Você está na página 1de 9

Perspetivas teóricas e filosóficas para prática de

enfermagem avançada
Padrões fundamentais do saber em enfermagem

É conceção geral de qualquer campo de inquérito que em última instância determina o tipo de
conhecimento que a área visa desenvolver bem como a maneira como o conhecimento deve
ser organizado, testado e aplicado. O corpo do conhecimento que serve como a análise
racional da prática de enfermagem tem padrões, formas e estrutura que serve como
horizontes de expectativas e exemplifica maneiras características de pensar acerca de
fenómenos. Entender estes padrões é essencial para o ensinamento e aprendizagem de
enfermagem. Tal compreensão não alarga o alcance de conhecimento, mas em vez disso
envolve atenção crítica para a questão do que significa conhecer e que tipos de conhecimento
são retidos para serem de mais valor na disciplina de enfermagem.

Identificar padrões de conhecimento

Quatro padrões fundamentais de conhecimento têm sido identificados de uma análise da


estrutura conceptual e sintática do conhecimento de enfermagem. Os quatro padrões
distinguem-se de acordo com o tipo lógico de significado e designados como (1) empirismo, a
ciência da enfermagem; (2) estética, a arte da enfermagem; (3) a componente do
conhecimento pessoal em enfermagem; e (4) ética, a componente do conhecimento moral em
enfermagem.

Empirismo: a ciência da enfermagem

O termo ciência da enfermagem era raramente usada na literatura até ao final da década de
50. No entanto, desde essa altura, tem havido uma ênfase crescente, pode mesmo dizer-se um
sentido de urgência. Parece haver um acordo geral que há uma necessidade crítica por
conhecimento acerca do mundo empírico, conhecimento este que é sistematicamente
organizados em leis gerais e teorias com o propósito de descrever, explicar e predizer
fenómenos de especial interesse para a disciplina de enfermagem. A maioria do
desenvolvimento da teoria e esforços de pesquisa estão principalmente envolvidos na procura
e geração de explicações que são sistemáticas e controláveis por evidências factuais e que
podem ser usadas na organização e classificação do conhecimento.
O padrão de conhecimento que é geralmente designado como “ciência da enfermagem” não
exibe atualmente o mesmo grau de abstrato altamente integrado e explicações sistemáticas
características de ciências mais maduras, apesar de a literatura em enfermagem refletir isto
como uma forma ideal.
Claramente, há um número de estruturas conceptuais coexistentes, e em certos casos de
competição – nenhuma das quais atingiu o estado que Kuhn chama um paradigma científico.
Isso é, nem uma única estrutura conceptual é como é geralmente aceite como um exemplo de
prática científica atual “que inclui leis, teoria, aplicação, e instrumentação juntos… (e)…
providencia modelos dos quais brotam tradições particularmente coerentes da pesquisa
científica. Pode ser discutido que algumas destas estruturas conceptuais parecem ter maior
potencial que outras para fornecer explicações que sistematicamente contam para s
fenómenos observados e podem, em última análise, permitir previsões mais aperfeiçoadas e o
controlo das mesmas. No entanto, isto é uma questão para ser determinada por pesquisa
designada para testar a validade de tais conceitos explicativos no contexto de realidade
empírica relevante.

Novas perspectivas

O que parece ser de soberana importância, pelo menos nesta fase de desenvolvimento da
ciência da enfermagem, é que estas estruturas conceptuais pré-paradigmáticas e modelos
teóricos apresentam novas perspectivas para considerar os fenómenos familiares de saúde e
doença em relação ao processo da vida humana; como tal, podem e devem ser contadas
legitimamente como descobertas na disciplina. A representação da saúde como mais do que
ausência de doença é uma mudança crucial; permite que a saúde seja pensada como um
estado ou processo dinâmico que muda ao longo de um dado período de tempo e varia de
acordo com circunstâncias em vez de uma entidade estática. A mudança conceptual por sua
vez torna possível levantar questões que previamente teriam sido literalmente ininteligíveis.
A descoberta que um pode utilmente conceptualizar saúde como algo que normalmente varia
ao longo de um contínuo levou a tentativas para observar, descrever, e classificar variações na
saúde, ou níveis de bem-estar, como expressões da relação de seres humanos com o ambiente
interno e externo. Pesquisa relacionada tem procurado identificar respostas comportamentais,
tanto fisiológicas como psicológicas, que podem servir como sinais através dos quais se pode
inferir a gama de variações normais de saúde. É também tentado a identificação e
categorização de fatores etiológicos significantes que servem para promover ou inibir
mudanças no estado de saúde.

Estágios atuais

A ciência da enfermagem no presente exibe aspetos tanto da “história do estágio de inquérito


natural” e do “estágio da teoria formulada dedutivamente”. A tarefa do estágio da história
natural é primariamente a descrição e classificação de fenómenos que são, geralmente
falando, determináveis por observação direta e inspeção, mas a literatura em enfermagem
atual reflete claramente uma mudança desta forma descritiva de classificação para aumentar
análises teóricas, que são dirigidas para procurar, ou inventar, explicações para contar como
factos empíricos classificados e observados. Esta mudança reflete-se na mudança de um
vocabulário em grande parte observacional para um vocabulário novo, mais teórico cujos
termos tem um significado e uma definição distintos apenas no contexto da teoria explicativa
correspondente.
Explicações nos vários modelos conceptuais de sistema aberto tendem a tomar a forma
comummente rotulada funcional ou teleológica. Por exemplo, os modelos de sistema explicam
o nível de bem-estar de uma pessoa em qualquer ponto particular no tempo como uma função
de efeitos acumulados e atuais de interações com ambientes interno e externo deles. O
conceito de adaptação é central neste tipo de explicação. Adaptação é vista como crucial no
processo de responder às exigências ambientais (usualmente classificadas como “stressors”) e
incapacitam um indivíduo de manter ou reestabelecer o estado estacionário, o qual é
designado como o objetivo do sistema. Os modelos de desenvolvimento exibem
frequentemente mais um tipo genético de explicação em certos eventos, as tarefas de
desenvolvimento, acreditando-se eu sejam causalmente condições relevantes ou necessárias
para o desenvolvimento normal do indivíduo.
Assim, o primeiro padrão fundamental do saber em enfermagem é empírico, factual,
descritivo, e em última análise visa o desenvolvimento de teorias abstratas e teóricas. É
exemplar, discursivamente formulado e publicamente verificável.

Estética: a arte da enfermagem

Pouco, se de fato houver, alguém familiarizado com a literatura profissional negaria que a
ênfase principal é colocada no desenvolvimento da ciência de enfermagem. Um é quase
levado a acreditar que o único conhecimento válido e fidedigno é aquele que é empírico,
factual, objetivamente descritivo e generalizável. Parece haver uma certa relutância auto-
consciente para ampliar o termo conhecimento para incluir aqueles aspetos do saber em
enfermagem que não são resultado da investigação empírica. Há, mesmo assim, o que pode
ser descrito como uma admissão tácita que a enfermagem é, pelo menos em parte, uma arte.
Não é feito muito esforço para elaborar ou para explicitar este padrão estético do saber em
enfermagem – exceto para associar vagamente a “arte” com a categoria geral de capacidades
técnicas e/ou manuais envolvidas na prática da enfermagem.
Talvez esta relutância em reconhecer a componente estética como um padrão fundamental do
saber em enfermagem origina nos esforços vigorosos feitos no passado não tão distante para
exorcizar a imagem do tipo aprendiz do sistema educacional. No âmbito do sistema de
aprendizado, a arte da enfermagem foi intimamente associada com um estilo de
aprendizagem imitativo e a aquisição de conhecimento por acumulação de experiências
irracionais. Outra provável fonte de relutância é que a definição do termo arte tem sido
excessivamente e inapropriadamente restrito.
Weitz sugere que a arte é demasiado complexa e variável para ser reduzida a uma única
definição. Para conceber a tarefa da teoria estética como definição, diz ele, é logicamente
condenado ao fracasso em o que chamado arte não tem propriedades comuns – apenas
semelhanças reconhecíveis. Esta fluida e aberta abordagem à compreensão e aplicação do
conceito de arte e significado estético torna possível uma consideração mais vasta de
condições, situações e experiências em enfermagem que podem corretamente serem
chamadas de estética, incluindo o processo criativo de descoberta no padrão empírico do
saber.

Estética versus significado científico

Apesar desta textura aberta do conceito de arte, os significados estéticos podem ser
distinguidos daqueles em ciência em vários aspetos importantes. O reconhecimento “que a
arte é mais expressiva do que meramente formal ou descritiva”, de acordo com Rader, “está
tão bem estabelecido como qualquer facto em todo o campo da estética”. Uma experiência
estética envolve a criação e/ou apreciação de uma singular, particular, subjetiva expressão de
possibilidades imaginadas ou realidades equivalentes que “resiste à projeção na forma
discursiva da linguagem.” O conhecimento ganho pela descrição empírica é formulado
discursivamente e publicamente verificável. O conhecimento ganho por conhecimento
subjetivo, o sentimento direto da experiência, define a formulação discursiva. Apesar de uma
expressão estética requerer abstração, permanece mais específico e único do que exemplar e
leva-nos a reconhecer que “ conhecimento – conhecimento genuíno, compreensivo – é
consideravelmente maior que o nosso discurso.”
Para Wiedenbach, a arte da enfermagem torna-se visível através da ação tomada para
fornecer o que quer que seja que o paciente requer para restaurar ou alargar a sua capacidade
para lidar com as exigências da sua situação, mas a ação tomada, para haver uma qualidade
estética, requer a transformação ativa do objeto imediato – o comportamento do paciente –
numa perceção direta e não mediada do que é significante nele – isto é, que necessidade está
a ser realmente expressa pelo comportamento. Esta perceção da necessidade expressa não é
só responsável pela ação tomada mas refletida nela.
O processo estético descrito por Wiedenbach assemelha-se ao que Dewey refere como a
diferença entre reconhecimento e perceção. De acordo com Dewey, reconhecimento serve o
processo de identificação e é satisfeito quando uma etiqueta com o nome ou marca é anexada
de acordo com algum estereótipo ou esquema de classificação previamente formado.
Perceção, no entanto, vai além do conhecimento pelo facto de incluir um encontro ativo junto
de detalhes e particularidades dispersas em um todo experiente para o propósito de ver o que
está lá. É mais perceção do que mero reconhecimento que resulta numa unidade de
extremidades e significa que dá à ação tomada uma qualidade estética.
Orem fala da arte da enfermagem como sendo “expressa pela enfermeira individual através da
sua criatividade e estilo na conceção e oferta de enfermagem que é efetiva e satisfatória.” A
arte da enfermagem é criativa na medida em que requer desenvolvimento da capacidade de
“visionar modos válidos de ajuda em relação aos ‘resultados’ que são apropriados.” Isto invoca
de novo o sentido de unidade percebida de Dewey entre uma ação tomada e o seu resultado –
uma perceção dos meios do fim como um todo orgânico. A experiência de ajudar deve ser
percebida e designada como um componente integral do seu resultado desejado em vez de
concebido separadamente como uma ação independente imposta num assunto independente.
Talvez isto é o que se quer dizer com o conceito de cuidar do paciente como um todo ou
cuidado total do paciente. Em caso afirmativo, quais são as qualidades que possibilitam a
criação de um projeto para o cuidado em enfermagem que elimine ou minimize a
fragmentação de meios e fins?

Padrão estético do saber

Empatia – isto é, a capacidade de participar em ou vicariamente experienciar os sentimentos


de outros – é um modo importante no padrão estético do saber. Um conhecimento singular
ganhos de outra pessoa, em particular, sentiu experiência através de conhecimento empático.
Empatia é controlada ou moderada por distância física ou distanciamento para apreender e
abstrair do que estamos a assistir e neste sentido é objetivo. Quanto mais qualificado se torna
o enfermeiro em perceber e criar empatia com as vidas dos outros, mais conhecimento ou
entendimento será ganho de modos alternativos da perceção da realidade. A enfermeira terá
assim disponível um vasto reportório de escolhas em conceção e prestação de cuidados de
enfermagem que são efetivos e satisfatórios. Ao mesmo tempo, uma maior sensibilização da
variedade de experiências subjetivas aumentará a complexidade e a dificuldade da tomada de
decisão envolvida.
O projeto do cuidado em enfermagem deve ser acompanhado pelo que Langer refere como
sentido de forma, o sentido de “estrutura, articulação, um conjunto resultante da relação de
fatores mutuamente dependentes, ou mais precisamente, o modo como o todo é colocado
junto.” A conceção, se é para ser estética, deve ser controlada pela perceção do equilíbrio,
ritmo, proporção, e unidade do que é feito em relação à articulação dinâmica e articulação do
todo. “O fazer pode ser energético, a submissão pode ser agudo e intenso, “Dewey diz, mas “a
não ser que estejam relacionados um com o outro para formar um todo,” o que é feito torna-
se meramente uma questão de rotina mecânica ou de capricho.
O padrão estético do saber em enfermagem envolve a perceção de particularidades abstratas
como distinguidas do reconhecimento de universais abstratos. É o saber de um particular
único em vez de uma classe exemplar.

A componente do conhecimento pessoal

Conhecimento pessoal como um padrão fundamental em enfermagem é o mais problemático,


o mais difícil para dominar e ensinar. Ao mesmo tempo, é talvez o padrão mais essencial para
entender o significado de saúde em termos de bem-estar individual. Enfermagem considerada
como um processo interpessoal envolve interações, relações, e transações entre a enfermeira
e o paciente-cliente. Mitchell assinala que “há evidências crescentes que a qualidade de
contatos interpessoais tem influência numa pessoa tornar-se doente, lidar com a doença e
superá-la. Certamente a frase “uso terapêutico do self (próprio) ”, o qual se tem tornado
crescentemente proeminente na literatura, implica que a maneira pela qual os enfermeiros
veem eles próprios e o cliente é de preocupação primária em qualquer relação terapêutica.
Conhecimento pessoal diz respeito ao saber, encontro, e atualização do concreto, do self
(próprio) individual. Não se sabe acerca do self, uma luta simplesmente para conhecer a si
mesmo. Este saber é uma posição em relação a outro ser humano e confrontando esse ser
humano como uma pessoa. Este encontro “I-Thou” é sem mediação pelas categorias
conceptuais ou particularidades abstratas de totalidades orgânicas complexas. A relação é uma
de reciprocidade, um estado de ser que não pode ser descrito ou até experienciado – pode
apenas ser atualizado. Tal saber pessoal amplia-se não só a outros eus mas também a relações
com o nosso próprio eu.
Requer o que Buber refere como o sacrifício da forma, isto é, categorias ou classificações, para
um saber de possibilidades infinitas, bem como o risco de compromisso total.

Mesmo como uma melodia não é composta de tons, nem um verso de palavras, nem uma
estátua de linhas-um deve puxar e arrancar para transformar uma unidade em uma
multiplicidade - assim é com o ser humano, a quem eu digo Tu ... Eu tenho que fazer isso de
novo e de novo, mas logo ele não é mais Tu.

Maslow refere a este sacrifício de forma como a incorporação de uma perceção mais eficiente
da realidade nessa realidade não é generalizada nem predeterminada por um complexo de
conceitos, expectativas, crenças e estereótipos. Isto resulta numa maior boa vontade para
aceitar ambiguidade, imprecisão, e discrepância de si e dos outros. O risco de compromisso
envolvido no conhecimento pessoal é o que Polanyi chama de “participação apaixonada no ato
de saber.”
A enfermeira no uso terapêutico do eu rejeita a aproximação do paciente-cliente como um
objeto e esforça-se em vez de atualizar uma relação pessoal autentica entre duas pessoas. O
indivíduo é considerado como um sistema aberto e integrado incorporando movimento em
direção ao crescimento e cumprimento do potencial humano. Uma relação pessoal autêntica
requer a aceitação de outros na sua liberdade de criar-se e o reconhecimento que cada pessoa
não é uma entidade fixa, mas constantemente envolvida no processo de tornar-se. Como,
então, deve o enfermeiro conciliar isto com a responsabilidade profissional e/ou social para
controlar e manipular as variáveis ambientais e mesmo o comportamento da pessoa que é um
paciente a fim de manter ou restaurar um estado estacionário? Se um ser humano é
considerado livre para escolher e escolhe comportar-se diferente das normas aceites, como irá
isto afetar a ação tomada no uso terapêutico do eu pelo enfermeiro? Que escolhas deve o
enfermeiro tomar a fim de conhecer outro eu numa relação autêntica à parte da categoria de
paciente, mesmo quando categorizando para efeitos de tratamento é essencial para o
processo de enfermagem?
Suposições a respeito da natureza humana, McKay observa, “intervalo do existencialista para o
cibernético, a partir da ideia de uma máquina de processamento de informações para uma de
muito ser esplendoroso. Muitas destas suposições incorporam de uma forma ou de outra a
noção de que há, para todos os indivíduos, um estado característico que eles, em virtude da
filiação nas espécies, devem esforçar-se para assumir ou alcançar. Descrições e classificações
empíricas refletem a suposição que ser humano permite uma predição comportamentos
básicos biológicos, psicológicos e sociais que serão encontrados em qualquer dado indivíduo.
Certamente conhecimento empírico é essencial para os propósitos de enfermagem, mas
enfermagem requer também estar alerta para o facto que modelos da natureza humana e as
suas categorias generalizadas e abstratas referem e descrevem comportamentos e traços que
os grupos têm em comum. No entanto, nenhuma destas categorias jamais poderá abranger ou
expressar a singularidade do indivíduo encontrado como uma pessoa, como um “eu”. Estas e
muitas outras considerações semelhantes estão envolvidas no reino do conhecimento pessoal,
o qual pode ser amplamente caracterizado como subjetivo, concreto e existencial. É
relacionado como o tipo de conhecimento que promove inteireza e integridade no encontro
pessoal, a realização do compromisso em vez do distanciamento, e nega a orientação
manipulativa, impessoal.

Ética: a componente moral

Professores e praticantes individuais estão a tornar-se mais sensíveis às escolhas pessoais


difíceis que devem ser feitas de acordo com o complexo contexto dos cuidados de saúde
modernos. Estas escolhas levantam questões fundamentais acerca das ações moralmente
corretas ou incorretas em ligação com o cuidado e tratamento da doença e a promoção da
saúde. Dilemas morais surgem em situações de ambiguidade e incerteza, quando as
consequências da ação de um são difíceis de prever e princípios tradicionais e códigos éticos
não oferecem nenhuma ajuda ou parecem resultar em contradição. O código moral que guia a
conduta ética dos enfermeiros é baseado no princípio primário de obrigação incorporado nos
conceitos de serviço para as pessoas e respeito pela vida humana. A disciplina de enfermagem
é considerada como um serviço social essencial e valioso responsável por conservar a vida,
aliviar o sofrimento e promover a saúde mas o apelo para o “livro de regras” ético não
providencia respostas em termos de escolhas morais individuais difíceis, as quais devem ser
feitas no ensino e prática de enfermagem.
O padrão fundamental de conhecimento identificado aqui como a componente ética da
enfermagem é focado em questões de obrigações ou o que deve ser feito. Conhecimento da
moral ultrapassa o simples saber das normas ou códigos éticos da disciplina. Inclui todas as
ações voluntárias deliberadas e sujeitas ao julgamento do certo ou errado – incluindo
julgamentos de valor moral em relação a motivos, intenções, e traços de carácter.
Enfermagem é ação deliberada, ou uma série de ações, planeadas e implementadas para
atingir objetivos definidos. Tanto os objetivos como as ações envolvem fazer escolhas, em
parte, na base de julgamentos normativos, tanto particular como em geral. De vez em quando,
os princípios e normas pelas quais as escolhas são feitas podem estar em conflito.
De acordo com Berthold, “Objetivos são, claro, julgamentos válidos não passíveis de
investigação e validação científicas. Dickoff, James e Wiedenbach chamam também a atenção
para a necessidade de estar consciente para a especificação dos objetivos serve como “uma
norma ou padrão pelo qual se avalia a atividade …(e)… implica tomá-los como valores – isto é,
significa conceber estes conteúdos objetivos como situações dignas de serem trazidas.”
Por exemplo, um objetivo comum do cuidado em enfermagem em relação à manutenção ou
restauração da saúde é ajudar pacientes a alcançar um estado no qual eles são independentes.
Muita da prática atual reflete uma atitude de valor ligada a um objetivo de independência e
indica ações de enfermagem para ajudar pacientes a assumir responsabilidade total para si no
momento mais cedo possível ou permitir-lhes reter responsabilidade até ao último momento
possível. No entanto, valorizar independência e tentar mantê-la pode ser à custa da
aprendizagem do paciente, como viver com dependência social ou física quando necessário –
por exemplo, em casos quando o prognóstico indica que a independência não pode ser ganha
de novo.
Diferenças em julgamentos normativos podem ter mais a ver com divergências quanto ao que
constitui um estado “saudável” de ser do que a falta de evidências empíricas ou ambiguidade
na aplicação do termo. Slote sugere que a persistência de disputas, ou falta de uniformidade
na aplicação de termos de grupo, tal como saúde, deve-se à “dificuldade de resolver
decididamente certos tipos de questões de valores acerca do que é e não é importante.” Isto
leva-o a concluir, “Que o julgamento de valor é mais envolvido de longe no fazer do que é
comumente pensado para ser declarações factuais do que tem sido imaginado.”
O padrão ético do saber em enfermagem requer uma compreensão de diferentes posições
filosóficas em relação ao que é bom, o que deve ser desejado, o que é certo; de diferentes
dispositivos éticos concebidos para lidar com a complexidade dos julgamentos morais; e de
várias orientações para a noção de obrigação. Escolhas morais a serem feitas devem então ser
consideradas em termos de ações específicas para serem levados em situações específicas,
concretas. A examinação dos padrões, códigos, e valores pelos quais decidimos o que é
moralmente correto deve resultar numa maior consciência do que está envolvido a fazer
escolhas morais e ser responsáveis pelas escolhas feitas. O conhecimento de códigos éticos
não fornecerá respostas às questões morais envolvidas em enfermagem, nem irá eliminar a
necessidade de fazer escolhas morais, mas pode ser esperado que
Quanto mais sensíveis os professores e os praticantes são ao processo de justificação, mais
explícito são acerca das normas que governam as suas ações, mais pessoalmente
comprometidos estão em avaliar circunstâncias e potenciais consequências, mais “éticos”
serão; e não podemos pedir muito mais.

Usar padrões de conhecimento

Uma discussão filosófica dos padrões de conhecimento podem parecer para alguns como um
pouco ocioso, se não arbitrários e artificiais, embora tendo pouco ou nenhuma conexão com
as preocupações práticas e dificuldades encontradas no dia-a-dia a fazer e a ensinar
enfermagem, mas representa uma convicção pessoal que há uma necessidade para examinar
os tipos de conhecimento que fornece a disciplina com as suas perspectivas particulares e
significado. Entender quatro padrões fundamentais de conhecimento torna possível uma
consciência aumentada da complexidade e diversidade do conhecimento de enfermagem.
Cada padrão pode ser concebido como necessário para alcançar o domínio na disciplina, mas
nenhum deles sozinhos devem ser considerados suficientes. Nem são mutuamente exclusivos.
O ensinar e aprender de um padrão não requer a rejeição ou negligência de nenhum dos
outros. Tratar de outro requer as realizações da ciência da enfermagem, isto é, o
conhecimento de factos empíricos sistematicamente organizados em explicações teóricas em
relação a fenómenos de saúde e doença, mas imaginação criativa desempenha a sua função na
sintaxe da descoberta em ciência, bem como no desenvolvimento da habilidade de imaginar as
consequências de escolhas morais alternativas.
Conhecimento pessoal é essencial para escolhas éticas em que a ação moral pressupõe
maturidade pessoal e liberdade. Se os objetivos da enfermagem são para ser mais que
conformidade para normas não examinadas, se o “dever” não é para ser determinado
simplesmente na base do que é possível, então a obrigação de cuidar de outro ser humano
envolve tornar-se um certo tipo de pessoa – e não meramente fazer certo tipo de coisas. Se a
conceção do cuidado em enfermagem é para ser mais habitual ou mecânico, a capacidade
para perceber e interpretar as experiências subjetivas dos outros e para projetar
imaginativamente os efeitos das ações em enfermagem nas suas vidas torna-se uma
habilidade necessário.
Enfermagem assim depende do conhecimento científico do comportamento humano na saúde
e na doença, a perceção estética das experiências humanas significativas, um entendimento
pessoal da individualidade única do eu, e a capacidade de fazer escolhas de acordo situações
concretas envolvendo julgamentos morais particulares. Cada um destes padrões de
conhecimento fundamentais separados mas interrelacionados e interdependentes devem ser
ensinados e entendidos de acordo com a sua lógica distinta, as circunstâncias restritas no qual
é válido, os tipos de dados que subsume, e os métodos pelos quais cada tipo particular de
verdade é distinguido e garantido.
Os maiores significados para a disciplina de enfermagem em distinguir padrões de saber são
sumarizados como (1) as conclusões da disciplina concebidas como assunto não podem ser
ensinados ou aprendidos sem referência à estrutura da disciplina – os conceitos e métodos
representativos de inquérito que determina o tipo de conhecimento ganho e limita o seu
significado, âmbito e validade; (2) cada um dos padrões fundamentais do saber representa
uma aproximação necessária mas não completa aos problemas e questões na disciplina; e (3)
todo o conhecimento é assunto para mudança e revisão. Toda a solução de um problema
existente cria questões novas e por resolver. Estes problemas novos e ainda por resolver
requerem, por vezes, novos métodos de inquérito e diferentes estruturas conceptuais; mudam
a forma e os padrões do saber. Com cada mudança na forma do conhecimento, ensinar e
aprender requer olhar por diferentes pontos de contacto e conexão entre ideias e coisas. Isto
clarifica o efeito de cada coisa nova conhecida em outras coisas conhecidas e a descoberta de
novos padrões pela qual cada conexão modifica o todo.

Você também pode gostar