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CURSO EXTENSIVO
Direito Administrativo
Introdução ao Direito Administrativo
MATERIAL DE APOIO
coordenador:
... que regem os órgãos, os agentes... indica que ordena a estrutura e o pessoal do serviço
público;
O Direito Administrativo vale-se, para sua formação, em quatro fontes principais, a saber:
a) A Lei, que, em sentido amplo, é a fonte primária do Direito Administrativo, abrangendo
desde a Constituição até os regulamentos executivos. E compreende-se que assim seja, porque tais
atos, impondo o seu poder normativo aos indivíduos e ao próprio Estado, estabelecem relações de
administração de interesse direto e imediato do Direito Administrativo;
O estudo da interpretação das leis, atos e contratos administrativos não tem correspondido,
entre nós, ao progresso verificado nesse ramo do Direito. Adiantados como estamos em muitos
aspectos da Ciência Jurídica, não cuidamos, ainda, com a profundidade devida, de fixar as regras
básicas da aplicação desse novel ramo do Direito Público Interno, o que nos leva a utilizar, quase
que exclusivamente, da hermenêutica civilista em matéria administrativa.
Com efeito, enquanto o Direito Privado, em regra, repousa sobre a igualdade das partes na
relação jurídica, o Direito Público se assenta em princípio inverso, qual seja, o da supremacia do
Poder Público sobre os cidadãos, dada a prevalência dos interesses coletivos sobre os individuais.
Sempre que entrarem em conflito o direito do indivíduo e o interesse da comunidade, há de
prevalecer este, uma vez que o objetivo primordial da Administração é o bem comum (sempre entre
aspas: não pode o direito de o indivíduo ser injustificadamente sacrificado. Hão de ser atendidos uma
série de requisitos e princípios específicos para tanto). As leis administrativas visam, geralmente, a
assegurar essa supremacia do Poder Público sobre os indivíduos, enquanto necessária à
consecução dos fins da Administração. Ao aplicador da lei compete interpretá-la de modo a
estabelecer o equilíbrio entre os privilégios estatais e os direitos individuais, sem perder de vista
aquela supremacia.
Afora essas regras privativas do Direito Público, admite-se a utilização dos métodos
interpretativos do Direito Civil (LINDB, arts. 1º a 6º), que é a lei de todos, quando estabelece princípios
gerais para aplicação do Direito, sempre trasladados por via analógica, ou seja, por força de
compreensão, e não por extensão.
As Constituições posteriores (1934, 1937, 1946 e 1969) afastaram sempre a ideia de uma
Justiça administrativa coexistente com a Justiça ordinária, trilhando, aliás, uma tendência já
manifestada pelos mais avançados estadistas do Império, que se insurgiam contra o incipiente 4
contencioso administrativo da época.
A orientação brasileira foi haurida do Direito Público norte-americano, que nos forneceu o
modelo para a nossa primeira Constituição.
Tal sistema é o da separação entre o Poder Executivo e o Poder Judiciário, vale dizer, entre
administrador e o juiz. Com essa diversificação entre a Justiça e a Administração, é inconciliável o
contencioso administrativo de caráter definitivo, porque todos os interesses, quer do particular, quer
do Poder Público, se sujeitam a uma única jurisdição conclusiva: a do Poder Judiciário. Isso não
significa, evidentemente, que se negue à Administração o direito de decidir; absolutamente, não. O
que se lhe nega é a possibilidade de exercer funções materialmente judiciais, ou judiciais por
natureza, e de emprestar às suas decisões força e definitividade próprias dos julgamentos
judiciários.
Para a correção judicial dos atos administrativos ou para remover a resistência dos
particulares às atividades públicas, a Administração e os administrados dispõem dos mesmos
meios processuais admitidos pelo Direito Comum, e recorrerão ao mesmo Poder Judiciário uno
e único – que decide os litígios de Direito público e de Direito privado. Esse é o sentido da jurisdição
única adotada no Brasil.
6. BREVE HISTÓRICO DO DIREITO ADMINISTRATIVO
a) Num primeiro momento, surgiu a ideia de que o Direito Administrativo iria estudar apenas
a lei, criando-se a Escola Legalista (ou Escola Exegética). Não se estudam os princípios, por esta
Escola.
c) Depois, essa Escola criou um segundo critério, que é o critério do Poder Executivo, ou seja,
o Direito Administrativo preocupar-se-ia, teria como objeto a atuação do Poder Executivo, o que
também não foi aceito. Se o Legislativo tem que licitar, trata-se de Direito Administrativo; logo, não
estudamos apenas o Executivo, mas, sim, a atividade administrativa, não importando se exercida 5
pelo Executivo, Legislativo ou Judiciário.
Daqui para frente, todos os critérios foram acolhidos, mas precisam ser complementados.
f) Surge o critério residual ou negativo, pelo qual o Direito Administrativo não se ocupa da
função legislativa e da função judiciária.
Estado, Governo e Administração são termos que andam juntos e muitas vezes confundidos,
embora expressem conceitos diversos nos vários aspectos em que se apresentam.
7.1. ESTADO
O Estado NÃO tem DUPLA PERSONALIDADE; mesmo que esteja praticando atos externos
ou privados, trata-se de pessoa jurídica de direito público, não perde a personalidade PÚBLICA.
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O ESTADO DE DIREITO é o Estado politicamente organizado, que obedece às suas próprias
leis.
As funções do Estado (típica e atípica) são decorrentes dos Poderes. FUNÇÃO é o exercício
de uma atividade em nome e interesse de outrem. FUNÇÃO PÚBLICA é o exercício de atividade em
nome e interesse do POVO. Entretanto, no Brasil, não há exclusividade no exercício dessas
funções, não há uma rígida, absoluta, divisão dos Poderes, mas sim preponderância na
realização desta ou daquela função. Assim, embora os Poderes tenham funções precípuas
(funções típicas), a própria Constituição autoriza que também desempenhem funções que
normalmente pertenceriam a Poder diverso (funções atípicas). São as chamadas ressalvas
(ou exceções) ao princípio da separação dos Poderes.
7.2. GOVERNO
No âmbito do Direito Administrativo, a expressão Governo tem sido utilizada para designar o
conjunto de Poderes e órgãos constitucionais responsáveis pela função política do Estado. O
GOVERNO TEM A INCUMBÊNCIA DE ZELAR PELA DIREÇÃO SUPREMA E GERAL DO
ESTADO, DETERMINAR SEUS OBJETIVOS, ESTABELECER SUAS DIRETRIZES, VISANDO À
UNIDADE DA SOBERANIA ESTATAL.
7.3. ADMINISTRAÇÃO
7.3.1. CONCEITO
7.3.2. SENTIDOS
Administração Pública em sentido estrito só inclui os órgãos e pessoas jurídicas que exercem
função meramente administrativa.
Elaboração de políticas
de governo
Administração Pública
em Sentido Amplo
Administração Pública em Função meramente
Sentido Estrito administrativa
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A Administração Pública é objeto de estudo do Direito Administrativo, enquanto o Governo é
objeto de estudo do Direito Constitucional.
Está relacionada à máquina administrativa, ou seja, à estrutura. Começa com letra maiúscula.
É quem realiza a atividade. Trata-se do conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas destinadas
à execução das atividades administrativas – todo o aparelhamento de que dispõe o Estado para a
consecução das políticas traçadas para o Governo. Designa os entes que exercem a atividade
administrativa; compreende pessoas jurídicas (entidades), órgãos e agentes públicos incumbidos de
exercer uma das funções em que se triparte a atividade estatal: a função administrativa (Maria Sylvia
Zanella Di Pietro).
Somente faz parte da Administração Pública em sentido formal aquilo que a lei designa como
órgão ou entidade dela.
Assim, vê-se que existem entidades formalmente integrantes da Administração, mas que não
desempenham função administrativa, como no caso das sociedades de economia mista e empresas
públicas que exercem atividade econômica.
Por outro lado, há pessoas jurídicas de direito privado que exercem função administrativa,
embora não integrem a Administração em sentido formal, caso das OS, OSCIP e delegatários de
serviços públicos.
Ademais, imperioso lembrar que existe Administração Pública formal nos demais Poderes
que não o Executivo, já que eles possuem, em suas estruturas, órgãos e entidades administrativos. 10
7.3.2.3. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO MATERIAL, OBJETIVO OU FUNCIONAL
a) Serviço público;
d) Intervenção.
É aquela que reflete a moderna concepção de Administração Pública e por meio da qual se
tem a participação direta dos administrados (cidadãos) na gestão da coisa pública, em oposição ao
conceito tradicional de Administração Pública monológica. Em poucas palavras: participação popular
no controle das ações governamentais, seguindo a tendência mundial atual da “cultura do diálogo”
ou da “valorização do processo de diálogo”, concretizando a Justiça pelo agir comunicativo, como
defendido por Habermas, Dworkin, Alexy etc.
Com a Administração Pública Dialógica, rompe-se com a posição passiva dos administrados
outrora assumida por conta da imposição de regimes políticos antidemocráticos e repressores de
qualquer forma de manifestação da opinião pública no âmbito de reivindicações perante o Poder
Público (por exemplo, tempos de governos autoritaristas do século passado, principalmente a
ditadura militar). Indubitavelmente, o grande giro da democracia brasileira, lograda pela Constituição
da República de 1988, foi a possibilidade de integração da sociedade civil no processo de
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discussão política, sobretudo na legitimação de fóruns para a eleição de políticas públicas
prioritárias à gestão pública, o que antes, durante o apogeu do Estado centralizador e autoritário,
tamanha abertura seria insustentável.
Nessa visão, repita-se, o cidadão deixa de ser um simples administrado, quase um objeto de
direito, para ser um agente ativo que contribui diretamente na consagração de seus direitos
fundamentais por meio do controle e direcionamento do atuar estatal.
Em diversas passagens da Carta Magna é possível extrair essa nova concepção. Eis apenas
alguns bons exemplos:
8. TEMAS COMPLEMENTARES
1 O núcleo de serviços não exclusivos é transferido para o chamado Terceiro Setor, quando o Estado atua
simultaneamente com organizações públicas não-estatais e privadas. O Terceiro Setor assume atribuições
desse setor não possuem o poder de Estado. Este, entretanto, está presente porque os serviços
envolvem direitos humanos fundamentais, como os da educação e da saúde, ou porque possuem
“economias externas” relevantes, na medida em que produzem ganhos que não podem ser
apropriados por esses serviços através do mercado. As economias produzidas imediatamente se
espalham para o resto da sociedade, não podendo ser transformadas em lucros. São exemplos
desse setor: as universidades, os hospitais, os centros de pesquisa e os museus.
Expressão utilizada por Diogo de Figueiredo, seria o fim da tripartição dos poderes, porque
além dos poderes ainda temos polos de decisão, como as agências reguladoras.
sociais e educativas e, apesar de não desempenhar poderes próprios do Estado, este se faz presente na sua
atuação. Nesse diapasão, cumpre distinguir atividades públicas de atividades estatais. As primeiras tratam
do intercâmbio travado entre o Estado e a Sociedade. Não é estatal porque não envolve o uso de poder do
Estado, mas é pública, pois recebe subsídios do Poder Público, submetendo-se a um controle misto,
efetivado pelo mercado e também pelo Estado.
encontram livres de amarras, recebendo controle – embora um controle diferenciado do usual – quer
do Poder Legislativo, Executivo e, principalmente, do Poder Judiciário, face ao princípio da
inafastabilidade da jurisdição.
Gustavo Binenbojm explica referido fenômeno afirmando que a clássica estrutura piramidal
hierarquizada da Administração Pública está ruindo, dando lugar ao que ele denomina “Estado
policêntrico”, orientado pelo princípio da eficiência. A legitimidade de tais agências, para o autor, dar-
se-ia não somente pela necessidade da eficiência na condução de alguns setores estratégicos, bem
como no controle social exercido sobre tais agências e pelo procedimento.
Vale registrar a lúcida lição do Prof. Hely Lopes Meirelles sobre a diferença entre Governo e
Administração: