Angústia narra a história de autoanálise e interioridade do protagonista
Luís da Silva, um funcionário público e escritor frustrado. O livro começa com Luís voltando-se para o passado, buscando refletir e entender tudo o que o rompimento de seu noivado com Marina lhe causou: mais desordem. Insatisfeito com seu presente, só consegue olhar para o passado, remoendo memórias amarguradas e alimentando pessimismos sobre si mesmo e o mundo em geral. Surgem lembranças de uma infância com afetos problemáticos, frustrações profissionais e sexuais, abalando todo o encanto de sua existência, seja em relação às coisas exteriores ou interiores. Luís sai de sua terra e vai para o Rio de Janeiro em busca de êxito profissional, mas fracassa e resolve se fixar em Maceió, onde as coisas começam a piorar. Na nova cidade ele tem uma vizinha chamada Marina, uma mulher pobre, loira avermelhada, de olhos azuis e corpo volumoso pela qual se apaixona e até marcam noivado. Luís que até então se envolvia rapidamente com prostitutas, se dispõe a gastar suas poucas economias para comprar o enxoval. Entretanto, ao vê-la insatisfeita com um casamento pobre, o protagonista se envolve em grandes dívidas para contentar Marina, adquirindo um relógio, pulseira e um anel de presente.
Desenvolvimento
Embora tudo aparentemente comece a dar certo, logo Luís descobre
que Marina estava traindo-o com Julião Tavares, um homem rico, de alta posição social, possuía aspirações literárias e formalismos; gostava de exibir isso. O ciúme misturado com humilhação tomam conta de Luís, enganado e machucado novamente pela vida, mergulha mais ainda em si mesmo e fica transtornado com suas derrotas. Em meio à miséria, sem conseguir dormir, com péssima condição financeira, não conseguia pagar as próprias contas e vivia rodeado de ratos e de seus fantasmas do passado. Era incapaz de afastar os pensamentos sobre Marina e Julião e as vezes ficava seguindo-os. Chegou até a descobrir que Julião também traia Marina. Desfecho
Sua obsessão com as lembranças, o remoer das angústias, essa
paranoia interiorizada nele, tudo fê-lo armar o assassinato de Julião Tavares. Em uma de suas perseguições, Julião ia encontrar a moça com quem traía Marina, e Luís teve uma oportunidade de enlaçar uma corda em seu pescoço, estrangulando-o. O narrador, dependurou o corpo do homem num galho de uma árvore, a fim de simular um suicídio. Aquele ato o encheu de euforia, uma felicidade súbita, e seus sofrimentos desapareceram pela primeira vez. No entanto, esse lapso durou muito pouco: rapidamente a angústia volta a instalar-se em Luís e ainda mais forte, pois foi tomado pelo desespero de ser descoberto. Ele volta para sua casa completamente perturbado. Embriaga-se de cachaça e adormece, sequer foi capaz de ir trabalhar no dia seguinte. Quando acordou tentou livrar-se dos vestígios do crime e deitou-se, adoentado e transtornado pelas lembranças, sufocado pela angústia.