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Sinais
Objetivo da Unidade:
ʪ Contextualização
ʪ Material Teórico
ʪ Material Complementar
ʪ Referências
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ʪ Contextualização
Para iniciarmos esta unidade, convido você a refletir acerca do tema: Aspectos gramaticais da
Língua Brasileira de Sinais, assistindo a uma entrevista concedida pelo Prof. Fernando Capovilla,
da USP, à Globo News, sobre LIBRAS e educação de surdos.
Vídeos
Entrevista Prof. Fernando Capovilla à Globo News: Libras e Educação
Bilíngue de Surdos
Esta entrevista irá contextualizar, de forma dinâmica, muitos tópicos
teóricos que estaremos estudando.
ʪ Material Teórico
Introdução
Vimos, em Unidades anteriores, que, por longos períodos, os surdos foram marginalizados
culturalmente e socialmente; sua forma de comunicação não era aceita formalmente.
A partir de 2002, a Libras foi reconhecida como a segunda língua oficial de nosso país, ou seja,
LIBRAS não é uma linguagem, e sim uma língua capaz de expressar conceitos concretos e
abstratos. Hoje, no Brasil, uma pessoa que saiba LIBRAS fluentemente é considerada bilíngue.
É fundamental ressaltar que a Libras é composta não apenas por sinais e uma gramática
sistematizada, mas, como postula a lei, a Libras também é formada por recursos de expressão e
comunicação a ela associados.
“Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma
Nesse sentido, através da oficialização dessa lei, foi novamente reforçada a diferença de canais
comunicativos entre a língua de sinais e a língua oral. A Língua Portuguesa possui um canal
comunicativo oral-auditivo e a LIBRAS, um canal visual-gestual. Nesse sentido são línguas
totalmente independentes, uma não está apoiada na outra; Libras não é a sinalização da Língua
Portuguesa.
“Art. 2º. Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas
Através da oficialização da Lei de Libras, é dever do poder público promover ações articuladas
para difusão dessa Língua em nosso país.
“Art. 4º. O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais,
Leitura
Para ler integralmente a Lei 10.436/2002 e o Decreto 5625/2005, acesse
o conteúdo a seguir:
ACESSE
Decreto nº 5.625 de 22 de dezembro de 2005
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Mímica
Uma das formas de comunicação do homem, reconhecida como a arte de expressar
sentimentos, ações e objetos. Técnica utilizada para construção de objetos no ar.
Pantomima
Modalidade cênica para construção de cenas no ar, conhecida também como a arte de narrar
com o corpo. A pantomima é reconhecida como uma das expressões da mímica.
Figura 2 – Pablo Zibes
Fonte: Wikimedia Commons
Expressões Corporofaciais
São traços não manuais, realizados pela face ou corpo para atribuir sentimento, vida ao sinal; é
impossível a comunicação visual-gestual sem este recurso de expressão. LIBRAS sem expressão
não é Libras.
Vídeos
Expressão Facial e Corporal – em Libras
Convido você a assistir a este vídeo que apresenta diversos sinais com
expressões faciais. Assista e tente sinalizar junto com o vídeo. Não se
esqueça das expressões.
Time-Lag
Tempo de escuta para sinalização. A Libras possui um canal comunicativo visual-gestual, a
Língua Portuguesa possui um canal oral-auditivo. Sendo assim, a interpretação dessas duas
línguas é contextual. Nesse sentido, o intérprete necessita de um tempo de escuta da Língua
Portuguesa para realizar a interpretação em LIBRAS. Essa pequena pausa também acontece
quando conversamos com um surdo; é necessário que o receptor deixe o emissor concluir uma
ideia para então interpretá-la corretamente dentro de um contexto.
Classificadores
Conforme Honora (2010), os classificadores são configurações de mãos que, relacionadas à
coisa, pessoa ou animal, funcionam como marcadores de concordância. Tanya A. Felipe reforça
essa ideia quando diz:
precedem, podem ser presas à raiz verbal para classificar o sujeito ou o objeto que
está ligado à ação do verbo. Portanto, os classificadores na Libras são marcadores
de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL, COISA, VEÍCULO.”
Vídeos
Para conhecer mais sobre esse importante recurso da Libras, assista,
agora, a esta brilhante aula sobre classificadores com dois professores
surdos.
Processo Anafórico
Uso concomitante de dois ou mais personagens. A marcação do processo anafórico é realizada
através de mudança corporal durante a interpretação em Língua de Sinais. Este recurso permite
a interpretação de diferentes personagens de forma clara.
Por exemplo, na historia “Chapeuzinho Vermelho”, um único interprete poderá
representarcada personagem, através da utilização do processo anafórico.
Vídeos
Chapeuzinho Vermelho em LIBRAS
Assista à interpretação do conto “Chapeuzinho Vermelho em LIBRAS”.
Neste vídeo foi utilizado o recurso do processo anafórico e você
conseguirá compreender, de forma prática, este tópico.
Sinais Icônicos
São sinais que possuem correspondência física e geométrica com o referente; sendo assim,
fazem parte de um repertório natural do ser humano. Os sinais icônicos também podem ser
compreendidos como gestos universais de fácil compreensão. Em sua comunicação cotidiana,
você utiliza muitos sinais icônicos e talvez nem perceba. Veja, abaixo, alguns exemplos de sinais
icônicos:
Figura 5
Fonte: Acervo do Conteudista
Tabela 1
Cortar o Pintar as
Depois Relógio Cruz
cabelo unhas
Sinais Arbitrários
São aqueles que não possuem correspondência física e geométrica com o referente, ou seja, não
são de fácil compreensão. A maior parte dos sinais em LIBRAS faz parte desta categoria.
Nesta categoria, é necessário que alguém ensine ou interprete seu significado, pois os sinais
arbitrários não expressam iconicidade entre significante e referente. Veja alguns exemplos de
sinais arbitrários.
Figura 6
Fonte: Acervo do Conteudista
Sinais Polissêmicos
A polissemia, ou polissemia lexical (do grego poli=”muitos” e sema=”significados”), refere-se
ao fato de uma determinada palavra ou expressão adquirir um novo sentido além do seu original.
Em Libras, a polissemia acontece quando temos um sinal com dois ou mais significados. Vale
ressaltar que essa polissemia lexical é visual-gestual, não possuindo correspondência gráfica
entre as palavras como acontece na Língua Portuguesa.
É importante ressaltar, ainda, que a compreensão desses sinais deve ser contextualizada, para
que não haja dúvidas ou erros de interpretação. Veja alguns exemplos de sinais polissêmicos.
Figura 8
Fonte: Acervo do Conteudista
Tabela 2
Por favor Com licença
Pera Coxinha
Variações Regionais
Em todo o território nacional, é reconhecida a Língua Brasileira de Sinais – Libras como a
segunda língua oficial de nosso país, porém podemos encontrar variações de sinais conforme a
região.
Você conseguirá compreender e conversar com surdos de todo o país, porém alguns sinais
sofrem variações regionais de estado para estado ou de região para região. Isso, mais uma vez,
confere status linguístico à Língua de Sinais, pois sabemos que toda língua é cultural e possui
íntima relação com o meio. No quadro a seguir, foram demonstrados os diferentes sinais
utilizados para representar a cor verde, nos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio de
Janeiro.
Figura 9
Fonte: Acervo do Conteudista
Variações Sociais
As variações sociais acontecem dentro de uma região; um sinal pode sofrer alguma variação
conforme o grupo de surdos. Essas variações acontecem com frequência em grupos sociais
distintos, associações e igrejas. Dependendo do grupo de surdos, o sinal pode sofrer alguma
variação de configuração ou movimento. Veja o exemplo da sinalização do verbo “conversar”,
que pode sofrer alterações conforme o grupo de surdos que utiliza esse sinal.
Figura 10
Fonte: Acervo do Conteudista
Você pode utilizar para soletrar seu nome, utilizando a mão esquerda ou adireita,
porém não concomitantemente;
Quando você não conhece um sinal em Libras, pode soletrar a palavra para o surdo e
pedir que ele lhe ensine o sinal correspondente ou, quando o surdo sinalizar algo
que você não compreenda, peça a ele que soletre o sinal para você;
Figura 11
Fonte: Reprodução
A negação de um verbo pode acontecer através de uma sinalização incorporada ao próprio sinal
ou através da sinalização do advérbio “não” antes ou depois do verbo em sua forma afirmativa.
Veja alguns exemplos de verbos que possuem duas formas de sinalização diferentes (afirmativa
e negativa).
Sinais Compostos
Sinais compostos são aqueles que derivam de outros sinais. Nesta categoria são necessárias
duas ou mais sinalizações para formar uma única palavra.
Figura 12
Fonte: Acervo do Conteudista
Verbos Direcionais;
Verbos Espaciais.
Essas classes verbais estão relacionadas a variações de movimento e direção. Vejamos, agora,
alguns exemplos.
Verbos simples: são verbos que não se flexionam em pessoa ou número, ou seja, eles não
sofrem variação de aspecto ou forma, não importando o contexto no qual estejam inseridos.
Exemplo:
Figura 14
Fonte: Acervo do Conteudista
Verbos direcionais: são verbos que se flexionam em pessoa, número e aspecto; sendo assim,
incorporam uma concordância espacial. Os verbos direcionais apresentam flexão de aspecto,
dependendo do contexto no qual estejam inseridos.
Figura 15
Fonte: Acervo do Conteudista
Verbos espaciais: são verbos que têm afixos locativos e são produzidos ao longo do espaço.
Figura 16
Fonte: Acervo do Conteudista
Embora pesquisas sobre a ordem dos sinais na Língua Brasileira de Sinais refiram S-V-O como
predominante, a ordem tópico-comentário é muito utilizada, principalmente pelos surdos
menos oralizados, como se pode observar nos exemplos: “banheiro onde?” “Banheiro não
tem.” “Shopping voce vai?”
Nesse sentido, a Libras possui uma estrutura frasal diferente da estrutura da Língua Portuguesa.
Observe este quadro comparativo:
Tabela 1
Português Libras
Com este panorama apresentado sobre os tópicos gramaticais da Libras, essa língua que é tão
rica, surpreendente e bela, encerramos este tema convidando você a conhecer, cada vez mais, a
comunidade surda e sua Língua de Sinais.
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ʪ Material Complementar
Vídeo
Você assistirá a uma sequência com 30 frases em Libras que fazem parte de um repertório para
uma comunicação inicial em Língua de Sinais.
Aproveite para sinalizar junto com o vídeo. Caso tenha dificuldade, assista novamente. Não
tenha vergonha de realizar as sinalizações. Fique atento também às expressões faciais de cada
frase.
Você perceberá que a interpretação em Libras não segue a ordem gramatical da legenda em
Português. Conforme apresentado no material teórico, isso acontece porque a Libras possui uma
organização gramatical diferente das línguas orais auditivas.
Este material auxiliará você a compreender ainda mais a especificidade linguística da Libras.
Estrutura Frasal
A seguir, acesse o vídeo para visualizar a realização dos movimentos das frases acima:
Estrutura Frasal.mov
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6 Tenho 25 anos;
ʪ Referências
BRASIL. Lei n º10.436 de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais-
Libras e o art. 18 da Lei 10.098 de 19 de dezembro de 2000.
FELIPE, T. A. Libras em Contexto: Curso Básico: Livro do Estudante. Rio de Janeiro: WalPrint
Gráfica e Editora, 2007.
FIGUEIRA, A. S. Material de apoio para o aprendizado de LIBRAS. São Paulo: Phorte, 2011.