todo o cilindro avaliado, neste
caso a indicação em desenho será a seguinte:
O medidor (instrumento de medição), realizará a coleta de dados tocando a tangente do diâmetro avaliado. O nome radial é em
função do alinhamento da coleta de dados com relação ao raio do eixo avaliado. É importante lembrar, que o batimento radial
pode ser circular ou total, conforme descrito anteriormente. A indicação será a seguinte:
O medidor (instrumento de medição), realizará a coleta de dados tocando sobre a superfície da extremidade do eixo avaliado.
O nome axial é em função do alinhamento da coleta de dados com relação ao eixo avaliado. É importante lembrar, que aqui
também podem ser aplicados tanto o circular quanto o total, conforme descrito anteriormente. A indicação será a seguinte:
Características gerais: Estes erros são destinados a avaliação de perfis complexos, são muito parecidos com os erros de
forma, no entanto neste caso, são dependentes de perfis ou superfícies padrão (normalmente medidos a partir de comparação
matemática).
Este erro serve para a comparação de qualquer perfil bidimensional, para este caso, é necessário que exista um perfil padrão, o
qual será utilizado como base para comparação dos pontos medidos.
É importante salientar que aqui, os erros serão avaliados como a amplitude entre o maior desvio positivo e negativo (mais
material e menos material) observado.
Exatamente igual ao Perfil de Linha Qualquer, porém, desta vez será adicionado um terceiro eixo, representando a
profundidade do perfil avaliado.