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1. CONCEITOS
Hely Lopes Meirelles: “toda manifestação UNILATERAL de vontade da Administração Pública que,
agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e
declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”.
Celso Antônio Bandeira de Mello: o ato administrativo é uma “declaração do Estado (ou de quem lhe
faça as vezes - como, por exemplo, um concessionário de serviço público) no exercício de
PRERROGATIVAS PÚBLICAS, manifestada mediante providências jurídicas COMPLEMENTARES da
lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional”.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro: “pode-se definir o ato administrativo como a declaração do Estado ou
de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime
jurídico de direito público e sujeita a controle do Poder Judiciário”.
Não se pode esquecer que embora os atos administrativos sejam típicos do Poder Executivo,
no exercício de suas funções próprias, os Poderes Judiciário e Legislativo também editam atos
administrativos, sobretudo relacionados ao exercício de suas atividades de gestão interna (ex.: atos
de contratação de pessoal, de aquisição de material etc.).
1
a) Fato jurídico em sentido estrito: são eventos da natureza, que não contam com
manifestação de vontade direta do homem, dos quais resultam consequências jurídicas (ex.:
nascimento, inundação que ocasione destruição);
b) Ato jurídico: é qualquer manifestação humana voluntária que tenha a finalidade direta de
produzir alteração no mundo jurídico.
Para HELY LOPES MEIRELLES, “o ato administrativo típico é sempre manifestação volitiva
da Administração, no desempenho de suas funções de Poder Público, visando a produzir algum
efeito jurídico”.
Direito Administrativo - Atos administrativos
Por outro lado, existe discrepância entre os principais administrativistas acerca da noção de
fato administrativo:
José dos Santos Carvalho Filho: São quaisquer atuações da administração que não correspondem
a uma manifestação de vontade, mas que produzem efeitos jurídicos, a despeito de não terem por
finalidade imediata a produção desses efeitos (ex.: colisão entre veículo oficial e veículo particular);
Celso Antônio Bandeira de Mello: é o silêncio ou inércia da Administração que produz efeitos
jurídicos (ex.: decadência do direito de anular ato viciado). Essa omissão juridicamente relevante 2
produz efeitos independentemente de a Administração tê-los desejado;
Maria Sylvia Di Pietro: eventos da natureza, não decorrentes de manifestação ou declaração humana,
que produzem efeitos no âmbito do direito administrativo (ex.: morte de um servidor). Seriam espécies
do gênero fatos jurídicos em sentido estrito. Obs.: Essa autora diferencia fato administrativo de fato da
administração, o qual indica como sendo aqueles que não produzem qualquer efeito jurídico no Direito
Administrativo.
“Seja qual for a definição adotada, certo é que os fatos administrativos não estão
sujeitos à teoria geral dos atos administrativos. Em qualquer das acepções antes
expostas, pode-se afirmar a respeito dos fatos administrativos:
(a) não têm como finalidade da produção de efeitos jurídicos (embora possam deles
eventualmente decorrer efeitos jurídicos);
DI PIETRO define atos da administração como “todo ato praticado no exercício da função
administrativa”. Segundo ela, dentre os atos da Administração, incluem-se:
4. Atos políticos (ou atos de governo), que estão sujeitos a regime jurídico-constitucional e
não à teoria geral do ato administrativo;
5. Contratos;
Regime Jurídico de Direito Público: os atos administrativos são sujeitos a regime jurídico
de direito público, na medida em que tais atos provêm de agentes da Administração (ou delegatário
do Poder Público) e se destinam ao atendimento do interesse público. Assim, há regras e princípios
jurídicos específicos para os atos administrativos que não incidem sobre os atos privados, dentre os
quais, podemos citar: as normas que contemplam os requisitos de validade dos atos administrativos,
os princípios da legalidade estrita, os atributos da autoexecutoriedade e da presunção de
legitimidade.
Direito Administrativo - Atos administrativos
Portanto, é o regime jurídico de direito público que rege basicamente os atos administrativos,
cabendo ao direito privado fazê-lo SUPLETIVAMENTE e sem contrariar o regramento fundamental
específico para os atos públicos. Lembre-se que o regime jurídico administrativo é composto de
prerrogativas e sujeições.
Com base na lei que regula a ação popular, a doutrina costuma apontar cinco requisitos do
ato administrativo: competência, finalidade, forma, motivo e objeto (dica para memorizar: “COM-FI-
FOR-M-OB”).
São requisitos de validade, haja vista que a prática em desacordo com o estabelecido em lei
leva à sua nulidade (exceção: em caso de vício nos elementos competência ou forma, poder-se-á
ter atos apenas anuláveis, ou seja, potencialmente aptos à convalidação).
4
2.1. COMPETÊNCIA
Para a prática de qualquer ato administrativo é necessário que o agente tenha poder
específico para o desempenho das atribuições do seu cargo, sendo esta a definição de
competência.
Celso Antônio Bandeira de Mello enfatiza o fato de que os agentes públicos têm, antes de
tudo, deveres e que, somente para o cumprimento desses é que o ordenamento lhes confere poderes
ou prerrogativas especiais. Tais poderes são atribuídos na exata medida do que seja necessário para
que o agente atinja os fins que o ordenamento lhe impõe, sempre voltados ao interesse público.
A. CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA
2. NÃO pode ser renunciada - irrenunciável pelo agente, porque se trata de um múnus
público, ou seja, não pertence ao agente; se não lhe pertence, não pode renunciar;
Direito Administrativo - Atos administrativos
4. NÃO pode ser modificada pela vontade do agente: sendo elemento vinculado, somente
a lei pode modificá-la;
5. NÃO prescreve pela inexistência de exercício efetivo, ou seja, mesmo que o agente
não a utilize não quer dizer que depois perderá o seu direito de utilizá-la;
Obs. 2: Quando o agente transfere a competência para subordinado não deixa de ser competente,
surgindo, assim, a competência cumulativa (tanto quem transferiu quanto quem recebeu são
competentes);
Tomando por base o disposto na Lei n.º 9.784/99, arts. 11 a 14, MARCELO ALEXANDRINO
e VICENTE PAULO [Direito Administrativo Descomplicado] enumeram como sendo relevantes os
seguintes pontos sobre delegação de competência:
2. A delegação pode ser feita para órgãos ou agentes subordinados, mas ela também é
possível mesmo que não exista subordinação hierárquica, nos expressos termos do art. 12 da
lei;
3. A delegação deve ser de apenas parte da competência do órgão ou agente, não de todas
as suas atribuições;
5. O ato de delegação pode conter ressalva de exercício da atribuição delegada, vale dizer,
o exercício da atribuição pode não ser conferido em sua plenitude ao agente delegado, e sim com
restrições e ressalvas. Por exemplo, o delegante, se assim entender conveniente, pode enumerar
casos ou circunstâncias em que o agente delegado necessite receber dele uma autorização prévia
e específica, para exercer a atribuição delegada, ou mesmo especificar situações ou hipóteses em
que fique vedado o exercício da atribuição pelo delegado;
8. O ato por delegação deve mencionar expressamente esse fato e é considerado adotado
pelo delegado, ou seja, a responsabilidade recai sobre ele, inclusive para fins de indicação da
autoridade coatora em mandado de segurança”.
Ressalte-se que a vedação existe na Lei n. 9.784/99, que é lei federal, nada impedindo,
portanto, que haja diferença de regramento em leis de outras esferas.
Quanto à avocação, é regulada em apenas um artigo da Lei n.º 9.784/99, segundo o qual:
Vício de competência ocorre por: i) excesso de poder; ii) usurpação de função; iii) ou função
de fato.
Direito Administrativo - Atos administrativos
Ocorre excesso de poder quando o agente atua fora ou além de sua esfera de competências,
estabelecida em lei (no mesmo sentido do disposto no art. 2º, parágrafo único, alínea a, da Lei n.º
4.717/65). Ex.: a autoridade competente para aplicar pena de suspensão, aplica penalidade mais
grave.
Obs. 1: CUIDADO: abuso de poder é o gênero, do qual são espécies o excesso de poder (vício de
competência) e o desvio de poder (vício no elemento finalidade dos atos administrativos).
Obs. 2: Tanto o excesso como o desvio de poder podem configurar crime de abuso de autoridade
(Lei n.º 4.898/65), hipótese em que o agente ficará sujeito à responsabilidade administrativa e à penal,
podendo ainda responder civilmente, se de seu ato resultarem danos patrimoniais e morais.
A usurpação da função é o crime (art. 328 do CP) cometido por alguém que não foi por
nenhuma forma investido no cargo, emprego ou função públicos. O agente não tem nenhuma espécie
de vínculo funcional com a administração. Neste caso, a maioria da doutrina considera o ato 7
inexistente.
Ocorre a função de fato quando a pessoa foi investida no cargo, emprego ou função pública,
mas há alguma ilegalidade em sua investidura ou impedimento para a prática do ato. Ex.: idade
inferior ao mínimo legal; ato praticado por servidor após vencido o prazo da contração. Em função
da teoria da aparência (para os administrados, a situação tem total aparência de legalidade, de
regularidade), o ato é considerado válido, ou pelo menos o são os efeitos dele decorrentes.
2.2. FINALIDADE
A finalidade é sempre elemento vinculado de todo ato administrativo, haja vista que não se
admite ato administrativo sem finalidade pública ou desviado de sua finalidade específica. Quem
define a finalidade a ser perseguida pelo agente público é sempre a lei. Os atos administrativos
apenas se justificam como fator de realização do interesse coletivo.
A finalidade é justamente o bem jurídico que está sendo protegido pelo ato administrativo,
pode ser dividida em:
Direito Administrativo - Atos administrativos
2. Finalidade específica: é a que vem prevista na lei, o que alguns doutrinadores denominam
de tipicidade, porque a lei estabelece para cada finalidade um ato administrativo respectivo.
“Foi visto que em dois sentidos se pode considerar a finalidade do ato: em sentido
amplo, ela corresponde sempre ao interesse público; em sentido restrito,
corresponde ao resultado específico que decorre, explícita ou implicitamente da lei,
para cada ato administrativo. No primeiro sentido, pode-se dizer que a finalidade seria
discricionária, porque a lei se refere a ela usando noções vagas e imprecisas (...). No
segundo sentido, a finalidade é sempre vinculada; para cada ato administrativo
previsto na lei, há uma finalidade específica que não pode ser contrariada.”
Ocorre desvio de poder quando o agente se serve de um ato para satisfazer finalidade alheia
à natureza do ato utilizado.
O desvio de poder pode ocorrer de dois modos: o agente busca uma finalidade alheia ao
interesse público (desvio da finalidade geral) ou o agente busca uma finalidade, ainda que de 8
interesse público, alheia à categoria do ato que utilizou (desvio da finalidade específica do ato).
A grande dificuldade com relação ao desvio de poder é a prova, pois o agente não declara a
sua verdadeira intenção; ele procura ocultá-la para produzir a enganosa impressão de que o ato é
legal. Então, o desvio de poder se comprova por meio de indícios como: motivação insuficiente
ou contraditória; irracionalidade do procedimento, acompanhada da edição do ato; contradição do
ato com o resultado; a camuflagem dos fatos; a inadequação entre os motivos e os efeitos; o excesso
de motivação.
2.3. FORMA
A doutrina tradicional costumava classificar a forma como elemento vinculado (ex.: Hely
Lopes Meirelles). Atualmente esse tema é controverso, sendo preferível dizer que este elemento é,
em regra, vinculado.
Alguns autores consideram que a forma pode ser elemento discricionário ou vinculado, o que
é corroborado pelo art. 22, caput, da Lei n.º 9.784/99, segundo o qual “os atos do processo
administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir”.
1. “Quando a lei não exigir forma determinada para os atos administrativos, cabe à
administração adotar aquela que considere mais adequada, conforme seus critérios de conveniência
e oportunidade administrativas; a liberdade da administração é, entretanto, estreita, porque a forma
adotada deve proporcionar segurança jurídica e, se se tratar de atos restritos de direitos ou
sancionatórios, deve possibilitar que os administrados exerçam plenamente o contraditório e ampla
defesa;
Obs. 1: no caso dos atos praticados no âmbito do processo administrativo federal, a forma é sempre
e obrigatoriamente a escrita (art. 22, §1º, da Lei n.º 9.784/99).
Obs. 2: quanto a contratos administrativos, o art. 60, parágrafo único, da Lei n.º 8.666/93 estabelece
que “é nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras
de pronto pagamento (...) feita em regime de adiantamento”, quando não ultrapasse o valor de R$
8.800,00 (conforme art. 23, II, a).
A. VÍCIO DE FORMA
Em regra, é passível de convalidação, ou seja, é defeito sanável que pode ser corrigido.
A convalidação não será possível quando a lei estabelece determinada forma como essencial
à validade do ato, caso em que será nulo se não a observar. Essa conclusão já era possível de ser
extraída da redação do art. 2º, parágrafo único, da Lei 4.717/65 (ação popular).
Direito Administrativo - Atos administrativos
ATENÇÃO: Importa destacar que a motivação (declaração escrita dos motivos da pratica do ato),
quando obrigatória, integra a forma do ato administrativo. Sua ausência acarreta a nulidade do ato
por vício de forma, e não por vício de motivo.
B. SILÊNCIO ADMINISTRATIVO
Tema divergente. Para o Direito Administrativo, o silêncio é um nada jurídico, salvo se a lei
estabelecer algum efeito.
O Poder Judiciário, no silêncio do administrador, pode exercer controle sobre essa ausência
de ato (omissão), entretanto, não pode substituir a vontade do administrador, ou seja, não pode
dar a resposta no lugar do administrador. Ex.: não pode conceder autorização para construir. Ao
contrário, deve fixar um prazo para que a Administração cesse o Estado de silêncio com uma
resposta ao administrado, sob pena de multa.
Posição de CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO: se o ato for vinculado, a vontade é da lei.
Assim, o juiz pode suprir a manifestação do administrador, porque não há juízo de valor, não há
juízo de conveniência e de oportunidade.
A Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XXXIV, inscreve, no rol dos direitos
fundamentais do cidadão, o direito de petição, consubstanciado na faculdade de se dirigir aos
Poderes Públicos – dentre os quais se encontra a Administração – petição para a defesa de direitos
ou contra ilegalidade ou abuso de poder.
surja quando já superado o tempo razoável para aquela manifestação. Emanação do direito à
razoável duração do processo (inciso LXXVIII, do artigo 5º da Carta Magna).
Nas hipóteses de não haver previsão legal específica de prazo para a oferta de resposta pela
Administração, deve-se aplicar, subsidiariamente, o lapso de 30 dias previsto na Lei n.º 9.784/99
(arts. 49 e 59, § 1º), responsável pela regulação do processo administrativo no âmbito federal.
Ao tempo em que no Direito Privado o silêncio importa, regra geral, consentimento tácito
(ressalvadas as situações para as quais a lei preveja a necessidade de manifestação expressa), no
Direito Público, em que não impera a autonomia da vontade, tal solução não se revela aplicável.
Mesmo quando se operem os efeitos fictos do mutismo estatal, será possível o ingresso do
administrado no Judiciário, pleiteando a inteira satisfação dos seus direitos.
se afirmou, o administrado tem direito não só a uma decisão, mas a uma solução devidamente
fundamentada.
Como pode se observar, o §2º não previu solução para o caso de omissão.
2.4. MOTIVO
Direito Administrativo - Atos administrativos
Para CABM, o motivo é pressuposto de fato que autoriza ou exige a prática do ato, tratando-
se da causa, enquanto pressuposto lógico de validade.
Quando o ato é vinculado, a lei determina que, à vista daquele fato, seja obrigatoriamente
praticado aquele ato administrativo com aquele conteúdo (ex.: licença paternidade). Quando o ato é
discricionário, a lei autoriza a pratica do ato, à vista de determinado fato; neste caso, a lei pode
facultar a escolha dentre diversos objetos (ex.: a licença não remunerada para tratar de interesses
pessoais). 13
A. VÍCIO DE MOTIVO
Pode ser analisado levando-se em consideração o disposto no art. 2º, parágrafo único, alínea
d, da Lei 4.717/65.
1. Motivo inexistente: melhor seria dizer “fato inexistente”. Neste caso, a lei diz que diante
de determinado fato, deve ser praticado determinado ato. Se que o fato não existe, diz-se que o ato
é viciado por inexistência material do motivo. Ex.: servidor é reprovado no estágio probatório por
inassiduidade, não sendo demonstrado que o servidor faltava ao serviço;
B. DISTINÇÕES IMPORTANTES
C. OBRIGATORIEDADE DA MOTIVAÇÃO
Registra-se que, para JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO, a motivação não é
obrigatória, mas é aconselhável. Era assim que pensava a doutrina tradicional. Defendiam que o
artigo 93, IX, CF, somente é aplicável ao Poder Judiciário. O artigo 50, da Lei n.º 9.784/99, inclusive,
traz uma lista de atos nos quais a motivação é obrigatória, admitindo, implicitamente, que podem
existir atos sem motivação.
Mas a motivação é obrigatória, segundo a maioria dos doutrinadores. A Lei nº 9.784/99, art.
2º, estabeleceu que a motivação é um princípio: tanto os atos vinculados, como os discricionários
devem ser motivados. Para CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO e EROS ROBERTO GRAU,
se o ato vinculado deve ser motivado, muito mais deve ser o ato discricionário, a fim de demonstrar
que a finalidade pública está sendo atendida.
Para essa corrente, tanto o ato administrativo discricionário quanto o vinculado dependem de
motivação. Entretanto, os atos VINCULADOS têm uma motivação IMPLÍCITA, bastando a SIMPLES
MENÇÃO ao dispositivo da LEI, que conta com a motivação. Nos atos discricionários, pode-se ou
não ter motivação por escrito, mas mais do que nunca se exige a motivação, porque os atos
dependem de um juízo de valor (conveniência e oportunidade), em atenção à transparência. Na
EC/45, houve uma alteração, afirmando que as decisões administrativas dos tribunais serão
fundamentadas, artigo 93, X: as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão
pública, sendo as disciplinares tomadas pela maioria absoluta de seus membros.
Aplica-se tanto a atos vinculados como discricionários, sempre que houver motivação.
Uma vez enunciados os motivos do ato pelo agente, ainda quando a lei não haja expressamente
imposto a obrigatoriedade de enunciá-los, o ato só será válido se estes realmente ocorreram e
justificaram o ato.
Direito Administrativo - Atos administrativos
Em alguns casos, os atos não precisam de motivação, como, por exemplo, a exoneração
ad nutum, ou seja, exoneração de cargo em comissão, de livre nomeação e exoneração. Mas se o
administrador exarar a motivação (exemplo: aduzir que seria para racionalizar a máquina
administrativa), nesse caso, não pode contratar outra pessoa para o cargo, sob pena de ilegalidade.
O administrador não precisava explanar os motivos, mas, se assim proceder, estará a eles
vinculado.
ATENÇÃO: Tredestinação lícita é uma exceção à teoria dos motivos determinantes. É um instituto
peculiar da desapropriação, por meio do qual se autoriza a mudança de destino do bem desapropriado,
em razão de interesse público (DL n.º 3.365/41).
2.5. OBJETO
Pode-se dizer que o objeto do ato administrativo é a própria alteração no mundo jurídico que
o ato provoca, é o efeito jurídico imediato que o ato produz (MARCELO ALEXANDRINO e VICENTE
PAULO). Ex.: o objeto do ato de concessão de uma licença é a própria licença.
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CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO afirma que o objeto é diferente do conteúdo. O
objeto é sobre o que se decide e o conteúdo é a decisão. Sendo que o conteúdo é elemento do
ato, e o objeto é pressuposto de existência do ato.
Tem-se que:
Portanto, são os elementos motivo e objeto que permitem verificar se o ato é discricionário
ou vinculado. O binômio motivo-objeto determina o mérito administrativo (MARCELO
ALEXANDRINO e VICENTE PAULO).
A. REQUISITOS DO OBJETO
Direito Administrativo - Atos administrativos
B. VÍCIO DE OBJETO
Objeto impossível e objeto proibido pela lei são dois tradicionais vícios do objeto na seara
privada que são aplicáveis ao ato administrativo.
1. Ato praticado com conteúdo não previsto em lei. Ex.: suspensão do servidor por 120
dias, quando a lei prevê um máximo de 90 dias;
2. Ato praticado com objeto diferente daquele que a lei prevê para aquela situação. Ex.:
a lei prevê que para a instalação de banca de jornal na calçada deve ser concedida uma “permissão”, 17
mas a Administração concede uma “autorização”.
Nem sempre é possível distinguir essa hipótese do vício de motivo, na variante “incongruência
entre o fato e a norma”. A relação entre esses elementos é de causa-efeito, antecedente-
consequente. De toda forma, gerará um ato nulo.
Nas hipóteses em que a distinção é possível, deve-se observar o seguinte: quando ocorre
vício do objeto, a Administração não comete erro na análise de um fato, nem na interpretação da
hipótese legal que descreve o motivo (como ocorre no vicio de motivo). Ela faz o enquadramento
correto, mas pratica o ato com objeto que não corresponde na lei àquele enquadramento.
2) FINALIDADE VINCULADA
3) FORMA VINCULADA/DISCRICIONÁRIA
Direito Administrativo - Atos administrativos
4) MOTIVO DISCRICIONÁRIO
Segundo o autor: “Sem os elementos não há ato jurídico algum (administrativo ou não). Sem
os pressupostos não há ato administrativo formado de maneira válida”.
Pressupostos de validade:
3. Teleológico: finalidade;
Para CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO, o termo elementos sugere a ideia de parte
componente de um todo, entretanto, alguns aspectos aqui elencados não podem ser considerados
partes do ato porque são exteriores a ele, surgindo assim a expressão pressupostos, que serão
divididos em pressupostos de existência e pressupostos de validade.
Direito Administrativo - Atos administrativos
Conteúdo É a decisão
ELEMENTOS
Forma É a exteriorização do ato
Objeto
DE EXISTÊNCIA
Pertinência da função administrativa
PRESSUPOSTOS
Requisitos procedimentais (pressuposto
objetivo)
DE VALIDADE
4. MÉRITO ADMINISTRATIVO
O mérito administrativo consiste, pois, conforme o autor em destaque, “na valoração dos
motivos e na escolha do objeto do ato, feitas pela Administração incumbida de sua prática, quando
autorizada a decidir sobre a conveniência, oportunidade e justiça do ato a realizar. Daí a exata
afirmativa de Seabra Fagundes de que 'o merecimento é aspecto pertinente apenas aos atos
administrativos praticados no exercício de competência discricionária’”.
Direito Administrativo - Atos administrativos
Não pode, portanto, o juiz substituir a ótica do administrador pela sua, sob pena de afrontar a
decisão realizada pelo administrador e violar a separação dos poderes.
O Poder Judiciário nunca revoga atos administrativos (próprio do controle de mérito), apenas
anula, no exercício da função jurisdicional. Um ato considerado desproporcional ou desarrazoado
pelo Poder Judiciário é um ato nulo.
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5. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Os atos administrativos possuem certos atributos que os diferenciam dos atos jurídicos
particulares. São, então, os seus atributos: a presunção de legitimidade, a imperatividade e a
autoexecutoriedade. Há ainda para MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, mais um atributo:
a tipicidade.
De acordo com esse atributo, em regra, o ato administrativo produz os seus efeitos desde o
momento da sua edição, ainda que sejam apontados vícios que possam levar à sua futura
invalidação. A presunção estabelece uma aplicação IMEDIATA do ato administrativo.
Direito Administrativo - Atos administrativos
A presunção é relativa (iuris tantum), cabe a prova em contrário por parte do administrado.
Obs.: Quando se fala de ato manifestamente ilegal há uma mitigação do atributo. Por exemplo, a Lei
n.º 8.112/90 em seu 116, IV, afirma que, se a ordem dada pelo superior for manifestamente ilegal, o
inferior não precisará obedecer, sem que isso configure qualquer infração administrativa.
5.2. IMPERATIVIDADE
Não é inerente a todos os atos, mas apenas àqueles que impõem obrigações para o
administrado e que devem ser obedecidos ainda que sem o seu consentimento. Ex.: atos
punitivos, como a imposição de multa por descumprimento de contrato administrativo.
Direito Administrativo - Atos administrativos
5.3. AUTOEXECUTORIEDADE
JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO: “Em algumas hipóteses, o ato administrativo fica
despido desse atributo, o que obriga a Administração a recorrer ao Judiciário. Cite-se, como exemplo,
a cobrança de multa ou a desapropriação. Ambas as atividades impõem que a Administração
ajuíze a respectiva ação judicial”.
5.4. TIPICIDADE
A tipicidade significa dizer que todo ato administrativo deve corresponder a figuras
previamente definidas pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Ex.: nomeação é um
ato administrativo que pela definição legal tem a finalidade de ingresso no serviço público.
De acordo com MARIA SYLVIA ZANELLI DI PIETRO, a tipicidade só existe em relação aos
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atos unilaterais, eis que nos bilaterais não existe imposição de vontade por parte da Administração.
Assim, por exemplo, nada impede a celebração de contrato inominado, desde que atenda ao
interesse público.
1. Garantia para o administrado: impede a prática de ato unilateral e coercitivo, sem prévia
previsão legal;
ATRIBUTOS ELEMENTOS
São aqueles que contêm um comando geral e abstrato, visando à correta aplicação da lei.
Dentre as classificações dos atos administrativos, correspondem aos atos gerais. A essa categoria
pertencem os decretos regulamentadores, os regimentos, as resoluções, as deliberações e as
portarias de conteúdo geral.
Além da forma, a principal diferença para as leis, é que não podem inovar o ordenamento
jurídico, criando para os administrados direitos e obrigações não previstos em lei. O ato normativo é,
por excelência, o exercício do poder regulamentar.
3ª Corrente: MSZD e STF – corrente mais aceita, diz que o decreto regulamentar autônomo
no Brasil é excepcionalmente possível na hipótese do art. 84, VI, da CF/88.
Os administrados não podem atacar o ato normativo, em tese, mas apenas quando houver a
produção de efeitos concretos. Todavia, essa espécie de ato pode ser objeto de controle abstrato de
constitucionalidade, promovida pelos órgãos e entidades legitimados.
São hierarquicamente inferiores aos atos normativos, de maneira que lhes devem obediência.
São aqueles que contêm declaração de vontade do Poder Público coincidente com a
pretensão do particular, visando à concretização de negócios jurídicos públicos ou a atribuição
de certos direitos ou vantagens ao interessado.
Tais atos não são contratos, mas declarações unilaterais que coincidem com a pretensão
do particular, produzindo efeitos concretos e individuais para o administrado.
Podem ser:
São aqueles em que a Administração se limita a certificar ou a atestar um fato (ex.: certidão
e atestado – atos declaratórios) ou emitir uma opinião sobre determinado assunto (ex.: parecer –
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ato opinativo), sem se vincular ao seu enunciado.
Os atos opinativos não geram efeitos jurídicos, por si sós, dependendo sempre de um ato
de conteúdo decisório. Mas os atos declaratórios produzem pelo menos o efeito de conferir certeza
à determinada situação fática ou jurídica (ex.: art. 130, CTN). São requeridos, na maioria das vezes,
para possibilitar a obtenção de outro ato, de natureza constitutiva.
Tais atos não contêm uma manifestação de vontade da Administração, sendo atos
administrativos apenas em sentido formal.
ATENÇÃO: Os atos enunciativos, por adquirirem os seus efeitos por lei, e não pela atuação
administrativa, não são passíveis de revogação, ainda que por razões de conveniência e
oportunidade.
Direito Administrativo - Atos administrativos
São aqueles que contêm uma sanção imposta a quem violar disposições legais,
regulamentares ou ordinatórias dos bens ou serviços públicos. Por meio deles se impõem sanções
diretamente aos servidores ou aos administrados em geral.
1. No poder disciplinar: no que tange aos servidores públicos (interno) e aos particulares
ligados à Administração por algum vínculo específico, como contrato administrativo (externo). Cuida-
se de manifestação da supremacia especial do Poder Público (MARINELA);
2. No poder de polícia: aos particulares em geral, não ligados à administração por vínculo
jurídico específico. Cuida-se de manifestação da supremacia geral do Poder Público (MARINELA).
Não podem inovar no ordenamento, tendo a função de dar fiel execução às leis e assegurar
uniformidade no seu cumprimento por parte dos agentes públicos. São sempre discricionários, mas
sua revogação não pode atingir os direitos adquiridos.
Podem ser vinculados ou discricionários. A revogação somente pode ocorrer se o ato não
tiver gerado direito adquirido.
Direito Administrativo - Atos administrativos
A. ATOS INTERNOS
Destinam-se à produção de efeitos dentro das repartições, de tal modo que incidem, em regra,
sobre os órgãos e agentes da Administração que os expediu. Exemplos: Portarias e instruções
ministeriais que disponham regras para os seus funcionários.
Não geram direitos para os administrados e, portanto, não precisam ser publicados. Pela
mesma razão, podem ser revogados a qualquer tempo.
A publicação é imprescindível para que produza efeitos, caso gere direitos ou obrigações
para os administrados ou onere o patrimônio público.
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7.3. QUANTO AO OBJETO
São todos aqueles que a Administração pratica ex officio usando de sua supremacia sobre o
administrado ou servidor e lhe impõe obrigatório atendimento. Exemplos: desapropriações,
interdições de atividade, ordens estatutárias.
B. ATOS DE GESTÃO
Não deixam de ser realizados sob regime jurídico-administrativo, haja vista que a
Administração está sujeita ao princípio da indisponibilidade do interesse público.
3. Sob este enfoque preconiza a doutrina que: Atos de gestão são os que a
Administração pratica sem usar de sua supremacia sobre os destinatários. Tal ocorre
nos atos puramente de administração dos bens e serviços públicos e nos negociais
com os particulares, que não exigem coerção sobre os interessados. (in Direito
Administrativo Brasileiro, 31ª Edição, pág. 166, Hely Lopes Meirelles).
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4. In casu, versa mandado de segurança impetrado por empresa privada em face da
Caixa Econômica Federal visando anular ato do Presidente da Comissão de Licitação
que, nos autos do contrato para prestação de serviços de adequação da rede elétrica
de agência bancária, aplicou a penalidade de multa por atraso da obra.
C. ATOS DE EXPEDIENTE
São os que se destinam a dar andamento aos processos e papéis que tramitam pelas
repartições públicas, preparando-os para a decisão de mérito a ser proferida pela autoridade
competente. Caracterizam-se pela ausência de conteúdo decisório.
São aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização. Nessa
categoria de atos, as imposições legais absorvem, quase que por completo, a liberdade do
administrador, uma vez que sua ação resta adstrita aos pressupostos estabelecidos pela norma legal,
para a validade da atividade administrativa. A lei faz corresponder a um motivo objetivamente
determinado, uma única e obrigatória atuação administrativa.
B. ATOS DISCRICIONÁRIOS
São os que a Administração pode praticar com liberdade de escolha de seu conteúdo, de seu
destinatário, de sua conveniência, de sua oportunidade e do modo de sua realização, segundo 30
expressamente permitido pela lei. A Administração verifica a oportunidade e conveniência do ato,
não cabendo, inclusive quanto a estes tópicos, exame judicial.
Ao lado dessa definição mais tradicional de ato discricionário (a lei permite expressamente
atuação dentro de certos limites; ex.: “é facultado”, “a seu critério” etc.), a doutrina moderna também
identifica a existência de discricionariedade quando a lei usa conceitos jurídicos indeterminados na
descrição do motivo (ex.: “boa-fé”, “moralidade pública”).
Nos dois casos, a Administração tem discricionariedade para decidir sobre o enquadramento
ou não da situação na norma, devendo pautar-se pela estrita finalidade de atingir o interesse
público e pelos princípios pertinentes (impessoalidade, razoabilidade etc.). Apenas quanto a estes
aspectos poderá haver a interferência do Poder Judiciário, anulando o ato discricionário, jamais pelo
juízo de valor acerca da conveniência e oportunidade.
Cabe ressaltar que EROS ROBERTO GRAU entende que apenas existe ato discricionário
quando o administrador tem liberdade de escolha entre alternativas que igualmente atendam o
interesse público. Para o citado autor, caso haja duas alternativas para a Administração e uma delas
seja melhor, o administrador tem obrigação de adotá-la.
Direito Administrativo - Atos administrativos
...Em suma: discricionariedade é liberdade dentro da lei, nos limites da norma legal,
e pode ser definida como: 'a margem de liberdade conferida pela lei ao administrador
a fim de que este cumpra o dever de integrar com sua vontade ou juízo a norma
jurídica, diante do caso concreto, segundo critérios subjetivos próprios, a fim de dar
satisfação aos objetivos consagrados no sistema legal'.
A. SIMPLES
É aquele que só tem uma manifestação de vontade, mesmo que praticado por órgão 31
unipessoal (ato simples singular) ou colegiado (ato simples colegiado). Com apenas essa
manifestação, que deverá ser unitária, o ato estará completo.
B. COMPOSTO
É aquele que depende de mais de uma manifestação de vontade, sendo a primeira principal
e a segunda secundária, ou seja, a primeira manifestação é decisória, e a segunda é confirmatória
da primeira. Ex: atos que dependem de visto do chefe.
Este caso é marcado pela existência de hierarquia e pela existência de dois atos: um
principal e outro acessório. O ato acessório pode ser prévio (autoriza a prática do ato principal) ou
posterior (confere eficácia ao ato principal).
C. COMPLEXO
Direito Administrativo - Atos administrativos
Para JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO, a investidura de Ministro do STF configura
ato complexo, por depender a nomeação da aprovação da maioria absoluta do Senado (art. 101,
parágrafo único, CF/88). CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO parece seguir a mesma linha de
pensamento, uma vez que dá como exemplo de ato complexo “a nomeação, procedida por
autoridade de um dado órgão, que deve recair sobre pessoa cujo nome consta de lista tríplice
elaborada por outro órgão”. Esta posição prevalece.
a) Ato perfeito é aquele que concluiu o seu círculo de formação. Por outro lado, se não 32
concluiu, ele ainda não existe, sendo considerado um ato imperfeito.
c) Ato eficaz é aquele ato perfeito que produz efeitos e que não depende de condição ou
termo. Caso seja um ato perfeito, mas submetido à condição, termo ou necessidade de aprovação
ou homologação de outro órgão, tem-se que há um ato pendente.
4. Perfeito, inválido e ineficaz. Ex.: celebração de contrato sem licitação e sem publicação.
Destaque-se que CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO trata o ato eficaz como ato apto
a produzir efeitos atuais, por não depender de qualquer evento futuro. Porém, considera que se
Direito Administrativo - Atos administrativos
incluem nessa categoria os atos com aptidão para produzir efeitos, ainda que potenciais,
denominando de atos exequíveis, que não estão sujeitos a qualquer evento futuro.
É a consequência natural ou efeito natural do ato administrativo; sua razão de ser; sua função
primordial.
A. PRELIMINARES OU PRODRÔMICOS
Quando o efeito do ato ocorre antes de completar o círculo de formação, ou seja, ainda não
perfeito. Ex.: ocorre no caso de atos compostos e complexos. No caso de aposentadoria de servidor
público, é efeito prodrômico o pagamento do benefício a partir da concessão inicial pelo órgão de
origem, mas antes do registro do tribunal de contas. Por ser complexo, o ato apenas se aperfeiçoa 33
por ocasião do registro no TC, mas o pagamento da aposentadoria se inicia a partir da concessão
inicial, sendo, por isso, efeito preliminar ou prodrômico.
Quando os efeitos atingem terceiros. Ex.: licença para construção que prejudica o vizinho.
a) Revogação (abaixo);
Direito Administrativo - Atos administrativos
b) Invalidação (abaixo);
4) RENÚNCIA: extinção dos efeitos porque o beneficiário abre mão. Ex.: renúncia a um cargo
de Secretário.
1) MERA RETIRADA: Ocorre com o ato administrativo que se encontra produzido, mas que
ainda não surtiu os efeitos desejados. Neste caso, a Administração resolve, por razões de 34
conveniência e oportunidade, ou legalidade, retirá-lo do cenário jurídico.
2) RECUSA: O beneficiário do ato administrativo recusa os efeitos que o ato ainda irá
produzir. Não se confunde com a renúncia porque nesta o ato já produzia efeitos.
Entende-se que a Administração deve anular os seus atos que contenham vícios insanáveis,
mas pode anular, ou convalidar, os com vícios sanáveis, desde que tal convalidação não acarrete
lesão ao interesse público, nem prejuízo a terceiros. No primeiro caso, a anulação é ato vinculado.
No segundo, ela é discricionária.
Tanto os atos vinculados quanto os discricionários podem ser anulados. O que não existe é
anulação por razões de mérito administrativo.
ATENÇÃO: Para CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, em caso de anulação, efeitos ex tunc
são a regra geral, mas, se o ato é ampliativo de direitos, deve-se aplicar os efeitos ex nunc. O ato
nulo (com vício insanável) não gera direitos adquiridos, entretanto, devem ser resguardados os efeitos
já produzidos em relação aos terceiros de boa-fé.
Direito Administrativo - Atos administrativos
Pode ser feita pela própria administração, no uso da autotutela, ou pelo Judiciário.
Súmula 346. A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios
atos.
Súmula 473. A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Nos termos da lei, esse prazo decadencial só existe em caso de boa-fé do administrado.
35
Quando a revogação atinge ato ainda ineficaz, a doutrina a apelida de “mera retirada” ou
“recusa”.
Todos os poderes podem revogar os atos administrativos por eles mesmos editados. Os
Poderes Legislativo e Judiciário o farão por meio das funções atípicas. Nenhum Poder pode revogar
atos dos outros, sob pena de violação do princípio da independência recíproca.
Somente a Administração pode revogar o ato administrativo. Nos termos da ADPF 45, o
Judiciário somente poderá verificar a legalidade, ou seja, há uma zona de certeza negativa e zona
Direito Administrativo - Atos administrativos
de certeza positiva, na qual o Judiciário pode rever o ato, sem ofensa ao juízo de valor do
administrador.
Não há prazo para a revogação do ato administrativo, pois pode ser operada a qualquer
tempo, ao contrário da anulação, que se submete a um limite temporal.
Mas há limites materiais, isto é, há limitações ao conteúdo. Não há previsão na lei de quais
são os limites materiais, mas, a doutrina estabelece uma lista que não é definitiva, mas, é bem aceita:
1. Atos vinculados: não foram editados com base em critérios de conveniência, pelo que
não se pode falar em revogação por falta de conveniência e oportunidade.
2. Atos declarados pela lei como irrevogáveis: se a lei estabelece que o ato não pode ser
revogado assim o será.
4. Atos de efeitos exauridos: com o esgotamento dos efeitos o ato não pode ser revogado.
Faltaria interesse em se revogar algo que não mais produz efeitos.
LEMBRAR:
Art. 49, “caput”, da Lei 8.666/93 (Licitações): aqui as razões de interesse público devem
ser supervenientes ao ato, sendo necessária a comprovação (Art. 49. A autoridade competente para
a aprovação do procedimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse público
decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal
conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante
parecer escrito e devidamente fundamentado).
Direito Administrativo - Atos administrativos
Há muita divergência sobre os níveis de ingresso no mundo jurídico dos atos administrativos,
mas o posicionamento majoritário considera que podem ser verificados nos planos da existência,
da validade e da eficácia.
Administrativo, concluindo que a gravidade do vício deve ser apurada concretamente em face da
repercussão ou gravidade sobre o interesse público. Indica que os atos se apresentarão como
absolutamente inválidos (nulos), relativamente inválidos (anuláveis) ou apenas irregulares
(defeitos leves, geralmente de forma). Os primeiros fulmináveis com supressão total dos efeitos.
Nos segundos, ressalvam-se os efeitos passados ou alguns deles. Os terceiros, não obstante
viciados, perduram.
Segundo HELY LOPES MEIRELLES, ato inexistente é o que apenas tem aparência de
manifestação regular da Administração, mas não chega a se aperfeiçoar como ato administrativo.
Ex.: “ato” praticado por um usurpador de função pública. Equiparam-se aos atos nulos, sendo,
assim, irrelevante e sem interesse prático a distinção entre nulidade e inexistência, porque ambas 38
conduzem ao mesmo resultado - a invalidade.
Para CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO são inexistentes os atos que assistem no
campo do impossível jurídico, como tal entendida a esfera abrangente dos comportamentos que o
Direito radicalmente inadmite, isto é, dos crimes (ex.: autorização para que alguém explore trabalho
escravo). O ato inexistente corresponde a condutas criminosas ofensivas a direitos fundamentais
da pessoa humana, ligados à sua personalidade ou dignidade e, como tais, resguardados por
princípios gerais de Direito que informam o ordenamento jurídico.
1. São imprescritíveis;
4. Uma vez proclamado o vício em que incorreram, em nenhuma hipótese são ressalvados
efeitos pretéritos que hajam produzido.
ATENÇÃO: atos nulos e inexistentes NÃO podem ser convalidados, mas os anuláveis sim.
Direito Administrativo - Atos administrativos
O ato nulo é desfeito, mas é substituído, retroativamente, por um ato de outra espécie, cuja
prática, se tivesse ocorrido na época, estaria em plena conformidade com o ordenamento jurídico.
Os efeitos já produzidos pelo ato originário são mantidos, como se tivessem sido produzidos pelo
novo ato. A partir da conversão, o novo ato continua produzindo os efeitos que lhe são próprios.
CONVERSÃO CONVALIDAÇÃO
Transformação de um ato em outro, para Correção feita no ato, que continua a ser o
aproveitar o que for válido. mesmo.
13. CONVALIDAÇÃO 39
A doutrina tradicional filiava-se à teoria monista: só existe uma espécie de ato invalido: o ato
nulo. Assim, ou o ato seria válido ou seria nulo.
a) Nulos: os atos que não podem ser convalidados, pois possuem defeitos insanáveis:
(a) porque a lei assim declarou; (b) por ser materialmente impossível a convalidação, já que o vício
se repetiria, como nos que incidem sobre objeto, finalidade e motivo.
b) Anuláveis: são os que possuem defeitos sanáveis, porque a lei assim declare e os que
podem ser praticados novamente sem vício (sujeito incompetente, vício de vontade ou defeito de
formalidade).
A distinção civilista entre atos nulos e anuláveis com base na iniciativa de sua declaração não
existe no Direito Administrativo em virtude do poder de autotutela. O critério a ser utilizado é o da
possibilidade de convalidação.
pela Administração, que não pode ficar à mercê de pedido do interessado para agir, em face de seu
poder de autotutela.
Convalidar, então, é o ato de corrigir um ato eivado de defeito sanável desde a origem (ex
tunc), de maneira que os efeitos já produzidos passem a ser considerados válidos e este ato
permaneça apto a produzir efeitos regulares.
O fundamento é o interesse público que há por trás dos atos administrativos, que nem
sempre será mais bem atendido com a invalidação do ato. Pode-se tutelar a boa-fé e a segurança
jurídica por meio da convalidação.
Quanto aos vícios de legalidade, são considerados defeitos sanáveis e, portanto, passíveis
de convalidação:
1. Vício relativo à competência quanto à pessoa (não quanto à matéria), desde que não se
trate de competência exclusiva.
2. Vício de forma, desde que a lei não considere a forma elemento essencial à validade do
ato.
40
Na esfera federal, a convalidação foi expressamente tratada no art. 55 da Lei n.º 9.784/99.
Da leitura do dispositivo é possível extrair as seguintes condições cumulativas para que o ato possa
ser convalidado:
1. Defeito sanável;
MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO adverte precisamente que o ato de convalidação pode
ser, então, vinculado ou discricionário. Após citar WEIDA ZANCANER, que analisa a hipótese de
o ato ser praticado por sujeito incompetente, afirma que:
“assiste razão à autora, pois tratando-se de ato vinculado praticado por autoridade
incompetente, a autoridade competente não poderá deixar de convalidá-lo, se
estiverem presentes os requisitos para a prática do ato; a convalidação é obrigatória,
para dar validade aos efeitos já produzidos; se os requisitos legais não estiverem
Direito Administrativo - Atos administrativos
A convalidação pela própria autoridade que praticou o ato viciado toma o nome de
RATIFICAÇÃO. A convalidação feita por outra autoridade é chamada CONFIRMAÇÃO, e quando
provém de ato de particular, é chamada de SANEAMENTO.
Obs.1: Doutrinariamente aplica-se a seguinte posição – “quando houver estabilidade das relações
jurídicas, boa-fé e confiança, estes princípios se sobrepõem ao da legalidade, convalidando o
ato”.
Obs. 2: Convalidação tácita: quando os efeitos do ato viciado forem favoráveis ao administrado, a
Administração disporá do prazo decadencial de cinco anos para anulá-lo. Findo este prazo sem
manifestação da Administração, convalidado estará o ato e definitivos serão os efeitos dele 41
decorrentes, salvo comprovada má-fé do beneficiário.
Neste caso, a convalidação dá-se por uma omissão, ou seja, tem-se uma convalidação pelo
decurso do prazo: a Administração não realizou o controle de legalidade e não mais poderá fazê-lo,
em função da decadência.