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- Língua, linguagem humana

- As dicotomias de Ferdinand Sausurre


- As variantes da língua e as aulas de Língua Portuguesa
Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa
A linguagem humana
AS DICOTOMIAS SAUSSURIANAS: SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO
Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa
A linguagem humana
AS DICOTOMIAS SAUSSURIANAS: SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO
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A linguagem humana
AS DICOTOMIAS SAUSSURIANAS: SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO

O signo linguístico é a união do conceito com a imagem acústica;


O conceito (ou ideia) é a representação mental de um objeto ou da realidade social em que nos
situamos;
Representação condicionada pela formação sociocultural que nos cerca desde o berço;
Conceito é sinônimo de significado (plano das ideias), algo como o lado espiritual da palavra, sua
contraparte inteligível, em oposição ao significante (plano da expressão), que é sua parte sensível;
Por outro lado, a imagem acústica não é o som material, coisa puramente física, mas a impressão
psíquica desse som.
Melhor dizendo, a imagem acústica é o significante.
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AS DICOTOMIAS SAUSSURIANAS: SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO

Com isso, temos que o signo linguístico é uma entidade psíquica de duas faces (...) estão intimamente
unidos e um reclama o outro. Não há significado sem significante;
Exemplo:
Quando alguém recebe a impressão psíquica transmitida pela
imagem acústica (ou significante) /kδpw/ graças à qual se manifesta
fonicamente o signo copo, essa imagem acústica, de imediato, evoca-lhe
psiquicamente a ideia de recipiente utilizado para beber algo;
Poderíamos dizer que aquilo que o falante associa com o
significante /kδpw/ corresponderia ao significado vaso (em espanhol),
Glas (em alemão) ou glass (em inglês).
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A linguagem humana
AS DICOTOMIAS SAUSSURIANAS: SINCRONIA E DIACRONIA
Sincronia: Diacronia:
- Sincronia vem do grego sin que significa - Diacronia vem do grego dia que significa através e kronos que
juntamente, e kronos que significa tempo. significa tempo.
- O estudo diacrônico estuda as mudanças que a língua sofreu através
- É o eixo das simultaneidades; do tempo.
- Objeto de estudo: - É o eixo das sucessividades;
relações entre os fatos existentes ao mesmo - Seu objeto de estudo é a relação entre um determinado fato e outros
tempo num determinado momento do sistema anteriores ou posteriores, que o precederam ou lhe sucederam.
linguístico, que pode ser tanto no presente Divide-se em:
- história externa (estudo das relações existentes entre os fatores
quanto no passado;
socioculturais e a evolução linguística)
- É sinônimo de descrição, de estudo do - história interna (trata da evolução estrutural – fonológica e
funcionamento da língua. morfossintática – da língua).
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A linguagem humana
AS DICOTOMIAS SAUSSURIANAS: SINCRONIA E DIACRONIA
Sincronia: Diacronia:
- Análise de um fenômeno linguístico em um - Análise de um fenômeno linguístico em diferentes
determinado momento histórico. momentos históricos da língua a que pertence.
- Estuda o pronome de tratamento “Você” está sendo - Ao estudar a palavra “ter”, por exemplo, considera a sua
usado mais como pronome pessoal, substituindo o etimologia, sua evolução fonética e os diversos significados e
“Tu”. aplicações que vem tendo, de sua origem até a atualidade:
Esse fato linguístico está sendo visto de maneira tenere > têer > teer > ter. - Estudo que acompanha os vários
sincrônica, pois não explicamos por que tal fenômeno estágios históricos da passagem de “Vossa mercê” a “você” e
ocorreu. até mesmo o uso de “cê” na oralidade.
- Também conhecida como Linguística Descritiva. - Também conhecida como Linguística Histórica.
ANÁLISE SINCRÔNICA: comer: comer/ comilança/ comida/ comilão. Portanto, com seria radical.
ANÁLISE DIACRÔNICA: comer: do latim edere: cum (prefixo) + edere > cumedere > comer. Do ponto de vista diacrônico com seria prefixo*.
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AS DICOTOMIAS SAUSSURIANAS: SINCRONIA E DIACRONIA
ANÁLISE SINCRÔNICA:
comer: comer/ comilança/ comida/ comilão. Portanto, “com “seria radical.
Sincronia significa ao mesmo tempo.
Saussure deu extrema importância a esse
fenômeno. Estuda-se a língua por um
recorte, o que permite descrever
concretamente o seu funcionamento num
dado momento e lugar, podendo analisar
o seu estado sem se preocupar com as
mudanças ocorridas através no tempo.
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Sincronia
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ANÁLISE DIACRÔNICA
comer: do latim edere: cum (prefixo) + edere > cumedere > comer. Do ponto de vista diacrônico “com” seria prefixo*.
CUMEDERE > CUMEDER > CUMEER > CUMER >COMER
Diacronia (também denominada linguagem dinâmica ou histórica) é o caráter dos fenômenos linguísticos, sociais, culturais,
considerados do ponto de vista da sua evolução no tempo, num dado momento histórico, consequentemente, as alterações que a
língua sofre através do tempo.
1921 – Ainda como Milkmaid, tinha o padrão internacional do produto, rótulo de papel, informações em inglês.
2004 – A Nestlé decidiu renovar novamente a identidade visual do produto. A famosa camponesa ganhou
contornos mais femininos e exibe sorriso, tom de pele e cabelo. Para acompanhar o novo look da Moça, os
rótulos da linha também foram modernizados.
O nome Moça ganhou mais volume, graça e movimento. A assinatura “Fazendo Maravilhas desde 1921”, em
tom dourado, passou a ilustrar todos os rótulos, ressaltando o fato de o Leite Moça ser fabricado no Brasil há
82 anos.
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Diacronia
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Diacronia
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Diacronia
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Diacronia
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Diacronia
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Diacronia
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Diacronia
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AS DICOTOMIAS SAUSSURIANAS: SINCRONIA E DIACRONIA
Sincronia: ao mesmo tempo Diacronia: através do tempo
Português em Portugal Português no Brasil Latim Português
agrafador grampeador calacare > calcar > acalcar
aluguer aluguel vino > vio > vinho
canalhada criançada
anima > an’ma > alma
peugas (peúgas) meias
manum > manu > mão
trepador ciclista
arena > area > areia
telemóvel celular
chávena xícara
sinu > seo > seio
legere > leer > ler
Português pelo Brasil
bergamota, tangerina ou mexerica
mandioca, macaxeira ou aipim
bololô, confusão, agitação.
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AS DICOTOMIAS SAUSSURIANAS: PARADIGMA E SINTAGMA
Para Saussure, a linguagem é uma rede de relações.
A língua possui um caráter linear, o que possibilita que as palavras
combinem entre si, umas após as outras, estabelecendo uma relação entre as
palavras do discurso. Esta característica linear da língua impede que dois signos
sejam pronunciados ao mesmo tempo.
“Sintagma caracteriza-se por uma sequência de signos, linear e irreversível.”
O sintagma não existe isoladamente. Ele se relaciona e se valida por meio das
relações paradigmáticas.
Um conjunto de signos relacionados que podem ser usados para elaborar uma mensagem constituem um paradigma,
o que servirá para a construção do sintagma.
Ao contrário do sintagma, os constituintes de um paradigma não obedecem a uma ordem de sucessão e nem possuem
um número determinado de signos. A relação entre sintagma e paradigma é a condição de existência de uma linguagem,
assim como o signo não se constitui sem a relação entre significante e significado.
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AS DICOTOMIAS SAUSSURIANAS: PARADIGMA E SINTAGMA
O paradigma está ligado à escolha das
palavras em um texto (também é
conhecido com eixo vertical). Ele está
relacionado com a semântica.
Um ponto importante aqui é que duas
palavras não podem ocupar o mesmo
lugar ao mesmo tempo. Também é
conhecido com eixo vertical.
Sintagma está mais ligado à relação entre as palavras (também conhecido como o eixo horizontal). Dele
derivam a pontuação, a concordância e as relações de subordinação e coordenação. Ele está bastante ligado à
sintaxe.
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No eixo sintagmático, calcula-se o valor de um elemento linguístico pelo contraste que ele estabelece com
outro elemento que o preceda ou o suceda, em uma cadeia linear.
No eixo paradigmático, o valor de um elemento linguístico é computado pelo contraste que ele apresenta
com outros elementos que poderiam substituí-lo em uma determinada cadeia linear.
Por exemplo, em uma sentença como
“O João comprou batatas”,
- no eixo sintagmático, o valor do artigo definido o é calculado pela diferença que existe entre ele e o
substantivo João. Do mesmo modo, o valor de João é estabelecido pelo contraste que ele estabelece tanto com
o artigo o, quanto com o verbo comprou.
- No eixo paradigmático, o valor do signo comprou é estabelecido pelo contraste que existe entre ele e
outros signos que poderiam ocupar seu lugar: vendeu, comeu, amassou, escolheu, etc..
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O sincronia e a diacronia no Português atual
Um exemplo na Literatura de cordel

O Horto do Esposo é uma obra literária de Começa a circular em Campina Grande,


caráter religioso, escrita em português por um
em 1947 (Séc XX), na Paraíba, o cordel,
monge anônimo do Mosteiro de Alcobaça nos
finais do século XIV ou inícios do século XV. "Viagem a São Saruê". De autoria do
Trata-se de uma importante fonte para a poeta popular Manuel Camilo dos
compreensão da espiritualidade e do Santos, o cordel fala das terras
pensamento no Portugal da Idade Média
fantásticas de São Saruê, onde abundam
água e comida e todos sabem ler e
contar de nascença.
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A linguagem humana
AS DICOTOMIAS SAUSSURIANAS: NA IMPOSSOBILIDADE DE CONCLUIR...

• Para Saussure, linguagem é uma faculdade humana, uma capacidade que os homens têm
para produzir, desenvolver, compreender a língua e outras manifestações simbólicas
semelhantes à língua.

• A linguagem é heterogênea e multifacetada: ela tem aspectos físicos, fisiológicos e psíquicos, e


pertence tanto ao domínio individual quanto ao domínio social.

• Para Saussure, é impossível descobrir a unidade da linguagem. Por isso, ela não pode ser
estudada como uma categoria única de fatos humanos.
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• A língua é diferente. Ela é uma parte bem definida e essencial da faculdade da linguagem. Ela é um
produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias estabelecidas e
adotadas por um grupo social para o exercício da faculdade da linguagem. A língua é uma
unidade por si só.
• Para Saussure, ela é a norma para todas as demais manifestações da linguagem. Ela é um princípio
de classificação, com base no qual é possível estabelecer uma certa ordem na faculdade da
linguagem.
• O que Saussure pensa é que os homens têm uma capacidade para produzir sistemas simbólicos, ou
seja, sistemas de conceitos associados a uma determinada forma, como a língua, as artes plásticas,
o cinema, o teatro, a dança. Essa capacidade é a linguagem.
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• Para Saussure, a capacidade da linguagem não pode ser o objeto de estudo de uma única ciência como
a linguística, na medida em que ela tem características de naturezas diversas: física, fisiológica,
antropológica, etc.
• O objeto da linguística deve ser a língua, que é um produto social da faculdade da linguagem, e que é
uma unidade.
• A língua é um fenômeno que está além do domínio individual de cada um de nós. Ela não é minha,
nem de cada um de vocês, nem de nenhuma outra pessoa considerada individualmente. Ela é produto
de uma comunidade, ela é parte do domínio dessa comunidade.
• Uma consequência do fato de a língua ser social é ela ser também convencional: ela existe e se mantém
por um acordo coletivo tácito entre os falantes. Isso significa que um falante de uma língua não pode
fazer modificações nessa língua a seu bel prazer.
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• Saussure entende que, de todas as manifestações da faculdade da linguagem, a língua é a que mais
bem se presta a uma definição autônoma. Por isso, ela ocupa um lugar de destaque entre as
manifestações da linguagem, e, como tal, deve ser tomada como base para o entendimento de todas
essas outras manifestações.
• Por isso, hoje em dia, a Semiótica, que é a ciência que estuda todas as manifestações da faculdade
da linguagem, parte sempre de análises feitas sobre a língua. Baseados nessas análises linguísticas,
os semioticistas estudam outras manifestações da faculdade da linguagem, como o cinema, a
pintura, a escultura, a música, as tatuagens e uma variedade de manifestações da linguagem
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• A língua é coletiva e social.
• A fala, por outro lado, é a manifestação ou concretização da língua, por um indivíduo.
• Na língua, está o que é essencial; na fala está o que é acessório e mais ou menos acidental.
• A língua não é uma função do falante. A fala, diferentemente, é um ato individual de vontade: ao
falar, o falante precisa fazer opções por uma ou outra maneira de dizer a mesma coisa, fazer
escolhas sobre o vocabulário que vai usar, entre outras coisas.
Cada pessoa nascida no Brasil que tem o português como língua materna pode narrar o mesmo acontecimento de
maneiras muito diferentes. Cada pessoa vai produzir uma fala diferente. Mas a língua vai ser sempre a mesma:
português. E é justamente o fato de que a língua é a mesma que faz com que as pessoas consigam se comunicar. Para
ilustrar a diferença entre língua e fala, Saussure se vale do fato de que existem inúmeras línguas mortas. O latim, por
exemplo, é uma língua morta. Ninguém mais usa o latim. Não há mais “falas” do latim. Mas a língua continua a
existir.
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• Para Saussure, o objeto da linguística é a língua. Mas ele não deixa de considerar a possibilidade de fatos da fala
interferirem na língua, a ponto de causar algumas mudanças no sistema.
• Um exemplo clássico do português é o do aparecimento, nessa língua, dos fonemas / / e / /, que correspondem às
grafias -lh e -nh, respectivamente. Esses fonemas não existiam em latim.
• Sua origem é fruto da palatalização das consoantes /l/ e /n/ diante de /i/, que deu como resultado a pronúncia [fi u]
para o latim filiu, e a pronúncia [vi a] para o latim vinia.
• Enquanto essas mudanças se mantinham no nível fonético, ou seja, da pronúncia, elas estavam no domínio da fala.
• Entretanto, com o passar dos anos, no português elas chegaram a alterar o sistema, passando a adquirir um caráter
distintivo.
• Isso significa que, hoje em dia, /l / e /lh/ podem diferenciar significados, como em galo versus galho. O mesmo
acontece com /n / e /nh/, como em pena e penha.
• Essa distinção, agora, é parte da língua.
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• Para Saussure, o conjunto de diferenças que existe na língua está relacionado com a noção de
valor.
Significa o que nós acabamos de ver: que cada elemento da língua se define pela diferença que /pata/
apresenta quando comparado a outro elemento. /bata/
Vamos dar um exemplo do português para esclarecer essa noção. Pensem na palavra /pata/.
Como é que podemos definir o fonema /p/ que aparece no início da palavra? Podemos dizer que ele /mata/
não é /b/. /lata/
Se substituirmos /p/ por /b/ eu obtenho outra palavra: /bata/.
Podemos dizer que /p/ também não é /m/. De novo, se substituirmos /p/, em /pata/, por /m/,
eu obtenho ainda uma outra palavra do português: /mata/.
Ou podemos ir além, e dizer que /p/ não é /l/. Esse substituirmos /p/ por /l/ eu obtenho /lata.
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• Para Saussure, o conjunto de diferenças que existe na língua está
relacionado com a noção de valor. Em todos os exemplos acima, cada cant-
elemento analisado tem seu valor linguístico estabelecido por sua relação danç-
com os demais elementos da língua que sejam da mesma natureza. bord-
• Assim, /p/ tem seu valor linguístico estabelecido por sua diferença em
relação a /b/, a /m/, a /l/. O morfema cant- tem seu valor linguístico -ar
estabelecido pela oposição que faz a danç-, a bord-.
• E o morfema -ar tem seu valor estabelecido por sua diferença em relação a - -er
er e -ir (indicar a qual conjugação pertence o verbo – 1ª, 2º ou 3ª, por exemplo, ou -ir
ainda por estabelecer),
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https://www.youtube.com/watch?v=D5OA59cZFAk&t=24s
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“Sou o que quero ser, porque possuo apenas uma vida e


nela só tenho uma chance de fazer o que quero.
Tenho felicidade o bastante para fazê-la doce e dificuldades para fazê-la forte,
Tristeza para fazê-la humana e esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas,
elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos!
(Clarice Lispector)
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Referências
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa/Secretaria de Educação Fundamental. 2 ed. Rio de Janeiro: DP&, 2000.
BRASIL. Manual de Linguística: subsídios para a formação de professores indígenas na área de linguagem / Marcus Maia – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada,
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CEIA, Carlos. E-Dicionário de Termos Literários. – Disponível em: https://edtl.fcsh.unl.pt/
COSTA, M.A. Estruturalismo. In: MARTELOTTA, M.E. (Org.) et al. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2008.
KOCH. Ingedore. V.G. Entrevista. In: CORTEZ, Suzana e XAVIER, Antônio Carlos (Org.). Conversas com Linguistas: virtudes e controvérsias da linguística. S. Paulo: Parábola Editorial, 2003.
LEONTIEV, A. N., et al, (orgs.). Psicologia: Grijalbo, 1969
LYONS, John. Lingua(gem) e linguística: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 1987.
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WEEDOOD, Barbara. História concisa da linguística. 2.ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2003. p.9-15.

Sites visitados
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/linguistica
E-Dicionário de Termos Literários (EDTL), coord. de Carlos Ceia, ISBN: 989-20-0088-9, <http://www.edtl.com.pt>, consultado em 08-05-2020
E-Dicionário de Termos Literários
Youtube. Dicotomia Sintagma X Paradigma. – Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=D5OA59cZFAk&t=24s
https://blogdoenem.com.br/gramatica-comunicacao-humana/

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