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Aspectos Gramaticais da Língua Brasileira de

Sinais

Conteudista: Prof.ª M.ª Juliana Sanros da Silva 


Revisão Textual: Prof.ª Esp. Vera Lídia de Sá Cicarone

Objetivo da Unidade:

Abordaremos os seguintes temas: Recursos de Comunicação, Aspectos


gramaticais da Língua Brasileira de Sinais, Tipos de verbos em Libras, Estrutura
frasal.

ʪ Contextualização

ʪ Material Teórico

ʪ Material Complementar

ʪ Referências
1 /4

ʪ Contextualização

Para iniciarmos esta unidade, convido você a refletir acerca do tema: Aspectos gramaticais da
Língua Brasileira de Sinais, assistindo a uma entrevista concedida pelo Prof. Fernando Capovilla,
da USP, à Globo News, sobre LIBRAS e educação de surdos.

Vídeos
Entrevista Prof. Fernando Capovilla à Globo News: Libras e Educação
Bilíngue de Surdos 
Esta entrevista irá contextualizar, de forma dinâmica, muitos tópicos
teóricos que estaremos estudando. 

Entrevista Prof. Fernando Capovilla à Globo News: Libras e educa…


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ʪ Material Teórico

Introdução
Vimos, em Unidades anteriores, que, por longos períodos, os surdos foram marginalizados
culturalmente e socialmente; sua forma de comunicação não era aceita formalmente.

Atualmente, com a oficialização da Lei de LIBRAS 10.436/2002, temos outro cenário.Hoje a


Língua brasileira de Sinais é oficialmente reconhecida em nosso país e um direito do surdo.

Neste momento, vamos conhecer e discutir um pouco a Lei 10.436/2002.

“Art. 1º. É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua

Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.”

A partir de 2002, a Libras foi reconhecida como a segunda língua oficial de nosso país, ou seja,
LIBRAS não é uma linguagem, e sim uma língua capaz de expressar conceitos concretos e
abstratos. Hoje, no Brasil, uma pessoa que saiba LIBRAS fluentemente é considerada bilíngue.

É fundamental ressaltar que a Libras é composta não apenas por sinais e uma gramática
sistematizada, mas, como postula a lei, a Libras também é formada por recursos de expressão e
comunicação a ela associados.
“Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma

de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-


motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de
transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do
Brasil. [sic]”

Nesse sentido, através da oficialização dessa lei, foi novamente reforçada a diferença de canais
comunicativos entre a língua de sinais e a língua oral. A Língua Portuguesa possui um canal
comunicativo oral-auditivo e a LIBRAS, um canal visual-gestual. Nesse sentido são línguas
totalmente independentes, uma não está apoiada na outra; Libras não é a sinalização da Língua
Portuguesa.

“Art. 2º. Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas

concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e


difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva
e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. [sic]”

Através da oficialização da Lei de Libras, é dever do poder público promover ações articuladas
para difusão dessa Língua em nosso país. 
“Art. 4º. O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais,

municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação


de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e
superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais – Libras, como parte integrante
dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, conforme legislação vigente.”

A Libras deverá compor a grade curricular de todos os cursos de licenciatura e fonoaudiologia.


Um dos motivos de estarmos juntos, hoje, cursando esta disciplina é o cumprimento a essas
determinações, que são de grande valia para a comunidade surda. A oficialização da Lei
10.436/2002 e do Decreto 5625/2005 é fruto de grandes lutas da comunidade surda. 

Leitura
Para ler integralmente a Lei 10.436/2002 e o Decreto 5625/2005, acesse
o conteúdo a seguir:

Lei nº 10.436 de 24 de abril 2002


Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE
Decreto nº 5.625 de 22 de dezembro de 2005
Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE

Recursos de Comunicação e Expressão em Libras


Como você pode perceber, a LIBRAS também é formada por recursos de expressão ou
comunicação. Mas o que são recursos de expressão?

Recursos de expressão podem ser entendidos como ferramentas ou técnicas auxiliares na


comunicação visual-gestual. Neste momento, vamos conhecer alguns desses recursos
comunicativos em LIBRAS. 

Mímica
Uma das formas de comunicação do homem, reconhecida como a arte de expressar
sentimentos, ações e objetos. Técnica utilizada para construção de objetos no ar.

Exemplos: Parede – Escada – Caixa


Figura 1 – Ronald M. F
Fonte: Wikimedia Commons

#ParaTodosVerem: A Figura mostra uma foto em branco e preto de dois


personagens num cenário de teatro, cortinas claras ao fundo. Um homem e uma
mulher, rostos pintados assemelhando oriental, chapéu, braços dados e roupas
semelhantes. Calça e blusa de manga comprida clara, ambos na mesma posição
virados para a esquerda. Pernas e braços flexionados, sendo a perna esquerda de
ambos erguida, passando na frente da direita, o homem segura uma flor
artificial na mão direita. Fim da descrição. 

Pantomima
Modalidade cênica para construção de cenas no ar, conhecida também como a arte de narrar
com o corpo. A pantomima é reconhecida como uma das expressões da mímica. 
Figura 2 – Pablo Zibes
Fonte: Wikimedia Commons

#ParaTodosVerem: A Figura mostra uma foto um homem numa calçada


mostrando várias pessoas atrás dele. Ele é branco, está todo vestido de vermelho
dos pés à cabeça e segurando um guarda-chuva vermelho aberto, uma cartola
também vermelha, está numa posição como se estivesse debruçado com braço
direito sobre um balcão, usa luvas vermelhas, perna esquerda cruzada na frente
da direita, está com uma expressão de alegre. Fim da descrição. 

Expressões Corporofaciais
São traços não manuais, realizados pela face ou corpo para atribuir sentimento, vida ao sinal; é
impossível a comunicação visual-gestual sem este recurso de expressão. LIBRAS sem expressão
não é Libras. 

Vídeos
Expressão Facial e Corporal – em Libras
Convido você a assistir a este vídeo que apresenta diversos sinais com
expressões faciais. Assista e tente sinalizar junto com o vídeo. Não se
esqueça das expressões.  

Expressão Facial e Corporal - em LIBRAS


Onomatopeia
Figura de linguagem que expressa sons através de fonemas ou palavras. Em Libras, utilizamos
onomatopeias para atribuir vida ou emoção a alguns sinais. Exemplo: não podemos fazer a
expressão facial de avião, cobra ou bomba; nesses casos são realizadas as onomatopeias. 
Figura 3
Fonte: Wikimedia Commons

Time-Lag
Tempo de escuta para sinalização. A Libras possui um canal comunicativo visual-gestual, a
Língua Portuguesa possui um canal oral-auditivo. Sendo assim, a interpretação dessas duas
línguas é contextual. Nesse sentido, o intérprete necessita de um tempo de escuta da Língua
Portuguesa para realizar a interpretação em LIBRAS. Essa pequena pausa também acontece
quando conversamos com um surdo; é necessário que o receptor deixe o emissor concluir uma
ideia para então interpretá-la corretamente dentro de um contexto. 

Classificadores
Conforme Honora (2010), os classificadores são configurações de mãos que, relacionadas à
coisa, pessoa ou animal, funcionam como marcadores de concordância. Tanya A. Felipe reforça
essa ideia quando diz: 

“Assim, na Libras, os classificadores são formas que, substituindo o nome que as

precedem, podem ser presas à raiz verbal para classificar o sujeito ou o objeto que
está ligado à ação do verbo. Portanto, os classificadores na Libras são marcadores
de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL, COISA, VEÍCULO.”

- FELIPE, 2007, p. 172

Vídeos
Para conhecer mais sobre esse importante recurso da Libras, assista,
agora, a esta brilhante aula sobre classificadores com dois professores
surdos.

O Verbo em Português e em Libras Parte 1 

O Verbo em Português e em Libras parte 1


O verbo em Português e em Libras Parte 2 

O verbo em Português e em Libras parte 2

Processo Anafórico
Uso concomitante de dois ou mais personagens. A marcação do processo anafórico é realizada
através de mudança corporal durante a interpretação em Língua de Sinais. Este recurso permite
a interpretação de diferentes personagens de forma clara.
Por exemplo, na historia “Chapeuzinho Vermelho”, um único interprete poderá
representarcada personagem, através da utilização do processo anafórico. 

Vídeos
Chapeuzinho Vermelho em LIBRAS
Assista à interpretação do conto “Chapeuzinho Vermelho em LIBRAS”.
Neste vídeo foi utilizado o recurso do processo anafórico e você
conseguirá compreender, de forma prática, este tópico.

CHAPEUZINHO VERMELHO EM LIBRAS


Apresentamos, aqui, apenas alguns recursos de comunicação e expressão. Em Libras são
utilizadas muitas outras técnicas que fazem parte dos elementos constitutivos dessa língua
espaço-visual

Aspectos Gramaticais da Língua Brasileira de Sinais


A Libras possui um canal comunicativo distinto do da Língua Portuguesa. Nesse sentido, é
constituída de elementos ou categorias gramaticais específicas, conforme a Lei 10.436/2002.

“Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma

de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-


motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de
transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do
Brasil. [sic]”

A Libras possui categorias gramaticais específicas, decorrentes do uso do espaço. Neste


momento, serão considerados os aspectos gramaticais da Libras que possuem relação espaço-
visual.

Sinais Icônicos
São sinais que possuem correspondência física e geométrica com o referente; sendo assim,
fazem parte de um repertório natural do ser humano. Os sinais icônicos também podem ser
compreendidos como gestos universais de fácil compreensão. Em sua comunicação cotidiana,
você utiliza muitos sinais icônicos e talvez nem perceba. Veja, abaixo, alguns exemplos de sinais
icônicos:
Figura 5
Fonte: Acervo do Conteudista

#ParaTodosVerem: A Figura mostra três fotos posicionadas lado a lado da mesma


mulher morena, cabelos castanhos, lisos e longos, usa óculos de armação cor
marrom transparente e camiseta preta. 
A primeira foto, voltada para frente, faz o sinal de casa. Mãos verticais abertas,
palma a palma, dedos inclinados uns para os outros. Tocar as mãos pelas pontas dos
dedos. Fim da descrição.
A segunda foto, voltada para frente, faz o sinal de telefone. Mão em Y horizontal,
palma para trás, dedo mínimo em frente aos lábios e polegar próximo à orelha. Fim
da descrição.
A terceira foto, voltada para frente, faz o sinal de dinheiro. Mão fechada, palma para
cima, dedos indicador e polegar distendidos para cima. Esfregar as pontas do
indicador e polegar. Fim da descrição.

Veja, ainda, uma lista com outros sinais icônicos:

Tabela 1

Não Sim Comer Beber Andar


Pentear o Escovar os
Fumar Tesoura Dirigir/carro
cabelo dentes

Moto Revolver Tchau Chamar Nadar

Teclado Piano Bateria Flauta Violão

Contrabaixo Cavaquinho Acordeom Vôlei Basquete

Batom Bebe Binóculos Escrever Livro

Cortar o Pintar as
Depois Relógio Cruz
cabelo unhas

Sinais Arbitrários
São aqueles que não possuem correspondência física e geométrica com o referente, ou seja, não
são de fácil compreensão. A maior parte dos sinais em LIBRAS faz parte desta categoria.

Nesta categoria, é necessário que alguém ensine ou interprete seu significado, pois os sinais
arbitrários não expressam iconicidade entre significante e referente. Veja alguns exemplos de
sinais arbitrários.
Figura 6
Fonte: Acervo do Conteudista

#ParaTodosVerem: A Figura mostra a imagem de três fotos posicionadas lado a


lado da mesma mulher, demonstrando o sinal de explicar. Mãos horizontais
fechadas, palmas para trás, na altura da face. Baixar as mãos, abrindo os dedos
um a um, iniciando pelos mínimos. Fim da descrição.
Figura 7
Fonte: Acervo do Conteudista

#ParaTodosVerem: A Figura mostra a imagem de três fotos posicionadas lado a


lado no perfil da mesma mulher, demonstrando o sinal de viajar. Mão vertical,
palma para trás, dedos curvados, quase tocando a palma. Mover a mão para
frente e para cima, abrindo e fechando ligeiramente os dedos. Fim da descrição.

Sinais Polissêmicos
A polissemia, ou polissemia lexical (do grego poli=”muitos” e sema=”significados”), refere-se
ao fato de uma determinada palavra ou expressão adquirir um novo sentido além do seu original.

Em Libras, a polissemia acontece quando temos um sinal com dois ou mais significados. Vale
ressaltar que essa polissemia lexical é visual-gestual, não possuindo correspondência gráfica
entre as palavras como acontece na Língua Portuguesa.

É importante ressaltar, ainda, que a compreensão desses sinais deve ser contextualizada, para
que não haja dúvidas ou erros de interpretação. Veja alguns exemplos de sinais polissêmicos.
Figura 8
Fonte: Acervo do Conteudista

#ParaTodosVerem: A Figura mostra a imagem de duas fotos posicionadas lado a


lado no perfil da mesma mulher, demonstrando dois  sinais iguais com
significados diferentes: “peixe e sexta-feira”. Mão em X vertical, palma para
trás. Passar a lateral do indicador para trás, sobre a bochecha. Fim da descrição. 

Veja, ainda, outros exemplos de sinais polissêmicos em Libras

Tabela 2
Por favor Com licença

Cor de Laranja Laranja (fruta)

Pera Coxinha

Variações Regionais
Em todo o território nacional, é reconhecida a Língua Brasileira de Sinais – Libras como a
segunda língua oficial de nosso país, porém podemos encontrar variações de sinais conforme a
região.

Você conseguirá compreender e conversar com surdos de todo o país, porém alguns sinais
sofrem variações regionais de estado para estado ou de região para região. Isso, mais uma vez,
confere status linguístico à Língua de Sinais, pois sabemos que toda língua é cultural e possui
íntima relação com o meio. No quadro a seguir, foram demonstrados os diferentes sinais
utilizados para representar a cor verde, nos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio de
Janeiro. 
Figura 9
Fonte: Acervo do Conteudista

#ParaTodosVerem: A Figura mostra a imagem de quatro fotos posicionadas


lado a lado no perfil e de frente da mesma mulher, demonstrando o sinal de
verde em três estados diferentes respectivamente: “São Paulo, Santa Catarina e
Rio de Janeiro”. Mão em X vertical, palma para a esquerda, lateral do indicador
tocando o queixo. Mover a mão para frente, Mão dominante aberta, palma da
mão para esquerda dedos distendidos e separados, indicador e polegar toca o
nariz de cima a baixo, Mão esquerda em S, palma para baixo; mão direita em V,
palma para baixo. Passar a palma dos dedos direitos para a esquerda e para a
direita, sobre o dorso da mão esquerda, duas vezes. Fim da descrição.

Variações Sociais
As variações sociais acontecem dentro de uma região; um sinal pode sofrer alguma variação
conforme o grupo de surdos. Essas variações acontecem com frequência em grupos sociais
distintos, associações e igrejas. Dependendo do grupo de surdos, o sinal pode sofrer alguma
variação de configuração ou movimento. Veja o exemplo da sinalização do verbo “conversar”,
que pode sofrer alterações conforme o grupo de surdos que utiliza esse sinal. 
Figura 10
Fonte: Acervo do Conteudista

#ParaTodosVerem: A Figura mostra a foto da mesma mulher, demonstrando o


sinal de conversar. Mão esquerda fechada, palma para baixo; mão direita aberta,
palma para baixo, dedos tocando o dorso da mão esquerda. Fim da descrição. 

Datilologia ou Processo Dactilológico


O alfabeto em Libras também é chamado de datilologia ou processo datilológico. Uma das
formas mais antigas da representação do alfabeto manual foi produzida por monges que
estavam em clausura e haviam feito voto do silêncio para não passarem os conhecimentos
adquiridos com o contado com os livros sagrados. Veja, abaixo, algumas características do
alfabeto manual em Libras.

É considerado um empréstimo linguístico da Língua


Portuguesa, pois representa, visualmente, as formas físicas e
geométricas do alfabeto em Português;

É utilizado para representar substantivos próprios e termos específicos, quando


ainda não existente um sinal em Libras;

Você pode utilizar para soletrar seu nome, utilizando a mão esquerda ou adireita,
porém não concomitantemente;

Quando você não conhece um sinal em Libras, pode soletrar a palavra para o surdo e
pedir que ele lhe ensine o sinal correspondente ou, quando o surdo sinalizar algo
que você não compreenda, peça a ele que soletre o sinal para você;

Atualmente, com a difusão da Libras, muitos vocábulos específicos de determinadas


áreas  já possuem sinais; o uso da datilologia durante a conversação deve ser evitado.
Veja, a seguir, uma Figura ilustrativa com o alfabeto manual em Libras:

Figura 11
Fonte: Reprodução

#ParaTodosVerem: A Figura mostra a imagem de 26 quadrinhos demonstrando


o alfabeto manual da Libras e em cada um contém a letra que o representa em
sequência. Mão vertical fechada, palma para frente, polegar tocando a lateral do
indicador, letra A; Mão vertical aberta, palma para frente, dedos unidos, polegar
dobrado contra a palma, letra B; Mão vertical, palma para a esquerda, dedos
unidos e curvados, polegar paralelo aos demais dedos e também curvado, letra C;
Mão vertical, palma para a esquerda, indicador distendido, demais dedos
curvados contra a palma, e o polegar fechado sobre eles, letra D; Mão vertical,
palma para frente, dedos curvados contra a palma, polegar dobrado contra a
palma, letra E; Mão vertical aberta, palma para frente, dedo indicador flexionado
e o polegar tocando a lateral do indicador, letra F; Mão vertical fechada, palma
para frente, indicador distendido, polegar tocando a lateral do indicador, letra G;
(Mão vertical fechada, palma para frente, dedos indicador e médio distendidos
com o médio inclinado para frente e o polegar tocando a lateral dele. Girar a
palma para trás, letra H; Mão vertical fechada, palma para frente, dedo mínimo
distendido, letra I; Mão em I, palma para frente. Mover a mão para baixo, girar a
palma para a esquerda, e depois para cima, durante o movimento, letra J; Mão
vertical fechada, palma para frente. dedos médio e indicador distendidos, dedo
médio inclinado para frente, polegar distendido, tocando entre o indicador e o
médio. Mover a mão para cima, letra K; Mão vertical fechada, palma para frente,
dedos indicador e polegar distendidos, polegar apontando para a esquerda, letra
L; Mão vertical, palma para trás, dedos indicador, médio e anelar distendidos
para baixo, demais dedos fechados contra a palma, letra M; Mão vertical
fechada, palma para trás, dedos indicador e médio distendidos para baixo, letra
N; Mão vertical, palma para a esquerda, dedos unidos e curvados tocando a
ponta do polegar, letra O; Mão com palma para baixo, dedos anelar e mínimo
fechados, dedo médio apontando para baixo, dedo indicador apontando para
frente, palma do polegar tocando a lateral do dedo médio, letra P; Mão vertical
fechada, palma para trás, dedo indicador distendido e apontando para baixo,
polegar tocando a lateral do indicador, letra Q; Mão vertical fechada, palma para
frente, dedos indicador e médio distendidos e entrelaçados, dorso do indicador
tocando a palma do médio, letra R; Mão horizontal fechada, palma para a
esquerda, palma do polegar tocando os demais dedos, letra S; Mão vertical
aberta, palma para frente, indicador flexionado sobre o dorso do polegar, letra
T; Mão vertical fechada, palma para frente, dedos indicador e médio distendidos
e unidos, letra U; Mão vertical fechada, palma para frente, dedos indicador e
médio distendidos e afastados um do outro, letra V; Mão vertical fechada, palma
para frente, dedos indicador, médio e anelar distendidos e afastados um do
outro, letra W; Mão horizontal fechada, palma para a esquerda, indicador
distendido e curvado. Mover a mão, ligeiramente, para trás, letra X; Mão vertical
fechada, palma para frente, dedos mínimo e polegar distendidos. Mover a mão
para frente e para cima, letra Y; Mão em 1, palma para baixo, indicador
apontando para frente. Mover a mão ligeiramente para a direita, diagonalmente,
para a esquerda e para baixo e então, para a direita novamente, letra Z. Fim da
descrição.

Incorporação da Negação em Alguns Verbos


Conforme Figueira 2011, em Libras, pode acontecer a incorporação da negação em alguns verbos
que possuem determinado movimento associado a sua raiz lexical, tornando-se, assim, verbos
negativos.

A negação de um verbo pode acontecer através de uma sinalização incorporada ao próprio sinal
ou através da sinalização do advérbio “não” antes ou depois do verbo em sua forma afirmativa.
Veja alguns exemplos de verbos que possuem duas formas de sinalização diferentes (afirmativa
e negativa).

Outros exemplos de verbos que incorporam negação ao movimento:

Querer – Não Querer;

Ter – Não Ter;

Gostar – Não Gostar;

Poder – Não Poder.

Sinais Compostos
Sinais compostos são aqueles que derivam de outros sinais. Nesta categoria são necessárias
duas ou mais sinalizações para formar uma única palavra. 
Figura 12
Fonte: Acervo do Conteudista

#ParaTodosVerem: A Figura mostra a imagem de três fotos posicionadas lado a


lado de frente da mesma mulher, demonstrando em duas fotos o sinal de não
querer e em uma foto o sinal de não ter. Mão aberta, palma para cima, dedos
separados e curvados. Movê-la para trás, em direção ao corpo, virando a palma
para baixo, e girar a cabeça para a esquerda e para a direita com expressão
negativa, Não querer; disponível à mão. Mão em L horizontal, palma para a
esquerda. Girar a palma para baixo, várias vezes, com expressão negativa, Não
ter. fim da descrição.  
Figura 13
Fonte: Acervo do Conteudista

#ParaTodosVerem: A Figura mostra a imagem de quatro fotos posicionadas


lado a lado de frente da mesma mulher, demonstrando em duas fotos o sinal de,
escola e o sinal de farmácia também em duas fotos. Mãos abertas, palmas para
cima. Bater duas vezes o dorso dos dedos direitos, sobre a palma dos dedos
esquerdos, escola; Mão esquerda aberta, palma para cima; mão direita em S
horizontal, palma para trás, tocando a palma esquerda. Mover a mão direita em
círculos horizontais para a esquerda (sentido anti-horário), sobre a palma
esquerda, farmácia. Fim da descrição.

Tipos de verbos em Libras


Os verbos da Língua Brasileira de Sinais são divididos em três classes:
Verbos Simples;

Verbos Direcionais;

Verbos Espaciais.

Essas classes verbais estão relacionadas a variações de movimento e direção.  Vejamos, agora,
alguns exemplos.

Verbos simples: são verbos que não se flexionam em pessoa ou número, ou seja, eles não
sofrem variação de aspecto ou forma, não importando o contexto no qual estejam inseridos.

Exemplo:
Figura 14
Fonte: Acervo do Conteudista

#ParaTodosVerem: A Figura mostra a foto da mesma mulher, demonstrando o


sinal de conhecer. Mão em 4, palma para a esquerda, em frente ao queixo. Bater
a lateral do indicador próximo ao lado direito do queixo. Fim da descrição. Fim
da descrição. 

Verbos direcionais: são verbos que se flexionam em pessoa, número e aspecto; sendo assim,
incorporam uma concordância espacial. Os verbos direcionais apresentam flexão de aspecto,
dependendo do contexto no qual estejam inseridos. 
Figura 15
Fonte: Acervo do Conteudista

#ParaTodosVerem: A Figura mostra a imagem de duas fotos posicionadas lado a


lado de frente da mesma mulher, demonstrando o sinal de ajudar em duas
direcionalidades diferentes. Mão esquerda aberta, palma para baixo, dedos para
a direita; mão direita vertical aberta, palma para frente, tocando a base da palma
na lateral do indicador esquerdo. Movê-las para frente, foto 1, movê-las para
dentro, foto 2. Fim da descrição. 

Verbos espaciais: são verbos que têm afixos locativos e são produzidos ao longo do espaço.

Figura 16
Fonte: Acervo do Conteudista

#ParaTodosVerem: A Figura mostra a imagem de três fotos posicionadas lado a


lado em perfil da mesma mulher, demonstrando o sinal de viajar. Mão vertical,
palma para trás, dedos curvados, quase tocando a palma. Mover a mão para
frente e para cima, abrindo e fechando ligeiramente os dedos. Fim da descrição. 
Estrutura Frasal
Por ser a Libras uma língua na modalidade visual-espacial, esse canal comunicativo influencia
diretamente sua estrutura frasal. Nesse sentido, observe o texto abaixo extraído do livro
“Orientações curriculares e proposição de expectativas de aprendizagem para Educação Infantil
e Ensino Fundamental da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo 2008”:

Embora pesquisas sobre a ordem dos sinais na Língua Brasileira de Sinais refiram S-V-O como
predominante, a ordem tópico-comentário é muito utilizada, principalmente pelos surdos
menos oralizados, como se pode observar nos exemplos: “banheiro onde?” “Banheiro não
tem.” “Shopping voce vai?”

A estrutura gramatical da Libras possui características distintas da Língua Portuguesa. Como


podemos ver a seguir,

Em LIBRAS não há preposição, artigo definido ou indefinido e  conjunções;

Os verbos não são conjugados;

Todos os verbos são usados no infinitivo e no final das sentenças.

Nesse sentido, a Libras possui uma estrutura frasal diferente da estrutura da Língua Portuguesa.
Observe este quadro comparativo:

Tabela 1

Português Libras

SUJEITO – VERBO – OBJETO SUJEITO – OBJETO - VERBO


Sexta-feira vou ao cinema. Sexta-feira cinema ir.
Ontem encontrei minha amiga Ontem minha amiga faculdade
na faculdade. encontrar.
Para que você compreenda ainda mais a estrutura gramatical da Libras, no material
complementar será apresentada a interpretação de frases em LIBRAS. Dessa forma, você terá um
panorama da estrutura frasal dessa língua de forma teórica e também pratica.

Com este panorama apresentado sobre os tópicos gramaticais da Libras, essa língua que é tão
rica, surpreendente e bela, encerramos este tema convidando você a conhecer, cada vez mais, a
comunidade surda e sua Língua de Sinais. 
3/4

ʪ Material Complementar

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

  Vídeo  

Você assistirá a uma sequência com 30 frases em Libras que fazem parte de um repertório para
uma comunicação inicial em Língua de Sinais.

Aproveite para sinalizar junto com o vídeo. Caso tenha dificuldade, assista novamente. Não
tenha vergonha de realizar as sinalizações. Fique atento também às expressões faciais de cada
frase.

Você perceberá que a interpretação em Libras não segue a ordem gramatical da legenda em
Português. Conforme apresentado no material teórico, isso acontece porque a Libras possui uma
organização gramatical diferente das línguas orais auditivas.

Este material auxiliará você a compreender ainda mais a especificidade linguística da Libras.

Estrutura Frasal
A seguir, acesse o vídeo para visualizar a realização dos movimentos das frases acima:

Estrutura Frasal.mov

  0:00 / 3:24 1x  

Nesse material será apresentada a interpretação em Libras das seguintes frases:

1 Oi meu nome é Juliana e meu sinal é este;

2 Qual é o seu nome?

3 Tenho três filhos;

4 Estou aprendendo Libras;

5 Estou aprendendo Libras para conversar com os surdos;

6 Tenho 25 anos;

7 Minha mãe faz aniversário no mês de Junho;

8 Moro perto da faculdade;

9 Ontem encontrei meu amigo no shopping;


10 Por favor, você pode me ajudar?

11 Encontro você amanhã na faculdade;

12 Hoje tenho prova e estou preocupada;

13 Minha prova ontem foi difícil;

14 Por favor, você pode me ensinar Libras?

15 Consegui tirar dez na prova de Libras;

16 Você está aprendendo Libras?

17 Ontem comprei um cachorrinho branco lindo;

18 Amanhã não vou trabalhar, preciso ir ao hospital;

19 Minha irmã me ajudou a limpar a casa;

20 Por favor, onde fica o banheiro?

21 Encontro você amanhã no aeroporto;

22 Estou feliz, pois estou aprendendo Libras;

23 Estou atrasada para aula de Libras;

24 Meu esposo trabalha em uma loja próxima do supermercado;

25 Por que você faltou ontem na escola?

26 Amanhã preciso conversar com você;

Estou brava com minha sobrinha, ela é muito curiosa;


27
28 No próximo sábado viajo junto com minha irmã;

29 Estou estudando Libras, pois quero ser professora de surdos futuramente;

30 Amo aprender Libras.


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ʪ Referências

BRASIL. Lei n º10.436 de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais-
Libras e o art. 18 da Lei 10.098 de 19 de dezembro de 2000.

________. Decreto n º 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei n º10.436 de 24


de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais-Libras e o art. 18 da Lei 10.098 de
19 de dezembro de 2000.

FELIPE, T. A. Libras em Contexto: Curso Básico: Livro do Estudante. Rio de Janeiro: WalPrint
Gráfica e Editora, 2007.

FIGUEIRA, A. S. Material de apoio para o aprendizado de LIBRAS. São Paulo: Phorte, 2011.

HONORA, M; FRIZANCO, M. Livro ilustrado de Língua Brasileira de Sinais: desvendando a


comunicação usada pelas pessoas com surdez. São Paulo: Ciranda Cultural, 2010.

ORIENTAÇÕES curriculares e proposição de expectativas de aprendizagem para Educação


Infantil e Ensino Fundamental: Libras/Secretaria Municipal de Educação – São Paulo:
SME/DOT, 2008. 

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