O capítulo descreve a luta por uma concepção social da língua na linguística, desde Saussure e Meillet até Labov. Discute as visões conflitantes de Saussure e Meillet sobre a relação entre estrutura e história, e como Marxistas como Lafargue e Marr viam a língua. Também aborda como Bernstein ajudou a conceituar diferenças linguísticas de classe e como Labov estabeleceu a sociolinguística como o estudo da estrutura linguística em contexto social.
Descrição original:
RESENHA: A LUTA POR UMA CONCEPÇÃO SOCIAL DA LÍNGUA
Título original
RESENHA: A LUTA POR UMA CONCEPÇÃO SOCIAL DA LÍNGUA
O capítulo descreve a luta por uma concepção social da língua na linguística, desde Saussure e Meillet até Labov. Discute as visões conflitantes de Saussure e Meillet sobre a relação entre estrutura e história, e como Marxistas como Lafargue e Marr viam a língua. Também aborda como Bernstein ajudou a conceituar diferenças linguísticas de classe e como Labov estabeleceu a sociolinguística como o estudo da estrutura linguística em contexto social.
O capítulo descreve a luta por uma concepção social da língua na linguística, desde Saussure e Meillet até Labov. Discute as visões conflitantes de Saussure e Meillet sobre a relação entre estrutura e história, e como Marxistas como Lafargue e Marr viam a língua. Também aborda como Bernstein ajudou a conceituar diferenças linguísticas de classe e como Labov estabeleceu a sociolinguística como o estudo da estrutura linguística em contexto social.
RESENHA: A LUTA POR UMA CONCEPÇÃO SOCIAL DA LÍNGUA
CALVET, Louis-Jean. Sociolinguística: uma introdução crítica. Tradução de Marcos ̃ Marcionilo. São Paulo: Parábola Editorial, 2002. O livro Sociolinguistica: uma introdução crítica escrito por Louis-Jean Calvet tem como objetivo apresentar os princípios básicos da teoria sociolinguística. A obra, com 176 páginas é dividida em seis capítulos e se inicia com uma apresentação do pesquisador Marcos Bagno. O alvo deste trabalho é o primeiro capítulo. O capítulo primeiro da obra de Jean Calvet tem como título principal “A luta por uma concepção social da língua” e é ordenado em cinco tópicos finalizados por uma conclusão que encerra o capítulo. O primeiro tópico, intitulado “Saussure/Meillet: a origem do conflito”, busca-se distinguir concepções conflitantes entre os dois linguistas. Antoine Meillet (1866-1936), seguidor das ideias de Fernand de Saussure, publicou vários textos em defesa de que a língua é um fato social. Meillet, apesar de discípulo de Saussure, toma distância em relação a última frase do Curso de linguística geral, que distinguia a sincronia da diacronia. Desta forma, “Quando Saussure opõe linguística interna e linguística externa, Meillet as associa; quando Saussure distingue abordagem sincrônica de abordagem diacrônica, Meillet busca explicar a estrutura pela história [...] para ele não se chega a compreender os fatos da língua sem fazer referência à diacronia, à história.” De acordo com Calvet, tanto Meillet quanto Saussure usam a mesma formula que não tem os mesmo sentido, enquanto que um afirma que a língua é elaborada pela comunidade, distinguindo com mais cuidado a estrutura da história, o outro defende que o fato social é um conteúdo mais precioso, com a vontade de uni-las. Segundo o autor, os dois discursos se desenvolveram em paralelo, Saussure com um discurso de caráter estrutural e Meillet com um discurso de caráter social, caráter este que se encontra mais tarde na obra de William Labov. No próximo item, “As posições marxistas acerca da língua”, surge com Lafargue, a primeira tentativa de uma análise sociológica aos fatos da língua. Das maiores discussões nesse tópico, as ideias extravagantes de Nicolai Marr parece permear a história linguística na URSS. Marr postulava uma origem em comum para todas as línguas do mundo, preconizando uma língua única com a ideia que as línguas refletem a luta de classes. Segundo Jean Calvet, “As teorias maristas terão o status de teoria oficial [...] primado da luta de classes sobre a ideia de nação, língua como superestrutura [...] mostrando em particular que a organização social estava acima da divisão em nação.” A nova teoria linguística de Marr é oficializada e imposta na URSS até bem depois de sua morte. O autor mostra que alguns pesquisador criticavam essa teoria, entre eles Mikhail Bakhtin, Valentin Nicolaevitch Volochinov. Calvet encerra esta parte, afirmando que a história linguística da URSS só fez recuar o ponto de vista sociológico na linguística e que não pode haver sociolinguística sem sociologia. No item três, “Bernstein e as deficiências linguísticas”, ocorre a manifestação da sociolinguística moderna. A situação sociológica dos falantes, que foi pouco abordado no marxismo, será exposta por Basil Bernstein de forma dar início a outras concepções linguísticas. Basil, ao analisar as produção linguísticas das crianças de classes operárias (desfavorecidas) e classes abastadas (favorecidas), define dois códigos: o código restrito e o código elaborado. Em certo sentido, ao criar os conceitos de código restrito e elaborado, mostra origem no pensamento das formas de solidariedade distinguidas por Durkheim. Jean Calvet esclarece nesse item a importância de Basil na história da sociolinguística, quando diz ser o pesquisador o catalisador de uma aceleração rumo a uma concepção social da língua. O tópico (4) do capítulo I, intitulado “Willian Brigth: uma tentativa de síntese”, mostra uma tentativa de se definir sociolinguística. Mas Bright, entendendo linguística como relações entre linguagem e sociedade, deixa uma concepção vaga, e esclarece que a sociolinguística tem por tarefa revelar que a variação ou a diversidade não é livre, mas correlata às diferenças sociais sistemáticas. O pesquisador estabelece algumas dimensões para a sociolinguística, e a interação em pelo menos duas dessas dimensões revela-se o objeto de estudo da sociolinguística. Para ele, os fatores condicionantes da diversidade linguística estão na identidade social do falante, a identidade social do destinatário e o contexto. Tais fatores, traz a ideia básica da teoria da comunicação e, permite à Bright a partir de quatro dimensões definir os fatores que condicionam a diversidade linguística. As dimensões são: - a oposição sincronia/diacronia; - os usos linguísticos e as crenças a respeito dos usos; - a extensão da diversidade, com uma tríplice classificação: diferenças multidialetal, multilingual ou multissocial; - as aplicações da sociolinguística; com mais uma classificação em três partes: a sociolinguística como diagnostico de estruturas sociais, como estudo do fator sóciohistórico e como auxilio ao planejamento.
Assim, com este pensamento, o pesquisador entrevê a sociolinguística anexa a
linguística, sociologia e antropologia. Tal pensamento de subordinação, aos poucos tende a desaparecer na obra de Labov. No quinto item, “Labov: a sociolinguística é a linguística”, Jean Calvet deixa claro o que distingue Labov dos demais linguistas. Em 1966, William Labov lança um estudo sobre a estratificação social, onde ele retoma e comunga as mesmas ideias de Meillet, pois ele declaro que o objeto de estudo dele é a estrutura e a evolução da linguagem no seio social formado pela comunidade linguística. Os estudos de Labov vão muito mais além que os estudos de Meillet. Mesmo que Meillet tenha levado a sério a definição da língua como fato social, ele somente trabalhou com línguas mortas. Labov por outro lado, trabalhou com situações contemporâneas completas. Em resumo, Labov “construiu” um instrumento de descrição com a pretensão de ultrapassar os métodos heurísticos da linguística estrutural. Seu trabalho resultará mais tarde na corrente filosófica “linguística variacionista”. A diferença entre linguística e sociolinguística não existe, mesmo quando a sociolinguística leva em conta o aspecto social das línguas. Por outros termos, a sociolinguística é a linguística. O último item, “Conclusão”, revela que os anos de 1970 constituirão uma virada, ao eclodir uma infinidade de publicações ressaltando a sociolinguística. Calvet cita vários escritores dessa nova corrente linguística, alguns textos e publicações e finaliza da seguinte maneira: “...e essa atividade em várias frentes é um indicador irrefutável de mudança: a luta por uma ‘concepção social da língua’ está em vias de se concretizar.