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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO


LETRAS

MAIZA DA SILVA GUIMARÃES

DESELVOLVIMENTO DAS TEORIAS LINGUISTICAS


Implicações para o trabalho em sala de aula

Porto Alegre do Norte - MT


2015
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MAIZA DA SILVA GUIMARÃES

DESELVOLVIMENTO DAS TEORIAS LINGUISTICAS


Implicações para o trabalho em sala de aula

Trabalho de... Apresentado à Universidade Norte do


Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a
obtenção de média bimestral na disciplina de Linguistica
formal e textual, literatura Afro-Luso-Brasileira,
Semiótica, Seminário VII

Orientador: Prof. Eliane Martins Provate; Prof°. Anderson


Teixeira Rolim; Prof°. Antonio Lemes Guerra Junior,
Prof°. Eliza Adriana Sheuer Nantes.

Porto Alegre do Norte - MT


2015
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1 INTRODUÇÃO

Nosso ponto de partida é a criação da lingüística moderna, pelo


suíço Ferdinand de Saussure. Nessa seção, são levantados os principais conceitos
saussurianos caros à teoria de Greimas. Os pressupostos teóricos do lingüista
dinamarquês Louis Hjelmslev, importante continuador da obra saussuriana,
compõem a segunda parte deste texto. Hjelmslev, talvez ainda mais que Saussure,
ofereceu bases epistemológicas sólidas nas quais se ancorou a teoria greimasiana.
Escusamo-nos, de antemão, pelo caráter, talvez, introdutório em demasia dessa
primeira revisão teórica acerca de Saussure e de Hjelmslev. No entanto, julgamos
somente ser possível chegar de forma coerente à semiótica por meio desse
retraçado, uma vez que a teoria em questão foi edificada fundamentalmente a partir
desses dois teóricos.
Desse modo, o caminho que propomos desemboca, propriamente,
na semiótica estabelecida pelo lituano radicado na França, Algirdas Julien Greimas.
Baseando-se numa teoria da linguagem de bases estruturais, além de outras fontes,
tais como a fenomenologia e a antropologia, Greimas constrói uma disciplina
extremamente coesa e complexa, capaz de examinar a produção do sentido de
quaisquer textos, sejam verbais, não-verbais ou sincréticos. Por fi m, o artigo aporta
um dos desdobramentos recentes da teoria greimasiana, conhecido por ponto de
vista tensivo da semiótica. Dessa forma, o presente texto, de caráter eminentemente
teórico, visa a pôr em relevo as bases lingüísticas subjacentes à teoria da
significação erigida por Greimas, além de dar enfoque aos principais conceitos da
obra desse semi-otimista e de alguns de seus continuadores.
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2. DESENVOLVIMENTO

1. Em seus vários domínios a Lingüística de uma maneira ou de


outra tem se deparado ao longo de sua história com a problemática cognitiva (e com
as questões de ordem científico-filosófica implicadas, relativas ao que se entende
por conhecimento, representação, consciência, relação cérebro-mente, memória,
percepção, aprendizagem, imaginação, inteligência artificial, relação entre normal e
patológico, etc.) e com o lugar epistemológico reservado à linguagem em relação a
ela. Embora possamos hoje identificar pontos de vista diferentes no enfrentamento
da questão, eles não são unânimes e estão expostos ao escrutínio do domínio
empírico e da história das idéias, sem respostas conclusivas.
A Lingüística, de um modo geral, é vista em contraste com outro
campo do saber: os estudos literários. Esses campos figuram como áreas que são
consideradas distintas, quando não opostas. Essa concepção, no entanto, é passível
de ser questionada ao se pensar que a base comum que as integra é a linguagem.
Embora o ponto de vista lançado sobre a linguagem e mesmo o objeto do qual
essas áreas do saber se valem para estudá-la tenham distanciamentos, identificam-
se aproximações que justificam a articulação entre esses dois campos do saber.
No que concerne aos distanciamentos entre a literatura e a
linguística, esses são explicitados, por exemplo, a cada exame para admissão em
cursos de pós-graduação em Letras, em muitos dos quais os candidatos devem
optar por seguir uma ou outra vertente, apesar de, por vezes, não haver restrições
claras sobre a possibilidade de articular essas duas áreas. Entre as peculiaridades
que as marcam, destacam-se as teorias que as ancoram e as diferenças
relacionadas ao objeto de estudo. Nesse sentido,em linhas gerais, afirma-se que
cabe aos estudos literários ater-se a questões estéticas e éticas referentes a textos
literários e mesmo a outras formas de expressão cultural verbal ou não verbal que
também passaram a ser objeto de pesquisa após as contribuições dos estudos
culturais. A lingüística, por sua vez, está voltada para investigações sobre a língua,
considerando-a através de métodos de análise que seguem o eixo sincrônico ou
diacrônico, ramificando-se em subáreas como a psicolingüística, a sociolingüística, a
lingüística histórica e a lingüística aplicada. São várias as alternativas teóricas que
no campo lingüístico têm se dedicado a perscrutar as relações entre a linguagem e a
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cognição: interacionismo, conexionismo, cognitivismo, sócio-cognitivismo, etc. Se


superarmos a propalada dicotomia entre internalismo e externalismo no campo dos
estudos da linguagem e da cognição.
2. O pensamento saussuriano ainda é digno de grande importância,
influenciando não apenas o campo da Lingüística, mas também campos de estudos
correlatos, os quais têm sua trajetória marcada pelo estruturalismo, representado na
figura de Saussure. Tal importância é única na história do pensamento ocidental,
revolucionando os estudos lingüísticos. Nesta mesma época começavam a emergir
importantes estudos em Antropologia, Psicologia e Sociologia, dentre outras
disciplinas que pertenciam ao mesmo campo de saber da Lingüística: o das ciências
humanas. Entretanto, como podemos observar, Saussure (1995, p. 16-17) não
desejava que o objeto da Lingüística fosse confundido:
Dessarte, qualquer que seja o lado por que se aborda a questão, em
nenhuma parte se nos oferece integrais o objeto da Lingüística. Sempre
encontraremos o dilema: ou nos aplicamos a um lado apenas de cada problema e
nos arriscamos a não perceber as dualidades assinaladas acima, ou, se estudarmos
a linguagem sob vários aspectos ao mesmo tempo, o objeto da Lingüística nos
aparecerá como um aglomerado confuso de coisas heteróclitas,sem liame entre si.
Quando se procede assim, abre-se a porta a várias ciências – Psicologia,
Antropologia, Gramática normativa, Filologia etc. –, que separamos claramente da
Lingüística, mas que, por culpa de um método incorreto, poderiam reivindicar a
linguagem como um de seus objetos.
Há segundo nos parece, uma solução para todas essas dificuldades:
é necessário colocar-se primeiramente no terreno da língua e tomá-la como norma
de todas as outras manifestações da linguagem.
Diante desta constatação, Benveniste (2005, p. 20) afirma que
devemos começar a observar que a Lingüística possui um duplo objeto: a ciência da
linguagem e a ciência das línguas, sendo a primeira faculdade humana, universal e
imutável do homem; e a segunda particular e variável, no ato de sua realização.
Mesmo o lingüista e a lingüística, tendo como objeto a língua, não podem exilar os
estudos sobre a linguagem de seu contexto, pois ambas acabam por se entrelaçar,
misturando-se, uma vez que os problemas das línguas colocam sempre em questão
a linguagem.
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3. Para Patrick Charaudeau e Dominique Maingueneau, falando do


lugar de lingüistas/ analistas do discurso, vivemos um momento de incompreensão
entre um número importante de historiadores que se inquietam com uma
aproximação com a Lingüística por medo de perderem o estatuto científico ao
optarem por estudar a produção de sentido dos discursos nos contextos históricos. P
ara os autores, o debate sobre as aproximações entre História e Lingüística surgiu
com intensidade durante as duas guerras, especialmente dentro da Escola dos
Annales, com Lucien F ebvre (1953), seguido por Mandrou e Dupront, que
atribuíram uma grande importância à linguagem como objeto da História. Contudo,
teria sido apenas nos anos 70 que a categoria “discurso”, como objeto da história,
teria passado a incorporar os trabalhos do historiador ocupando o cargo que eles
denominam de historiador do discurso. Lembramos, aqui, que foi neste contexto que
surgiu a grande contribuição do trabalho de Regine Robin discutindo a relação
História/ Lingüística.
Contudo, para Charaudeau e Maingueneau, apesar dos primeiros
debates, foi com Koselleck que passamos a ter uma noção mais clara acerca das
aproximações entre historiadores e lingüistas. Este teria sugerido propostas viáveis
para se contornar algumas problemáticas geradas com os estudos das condições
linguageiras das formas discursivas, para o acesso a uma compreensão histórica
sem qualquer prejulgamento sobre a ligação da realidade ao discurso.
Outros vêem em Michel Foucault uma das principais contribuições
para as aproximações entre historiadores e analistas do discurso. Maria do Rosário.
Gregolin, por exemplo, afirma que Foucault formulou um lugar mais
consistente para as aproximações entre a História e a Análise do Discurso, pois, foi
com ele que historiadores, e também os analistas do discurso, passaram a tomar
contato com formulações teórico-metodológicas que os levaram a compreender
melhor a relação do saber com o poder por meio de análise das práticas ou
acontecimentos discursivos. Por outro lado, salienta a autora, uma compreensão da
posição e importância de Michel Foucault para os que desejam compreender a
relação História - Análise do Discurso “exige um ir e vir porque seu pensamento não
é linear”, gerando muitas vezes falsas afirmações sobre seu pensamento.
Isso faz com que haja muitas leituras conflitantes sobre as
contribuições de Foucault para a História, incluindo aí muita incompreensão sobre
suas reflexões históricas relacionadas às propostas da Análise do Discurso. Estes
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fatos são pertinentes de se analisar porque não são poucos os que reconhecem nos
discursos apenas elementos de uma estrutura lingüística, negando as possibilidades
de uma abordagem sobre o acontecimento tratado em sua irrupção histórico-
discursiva.
Mas, conforme já destacamos uma discussão acerca destes
encontros e desencontros entre a História e a Análise do Discurso passa por uma
noção da concepção de Lingüística que ainda hoje prevalece entre os historiadores.
Em primeiro lugar é preciso ter mais clareza sobre o trabalho do lingüista na
atualidade.
Um estudo da evolução histórica da Lingüística caberia bem neste
texto, entretanto, apesar da pertinência, não será nossa intenção fazer tal percurso.
Não apenas porque nos consideramos incapazes para tal empreitada, mas porque
no momento estamos mais interessados em situar algumas mudanças dentro da
Lingüística que a aproximou da História.
4. Essa é uma das grandes preocupações do professor de língua
portuguesa, não só pelo valor da atividade, como também pelas deficiências
apresentadas: a primeira é a ausência de conteúdo programático, pois enquanto nos
demais setores de ensino da língua, a sistematização dos conhecimentos é uma
realidade, no caso do texto ainda não se chegou ao mesmo nível de conhecimento.
Apesar dessa visão, podemos dizer que não faltam trabalhos que abordam de forma
fragmentada grande variedade de elementos textuais, tornando conceitos como
coesão, coerência, inferências, argumentação e etc... , bastante conhecidos. A
segunda deficiência refere-se ao próprio espaço do professor de língua portuguesa
na utilização dessa atividade. O questionamento proposto nos textos em livros
didáticos apresenta grande variedade na questão da finalidade, pois fala sobre
cultura, formação moral, o senso de crítica, ensino da gramática, significados, e
etc... , mas não apresenta um objetivo definido. No caso é o próprio texto que sugere
o questionamento. Dizemos, às vezes, que o texto fala por si mesmo.
Antigamente o texto era elaborado com uma série de frases, mas
baseado na experiência do professor, chegou-se à conclusão de que os textos,
mesmo não apresentando problemas gramaticais eram lidos com dificuldade. Outra
informação é de que o texto teria uma intenção comunicativa prévia e a linguagem
permitiria a expressão desse pensamento, mas sabemos que no binômio linguagem
x pensamento o produto se torna claro a medida que as palavras fluem, pois a
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intenção é de sempre dizermos o que queremos. O texto funciona não como


transmissão de um conceito de um falante para seu interlocutor, mas apresenta a
possibilidade de entendimento do outro. Quando eu digo “eu trabalho” - o conceito é
da minha vivência, que certamente é diferente da vivência do interlocutor. O texto
também oferece uma visão referencial, contextual e situacional, colocando em cena
valores extralingüísticos como a identidade dos falantes, sua relação social,
comunicação e etc...
Se observarmos esses questionamentos, podemos chegar à
conclusão de que interpretar e compreender o texto parte da intenção de aprender o
significado do mesmo, com o objetivo de formar bons leitores. É um caminho
também que o professor usa para progredir no processo da língua escrita. Nesse
caso a pretensão é passar da interpretação para a redação. Cada experiência
didática em sala de aula deve servir de caminho à ampliação das possibilidades de
compreensão de outros textos a serem lidos.
Verificamos que a prática pedagógica integrada ao conhecimento de
mundo dos alunos pode estimular sua leitura e a produção textual,
instrumentalizando cada um dos estudantes para a fluência oral e escrita da língua
materna, através da estrutura textual e vocabulário.
A finalidade de todo ato não é só de informar. Ele tem o propósito da
argumentação que é, simplesmente, convencer o outro a aceitar o que se pretende
comunicar através dos textos que exploram os mecanismos sintáticos e semânticos
para provocar no leitor a crença no ato de transmitir. Qualquer passagem, falada ou
escrita, é representada por um texto, sendo um todo significativo, independente de
sua extensão. Para o leitor o todo significativo desses textos, só acontece
juntamente com o contexto, uma vez que o leitor não se encontra no momento da
comunicação. Na impossibilidade do leitor esclarecer suas dúvidas, de compreensão
com o próprio autor, torna-se necessário que o texto escrito seja explorado em suas
características explícitas.
A dinâmica desenvolvida nas salas de aula com textos verbais e não
verbais literários e não literários, com música e etc..., faz abordagem ao aspecto
discursivo da língua, e mostra a lógica da fluência comunicativa lingüística associada
a adequação das propostas de produção de textos ao conteúdo diário dos alunos, o
que estimula associar criatividade e questões normativas, incentivando um
procedimento de utilização de mecanismos lingüísticos na elaboração do discurso
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com o objetivo de obter maior fluência no texto da língua escrita. O conhecimento


prévio da linguagem não verbal demonstra que é um dado necessário para o
conhecimento da linguagem verbal. O objetivo da produção de sentido descrito no
processo de leitura da imagem procura abordar as possibilidades de realização do
segmento verbal por meio das inferências propostas no segmento não verbal
através de expressões faciais, gestos, posições, cores, formas e etc... . É preciso
conhecer previamente a história do texto não verbal para depois construir o texto
verbal.
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CONCLUSÃO

O percurso teórico-epistemológico a que nos propusemos visou a


estabelecer as bases lingüísticas da semiótica de Greimas, além de trazer à luz o
construto teórico greimasiano e apresentar, ainda que brevemente, um de seus
desdobramentos: o ponto de vista tensivo da semiótica. Fiel à sua herança
linguístico-estrutural, a semiótica ampliou grandemente seu escopo em seus
aproximadamente 50 anos de vida. Passou a integrar estudos sobre enunciação
(principalmente no que se refere à sintaxe discursiva) e sobre o sensível, tal como
vimos no tocante à tensividade.
Podemos concluir que se agregou a uma semiótica do descontinuo,
do discreto, uma semiótica do contínuo, do gradual, em complemento (e não
substituição) à primeira. Sem abandonar suas bases calcadas no primado da
imanência, as quais possibilitaram a criação dessa disciplina sólida e coerente, a
semiótica hoje é uma disciplina plenamente apta a analisar quaisquer tipos de
textos, considerando-se a produção de sentido de maneira categorial ou gradiente.
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REFERÊNCIAS

BERTRAND, Denis. Caminhos da semiótica literária. Bauru, SP: EDUSC, 2003.


FIORIN, José Luiz. A semiótica tensiva. In: LARA, Glaucia M. P.; MACHADO, Ida
Lúcia;
FIORIN, José L.(1996). Lições de texto. São Paulo: Ática.
GERALDI, João W. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação.
Campinas: Mercado de Letras/ALB, 1996.
GREIMAS, Algirdas Julien. Semântica estrutural: pesquisa de método. 2. ed. São
Paulo: Cultrix/
Ed. da Universidade de São Paulo, 1976.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingüística geral. 27. ed. São Paulo: Cultrix,
2006.
______. Écrits de linguistique générale. Paris: Gallimard, 2002.

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