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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
Por outro lado, Asti Vera (1983) define que metodologia tem dois significados: o
primeiro, que é uma disciplina chamada metodologia e, o segundo, que é o estudo analítico e
crítico dos métodos de investigação e de prova. Ele define metodologia como sendo “[...] a
descrição, análise e avaliação crítica dos métodos de investigação” (Asti Vera, 1983, p. 8).
Barros e Lehfeld (2000, p. 1) entendem Metodologia como:
[...] uma disciplina que se relaciona com a epistemologia. Consiste em
estudar e avaliar os vários métodos disponíveis, identificando suas
limitações ou não em nível das implicações de suas utilizações [...]
corresponde a um conjunto de procedimentos a serem utilizados na obtenção
do conhecimento, [...]. É a aplicação do método através de processos e
técnicas que garantem a legitimidade do saber obtido.
Desta forma, observa-se que existem basicamente duas vertentes para conceituar
metodologia. A primeira entende que Metodologia estuda a forma como é apreendida a
realidade social, numa perspectiva de discussão teórico-filosófica. Nesse sentido, existem
várias metodologias, pois cada uma está aliada a uma concepção filosófica de mundo. A
segunda defende que Metodologia é uma disciplina que estudará e definirá qual o melhor
método a ser empregado, portanto, existe a disciplina de metodologia, que escolhe num
conjunto de procedimentos disponíveis, o melhor a ser utilizado.
Além da discussão sobre os conceitos de Metodologia, ainda há outra polêmica, que é
a relação entre metodologia, método e técnica. Para Demo (1995), metodologia distingue-se
de método e técnica, pois considera que os dois últimos tratam da realidade empírica,
enquanto a metodologia prende-se mais às discussões problematizantes. Com isso, a
metodologia situa-se no nível da discussão teórica, discutindo criticamente sobre as maneiras
de se fazer a ciência. Por outro lado, Asti Vera (1983) diferencia método e técnica por “[...]
uma diferença semântica análoga à que distingue o gênero da espécie”.
Como se pôde observar, quando se trata de definir conceitos e aspectos metodológicos
não existe consenso e alguns autores sugerem tratamentos bastante distintos em termos do que
seja uma metodologia, um método, uma técnica etc. Portanto, para a condução deste trabalho
será utilizado o conceito de metodologia como um conjunto de métodos, técnicas e
instrumentos necessários à elaboração de uma pesquisa, ou seja, é a descrição de todo o
procedimento realizado pelo pesquisador para o desenvolvimento da pesquisa e obtenção de
resultados.
Com vistas a facilitar o entendimento, seguem os conceitos de método, técnica e
instrumento, considerados na elaboração deste artigo:
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3 PROCEDER METODOLÓGICO
categorias, fez-se uma correspondência dos trabalhos nela apresentados, de acordo com o
assunto, com as categorias adotadas pelos Congressos.
Após esta seleção, extraíram-se dos Congressos e da revista alguns dados que serviram
de base para a elaboração de um banco de dados. Estes dados foram organizados em uma
planilha elaborada em Excel, que foi dividida em três pastas: a primeira para os dados
coletados no ANPCONT, a segunda para o EnANPAD e a terceira para a RCF/USP. Nestas
pastas montaram-se tabelas que continham os seguintes campos:
• Congresso – nome do congresso;
• Ano – ano de apresentação do trabalho em congresso ou de publicação na revista;
• Categoria – categorias de classificação dos trabalhos, que poderia ser: CUE ou
EPC;
• Título do artigo;
• Autor (es);
• Resumo – fez-se um “resumo do resumo”, de modo a extrair o método de pesquisa
utilizado;
• Classificação dos métodos de pesquisa – classificação dos artigos segundo os
critérios adotados pela EAA.
Concluída a elaboração da estrutura do banco de dados, iniciou-se a consulta aos
resumos dos trabalhos apresentados nos Congressos e os publicados na RCF/USP, no período
de 2005 a 2008. Por meio da técnica de análise de conteúdo, fez-se uma leitura desses
resumos, a fim de verificar qual metodologia foi utilizada na elaboração das pesquisas, visto
que, segundo a Norma da ABNT NBR 6028:2003, é obrigatório que o método seja
apresentado no resumo.
Para classificar os trabalhos quanto ao método de pesquisa, ou seja, a forma como os
dados foram coletados, utilizou-se os critérios adotados pela a EAA, que divide os métodos de
pesquisa em: empírico em base de dados ou em arquivo, experimento empírico, empírico em
campo ou estudo de caso, survey empírico, não-empírico analítico, não-empírico teórico e
outros.
Para o preenchimento do banco de dados adotou-se os seguintes critérios:
• Quando identificada descrição do método de pesquisa no resumo do artigo:
extraía-se o trecho em que mencionava o método e colava-se no campo “Resumo”
e no campo “Classificação dos métodos de pesquisa” realizava classificação
segundo critérios adotados pela EAA;
• Quando não identificada descrição do método de pesquisa no resumo do artigo: o
campo “Resumo” era preenchido com a informação: “Não menciona o método” e
o campo “Classificação dos métodos de pesquisa” com a informação: “Não
identificado”.
Finalizado o banco de dados, com o preenchimento de todos os campos, apurou-se a
quantidade de trabalhos analisados, segundo disposição na tabela a seguir:
Tabela 1: Total de trabalhos apresentados no período de 2005 a 2008.
Congresso / periódico Quantidade %
ANPCONT 44 11,83
EnANPAD 243 65,32
RCF 85 22,85
Total 372 100
4 RESULTADOS
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Dos 372 trabalhos analisados, foi possível identificar nos resumos de 229 artigos
(61,6%) os métodos de pesquisa utilizados pelos pesquisadores, enquanto que em 143 artigos
(38,4%) os métodos de pesquisa não foram identificados porque não constavam no resumo ou
não estavam descritos explicitamente.
No período de 2005 a 2008, verificou-se uma preferência dos pesquisadores pelas
pesquisas empíricas, com 53,8% das pesquisas apresentadas, em relação às pesquisas não-
empíricas, com apenas 6,2%. Os 1,6% restantes - considerando o universo de 61,6% dos
artigos nos quais os métodos foram identificados - pertencem a classificação “Outros”, a qual
engloba as pesquisas que, apesar de apresentarem o método no resumo, não se encaixam em
nenhuma das classificações anteriores.
Dentre os métodos considerados, o mais adotado foi o empírico em base de dados ou
em arquivo, tanto no grupo dos empíricos quanto no universo total das pesquisas, com 30,1%
da quantidade total de artigos. Os demais métodos empíricos apresentaram a seguinte
representatividade considerando o total das pesquisas: survey empírico – 16,9%, empírico em
campo ou estudo de caso - 5,7% e experimento empírico - 1,1%. Já em relação ao grupo dos
métodos não-empíricos, o mais adotado foi o não-empírico analítico, classificado em 5,9%
das pesquisas, seguido do não-empírico teórico com 0,3%.
Um dos métodos que mais chamou atenção foi o empírico em campo ou estudo de
caso. Este foi utilizado pelos pesquisadores em apenas 5,7% dos trabalhos considerados,
todavia, em muitos casos, observou-se nos títulos desses trabalhos a presença do termo “um
estudo de caso”, quando na realidade, não é o que método descrito nos resumos representa.
Outro fato que merece destaque é a questão da quantidade de trabalhos que não
mencionaram no resumo o método de pesquisa utilizado em sua elaboração. Isto evidencia
desatenção dos pesquisadores com relação à norma da ABNT, a qual rege os aspectos formais
do artigo e ressalta que no resumo deve constar o método.
Além da curiosidade em se verificar qual método de pesquisa foi mais utilizado pelos
pesquisadores, no período de 2005 a 2008, buscou-se também evidenciar entre os eventos
escolhidos como fonte de pesquisa, qual o método de pesquisa é predominante nos trabalhos
apresentados em cada um deles.
A tabela abaixo relaciona os métodos de pesquisa e a quantidade de trabalhos
apresentados em cada evento:
Tabela 5: Quantitativo dos trabalhos, segundo classificação adotada pela EAA, nos Congressos ANPCONT e
EnANPAD e na RCF/USP, no período de 2005 2008
Métodos de Pesquisa Anpcont % Enanpad % RCF % Total
Empírico em Base de Dados ou Arquivo 14 31,8 85 35,0 13 15,3 112
Survey Empírico 5 11,4 47 19,3 11 12,9 63
Empírico em Campo ou Estudo de Caso 2 4,5 17 7,0 2 2,4 21
Experimento Empírico 0 0 4 1,7 0 0 4
Não-Empírico: Analítico 3 6,8 13 5,4 6 7,1 22
Não-Empírico: Teórico 0 0 1 0,4 0 0 1
Outros 0 0 3 1,2 3 3,5 6
Não Identificado 20 45,5 73 30,0 50 58,8 143
Total 44 100 243 100 85 100 372
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
NOSSA, Silvana N.; FIÓRIO, Simone L.; SGARBI, Antônio D. Uma abordagem
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The American Heritage® Dictionary of the English Language, Fourth Edition copyright
©2000 by Houghton Mifflin Company. Updated in 2003. Published by Houghton Mifflin
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WALLIMAN, Nicholas. Your Research Project: a step-by-step guide for the first-time
researcher. SAGE Publications, 1st. Edition, 2001.
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O conceito e a classificação dos métodos de pesquisa serão abordados no item 2.5 Metodologia adotada pelo
Congresso Anual da EAA.
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Este termo está no sentido de cursos posteriores a graduação, como especialização, mestrado, doutorado etc.
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